sábado, 31 de julho de 2010

TODAS QUEREM SER MODELOS

Texto publicado no jornal O Estado do Maranhão
seção Hoje é dia de...hoje, sábado



TODAS QUEREM SER MODELOS


“ A beleza é apenas a promessa da felicidade” Montagne
ewerton.neto@hotmail.com


Uma a uma, todas querem ser modelos. Deixou de se considerar criança, é bonitinha, não gosta de ler nem de estudar, o pai não está nem aí e a mãe é porra-louca, pronto: ninguém vai conseguir tirar de sua cabeça que seu futuro é ser modelo.
E haja se comportar como se fosse. O primeiro passo ( já de salto muito alto) é fazer um book, o segundo é mostrar para todo mundo – desde o ursinho de pelúcia até o cachorro da vizinha - e o terceiro é sair à caça.
Só aí então é que começa o dilema, quando se faz necessário procurar, com urgência, as agências de modelo, quase sempre repletas de cafajestes e pedófilos. Lá, são iludidas a fazer um curso cuja maior dificuldade consiste em se equilibrar num sapato cujo salto mede metade de sua altura. ( O que será que além disso elas fazem lá, meu Deus!). Com “tanta coisa” para aprender vai levar alguns meses para se convencerem de que ao invés de estarem à caça, elas é que foram caçadas.
Filho na barriga, dois ou três abortos nos costados, o final da história todo mundo sabe: só uma em cem mil chegam a uma verdadeira agência de modelos, uma em um milhão a participar de algum desfile que se preze, uma em um bilhão a uma Gisele Bundchen. Só porque faltou alguém lhe dizer: “tira isso da cabeça, minha filha”.
Ah, se soubessem a verdade escondida na sabedoria popular aplicada às modelos!

1. “Mais vale um pássaro na mão que dois voando.”
Tradução: As modelos são orientadas desde cedo para ganharem muito dinheiro. Ao invés de ganância, na verdade isso é uma contingência para sobreviver. Seus bolsos precisam ficar recheados para servir-lhes de contrapeso, senão o vento as carrega e elas saem voando. Ou seja, nesse mundo, mais vale muita grana na mão do que ossos voando.

2. “Se a vida lhe deu um limão faça uma limonada.”
Tradução: Todos pensam que as modelos, com aquela expressão eternamente enfezada, têm cara de quem comeu e não gostou, mas, a verdade, é que elas tem cara mesmo é de quem chupou limão. Elas chupam limão porque, dizem, limão emagrece. Portanto, se a senhora for mãe de uma menina magrelinha, razoavelmente bonita e com cara de quem chupou limão, pronto, já tem meio caminho andado para enfiar-lhe na cabeça a idéia de que encontrou, afinal, sua vocação. Mande-a jogar os livros no lixo, ( pelo andar da carruagem ela já parou de estudar há muito tempo) e faça-a andar como se estivesse querendo bater com a cabeça no céu até para fazer cocô e pronto: a garota tem um potencial razoável para se dar bem na profissão escolhida. Mas esqueça a limonada, que isso engorda.

3. “O olho é maior que a barriga.”
Literalmente. Como uma modelo não precisa de barriga já que esse órgão, para elas, não tem muita serventia , o olho delas é realmente maior do que as barrigas. Basta ver nas fotos e nas reportagens dos grandes desfiles e prestar atenção nas suas fisionomias. Lá estão os olhos, desde os esbugalhados até os pequeninos, esforçando-se por aparecer por trás dos penteados de dois andares, várias vezes maiores do que as barrigas.

4. “Não pergunte a macaco se gosta de banana.”
Nem jamais a uma modelo se ela gosta de comer. A coitada se julgará insultada e será ameaçada de demissão imediata pelo dono da agência, pois o primeiro pecado mortal para uma modelo é gostar de comer. O que não significa que não gostem de serem comidas. Nesse caso, a preferência, que no início de carreira era pelo dono da agência evolui rapidamente para jogador de futebol, cantor ou qualquer outro, a depender da generosidade do seu cartão de crédito.

5. “Em boca fechada não entra môsca.”
Em boca fechada de modelo é mais fácil entrar mosca do que comida, pois estas são mais bem vindas do que aquelas Entra também língua de homem, de mulher e, com bastante freqüência, muita fumaça e pó. Em compensação, sai muita besteira.

6. “O peixe morre pela boca.”
As modelos também, mas, existem diferenças singelas.
No caso dos peixes, a morte se dá pela vontade de comer, enquanto que na dos modelos, se dá pela de não comer. No caso dos peixes o que deveria ser chamado de assassinato, os humanos chamam de pesca, enquanto que, no caso das modelos, o que deveria ser chamado de suicídio a mídia prefere chamar de anorexia..

quarta-feira, 28 de julho de 2010

AO QUE TEM MAIS SERÁ DADO

Texto publicado na seção Hoje é dia de...

