sábado, 26 de dezembro de 2009

2009 e a palavra que não terminou

Texto publicado hoje, sábado, na seção
hoje é dia de... O estado do Maranhão

2009 E A PALAVRA QUE NÃO TERMINOU



Jose Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




Zuenir Ventura escreveu o livro 1968, o ano que não terminou. Que palavra melhor representaria o ano de 2009. Qual seria a palavra do ano?
Ora, as palavras que não terminaram (que ficarão na memória) dependem de cada um. No aspecto pessoal a palavra de 2009 que jamais terminará talvez se chame Literatura. Foi através dela que cheguei à Academia Maranhense de Letras, em 24 de Abril deste ano, para ocupar a vaga da cadeira 11, que pertencia ao poeta Manoel Caetano Bandeira de Mello e cujo patrono foi João Francisco Lisboa. Essa grande honra talvez não caiba numa palavra.
Pude conhecer de perto, então, a efervescência das idéias que culminaram nas vitoriosas realizações culturais que ocorreram durante todo o transcorrer do ano de 2008, em que se comemorou o centenário da Academia. Os ecos desses eventos, aliás, reverberam até hoje com a publicação, esta semana, do livro comemorativo do Centenário da Academia. Este livro, cuja publicação está coincidindo com o crepúsculo do mandato do atual presidente Lino Moreira, juntamente com a reedição recente do Dicionário de César Marques (frutos de um portentoso trabalho de pesquisa e revisão executado por Jomar Moraes), junto com outras realizações, vêm confirmar o dinamismo da administração de Lino Moreira que proporcionou aos cidadãos maranhenses, uma profícua série de acontecimentos à altura da grandiosidade e significação da data.

Quanto ao geral, a cada mês a sua palavra
Em janeiro, demissão. Pois é, o ano-negro após crise acabou melhor do que se esperava, menos para os 25 franceses que se suicidaram, depois de demitidos pela France Telecom. Meses mais tarde, em Dezembro, Leila Lopes, ex-atriz da Globo, também resolveu demitir-se da vida, partindo, segundo suas palavras em busca de Deus. A bela ex-professorinha Global suicidou-se aos cinqüenta anos, ainda muito bonita. Tudo indica que o deus que tanto ela queria encontrar estava muito longe do deus Global: tão semelhante ao deus do Lucro, da France Telecom, e tão indiferente às carências e expectativas de um ser humano.

Em fevereiro, fraude
E a advogada Paula Oliveira resolveu aprontar para cima das autoridades suíças simulando um aborto e um seqüestro, para conseguir grana. Enganou muita gente até ter descoberta sua fraude pela polícia. Como em Brasília fraude é o que não falta chega-se à conclusão que a menina escolheu mal o palco e deveria urgentemente fazer um aprendizado em Brasília com as autoridades governamentais. Mais especificamente, com o governador José Roberto Arruda. Que lhe ensinaria depressa como escapar da polícia.


Em Junho, acidente.
O termo acidente remonta ao latim accidens, entis “o que sucede”, particípio presente de accidere, “cair”. Como dizia Graham Greene “existe uma casca de banana por trás de toda grande tragédia”. Seis meses depois do acidente com o avião da Air France ainda não se descobriu a caixa-preta e muito menos a casca de banana, pois não convêm descobrir onde é que ela estava.

Em Maio, gripe.
A epidemia passou de gripe suína para gripe A por respeito aos porcos. Isso leva a acreditar que se ainda não contaminou todo o alfabeto foi por causa da reforma ortográfica - que não se lembrou de vacinar as três letras que chegaram


Em Setembro, marolinha.
No fim do ano passado Lula foi muito criticado, pela oposição, por ter chamado de marolinha à crise global. Já em Setembro, o jornal Le Monde, derramou-se em elogios ao nosso presidente atribuindo-lhe uma visão correta e antecipada do cenário econômico. Ora, como o nosso presidente anda acertando tudo, os oposicionistas que tanto o criticaram por ter dito que o povo estava na merda, logo estarão todos lhe aplaudindo . Com os dedos cheios de merda.

