sábado, 31 de dezembro de 2011

AS BELAS MENSAGENS DE FIM DE ANO



artigo publicado na seção Hoje é dia de...
caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão


E, agora que virou moda interceptar mensagens particulares através do CNJ, Internet, Polícia Federal, etc. eis uma pequena mostra do que está disponível na rede como saudações do Ano Novo.  Algumas sobrenaturais, outras nem tanto:

                        1. De Lula para Zé Dirceu:
                        “Querido Zé. Que no próximo ano possamos dividir nossas alegrias tanto quanto no passado. Que Deus – e a Justiça –  continuem nos garantindo toda tranqüilidade possível,  mas, por favor, não me deseje em dobro tudo quanto eu lhe desejar , sem contrato assinado. Sabe como é, né Zé? Vai que surja um novo mensalão...”

                        2. Do presidente do Santos para Pelé.
                        “Queridíssimo Pelé.  Em nome da comunidade praiana quero desejar-lhe um ano repleto de alegrias e felicidade do tamanho dos gols que você fez, mas de boca calada, não é Pelé? Jamais repita, por exemplo, que Neymar é melhor do que o Messi, principalmente antes de um jogo contra o Barcelona. É só o que te pedimos em troca de tudo quanto você já fez pelo nosso Peixe.”

                        3. De Suzana Vieira para Sandro ( seu namorado).
                        “Bebêzinho da Vovózinha! Que no ano que vem você continue gostando cada vez mais de muita grana para poder agüentar essa sua perua até o fim. Controle-se, e jamais faça como o outro gigolô, que preferiu morrer acreditando que é mais fácil se suicidar do que esperar pelo meu fim. Falta pouco. Beijos da sua já eterna Suzana.” 
                       
                        4. De Boninho para Pedro Bial ( apresentador do BBBrasil).
                        “Que a força continue sempre com você, parceiro. A força, como você sabe, é aquilo que faz com que seu sorriso consiga  ser ainda mais idiota do que o de qualquer participante do BBBrasil. Lembre-se de que se os telespectadores conseguem agüentar esse teu sorriso de bobalhão você também será capaz de agüentar essa turma por mais um ano. Beijão.”

                        5. De Dilma Roussef para seus ministros.
                        “Queridos! Muita paz e menos grana. (Quero dizer, grana roubada.) Que o próximo ano seja o mais inesquecível de todos os que passaremos juntos. Como Deus me ensinou a perdoar, garanto que ao fim do ano  comemorarei com os seis. Não os que já se foram, mas os que sobrarão.

                        6. De Fidel Castro para Hugo Chávez.
                        “Nós os ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos para implantarmos pela primeira vez  aqui no Inferno uma revolução comunista.  Abaixo o imperialismo ianque comandado pelo diabo, e viva 2012!”                         

                        7. De Ricardo Teixeira para Andrés Sanchez.
                        “Entre todos os presentes que posso te desejar para o próximo ano, fica claro que já não posso incluir mais um estádio de futebol. Então vai o de sempre: paz, amor, humildade, felicidade. Sei que isso não vai te servir prá muita coisa, mas...”  

                        8. De Júnior para Sandy.
                        “Para 2012, toda a  solidariedade do mundo. Irmãzinha, é em nome dessa solidariedade que pretendo anunciar,  no próximo ano, que também acho que é possível, sim, ter prazer com sexo anal. Que achas?”

                        9. De Dilma Roussef para Michel Temer.
                        “Que Deus nos ajude a enfrentar as  adversidades do próximo ano, e que você traga mais vezes, sua bela mulher. Claro que zelarei para  que não haja o que Temer quanto à exposição dela.
                        P.S. Soube, no entanto, que você está pretendendo lançar,  no próximo ano,  um livro de poesias. Nesse caso, sim,  Temeremos todos.”

