sábado, 29 de agosto de 2009

NAPOLEÃO 2009

Publicação de sábado
da seção Hoje é dia de...
O Estado do Maranhão






NAPOLEÃO 2009

José Ewerton Neto, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com



De gênio para gênio. De Balzac para Napoleão Bonaparte. Honoré de Balzac, o genial romancista, autor de a Comédia Humana admirava tanto Napoleão que o considerava, além de um gênio da guerra e da política, um gênio literário. Daí que selecionou cuidadosamente os seus principais aforismos, cuja sabedoria, percebe-se, é eterna. Vejam como permanecem sábios até hoje se ligeiramente adaptados.

1. “O maior republicano é Jesus Cristo.”
Certo, embora com alguma alteração. O Jesus mais badalado
atualmente – o de Madonna - deve ser monarquista, pois como se deu bem uma coroa!

2. “O uniforme faz o homem.”
E o abadá, faz o quê do homem?

3. “ Os crimes coletivos não têm responsável.”
Verdade absoluta. O crime coletivo de se apreciar aberrações, como
o big-brother, não tem outro responsável além da própria natureza humana. Nem mesmo o eterno aprendiz de picareta, Pedro Bial, pode ser considerado responsável.


4. “As pessoas só acreditam no que é agradável acreditar.”
Talvez seja por isso que tem gente que acredita piamente que inundar seu carro, as avenidas e as praças, de decibéis a serviço da falta de educação é gostar de música “


5. “Um clube não suporta um chefe durável; ele precisa de um para cada
paixão.”
Certo, principalmente se o clube for de futebol e estiver caindo pelas
tabelas, como os cariocas. Estes trocam tanto de técnico que dia virá em que haverá um técnico para cada jogador e, no Flamengo, um para cada paixão de Adriano.

6. “A primeira das virtudes é a devoção à pátria.”
O brasileiro é tão virtuoso quanto a isso, que o melhor que
conseguiu inventar para demonstrar essa devoção é cantar hino nacional em tudo quanto é jogo de futebol.

7. “Cada momento perdido na juventude é uma chance de infortúnio no
Futuro.”
Deve ser por isso que nenhum pai brasileiro dá de presente um livro
para seu filho. Prefere investir no futuro das crianças levando-os para assistir Calcinha Preta.

8. “O amor é uma tolice feita a dois.”
Exato, mas a tolice aprimorou-se tanto que um casal já não é
suficiente. Precisa de mais três ou quatro; a três por quatro.

9. “Há tantas leis que não há ninguém isento de ser enforcado.”
Com certeza. No Brasil atual, por exemplo, sempre cabe mais uma
lei e ninguém está isento de ser encarcerado porque tomou um copo de cerveja, ou multado porque fumou um cigarro. Só os bandidos andam à solta.

10. “Na França admira-se apenas o impossível.”
A coisa melhorou. Além do impossível, hoje admira-se a Carla
Bruni.

11. “Uma bela mulher agrada os olhos, uma boa mulher agrada o coração;
uma é uma jóia, a outra um tesouro.”
Deve ser por isso que o insaciável médico das estrelas, Roger Ab-del-massih se transformou em Roger Ab-deu-amasso.

12. “As multidões precisam de festas estrepitosas, os tolos gostam do barulho, e a multidão é os tolos.”
Com o passar dos anos a burrice da multidão continuou a mesma,
mas conseguiu se aperfeiçoar, até chegar ao trio elétrico.

13. “Todo governo deve ver os homens apenas como massa.”
Mas que, de preferência, seja boa para uma pizza.

14. “Os jovens cumprem as revoluções que os velhos prepararam.”
Nessa época sim, atualmente, nem tanto. O jovem de hoje não faz
mais revolução, pois carece de rebeldia para isso. (Sua rebeldia atual só dá para bater em professor, gostar de forró e admirar Roberto Justus). Quanto aos velhos, a única revolução que ainda querem fazer é a de tentarem, em vão, ser jovens.

15. “A etiqueta é a prisão do rei.”
Hoje virou endividamento de rico ( com cartão de crédito ),
insolvência dos pobres e SPC dos miseráveis.”




segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A Verdadeira História...