Em outubro, olimpíada.
E acabaram sacramentando as Olimpíadas no Rio, em 2016, apenas dois anos após à Copa de 2014, também no Brasil. Se os baianos já andam dizendo que vão enforcar o 2015 (imprensado entre dois feriadões) um dilema surge: cercados de olimpíadas e copas do mundo por todos os lados, para onde irão as balas perdidas? Alguém duvida que vão acabar se instalando nos lombos dos cidadãos dos estados que não tiveram a sorte de participar da festa?.

Em novembro, expulsão.
Por ter usado um minivestido rosa, , Geisy Arruda, foi expulsa da Uniban de São Bernardo do Campo, onde cursava turismo. Sua culpa foi ter atiçado a tara dos estudantes universitários. È por essas e outras que Suzana Vieira, Maitê Proença, Marília Gabriela e outras peruas sessentonas que adoram garotões - mas estão longe de atiçar a tara de quem quer que seja - resolveram adotar o rosa como farda oficial.

Em dezembro, retrospectiva.
Incorporada no jargão da mídia com o sentido de balanço dos acontecimentos, retrospectiva tem registro em português desde 1899 como “relato dos fatos” e “exposição das obras de um artista”. Virou uma das palavras-símbolos do fim do ano, uma sugestão de retomada da memória cujo sentido de revisão foi acentuada no português brasileiro por via norte-americana, de onde nos chegou retrospection ( usada no inglês desde 1674) por via francesa restrospection (desde 1839).
Esta é mais uma delas, feita às pressas, mas não a ponto de esquecer de desejar a todos os leitores um feliz ano-novo.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

E O PALAVRÃO VIROU PALAVRINHA

Artigo de sábado de O estado do Maranhão,
seção Hoje é dia de...


E O PALAVRÃO VIROU PALAVRINHA

“ Eu quero saber se o povo está na merda e quero tirar o povo da merda
em que se encontra”
Lula, presidente do Brasil

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




Como deve ter sido longa a trajetória da merda até chegar à boca de um presidente da república! Porém, calma, senhores, não queiram imaginar dejetos evoluindo ao longo dos séculos para chegar aos lábios de um ser humano importante. Até porque se existe algo imune à passagem do tempo deve ser ela, a merda. Provavelmente, continuará a mesma para sempre, quem sabe para nos lembrar o quanto seremos eternamente associados à imundície. Mas não estava falando do objeto físico e sim da palavra. E esta, quer queiramos ou não, evoluiu e muito.

Sim, porque antigamente a palavra merda era considerada um termo tão chulo que beirava a obscenidade pronunciá-la em celebrações e eventos públicos. Nessa época, , prezava-se o linguajar culto, aquele que ao sair da boca de alguém diferenciava uma pessoa importante do comum dos mortais. Digamos que, era inadmissível que alguém, escolhido por uma nação para dirigi-la, pronunciasse um palavrão num evento. Era vergonhoso, acintoso, imoral!
Depois da fala espontânea e recente do nosso presidente, em São Luis, ficou fácil concluir que os palavrões evoluíram e muito. Se antes eram restritos ao linguajar das cozinhas, dos porões e das alcovas, agora se mostram abertamente nos salões. Não precisam mais se esconder através de metáforas e eufemismos, e expõem uma verdade incontestável: o palavrão não existe mais, virou palavrinha. Se alguém duvida, basta pensar em alguns.

Porra: Será mesmo que algum dia, estas letras cinco letras significaram apenas esperma? Hoje, como todos sabem, essa expressão serve para tudo: adjetivo, pronome e substantivo ( tem gente que prefere ser chamado de porra, ao invés do próprio nome). Serve também como ponto de exclamação, vírgula, e até como figura de linguajem indefinida ( aquela que você pronuncia numa conversa como se fosse um resmungo, e que tanto serve para substituir um pensamento como para evocar o que não se tem para dizer):
“- Porra!”
“ “O que foi mesmo que você disse?”
“- Porra!”
“Puxa vida! Ainda bem, que existe alguém sempre prestando atenção à conversa para, no fim, fim sintetizar tudo de forma tão maravilhosa!”