                        10. De Zumbi para Lampião, o Rei do Cangaço.
                        “Querido,  que a eternidade seja toda nossa! Agora que já descobriram, na Terra, que nos escondíamos dentro de um armário, podemos soltar as frangas aqui mesmo no purgatório, não é mesmo fofura?”
                                               
                        11. De Deus para Guido Tonelli e Rolf Heuer ( Os dois pesquisadores estão, entre outros,  atrás do Bózon de Higgs, a partícula de Deus)
                        “Já que vocês não param com essa mania idiota de  idolatrar parcelas de tempo, que o ano de 2012 seja pleno de sucessos para todos, especialmente para vocês cientistas.
                        P.S. Só não entendo porque tanto interesse em encontrar a minha partícula se eu já não tenho o mínimo interesse em um dia voltar a encontrar essas míseras partículas que são vocês. Acho que já fiz o que pude, Salve e Salvem-se!”  
                                                                                 
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O A-B-C BEM-HUMORADO DE SÃO LUIS (3)



E, na sala da antevéspera dos 400 anos, nada como dar prosseguimento ao A-B-C bem humorado de São Luis, contando com a carona dos livros sobre expressões maranhenses já citados anteriormente nessa coluna: dos autores J.R.Martins, José Neres e Lindalva Barros (lançado, ontem, na Feira do Livro), e Marcelo Torres, de Brasília.  


            1.Entrunfado- Mal-humorado, ensimesmado. Ex. “Ser entrunfado virou a farda oficial dos guardas de trânsito da SEMTUR (que estiveram na feira do livro)”,  também conhecidos como multadores de trânsito.

            2.Esfarelado. Misturar desordenadamente as coisas Era muito empregado para depreciar cabelos femininos. Depois que proliferaram as greves e as chapinhas, ficou mais fácil botar ordem nos cabelos do que nos batalhões da PM.  

            3.Esgalgado. Faminto. Tem duas fases: antes e depois da bolsa-família. O governo Lula conseguiu o milagre de transformar  esgalgados em famintos.

            4.Esmalmado. Sem barriga. Teria se originado da expressão: “És mal amado!” Hoje está em desuso porque hoje quem não tem barriga nunca é mal amado. Muito pelo contrário. .

            5.Espernegado-   Iguaria à base de vinagreira, joão-gome e quiabo batidos. Não confundir com esperma negado, embora...

            6. Espetar. Faltar a aula, gazear. O termo maranhense se antecipou ao progresso. Os estudantes de hoje em dia “espetam” até quando estão em sala de aula. Com celulares, I phones, etc.

            7. Esquecido. Diz-se do órgão que sofre de paralisia. A partir dos sessenta, infelizmente, os homens sofrem interna e externamente de uma doença chamada esquecimento. É comum terem um órgão tão esquecido do próprio dono que   para  chamá-lo, precisem usar Viagra.

            8. Estalecido. Dente infeccionado. A cavalo dado não se olha os dentes. Portanto, para dentista dado, não se olham os estalecidos.

            9.Estrompar. Não confundir com estuprar, já que estomprar é ferir unicamente os dedos, de forma violenta. Algumas celebridades “cheias de dedo” da tevê  (que todo mundo sabe quais são), talvez preferissem ser estupradas.

           10. Estaqueado – Tipo de cabelo muito usado pelas mulheres. Como tudo que acostumava acontecer nas cabeças das mulheres também foi substituído pela chapinha.

            11. Estua. Penteado feminino com topete muito alto. Mais conhecido agora como cabelo de Neymar.

            12. Espora. Coisa de má qualidade. Pessoa ruim ( de mal-caráter). Para ilustrar bem a diferença do significado desta expressão para o da outra, espora – dos cavalos, serve esta: “Nenhum cavalo, por mais bravo que seja,  merece a espora que o fere, mas todo eleitor merece o espora, no qual escolheu votar. ” 

            13. Figóita. Mulher assanhada. Não é difícil de  se encontrar: “Toda figóita tem endereço certo: homem incerto”.

            14. Ferrolho. Marido extremamente fiel à esposa. Nada a ver com o ferrolho tradicional já que a expressão teria se originado do termo “Olho-de- Ferro, ou seja, “Um olho que não vê”. Isto porque ser ferrolho não significa, absolutamente,  que o vice-versa seja verdadeiro.