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE TANTA COISA
publicado na seção hoje é dia de...
O Estado do Maranhão, sábado passado

Jose Ewerton Neto, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com


Verdade? Quem quer saber da verdade? O ser humano não suporta a realidade e inventa tudo a respeito de tudo. Nada como dedicar um pouco de tempo para resgatar a verdade absoluta de tanta coisa:

1. Quem, na realidade, inventou o Big-Brother foi um norte-
americano chamado Charles Pick-Reta.. Garoto de programa e gigolô das ruas de São Francisco, Charles convidava todo sábado piranhas amigas para fazerem suruba no seu pequeno apartamento, acompanhadas de um monte de vagabundos como ele. Charles achava que não fazer nada era o melhor trabalho do mundo, mas mesmo assim, às vezes se enjoava disso.
Certo dia, o grupo resolveu juntar todas as suas economias (na realidade,
dos clientes e sem que estes soubessem) e se mandou para uma fazenda do México a fim de promoverem uma interminável e monumental suruba, com direito a muita conversa idiota e jogos mais idiotas ainda, nos intervalos. Despreocupados com o pudor, cedo perceberam que suas sessões eram visitadas por um monte de gente da pacata região: crianças, casais, prefeitos, religiosos etc. que, ao depararem com o total descaramento do grupo, começaram a se aproximar e a fazer muita festa.
Muito arguto, Charles logo percebeu que quanto mais estúpidos fossem os
diálogos e mais ardentes os jogos sexuais, maior o sucesso junto ao público, até que teve a inspiração de filmar as performances e vende-las para um famoso canal de televisão. Resultado: o Big-Brother tornou-se sucesso de público em todo canto do mundo. No Brasil, muita coisa foi aperfeiçoada - para pior -, como a presença do picareta amador Pedro Bial como animador, no lugar de Charles Pick- Reta.
Para a edição brasileira 2010 já restam pouquíssimas vagas. Quem estiver
disposto a praticar sexo ao vivo e a falar muita imbecilidade em disputa de um milhão de reais, precisa apressar-se.

2.Quem inventou a Lei ( as Leis em geral ) foi um filósofo da antiga Grécia
chamado Putão ( não confundir com Platão, o filósofo, nem com Plutão, o ex-planeta).
Plenamente convicto de que o homem eternamente se moverá pelo instinto e nunca pela razão Putão resolveu inventar algo capaz de alimentar a ilusão de que se poderia escrever algo capaz de regular as atitudes dos homens. O tempo passou, as leis se tornaram um monte de palavras desconexas que ninguém lê ou cumpre, mas, injustamente, o nome de Putão perdeu-se nos confins da História.
Um exemplo recente de ingratidão aconteceu após a implantação da lei Anti-fumo em São Paulo, quando José Serra, mesmo tendo obtido enorme lucro com a extorsão do dinheiro do contribuinte e a divulgação do seu nome nacionalmente, sequer fez menção ao grande Putão.

3. Quem inventou a felicidade foi um guru indiano cego chamado
Makopunakiba.que viveu alguns séculos antes de Cristo. Depois de 50 anos inteiramente dedicados à religião, sem jamais ter tido uma relação sexual, finalmente Makopu obteve o prazer, com a ajuda de uma discípula fiel, ajudada por uma cabra. (Na realidade, o intercurso sexual não aconteceu com a discípula, mas com a cabra, mas Makopu nunca soube disso, por ser cego). Tão entusiasmado ficou que resolveu chamar a isso de felicidade.
Desde então filósofos, religiosos e cientistas ao longo dos séculos tentaram
encontrar, em vão, uma definição precisa do que seja felicidade, esbarrando sempre na dificuldade, proveniente da ignorância, de que na própria origem da palavra está a essência de algo fugidio, e com curto prazo de validade.
Supervalorizada na vida moderna como algo palpável e duradouro
iniciou-se a busca frenética da felicidade, sem desconfiar de que na errônea interpretação do seu significado está o cerne de todos os males da humanidade. Ah, se todos soubessem que tudo começou com uma cabra, quantos suicídios teriam sido poupados! (E quanta péssima leitura de auto-ajuda teria sido evitada!).