Sacana: Um dia foi sinônimo de cafajeste, calhorda, safado e por aí vai. Sua chegada ao reino dos xingamentos deu-se para substituir a acusação de canalha, já que a conhecida expressão, mostrava-se incapaz de traduzi-los com perfeição. O contínuo aprimoramento deles, dos canalhas, fez com que, por sua vez, o termo sacana hoje não passe hoje de um elogio, quase sempre afetuoso. Como o das mulheres, que adoram elogiar seus ex-namorados chamando-os, carinhosamente, de sacanas, enquanto choram:
“Só sei que para mim ele sempre foi um grande sacana, principalmente na cama!”
O que significa que ela continuará por muito tempo apaixonada pelo dito cujo.

Filho da puta. Esse tipo de xingamento já levou muita gente à morte. Hoje, já não tem o menor resquício da conotação ofensiva que tinha, mesmo porque o objeto da ofensa - a puta – está sendo cada vez mais exaltado pela mídia e pela sociedade. Todos admiram as putas: de Bruna Surfistinha ( que virou best-seller e depois filme ) às do Big-Brother. Tanta admiração faz com que, incentivadas pelas mães, a maioria das meninas comece o aprendizado da profissão desde cedo, assistindo programas infantis de Xuxa ou imitando os rebolados eróticos das dançarinas de forró.

Ora, aceitando-se que os palavrões não tenham autonomia para se desenvolver à revelia dos homens, é fácil deduzir, fechando a questão acima, que se os palavrões viraram palavrinhas não foi porque, de fato, evoluíram, mas porque a humanidade tornou-se muito pior em termos de ética e moral. Que palavrão seria capaz de se encaixar num governador que mete dinheiro público nas meias e cuecas e depois vai agradecer a Deus? E que, ao contrário do que fazem alguns de seus iguais no Japão (que envergonhados, suicidam-se) quer mais é se perpetuar no poder?

Por mais que alguém se esforce para encontrar um palavrão que nele se aplique, será difícil encontrar no linguajar mais chulo ou rasteiro de nossa língua, um só que caiba em José Roberto Arruda e seus asseclas. Donde se conclui que se o brasileiro evoluiu positivamente em conhecimento técnico e científico, deu para trás em termos de caráter e dignidade pessoal. É triste, mas novos palavrões precisam ser urgentemente inventados!

sábado, 12 de dezembro de 2009

FELICIDADE INTERNA BRUTA

FELICIDADE INTERNA BRUTA
artigo publicado, hoje, sábado, na seção Hoje é dia de...
o Estado do Maranhão



José Ewerton Neto, membro da AML

Jose Ewerton Neto@hotmail.com





Recente reportagem da Revista Isto é dá conta de que empresas e governos, preocupados com o nível de satisfação de seus cidadãos brevemente estarão utilizando métodos científicos para medirem a Felicidade Interna Bruta de seus empregados e cidadãos. Antes de receber o seu FIB (certificado de felicidade) acho melhor precaver-se, leitor.
De antemão solicito que jamais façam isso comigo e adianto que meu estado de felicidade aumentaria muito se algum representante do governo, simplesmente, ordenasse aos seus guardas de trânsito que deixassem de enviar multas fantasmas a torto e a direito, e que aprendessem a fazer coisa mais útil no trânsito, além de apontar uma cadernetinha em nossa direção com a única intenção de multar, multar, multar.
E depois, a felicidade é um sentimento muito complexo, para ser medido não é mesmo? É de se esperar que, ao invés de medirem a nossa felicidade interna bruta, logo estejam medindo, com a brutalidade que lhes é peculiar, a nossa desilusão interna – e externa. Medir a felicidade de quem quer que seja, como já disseram os filósofos, sempre foi uma brutalidade. Mas o que é mesmo felicidade?
Lembro de que, em determinada ocasião, uma repórter perguntou a um escritor se este era feliz. Ele respondeu: “Depende; no seu conceito de felicidade, eu sou, mas no meu, não considero. Mas de uma coisa você pode ficar certa: prefiro mil vezes ser infeliz com a minha felicidade, do que maravilhosamente feliz na sua. Deu para entender? Felicidades existem lá e cá, cada um tem a que merece proporcional às suas mediocridades, mas qual delas os Governos estariam propensos a medir? Vejamos algumas mais conhecidas:

A Felicidade Idiota: É a daquele que se acha na obrigação de propagar a sua felicidade como se fosse um adorno, enfim, que acredita piamente que a felicidade pode ser ostentada como se fosse uma jóia. É a felicidade de Suzana Vieira, Hebe Camargo e de mais um punhado de celebridades, cuja ostentação de felicidade parece estar incluída nas cláusulas contratuais, para deleite de platéias ávidas por uma compensação para a tibieza de seus projetos de vida.