            15. Friagem. Qualiragem, frescura, viadagem. Com a proliferação do homossexualismo e a liberação dos costumes, a expressão encerra um aparente paradoxo: “Quanto mais aumenta o aquecimento global, mais aumenta a  friagem universal.”

            16. Gloriosa. Masturbação masculina. Para Woody Allen a maior glória de uma  gloriosa é a de “poder transar com a mulher que você quer”.

            17. Galinha- de- Parida. Galinha guisada, com pouco tempero e caldo esbranquiçado, acompanhada de pirão escaldado, que se destinava a alimentação das mulheres paridas, quando de resguardo. Para os homens muito afoitos, (e gulosos, em qualquer sentido)  é sempre bom lembrar que é preferível comer uma galinha-de-parida, do que comer – e depois casar, - com uma galinha parida.

                                                                       ewerton.neto@hotmail.com                                   

O ABC BEM-HUMORADO DE SÃO LUIS

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

AS LIGAÇÕES TEMER-OSAS



Todo mundo sabe da história. A bela estava pronta para posar nua para a Playboy quando, de repente, sumiu. Teria sido seqüestrada,  ou sofrido um súbito ataque de puritanismo? Afinal, por que teria desistido de expor seu belo corpo se tudo já estava acertado com a revista, de quem receberia uma grana preta?  
         Já que tudo há a Temer quando se trata de autoridade vip, envolvida com garotas posando para revistas pornôs, nada como recorrer a dois breves diálogos temer-osos: 

            1. Ele, um coroa, de setenta anos ou mais (hoje, sabe-se que um sujeito está ficando velho, quando adora que alguém o chame de coroa ao invés de idoso. Portanto, vamos dar uma força ao nosso velhinho). Ela, uma bela moça, pujante em seus vinte e cinco anos. Contrariamente a todas as previsões, os dois são marido e mulher. Um ocupa um importante cargo de vice-presidente da República. Ela ocupa qualquer cargo de vice-versa. Ele, nervoso, começa:
            - Não posso admitir isso!
            - Quem vai posar nua para a revista é minha irmã, não eu.
            - Não interessa, será a você que estarão observando. Ela parece-se - e muito!- com você. Os mesmos olhos,  o mesmo corpo, a mesma miserável trança que você colocou na posse de Dilma e que chamou a atenção de todo mundo... A mesma testa, o mesmo sorriso sensual, até a mesma...
            - Como sabe disso?
            - Não foi nisso que eu pensei. Você sabe que jamais a vi nua. O que eu quis dizer foi outra coisa: a mesma elegância.
            - E que tem isso?
            - Querida, não seja ingênua, todos os machos deste país procurarão você no corpo da outra, pois é a mim que procurarão atingir. Você sabe que o sonho de todo peão é transar com a mulher de alguém poderoso. Eles se masturbarão a torto e a direito  pensando em você, fantasiarão imaginando cenas ridículas com a minha presença. Estarei ao sabor de flamenguistas, corintianos, cruzeirenses e até de torcedores do  BOA – muito a propósito, aliás. Farão gol em você de tudo quanto é jeito e eu, travestido de um árbitro idiota,  sendo forçado a confirmar. Não conseguirei, depois,  suportar tanto assédio velado, até de meus colegas. Por favor!
            Num acesso de histerismo o coroa coloca o punho nas mãos mordendo-o. Ela ainda tenta.
            - Querido, você está exagerando.
            - Desta vez não. Sou capaz de tudo.
            - De tudo?
            - Sim, de tudo. Você sabe muito bem o que pode fazer um homem ciumento!
            - Querido, tenha calma, o que você está querendo fazer?
            - Isso mesmo que você está pensando e que você mesma sugeriu a sua irmã num momento de infelicidade: Serei capaz também de posar nu.
            - Você? Deus do céu! Tem certeza do que você está falando ou isso é conversa de político?
            - Eu juro!
            - Basta! Tenha piedade de mim, ( agora mesmo é que vão dizer que casei por dinheiro). Que horror! Jamais volte a pensar nisso, amor. Amanhã falo com ela.