O Estado do Maranhão, sábado passado


AO QUE TEM MAIS SERÁ DADO


José Ewerton Neto
ewerton.neto@hotmail.com




E começou a derrama do dinheiro federal (700 milhões de reais de todos nós brasileiros) para melhorar as condições estruturais das cidades-sede escolhidas para a Copa. Muito além de por mera coincidência as cidades a serem abastecidas com os recursos-copa serão justamente as capitais dos estados mais ricos da federação ( à exceção de Manaus e Natal), justamente aquelas cuja pujança econômica de seus estados , de uma forma ou de outra, serviu de suporte para que fossem escolhidas. Parodiando a frase bíblica, a distribuição de recursos federais será feita, mais uma vez – agora com a desculpa de ter sido à reboque da Copa – na base do “ Ao que tem mais será dado.” Isso está certo?
Vá lá, porque como disse o nosso presidente, não se concebe, por exemplo, uma Copa no Brasil sem São Paulo, uma capital onde estão quatro dos maiores clubes de futebol do Brasil. Porém, sendo tal cidade a capital do estado mais rico da federação não era de se esperar que tivesse condição de financiar com os próprios recursos, privados ou governamentais, os investimentos necessários para sediar seus jogos da copa? Ou será que sua milionária classe empresarial enxerga apenas como futuros elefantes-brancos os estádios e a as obras resultantes da grana que será doada à cidade, por obra e graça de um evento que durará trinta dias, apenas?
Se eles pensam assim, que deveria pensar o resto do país não contemplado para a Copa, que não se manifesta, através de seus representantes, para contestar o uso perdulário do recurso público, que é de todos? Passado o patriotismo desvairado, tão peculiar a todos os brasileiros em época de copa, que sobrará desses recursos para a população dos estados não escolhidos ? Será que suas casas resistirão às enchentes causadas por açudes rebentados, com as defesas do goleiro Júlio Cesar? Ou será que a taça levantada pelo futuro capitão ( se isso acontecer) terá o dom de consertar ruas e estradas esburacadas e melhorar a saúde de sua sofrida população?
Ora, mas que assunto antipático o cronista foi buscar, não é mesmo? Puxa vida, que audácia! Contestar a fortuna gasta para celebrar a glorificação de uma paixão tão grande, que é o futebol, e implicar com o apoio governamental para que nosso país seja visto por turistas, no mundo todo, chega a ser digno de execração! Se o Brasil ganhar a Copa que importa se as crianças e os idosos desses estados pobres vão continuar à míngua, carentes de educação básica e saúde? O que esse cara tem contra o futebol?
Esta semana, deparei nos jornais com duas notícias, nem tanto surpreendentes, e mais tarde atentei para a aparente contradição que elas encerram. Na primeira delas, a informação de que o Brasil está entre os piores lugares do mundo para morrer: numa lista de 40 países o Brasil só foi melhor que Índia e Uganda. Os indicadores desse índice vão desde expectativa de vida e porcentagem do PIB destinada à saúde, até fatores como facilidade em obter analgésicos e treinamentos dos estudantes de medicina em cuidados paliativos (aqueles tomados para amenizar a dor quando já não é mais possível curar ou estender a vida do paciente). Como diz a oncologista Dalva Matsumoto, uma das diretoras da Academia Nacional de Cuidados Paliativos “Há muitos doentes em situação quase de morte internados em UTIs, entubados e sem assistência”. Isso deveria nos entristecer?
Parece que não. Dois dias depois, outra pesquisa exibida no mesmo jornal mostrou que o brasileiro se considera muito feliz, tanto é assim que obteve o 10º lugar em felicidade numa pesquisa que considerou o mundo todo. Tanta alegria nos leva a uma triste ( ou feliz, se adaptada ao caráter do brasileiro ) conclusão. Para o brasileiro pouco importam a dor e a morte alheia, desde que receba doses cavalares de carnaval, forró e futebol. Sendo assim, só nos resta concluir que está mais do que certo o presidente da república e seus ministros ao promoverem a felicidade “futebolesca”, pouco importando-se com a morte de crianças e idosos, nos rincões que jamais serão vistos por turistas.
Enfim, assim como já existiu político que justificou suas falcatruas com argumento bíblico do “É dando que se recebe” nada mais justo que o presidente Lula, para justificar tanto recurso preferencial e na avidez de se tornar simpático e tornar o povo mais feliz, saque também da Bíblia a arrepiante frase de Jesus Cristo: “ Ao que tem mais será dado e ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”.
P.S Apenas para esclarecimento dos leitor e para responder à pergunta acima o autor desse texto gostaria de lembrar que além de apreciar, gosta bastante de futebol, como a maioria dos brasileiros, aliás.

domingo, 18 de julho de 2010

O VAMPIRO DE CADA UM

Artido publicado na seção Hoje é dia de...