A Felicidade Epidêmica. É a felicidade dos que se contaminam facilmente com o
frenesi da massa popular, como se tivessem sido picados pela “doença da multidão” que, nesta época do ano, principalmente no reveillon , se transforma em “felicidade obrigatória”. São aqueles que passam a vida pulando de show para show de forró acreditando piamente que, pelo fato de se “divertirem pra valer” são donatários de toda felicidade do mundo. Tão incompreensivelmente felizes se acham que nem se dão conta do quanto são carentes e tristes, ao dependerem da felicidade dos outros para legitimar as suas.

A Felicidade Oportunista: É a de alguns governantes e líderes empresariais que utilizam uma “felicidade de fachada” para moldar temperamentos e obter lucro pessoal. Não é à toa que toda essa onda de otimismo cosmético e desenfreado tenha surgido nas empresas norte-americanas de meados do século passado quando os patrões queriam que seus empregados se transformassem em robotizados personagens de um sistema que não lhes desse tempo de refletir sobre sua condição sub-humana e sem perspectiva. É a felicidade dos que propagam o melhor dos mundos – desde que este não permita questionamentos aos seus projetos de ambição pessoal. Mais ou menos como a felicidade de José Roberto Arruda e seus asseclas, enfiando dinheiro nas meias e rezando em seguida para agradecer a Deus. Alguém já tinha visto antes tanta “felicidade”?

A Felicidade Verdadeira. É a que eu espero que você esteja sentindo agora, caro leitor, admitindo que o simples fato de ter boa saúde e memória fértil (segundo Ingmar Bergman) e, ainda por cima, estar tendo tempo para ler e meditar sobre isso, seja razão mais do que suficiente para ser feliz.

sábado, 5 de dezembro de 2009

CONFRATERNIZAÇÕES

Texto publicado no jornal
O estado do maranhão, sábado,
seção Hoje é dia de...


CONFRATERNIZAÇÕES DE FIM DE ANO

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com






Paira nesta época do ano, uma motivação diferente. As empresas e as organizações, através de festinhas de confraternização, tentam capitalizar esse espírito para promover a união entre seus funcionários. Tudo corre num ambiente de perfeita harmonia. (pelo menos nos cinco minutos iniciais):

1. No início, todos se cumprimentam e sorriem. Ouve-se uma gracinha aqui, outra ali, sobre futebol e a barriga proeminente de alguém. O comedimento ainda é a regra e os gordos ainda não viraram obesos.

2. As primeiras rodadas de cerveja percorrem as mesas com uma velocidade que vai de Barichello para Ayrton Sena em poucos minutos. A secretária particular do presidente, Geysiane, vulgo Geisybrega, que estava de dieta e se apresentou alguns quilos mais magra, já está no décimo copo.

3. Os garçons, jovens e educados, tratam todo mundo de senhor. Celso Bomdelíngua que assumiu recentemente a coordenadoria de fiscalização das Horas Super-Extras, quer saber, a altos brados, porque antigamente só traziam garçonetes boazudas e agora inventaram de trazer rapazes. “Só pode ser idéia do Mike Tyson”, diz. Mike, cujo nome de batismo é Francenildo, tem 1,90m de altura por dois de largura, faz capoeira e é chefe do Departamento de Segurança e Patrimônio, nesse exato momento se abraça com um dos garçons. Celso insiste: “Eu não disse?”

4. Um ligeiro contratempo fez com que a carne demore a ser servida. Quando desponta, a picanha é disputada no tapa. Juca Montanha avança em direção ao primeiro corte que voa em cima da mesa sem sequer perceber a mão que, um segundo antes, disputava o mesmo naco, e que, por acaso, é da esposa do seu chefe. Enquanto isso, agoniza pelo chão, a décima grade de cerveja.