         2  A mesma personagem do primeiro diálogo, bonita, loura, radiante. A outra, igualmente bela, sua irmã. É a irmã que contra-argumenta.
            - Ele é seu marido, não meu, e não tem nada a ver com o que eu faço do meu corpo. Ele que lhe proíba, não a mim.
            - Irmã, tente raciocinar!...Não é legal! Afinal de contas, ele é uma autoridade e eu sou uma primeira dama, coisa que você nunca será. Será  muito cruel, para ele, pensar que os homens verão a mim em você.
            - Não posso fazer nada agora que até assinei contrato com a revista. Também tenho o direito de querer ser rica. Depois do ensaio serei famosa, posso pegar um cantor de rock, ter um filho com ele, depois casar-me com outro milionário como fez a Luciana Gimenez. E tudo isso  sem precisar ir ao Big-Brother.
            - Lembre-se de que você só posaria graças a mim.
            - Nam nam nim nam não!!
            - Veja, ele está disposto a tudo. Você sabe como ele é.
            - A tudo?
            - Sim ,  a tudo para não ter de chegar ao seu limite.
            - E que diabos de limite é esse?
            - Ele disse que será capaz de posar nu e, depois de me largar, dar em cima de você.
            - Virge maria!! Desconjuro, sai pra lá Satanás! Por favor,  minha irmãzinha querida...
            - O quê?
            - Dê-me aquele tudo de que ele é capaz e estamos conversadas.
                                                                                                                            

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SÓ SAIO DAQUI À BALA


artigo publicado no jornal O estado do Maranhão, sábado, caderno
Alternativo, seção Hoje é dia de..


A ARTE DE SÓ SAIR À BALA

                                                                                 


                        O que levaria um homem a dizer que só sai de um lugar à bala? E a depois complementar o que disse, berrando: “E a bala tem que ser pesada!”? E - mais ainda - como se a dose de bizarrice já não fosse suficiente -,  tentar reparar o mal-feito, dois dias  depois exclamando: “Me perdoe se fui agressivo, Dilma. Você sabe que te amo!”
                        Vamos às hipóteses:

                        Hipótese 1. O sujeito em questão é um terrorista – ou seqüestrador - confinado em determinado local. Lá fora, a polícia está de vigília para capturá-lo. (Mais ou menos como acontece no filme Um dia de cão, com o personagem de Al Pacino.). (...) Então, apelando para o sentimentalismo da chefa do batalhão de polícia, brada: “Me perdoe Dona Dilma, não sou terrorista, sou apenas alguém que te ama muito”.

                        Hipótese 2.   O sujeito em questão brigou com sua amante. Ela se chama Dilma e ele Carlos. Um belo dia, para chamar a atenção dela, tal qual um  casal de Romeu  e Julieta modernos, escolhe a forma mais romântica que existe entre namorados no circuito ONG/POLÍTICA: cometer uma falcatrua, mais precisamente, roubar. (...)As balas chovem de tudo quanto é lado e ele, como um tardio poeta romântico, grita para quem quiser ouvir: “ Dilma, me perdoe. Sabe que eu te amo e fiz isso por você”.  Alguém chora.

                        Hipótese 3. O sujeito é o Ministro do Trabalho de um grande país, respeitadíssimo.. A imprensa descobre falcatruas em sua administração, ele reage. (...)Então, como se também as palavras pudessem ser corrompidas, esquece o que tinha falado antes e apela para esta “ Me perdoe pela agressividade. Eu te amo, Dilma!”