4. Quem inventou a burocracia foi o diabo mesmo, embora os homens a tenham aperfeiçoado. Milhares de anos atrás, o diabo, prestes a ser demitido por Deus - por ter sido superado pelos homens na arte da maldade –, resolveu se vingar inventando a burocracia.
Sua autoria diabólica, no entanto, só recentemente foi descoberta. Isso aconteceu duas semanas atrás quando uma anciã de 65 anos tentou obter uma nova carteira de identidade no Shpopping do Cidadão do Reviver, curiosamente criado para evitar a burocracia. Mesmo tendo mostrado a cópia xérox da carteira, C.P.F e título de eleitor o burocrata lhe disse que isso era insuficiente. Teria que apresentar a sua certidão de casamento de quarenta anos atrás ou a de nascimento, de sessenta e cinco.
- Quer dizer que esta cópia que guardei da carteira de identidade não serve para nada?
- Não.
- Então, já que não tenho mais certidão de casamento nem de idade isso
significa que não tenho mais chances de ser alguém? Que desapareci em definitivo, mesmo ainda estando viva?
- Sem dúvida.
- Tanta burocracia parece coisa do diabo!
- Acertou.

sábado, 15 de agosto de 2009

DÁ-LHE SAUDADE

Artigo de hoje, sábado, 15 de Julho do jornal
O estado do Maranhão coluna Hoje é dia de


DÁ-LHE, SAUDADE!

Jose Ewerton Neto, membro da AML.

ewerton.neto@hotmail.com




Que saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa, muita gente sabe. E que expressa um sentimento que mais gente ainda é incapaz de traduzir, quase todo mundo sabe. Só não sabia é que ela foi escolhida em 2004, numa pesquisa com mil tradutores de todo o mundo, como o sétimo vocábulo mais intraduzível do planeta.
Só o sétimo? Calma, leitores, que não estava em jogo a sua beleza mas a sua tradução impossível, não a sua sedução, mas a sua verdade oculta. Esta não foi uma disputa entre países, mas entre suas simbologias universais. Para efeito de comparação, nada como lembrar das palavras que chegaram à primazia.
A campeã foi a palavra Ilunga, dialeto do Congo que significa perdoar uma ofensa uma vez, depois a segunda e, nunca, uma terceira. Ora, por que terceira? Por que não a quarta, ou a quinta? Quem perdoa a primeira e a segunda, perdoa até a milésima, não é assim que fazem os brasileiros com seus políticos? Portanto, tudo indica que essa palavra só não encontra equivalente em outro idioma, pela absoluta falta de necessidade de se pronunciada.
Em segundo lugar ficou a palavra Shlimazl, em iídiche, que significa aquele que tem uma má sorte crônica. Ué, e isso não é a mesma coisa que azarado? Ou terá evoluído para Botafogo, o time que quando o juiz não rouba contra, seus zagueiros fazem as vezes de? De qualquer forma, o que não falta é tradução – e fácil - para a mesma.
E em terceiro ficou Radioukacz (em polonês) que significa pessoa que trabalhou como telégrafo para os movimentos de resistência no lado soviético da cortina de ferro. Ufa!, A palavra é tão difícil de traduzir quanto inútil para qualquer outra nação deste planeta e dos confins de qualquer outro lugar do universo!
Donde se conclui facilmente que sim, que a nossa “saudade” foi mesmo passada para trás. Os juizes a subestimaram, levando-se em conta que a beleza mais profunda de qualquer coisa implica na sua difícil tradução; em outras palavras, no seu mistério. Quer queiram quer não, estava em jogo também o que cada palavra tem de especial. Só para dar um exemplo, basta lembrar que de mulheres bonitas hoje o mundo está cheio (Giseles Bundchens, Carolinas Dieckmans e mais um batalhão interminável de modelos, cada uma cara de um c...da outra) mas, nelas não se encontra a chama sutil e intraduzível da beleza misteriosa, que seja capaz de marcar além de uma apreciação meramente física. Esta não é privilégio das “gentes bonitas” das colunas sociais e, sequer do universo das celebridades, onde é raro ser encontrada da mesma forma com que reluzia - no passado - no rosto para lá de marcante de uma Sofia Loren, por exemplo. Hoje, se permite cintilar, vez por outra, em algumas aparições fugazes de Angelina Jolie, Juliete Binoche.ou Isabelle Adjani, para citar apenas celebridades..
Assim como ocorre com a verdade da beleza humana, também o que atrai na palavra saudade é o fato de transmitir de forma avassaladora (não encontrei outro termo mais apropriado) um sentimento intraduzível, que nenhuma frase, nenhum período, nenhum romance seria capaz de expressar. Que os franceses tentam traduzir por regret – que não é saudade, mas pesar –, e os ingleses como miss - que está mais para sentir falta - e que só alguns poetas, em instantes raros de inspiração ousaram interpretar, provavelmente comprimidos por sua presença como Fernando Pessoa em seu poema: “Saudades, só portugueses conseguem senti-las bem. Porque têm essa palavra para dizer que as têm.”
Dá-lhe, então, até o fim (sem piedade de nossos corações), saudade!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os pais estão no ponto