5. Nesse momento adentram o recinto, rebolando, cinco estagiárias, recém-contratadas. Juca Montanha inicia o aplauso. Urros entusiasmados se sucedem, em meio aos gritos de “gostosas”. As esposas não entendem muito bem a razão, mas batem palmas. Tudo é levado na brincadeira. Os garçons já não chamam ninguém de senhor e já tem até um que chama Sizolete, a autoritária chefa de Recursos Humanos - e coordenadora do evento, de minha gata.

6. Montanha, cada vez mais inspirado, vai de mesa em mesa. Diz a um circunspeto senhor, do lado do qual o presidente não se arreda , que sua neta é muito bonita. Este responde que esta não é sua neta, mas esposa. Ante o constrangimento geral, já que o ancião é um político influente, alguém lembra de convocar Toninho Radiola, o mais antigo funcionário da empresa, para apresentar seu som. Feliz da vida, Radiola avança com sua parafernália, a reboque de um fusca caindo aos pedaços (que conseguiu comprar, a prestação, com seu premio de trabalhador mais antigo.) As mulheres começam a rebolar ao som de forró. Churrasco e cerveja continuam vazando no balde.

7. Em meio a algazarra geral alguém grita que precisa ler uma “mensagem” da Organização. Trata-se do presidente, mas ninguém o escuta. Enfurecido, ele sai tropeçando em garrafas e na cabeça do seu filho, Diego, de dois anos, que escorregou do colo de sua esposa e agora está dormindo no chão. Finalmente, consegue alcançar o som e o desliga. Ouve-se uma sonora vaia. “Quem começou a vaia?”, vocifera Mike Tyson, voltando a assumir as suas funções de protetor do patrimônio e macho-man.

8. O presidente inicia a leitura da mensagem e diz: “Para conseguir o melhor desempenho do seu motor flex é necessário testar a relação ideal álcool-gasolina...”. Ninguém entende. Alguém lhe sussurra: “presidente, o senhor deve estar lendo o manual do seu carro”. O político, experiente, pega o microfone e discursa: “Trata-se de uma mensagem de otimismo em gotas, como a do livro de auto ajuda”. Todos aplaudem, emocionados. Alguém berra: “E por falar em gotas, cadê a cerveja, já acabou?”Irritado, o presidente manda um bilhete para Sizolete avisando que se a cerveja não aparecer em menos de quinze minutos amanhã estará demitida”.

9. Enquanto a cerveja não chega os ânimos se exaltam Um incidente acaba de acontecer no banheiro quando a mulher de um funcionário chama uma das estagiárias de piranha. No meio de garrafas voando para tudo quanto é lado um dedo passa rente a racha da bunda da espevitada mulher do Gerente Financeiro. Desconfiada de que a dedada não foi de propósito, ela desaba a chorar. Pragmática, Geysibrega se oferece para fazer um espetáculo de dança do ventre, para acalmar os ânimos. Todos agora vibram, e as estagiárias, com uma disposição que nunca tiveram antes para o trabalho, se dispõem a ajuda-la.

10. Sizolete, de repente emburrada, diz que aquilo nunca foi dança do ventre, mas strip-tease e, conclama o restante das mulheres a irem embora. Os maridos aplaudem a idéia. Um bilhete circula de mão em mão, endereçado a uma das estagiárias, com um número de celular desconhecido. Neste exato momento chega no colo da mulher do presidente, que enrubesce e levanta os olhos, furibunda, para o marido. Desesperado, este grita: “Estão me sacaneando, isso não vai acabar assim!Cadê o Mike Tyson?” Todos temem pelo que possa acontecer , mas a cerveja chega nesse instante para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Alguém fala em Lei Seca. Todo mundo ri da piada.



quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

SEXO COM BANCO

Cronica publicada em O Estado do Maranhão,
jan 2009

SEXO COM BANCO


José Ewerton Neto, engenheiro, autor de Ei, você conhece Alexander Guaracy?