                        Qual das hipóteses lhe parece mais absurda caro leitor?
                        Claro que  a terceira, não é?(...)
                        Espante-se, caro leitor, mas nesse país chamado Brasil  - que aliás, por coincidência  é o nosso -  o absurdo acontece com muito mais freqüência que em qualquer outro lugar do mundo, e a terceira hipótese, infelizmente é a real.               
                    Portanto, tudo pode acontecer nessa realidade surrealista.  Até mesmo que ninguém  faça nada e ele por lá continue, entrincheirado, à prova de cadeia, balas e tudo o mais... 
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com                                                                      
                                                                       

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

VENENO CONTRA VENENO

artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão, sábado


Viver não passa de um suicídio progressivo, lento e irremediável, diziam os estóicos antigos. Lento? Claro, porque em suas épocas não haviam motoqueiros no trânsito, filas do SUS, médicos psiquiatras e música sertaneja, enfim, tudo aquilo que nos faz morrer mais depressa.
                   Se chamarmos de veneno tudo aquilo que a vida moderna nos empurra e que nos faz sucumbir mais cedo, a lista é enorme, por isso é tão necessário lembrarmos dos mais letais, justamente para que possamos combatê-los a partir dos seus mais usuais antídotos.  

1.     Ácidos Inorgânicos
Seus sintomas de envenenamento são: queimadura dos lábios
e da boca, sede e dores abdominais. Choque, quando ingerido em grandes doses ( mais de uma colher de sopa).
                   O tratamento mais comum consiste em álcalis fracos como águas calcáreas e magnésia, ou, em casos de emergência, seguida de leite, clara de ovos, ou óleo de oliva. Lavagem gástrica não é recomendada, já que o tubo da sonda pode perfurar o  esôfago ou o estômago queimados.

2.                Ácidos humanos.
                   Humanos envenenados pela corrupção tornam-se ácidos com extrema facilidade. Os principais sintomas desse envenenamento são  arrogância, ostentação de riqueza, presunção, dissipação de dinheiro e desprezo às leis e a opinião pública. Um exemplo recente é o do Ministro Carlos Lupi cuja acidez foi constatada em alto e bom som quando vociferou: Só saio daqui se for através de bala. E tem que ser bala  pesada”
                   O tratamento mais comum para humanos de alta acidez deveria ser a eliminação pura e simples do convívio social  através do isolamento vulgarmente denominado cadeia, mas no Brasil, a acidez humana proveniente da corrupção é tratada com extrema “leveza” por parte das autoridades. ( Justamente o oposto, do homem em questão)

3.                Beladona.
                   Sintomas principais: Boca seca, sede, pupilas dilatadas, convulsões em casos drásticos.
                   O tratamento é feito com lavagem gástrica, tranquilização através de drogas barbitúricas se a vítima for tomada de convulsões.  

4.     Feiadona.
Sintomas principais: Boca célere, pupilas dilatadas, confusões constantes, histerismo, ausência de nexo no que fala, botox a perder de vista.  
                   A televisão brasileira está cheia de mulheres envenenadas com isso : Mariana Gimenez, Suzana Vieira, Hebe Camargo, Marta Suplicy, Luana Piovani etc. etc.
                   O tratamento, muito difícil, exige uma boa tranquilização a partir de leitura ou, música suave. Sabe-se, porém, que quando é muito elevado o grau de envenenamento, na prática, as atingidas preferem  ser tratadas com gigolôs. Custa caro, mas costuma dar certo, já que algumas se acalmam.