Cronica publicada sábado passado na coluna Hoje é dia de
Jornal O Estado do Maranhão


OS PAIS ESTÃO NO PONTO


Jose Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com


Os pais estão no ponto. Ponto de quê? – pode perguntar-se o leitor. Ponto de receber o presente do dia de amanhã, ponto de ônibus, ou a ponto de um ataque de nervos, como as mulheres de Almodóvar? Nem uma coisa, nem outra, os pais ultra-modernos, em eterna crise de identidade, estão a ponto de serem definidos melhor pelas pontuações gramaticais, as únicas ainda capazes disso. Vamos a elas:

Pai Ponto de Exclamação: É aquele que esbanja otimismo e livro de auto-ajuda. Diz que se cerca do bom e do melhor para o futuro dos filhos. Anda sempre com um sinal de positivo a tiracolo, além do celular e do bucho. Achando-se pessoalmente insignificante vive montado num carro grande, para poder ser admirado à vontade. Adora dizer “Como meu carro é lindo e potente!”, ou ainda “Como minha esposa é tão ativa que trabalha em equipe, todo dia, depois do expediente!” Tanta exclamação contagiosa, desperta igual admiração dos demais: “ Que perfeito chifrudo! Suruba também é trabalho em equipe!”

Pai Ponto Final: É aquele que adora fechar a questão em torno de qualquer assunto polêmico dentro de sua casa. Como do tipo: “Vou esconder a chave do carro até que apareça a minha revista de sacanagem” ou “ Se não disserem quem mexeu na minha caixa de remedinho azul, amanhã mesmo saio desta casa.” Até que, ante o descrédito geral, emite a sentença: “Esta é a minha última palavra, e ponto final.” Todos fingem que concordam até que, meia hora depois, ao sentir falta do seu aparelho de barbear, começa o próximo capítulo.

Pai Reticências. É aquele que deixa tudo no ar a começar pelas cuecas e pelas contas de água e luz. Seu ar indefinido é uma estratégia de resistência para dar tempo ao tempo. Fleumático, foge das definições cotidianas e de reticência em reticência vai levando a vida, até que se aproveita de mais uma delas para escapar dentro da noite veloz.

Pai vírgula. É aquele que vive fazendo de tudo para que perdure o período que está vivendo, qualquer que seja este. O que lhe interessa é companhia, sabe-se lá de quê. É aquele que, nas festas, vive oferecendo atenções para entretenimento geral, sempre lembrando que ainda está por vir a saideira. Para não ficar só é capaz até de participar de passeata de sem-terra. Abandonado pelos filhos que, há muito tempo, preferiram a Internet, deu para levar seu vira-lata para passear na praça. Acaba ficando velho antes do tempo, sem se dar conta de que se tornou apenas uma vírgula no discurso da família e um ponto e vírgula na sentença dos outros.

Pai dois pontos. É aquele que sempre que bebe ou tem alguma contrariedade, chama toda a família, dá uma parada solene e depois deságua um rio de reclamações. Só termina de falar quando percebe que todo mundo foi-se embora e a esposa – ainda bem que tem uma esposa compreensiva –, diz compungida: “Desculpe, filho é que você passou do ponto mais uma vez.”