ewerton.neto@hotmail.com



“Ao invés de sexo em branco, sexo com banco!” poderia ser o slogan da mais recente modalidade sexual inventada pelos chineses. Isso mesmo, na madrugada de 7 de janeiro um morador de Hong-Kong, na ânsia de se livrar da solidão, adotou um banco de praça como parceira sexual, não conseguiu se livrar, depois, da “namorada” e teve de apelar para o corpo de bombeiros. É que a dita cuja não quis se desgarrar dele e prendeu seu órgão sexual em um de seus buracos. Donde se deduz que a inusitada parceira, além de ser de metal e cheia de furos, é original desde a aparência até os impulsos arrasadores e possessivos.
Inovações à parte, é curioso constatar como o sexo está ficando cada vez mais violento e bizarro. As 102 posições do kama-sutra já não bastam. para o apetite sexual da vida moderna. (Nem mesmo as 2000 variações que os big-brothers exibem, noite e dia para quem quiser se deliciar, adultos e crianças) Pouco tempo atrás, um americano foi preso por ter praticado sexo com uma bicicleta, o que deve fazer com que as mulheres sintam saudade dos tempos em que suas rivais pouco convencionais eram apenas vacas, porcas e galinhas. Tudo indica que coisa muito mais esquisita está para surgir.
Isso deve enchê-las de preocupação. Por que os homens estariam buscando formas cada vez mais extravagantes de substituí-las? No intuito, exclusivamente didático de ajudá-las nada como contrapor algumas das potenciais vantagens, de um banco de praça em relação a elas para que todos possam refletir, sem trauma, sobre o assunto.
1. Um banco não fala. Embora aparentemente de somenos, essa é
uma qualidade que deve ser muito apreciada numa relação . Um escritor muito famoso atribuiu, recentemente, a longevidade de seu casamento ao fato de que sua mulher fala um idioma diferente do seu, o que leva a concluir que a frase que diz que o silencio fez mais pelo fortalecimento das uniões do que milhões de declarações de amor, tem muito de sabedoria. Ora, o sexo com um banco de metal pode até ser doloroso mas uma coisa é certa: ao contrário das mulheres este não reclamará de nada. Nunca.
2. O furor sexual é latente. Pelo menos nesta edição o banco-
sexo portou-se com uma dedicação invejável. Ao invés do que acontece com algumas mulheres que ficam doidas para que o cara tire o seu rapidamente e caia fora, o banco deu uma demonstração de incontestável apego, ao tentar reter, em definitivo, o órgão sexual do parceiro. Se houve um super dimensionamento do amor – por parte do banco, e um sub dimensionamento do tamanho ( talvez pela fama ) por parte do chinês, isso não interessa. A verdade é que a tradicional jura de união “ até que a morte os separe” foi entendida à risca, sem precisar de contrato de casamento nem de benção de padre.
3. Não custa caro. Está claro que esta foi uma das razões pela qual
o chinês procurou um banco de praça para se satisfazer. Nestes dias de intensa crise financeira os homens têm de levar em consideração o custo benefício de todas as suas atividades, incluindo a sexual. E por falar em finanças, com os edificantes exemplos que se vê na mídia ( Luciana Jimenez, Galisteu e tantas outras) , quem duvida de que haja também um grande contigente de mulheres que gostariam - e muito - de fazer sexo com um banco? Desde que de outro tipo?
4. Fidelidade total. As mulheres revelaram-se, ultimamente, muito
infiéis. Recente pesquisa em que foram entrevistadas mostrou que 50 % delas admitem que traem, o que é muito, considerando o histórico e as teorias científicas da evolução que atribuem esse instinto natural apenas ao macho. Ora, um banco metálico cheio de furos tem a excepcional vantagem de não trair e de , sequer, pensar em trair. E ainda acompanha o amante ao hospital, dele só se separando quando arrancado - na marra..
5. Sexo seguro. Um banco de praça não transmite doenças e dispensa o uso de camisinhas. Não deixa de ser um benefício. Disse Woody Allen que a grande vantagem da masturbação é que o sujeito faz sexo com quem quer. Pois bem, o banco tem toda essa vantagem e ainda admite ser beijado e acariciado. Certo que o beijo acabará parecendo meio frio ou rígido, mas seria muito diferente dos beijos das tantas Brunas Surfistinhas, que beijam a três por quatro por aí?