                   5. CO (monóxido de carbono)
                   Tontura, dor de cabeça, náuseas e confusão mental. Estado de coma. Coloração vermelha de pele. Este tipo de envenenamento pode ocorrer com crianças em carros fechados ( o CO é expelido pelo motor)
                   O tratamento é levar a vítima para o ar livre. Se a respiração parar deve-se aplicar imediatamente a respiração artificial. Monitorar oxigênio, se estiver à mão

6.     BBB (Big-Brother, Brasil)
Tontura e náuseas em quem estiver assistindo o programa. Confusão mental freqüente dos protagonistas. Permanente estado de cama,  com exibição de taras e manias exibicionistas. Esse tipo de contaminação, com adultos vagando inutilmente em mansões  fechadas,  pode atingir crianças incautas que,  à vista disso podem ficar obcecadas e idiotas para sempre.  
O tratamento mais conhecido é o de levar os protagonistas contaminados para trabalhar pela primeira vez na vida, aplicando-lhes algum tipo de respiração com ar ainda não contaminado pela obsessão de ganhar dinheiro fácil. Nem sempre cura!


terça-feira, 8 de novembro de 2011

SEU NOME É 7 BILHÕES



Seu nome é bebê sétimo bilionésimo e nasceu em Manila, nas Filipinas. Mas pode  ser chamada, também, de Danica Camacho. O que será do futuro dela, num planeta com gente saindo pelo ladrão?
                   Os machões trogloditas de plantão hão de dizer que é preciso ser muito macho para nascer numa época dessas,  em que as meninas não querem mais ser professoras ou médicas e só pensam em ser modelos; e os meninos,  ao invés de engenheiros ou economistas, só almejam ser jogadores de futebol ou ex-BBBs. (E não é que a garota tem mesmo um macho no nome?)
                   Se você não foi  o sétimo bilionésimo, mas foi o sétimo bilionésimo primeiro ou segundo  e, ainda por cima, mora no Brasil, eis uma lista de antigas profissões para futura escolha, se não derem certo as preferidas.

                   Advogado – Alguém especializado em defender a própria causa.
                   Político -  Alguém especializado em defender a causa própria. fingindo que é a do povo.
                   Burocrata – Alguém especializado em impedir os outros de defenderem a própria causa.
                   Tecnocrata – Um burocrata com pós-graduação.
                   Embaixador – Um turista com bolsa de estudo paga pelo governo.
                   Dentista – Um médico que preferiu ficar nas bocas.
                   Médico – Alguém que hoje faz greve para não perder a bocada.
                   Engenheiro Civil – Alguém que idealizou construir pontes, mas só chegou à de safena.
                   Arquiteto – Alguém que idealizou planejar edifícios, mas chegou à conclusão que é difícil.
                   Metalúrgico – Alguém que mexe com ferro e só vive levando ferro.
                   Escritor – Um intelectual cuja maior vontade na vida é ser rico.
                   Empresário – Um rico cuja maior vontade na vida é ser intelectual.
                   Juiz de Direito – Alguém que aprende sobre o direito de não ter a mãe xingada pelos outros.
                   Juiz de Futebol – Alguém cuja profissão é ter a mãe xingada pelos outros.
                   Psiquiatra – Um louco dando uma de médico.
                   Psicólogo – Um médico ensinando a dar uma de louco.
                   Cientista – Alguém dando uma de louco, e precisando de um médico.
                   Açougueiro – Alguém que trabalha no mercado , mas não tem vez no mercado – de trabalho.
                   Economista. – Alguém que nunca foi ao mercado mas só vive falando em mercado.
                   Babás – Assistentes sociais de crianças
                   Assistentes Sociais – Babás de marmanjos.
                   Mecânico – Alguém que sempre coloca um parafuso a mais.
                   Vendedor de produtos de informática – Alguém que sempre vende um parafuso a menos.
                   Especialista em Informática – Alguém que sempre tem um parafuso a menos – na cabeça.
                   Professores de educação física – Boas-vidas que fazem ginástica por lazer.
                   Operários – Ruins de vida que fazem ginástica por necessidade.
                   Artista de circo – Um personagem cuja procura de dinheiro é uma novela.
                   Artista de novela. Um personagem cuja vida à procura de Ibope é outra novela.   
                  Banqueiro – Alguém que passa a vida contando o próprio dinheiro.
                   Bancário – Alguém que passa a vida contando o dinheiro dos outros.
                   Palhaço – Alguém que se faz de bobo para divertir o povo.
                   Ministro da Fazenda – Alguém que se diverte fazendo o povo de bobo.
                   Diretor de Cinema – Alguém com uma câmera na mão e uma idéia na cabeça.
                   Diretor de Fotografia – Alguém com uma câmera na cabeça à procura de uma idéia.
                   Diretor de estatal – Alguém com a mão na cabeça, sem câmera, nem idéia.
                   Eletricista – Alguém que passa horas a fio tentando consertar um fio.
                   Modelo ( masculino) -  Um idiota metido a besta.
                   Modelo ( feminino) – Uma besta metida a idiota.
                   Estudante da UNE – Um profissional meio estudante e meio político  especializado em meia –entrada.
                   Ministro dos Esportes ( versão Dilma)  – Alguém cujo meio de vida é dividir tudo meio a meio.
                   Lutador de boxe – Alguém especializado em levar bofete por alguns dólares.
                   Policial – Alguém especializado em dar bofete sem motivo algum.
                   Presidente ( de time de futebol) – Alguém sem noção, que dirige seu time como se este fosse uma nação.
                   Presidente ( da república ) – Alguém que dirige sua nação como se esta fosse um time de futebol.