Pai Ponto de Interrogação. É aquele que quer saber tudo que acontece dentro de casa: quem telefonou, para qual o time torce o namorado da empregada e até se a nova chefe de sua mulher usa bigode. De tanto perguntar nem percebe que hoje em dia ninguém lhe pergunta mais nada, sequer se aquele berro horroroso que se ouviu na noite passada e que durou três horas foi por causa de mais um ataque de estômago.

Pai Entre Aspas. É aquele que faz tudo para se destacar no seio da família e na vizinhança. Desde tocar foguete no meio da rua quando o Flamengo ganha do Friburguense até escutar Márcio Greyck a altos decibéis, de madrugada, para que todo mundo saiba que tem um aparelho de conversão de elepê. Pior é quando tenta puxar a patroa para dançar forró e quase quebra as cadeiras (as da sala e a sua). Se alguém confundir o pai entre aspas, com o entre caspas, não faz muita diferença.

Pai Entre Parênteses. É aquele que precisa ser traduzido para os outros, exaustivamente explicado, senão ninguém entende. A esposa vive repetindo; “Não ligue, meu filho, seu pai é assim mesmo”, ou então, sua mãe, compreensiva: “Ele sempre foi assim desde criança, difícil de entender.” E passa o resto da vida incompreendido até que, por fim, a morte lhe permite um desagravo quando algum parente, pesaroso, afinal diz: “Tinha um gênio incompreensível, mas foi o melhor pai que um filho poderia ter.” Confortado, finalmente, sai da escravidão do entre parênteses para a liberdade de entre as tábuas de um caixão.

Pai Travessão. É aquele que passa o dia rindo das travessuras do filho - que
ninguém consegue mais suportar, a não ser o cachorro da família ( assim mesmo porque é de pelúcia). E diz embasbacado: “Você acha que houve um dia na humanidade um moleque tão travesso como o meu? Também pudera, puxou pro pai, porque ele é um travessinho, e eu um travessão”.

Pai Asterisco. É aquele que nenhum sinal o define ou identifica. O Correio não o encontra, nem a polícia, muito menos as súplicas da mãe e os berros do bebê, de quase um ano. É aquele pai especialista em mandar esperma sem assinatura para o reino das vaginas vindouras e que some tão depressa da vida das mulheres, quanto maior for a disposição delas de doar-lhe um lar. É o sujeito oculto de qualquer oração, inclusive a da mãe da criança, desesperada, um dia antes de ir batalhar nas varas de família: “Meu Deus, fazei com que alguém encontre esse canalha, para que possa fazer o teste de DNA”.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

BONS TEMPOS AQUELES

Cronica publicada na coluna Hoje é dia de, ultimo sábado
no jornal O estado do Maranhão


BONS TEMPOS AQUELES!


José Ewerton Neto, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com


Existe um livro chamado O Poder do Agora, que está fazendo muito sucesso. Certo, ninguém deve contestar o autor do livro em sua mensagem de que o importante é viver o momento presente. Mas, os bons tempos, os muito melhores tempos serão sempre aqueles, como provam os fatos recentes:



1 Fani Pacheco, ex-bbb, vai virar escritora e lançar o livro Diário secreto de uma ex-bbb, e nele vai expor segredos de sua intimidade, inclusive o de que é bi-sexual. Donde se conclui que quem quiser ser escritor, hoje em dia, se for homem, primeiro tem que ser cantor (Chico Buarque, Gabriel Pensador etc.); já se for mulher primeiro vai ter que dar um bocado ( Bruna Surfistinha, ex-BBBs etc.)
Millor, o humorista, dizia que a maior vontade do escritor era ser rico, e a do rico era virar escritor.
Bons tempos aqueles em que era só vontade de rico!

2. Fenômeno, Imperador e Fabuloso. Dá a primeira impressão de que se trata do herói grego Alexandre da Macedônia, mas, na verdade, trata-se de um trio: Ronaldo, o do Coríntians, Adriano, o do Flamengo e, Fabiano, o do Milan. O que será que eles têm em comum para que o nome de batismo lhes seja insuficiente? Futebol não pode ser, já que Garrincha era muito melhor que eles e era simplesmente Garrincha. Não será porque o corintiano confunde mulher com travesti, e o do Flamengo confunde dia de comer fruta (digo, mulher-fruta) com dia de feriado no trabalho?
Bons tempos aqueles em que jogador de futebol não era fenômeno, nem imperador, nem fabuloso, mas se preocupava também em jogar bola!