O Estado do Maranhão, sábado


O VAMPIRO DE CADA UM


José Ewerton Neto

ewerton.neto@hotmail.com



Durante muito tempo as pessoas, não só adolescentes, foram fascinadas por anjos. Daí o termo – já um tanto em desuso - de chamar o parceiro(a) querido de “meu anjo”. As coisas evoluíram, de forma que o que está na moda hoje, ao invés, é ser fascinado por vampiro. Eles estão em todo lugar: nos livros mais vendidos, no cinema e nas artes em geral. E é com muita ternura e carinho que toda adolescente moderna sonha com a chegada de um, com dentes suficientemente afiados em sua garganta, para que possa, finalmente, excitada como se estivesse flutuando, sair gritando a dizer: Mãe, descobri a felicidade , encontrei o meu vampiro!
Mas, o que é mesmo um vampiro? Bem, por tudo que dele se conhece de uma coisa podemos ficar certos: anjo ele não é. Portanto, nada de bondade, nada de proteção platônica, nada de heroísmo, enfim, essas qualidades que as mulheres buscavam antigamente num homem. Um vampiro, quer queiram quer não, tem, necessariamente, que possuir algo de malévolo.
Tentemos entender:

1. Embora os vampiros atuais disfarcem muito bem, mitos sobre entidades que se alimentam do sangue dos vivos, ou seja, vampiros, existiram em todos os continentes e em todas as épocas, desde a China de 6000 anos atrás. É fácil concluir que um ser que se dava ao trabalho de abandonar sua ociosidade eterna para vir chupar o sangue de um vivo, não era, exatamente, o que se poderia chamar de coisa boa. No século XVIII, por exemplo, sabe-se que depois de dois casos de vampirismo no Leste Europeu, famílias desenterravam seus mortos para decapita-los, queimá-los ou neles cravar estacas.
2. Foi só no século XIX que a literatura se encarregou de colocar um tempero, digamos assim , romântico, na trajetória dos vampiros, o que não lhes diminuíu, em absoluto, o impulso maléfico. Proliferaram então vampiros para todos os gostos , inclusive lésbicas ( não deixem de ler o belo romance Carmila) , cuja paixão homossexual não a evitava de fazer uma vítima atrás da outra. De Drácula, da literatura, até o Nosferatu, do cinema de 1922, um vampiro que se preze tinha de carregar consigo, para sempre, a pestilência do mal. Se os vampiros foram sendo cada vez mais aceitos, até chegarem a década de setenta “estraçalhando” em Entrevista com o Vampiro, da escritora Anne Rice, seus aspectos macabros, no entanto, continuaram disponíveis à serventia de quem quisesse.

A partir do final do século passado, como era de se esperar, deu-se que já havia muito pouco vampiro para todo o mal que a população mundial desejava. Mais maldade? Sim, a humanidade parecia ansiar por maldade, desde que disfarçada. Teria a crueldade camuflada, passado a ser a patologia de uma nova época?
O certo é que, para torná-los palatáveis, seus autores passaram a enfatizar a melancolia e a solidão do vampirismo, provavelmente, para ocultar a crueldade latente, sob uma aura de mistério e melancolia. Daí que Fome de Viver sugestivo título do filme sobre vampiros com a bela Catherine Deneuve e David Bowie, na década de 90, estaria bem melhor traduzido se fosse chamado, ao invés, Sede de Vampiros, que logo se tornou a realidade do novo século.