                                                                  ewerton.neto@hotmail.com              
                   

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

DO SABIÁ À BEIJA-FLOR

artigo publicado na seção Hoje é dia de...,
sábado Caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão



Tirando a batida do próprio coração, tudo o que é repetitivo, enjoa, certo? Em termos musicais até mesmo o Bolero de Ravel ou o Tico-tico no fubá. Por isso é que é tão difícil se achar, hoje em dia, um samba enredo bonito de verdade com os do passado, entre estes pelo menos uns dois, que Clara Nunes cantava e consagrou. Quanto à letra, estamos falando de letra casada com a música, e vice-versa, já que ninguém tem ouvido de penico para  ficar mais meia hora só na base do Bum-Bum-Prá-ti-cumbum- burungundu.
         Será que isso explica porque o próximo samba-enredo da escola que vai homenagear o Maranhão, a Beija-Flor, tenha tido 14 compositores?  14? Será que estou ficando doido? ( E olha que no meio desse batalhão não colocaram nem meio compositor daqui, se não estou enganado.)
         Vá lá , minha vista sofre os efeitos deletérios da idade, mas pelo menos, foi isso o que conferi depois de cinco leituras sucessivas para confirmar. O que significa que, provavelmente, cada um escreveu três palavras, ou , sendo otimista, um verso. Pela quantidade de autores,  a obra não se trata mais de uma composição conjunta, mas de uma espécie de ONG  de doação de palavras - deve ter tido gente que contribuiu com um grito, talvez, como esse tal de Rômulo Presidente. Quanto ao  resultado, tentemos entender:


         Tem magia em cada palmeira que brota em seu chão
         (Que palmeiras? Será que estão se referindo às buraqueiras? Estas, de fato, parecem mágicas, pois nunca acabam).

         O homem nativo da terra resiste em bravura a dor da invasão
         ( Nada de resistência. Invasão é com a gente mesmo, do Coroadinho à Vila Palmeira)

         Do mar vem três coroas
         ( Só três? No dia em que só vierem três coroas entre os marinheiros que chegam no Itaqui as periguetes se suicidam nas águas do porto)  
        
         Irmão seu olhar mareja no balanço da maré
         ( Hoje em dia, nem espigão quer saber mais de balanço de maré. O único balanço que o povo quer saber é o do forró, já que nesta ilha não se ouve outra coisa)

         A maldade não tem fé sangrando os mares
         ( E desde quando maldade precisa de fé? Os dirigentes das mais importantes instituições desta cidade não precisaram de fé para anunciarem o abandono do Centro da cidade, como se este fosse uma velha caquética e condenada. )

         Mensageiro da dor, liberdade roubou dos meus lugares
         ( Liberdade por aqui, ao que se saiba, só o bairro.  Ainda assim só restou o nome)