3. Um casal francês foi vítima de assalto na Praia Ponta d`Areia à vista da população ao redor, que não teve como reagir. Estavam hospedados na Pousada Colonial, do centro e deles foram roubados celulares, câmera digital, dinheiro e a chave do cofre do hotel. Uma pergunta: faltou alguém do hotel para lhes avisar que São Luis não é Paris, ou eles não entendiam mesmo nada de português e do Brasil atual?
Bons tempos aqueles em que São Luis não tinha turistas, mas, em compensação, também não tinha tanto ladrão!

4. A torcida do Flamengo ficou p... da vida porque Ronaldo, o Fenômeno andou espalhando que a maior torcida do Brasil é a do Coríntians. Pobre torcida do Flamengo! O time não cansa de apanhar em todo campeonato brasileiro e ainda vem o fenômeno mexer com a única satisfação que lhes resta.
Bons tempos aqueles de Zico e cia, Roberto Dinamite, Jairzinho, Romário, Paulo César caju e etc. em que os times cariocas brigavam para ter o melhor time do Brasil e não para ter a maior torcida!

5. Nicolas Sarkozy, o presidente da França, passou mal durante um exercício que estava fazendo com a primeira-dama Carla Bruni, tendo sido levado de imediato para o hospital. Tudo indica que, a fim de passar muito bem Sarkozy acabou passando mal, e ao invés de ir para sua cama de casal bem acompanhado acabou tendo de ir para uma cama de hospital.
Bons tempos aqueles, em que quem fazia os presidentes franceses não dormirem, ao invés da primeira dama era Brigite Bardot, e em que os exercícios sexuais eram solitários, porém mais inofensivos!

6. O corredor Felipe Massa já está fora de perigo após ter levado o impacto de uma mola do carro de Barichello que, ao contrário, do que ocorre normalmente com este, estava em alta velocidade. Como as leis da física podem ser cruéis lá se foi massa contra o Massa.
Bons tempos aqueles em que no carro de Barichello tudo andava devagar, inclusive as molas!

7. Renata Frisson, a Mulher Melão planeja o início da carreira política para o próximo ano, depois de ganhar o título de rainha dos taxistas, seus prováveis eleitores.
Dá para explicar que tipo de evolução fez com que as mulheres passassem a ser chamadas de frutas (meu melão, minha melancia, etc), ao invés de flores ( minha rosa, minha flor) como eram chamadas antigamente?
Como disse um taxista: “Bons tempos aqueles em que se podia chamar uma mulher de flor e o perfume do amor durava muito. Hoje, quando se chama uma mulher de fruta, o amor já vem estragado!”

8. Caetano Veloso, o cantor, resolveu aparecer nu num documentário, motivando o seguinte comentário de sua ex-mulher, Paula Levigne: “Caetano é bem-dotado. O que é bonito é para ser mostrado! ”
As mulheres ficaram sem entender e devem estar achando que bons tempos eram aqueles em que os bem-dotados faziam bom uso dos seus dotes.

9. Dados do IBGE revelam que 96% dos brasileiros jamais foram a museus e 78% jamais assistiu a um espetáculo de dança. Nossa media de livros lidos é de 0,7 por pessoa. Talvez seja em vista disso que está sendo anunciado o vale-cultura. A idéia é a de que seja dado um crédito de 50 reais a serem gastos com produtos culturais pela população mais pobre. Vale perguntar: como tudo neste país é cultura será que o vale vai dar direito também a comprar uma cachacinha quando o povão estiver assistindo a um forrozão do calcinha-preta?
Bons tempos aqueles em que a cultura valia tanto que não precisava de vale! E em que os escritores ganhadores de prêmios na cidade que se intitula A Atenas Brasileira, não eram a aconselhados a irem às barras dos tribunais para receberem os prêmios que lhes devem.