E eles vieram aos borbotões: desde os da série Buffy a Caça-vampiros, até os da série Crepúsculo: bonitinhos, perfumados, elegantes e sempre escondendo muito bem os afiados dentes.
Mais ou menos como gigolôs? Se pensarmos bem, sim. No fundo, todo vampiro não passa de um gigolô, no sentido de ser, na essência, alguém que disfarça muito bem a maldade em troca de sedução, amor e sexo. Cuja presença aparenta ser, justamente, a maior expectativa da mulher atual a julgar pelo que se vê nas revistas. Pelo que anunciam e exibem Suzana Vieira e mais uma penca, muitas mulheres maduras apreciam gigolôs, como as adolescentes atuais gostam de vampiros. Mas, se tal atitude soa compreensível no caso de mulheres envelhecidas como justificar, para uma adolescente, equivalente fascínio?
Uma jovem em reportagem recente, da revista Veja, dá uma dica para esse entendimento quando diz : “Desde pequena gosto de vampiros. Sempre achei interessante isso de uma criatura sem alma, que precisa de sangue para se alimentar e que vive na escuridão. Por trás da maldição pode existir um romance.”
Tal como os casos de psicopatia recentes. No mais falado deles, o do goleiro do Flamengo, a morte de uma bela garota de programa executada cruelmente por um atleta admirado, esboça a simbiose dos tantos ingredientes que, forjados pela mídia, tanto fascinam o público: sexo, sedução, beleza e dinheiro. A maldade chega a ser o tempero que adoça a mistura. Psicopatas ou cafajestes, vampiros ou gigolôs, os homens que mais fascinam a mente das mulheres inseguras de hoje parecem ser os idealizados por elas por serem capazes de sugarem-nas com perfeição, não importando que a morte esteja de tocaia, desde que se apresentem associados a uma suposição de beleza, sexo e poder.
Coitados dos anjos!


sábado, 10 de julho de 2010

CLASSIFICADOS DA COPA

Texto publicado na seção Hoje é dia de...
Sábado, Jornal O Estado do Maranhão



CLASSIFICADOS DA COPA

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com


Dá para acreditar? Ricardo Teixeira, o perpétuo dirigente da CBF que, como um mágico, sacou Dunga da sua cartola para tirar de cima dos ombros a responsabilidade pelo fracasso da copa de 2006, vem agora, depois de novo fracasso, falar em renovação. Não seria o caso de começar por ele mesmo?
É por essas e outras que, ao invés de chorar pela derrota, devemos encarar o lado positivo da coisa: pelo menos durante algum tempo estarão enterrados todos aqueles que, como Dunga, proclamaram o fim do futebol de craque em favor de trogloditas “comprometidos”. Em termos desta Copa grande lucro teremos se passarmos a festejar o futebol ousado da Espanha, sem esquecer de conferir o que está disponível nos Classificados da Copa. Existem boas ofertas:

1. Uma guitarra de Mick Jagger.
O preço é de ocasião já que ninguém quis arrecadá-la num leilão organizado pelo próprio cantor com o intuito de angariar fundos para pagar os fundos de Luciana Gimenez. Os possíveis compradores, porém, evitaram adquirir o instrumento, com receio de que o conhecido pé-frio do dono tenha contaminado a guitarra.

2. Um container cheio de vuvuzelas.
Abandonadas por turistas, principalmente brasileiros, ingleses, argentinos e italianos, as vuvuzelas estão à disposição a preço de banana. É bom aproveitar a chance, sempre lembrando que poderão ser uma excelente opção – se entregues para as crianças durante o horário eleitoral gratuito - para não ter de ouvir a baboseira dos políticos.

3. Um biquíni de Larissa Riquelme
Oficialmente, o biquíni foi deixado na mão de um fotógrafo por ocasião de sua prometida nudez pública, mesmo o Paraguai não tendo sido campeão. Nos bastidores, especula-se, porém, que ela o tenha esquecido num dos bolsos da batina do presidente-padre-garanhão Fernando Lugo, por ocasião de uma visita íntima. Larissa jura de pés juntos – e pernas abertas – que não está esperando, ainda, um filho do padre ( ou melhor, presidente).

4. Um diploma de El Loco.
Pensava-se, a princípio que apenas o técnico argentino El Loco Bielsa e o jogador uruguaio e botafoguense El Loco Abreu possuíam tal especialização. Qual não foi a surpresa quando, depois que tanta gente demonstrou potencial ( Maradona, Dunga, Domenech, Galvão Bueno), o título ficou disponível a preço de um ou dois berros e muitas caretas públicas. Para aproveitar logo!

5. Um livro de auto-ajuda.
A preço simbólico de 10 centavos, estão oferecidos mais de cinqüenta mil exemplares do livro Como Formar Equipes Vitoriosas e Comprometidas, do treinador Dunga, que seria lançado logo após a copa. A técnica concebida pelo treinador e que se baseia na tríade Comprometimento, Patriotismo, e Cabeça-de Bagre está dissecada nas mais de quinhentas páginas do livro recheadas de fotos do treinador – inclusive o lençol que levou de Ronaldinho Gaúcho no início da carreira – e que é apontada, por ele, como um exemplo de sua própria superação.


6. Fórmula Matemática.
Um modelo matemático capaz de traduzir perfeitamente o resultado de uma copa através de uma única fórmula foi desenvolvido e poderá ser adquirido, por enquanto, a preço de banana. Depois de analisar o resultado é fácil concluir que se metade dos brasileiros a tivessem visto antes da copa não teriam se iludido tanto. Tanta exatidão é expressa da seguinte maneira:
Dunga Burro + (Arrogância de Ricardo Teixeira/ muita grana) + ( Julio César x Felipe Melo) - Ronaldinho Gaúcho - Ganso = Adeus Hexa + nudez de Larissa Riquelme
Pelo menos, sobrou a Larissa.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

SÓ ACONTECE EM SÃO LUIS

SÓ ACONTECE EM SÃO LUIS, artigo publicado
em O Estado do Maranhão, sábado passado,
seção Hoje é dia de...
José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com





Outro dia recebi pela Internet uma “lista” de coisas que só acontecem em São Luis. A lista, bem-humorada, está repleta das aparentes contradições de nossa cidade, apelando para trocadilhos, alguns sutis outros nem tanto. Só em São Luis, segundo a lista, é possível ser preso na Liberdade, passar aperto na Rua Grande, morrer no Reviver, urinar no beco da Bosta, ser um João NInguém no João de Deus, torcer para o Vasco na vila Flamengo, ser ateu na Fé em Deus, ir de ônibus para a Coréia, chupar laranja na rua das Cajazeiras, ter um inferninho no residencial Paraíso, criar codorna no parque dos Sabiás, achar um português na Avenida dos Franceses, levar um tiro na Rua da Paz, etc.etc.
Se pensarmos mais um pouco sobre o tema há de nos surpreender que - sem trocadilhos e passando da ficção para a realidade – é fácil constatar que existe muito mais contradição na vida de nossa bela cidade:

1. Seus motoristas adoram circular com carros maiores que as ruas. Quem por mais de uma vez não se surpreendeu com a peripécia de um cidadão dirigindo um carro quase do tamanho de um ônibus, querendo, à força, trafegar e estacionar nas ruas do centro da cidade? Estranho, não é? As ruas mal dão para passar um carro pequeno e o sujeito ainda quer estacionar comodamente. Coitado dele e de todos nós, que, sem outra alternativa, somos forçados a esperar horas e horas, pela batalha de um possível paranóico, labutando em vão contra as impossibilidades que só ele não vê!
E, por outra, quantas horas por dia são perdidas, em frente aos colégios, apenas porque as madames, com preguiça de andar dez metros, decidem ocupar com os carrões-fila-dupla dos maridos, espaços que dariam para passar dois carros? Se, segundo as más línguas, tanto sacrifício ( para si e para os outros ) é apenas para mostrar que têm dinheiro, por que não compram um carro menor para usufruir de mais comodidade e deixam o carro grande para as avenidas e estradas? Ou será que a família gastou todas as suas economias na compra do carrão e nada sobrou para adquirir um pequeno e pragmático veículo? É questão de falta de dinheiro ou de inteligência?

2. Suas ruas têm mais barreiras eletrônicas quanto mais buracos. A regra parece ser a seguinte: quanto mais proliferam os buracos nas ruas, mais barreiras eletrônicas são implantadas. Dá para acreditar? Ora, se os buracos já impedem que os carros andem com velocidade normal para que servem as barreiras eletrônicas? Não seria melhor empregar oficialmente os buracos com essa finalidade já que, nesse caso, não é preciso pagar pela implantação do serviço?
Ah, sim, ia esquecendo. Buracos obrigam a diminuir a velocidade, mas não geram multa!

3. Possui o titulo de Atenas Brasileira mas não se vêem livrarias e - menos ainda – livros de autores maranhenses.
O que a cidade e seus cidadãos tem contra as livrarias? Por que são tão poucas? E por que nunca exibem em suas prateleiras livros de autores maranhenses? Alguém poderia pensar que isso se dê porque eles escrevam mal, mas não é esse o caso a julgar pelos prêmios literários que ganham fora do estado e pelas suas obras, adotadas por entidades culturais de grandes capitais do Sul do país.
Recentemente, um autor maranhense queixou-se de que não conseguiu colocar seu livro nas redes Big-Ben. Vai ver que os livreiros dessa rede, ou das livrarias dos shoppings, entendem que livros são feitos para enfeite e autores maranhenses para serem lidos por cupins. E que o melhor título para a cidade de São Luis não é o de Atenas Brasileira – do passado - nem o de Jamaica Brasileira (para a qual foi “promovida”) mas o de Apenas Brasileira, trocadilho infame para o qual parece irremediavelmente destinada.