         Rompendo grilhões em busca da paz
         ( Romper grilhões nada mais garante.  Quem estiver em busca de paz que não saia para o trânsito, senão ou  volta morto por um motoqueiro ou matará um)
                 
         ...Chegou de Daomé, chegou de Abeokutá toda magia do vodun e do orixá
         ( Sem dúvida, é mais fácil mesmo vir de Daomé e de Abeokutá do que de avião,  com um aeroporto...desses )

         É rainha o bumba-meu boi vem de lá
         ( O grande problema dos homens de São Luis é que o bumba-boi vem de lá, mas os chifres nunca se sabe de onde vêm)

         No radio o reggae é do bom marrom é o tom da canção na terra da encantaria e da arte do gênio João
         ( Esse João é o João do Vale ou o do Trinta?)

         Meu São Luis do Maranhão Poema encantado do amor     Onde canta o sabiá
Hoje canta o beija-flor
         ( A Teoria da Evolução explica muito bem isso, Gonçalves Dias! Melhor um beija-flor na mão que dois sabiás voando)

         P.S. Se a explicação não tiver sido convincente, o leitor não deve esquentar com isso. Confira a melodia do samba-enredo, que, segundo soube, terá uma introdução triunfal com  Ilha Magnética,  do César Nascimento. O que não é pouca coisa!

                                                                  ewerton.neto@hotmail.com
        


         

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O A-B-C BEM-HUMORADO DE SÃO LUIS




E, na véspera dos quatrocentos anos, segue esta segunda edição do A-B-C bem humorado de São Luis, sobre nosso maranhês, por aqui ainda falado antes que a Globalização, com a imposição nacional do seu idioma noveleiro acabe com tudo.


                   Banquete de Cachorro – Almoço oferecido somente a cachorros, como pagamento de  promessa a São Lázaro. Era tão concorrido que muita gente boa ficava à esperando a sobra de um ossinho. Hoje a coisa ficou tão sofisticada que o fundo musical é o do disco “ Banquete dos Mendigos “ dos Rolling Stones O que significa que o Banquete dos Cães está melhor servido do que o Banquete dos Ricos pelas bandas do Calhau, onde só toca forró e axé. Sem falar no que se come.  

                   Banzeiro – Onda provocada pela passagem de uma embarcação. Seu similar, à seco, é a passagem dos trios elétricos., com a diferença que as ondas humanas preferem se afogar com álcool, mesmo. 

                   Barata – Empregada doméstica. Do tempo em que se dizia que estas eram baratas porque tinham o casco duro para agüentar cheiro pior que o de detefon ( dos mauricinhos que davam em cima delas). Uma injustiça! Todo mundo sabe que empregada doméstica é hoje  é uma espécie em extinção. Ao contrário, aliás, das baratas, que sobreviverão aos séculos.
                  
                   Borroada. Colisão contra algum obstáculo, muitas vezes, veículos. Hoje o que há de mais comum em São Luis é borroada com moto. Aliás, em termos de borroada e moto, o campeão de borroada é o  Moto Clube. Levou tanta borroada que virou sucata de moto e   foi parar na quinta divisão.

                   Base. Botequim , geralmente na periferia das cidades. Muito usado por garotas especialistas também em usar “base” no rosto para manter o básico: assim, enchem os olhos dos coroas e a bolsa.

                   Berimbela. Penduricalho. Segundo Freud as mulheres sempre tiveram especial atração  por berimbelas por que não nasceram com nenhuma natural, como os homens.

                   Bazugar. Arremessar, jogar. O oposto do que os grandes craques fazem com a bola, bazugar é muito típico de um jogador cabeça de bagre . O maior jogador de futebol nascido no Maranhão foi Canhoteiro ponta-esquerda que jogava no São Paulo e que era quase tão bom quanto Garrincha.  Hoje Canhoteiro não tem sequer uma estátua na frente do Nhozinho. Também, pudera,  por aqui, só restaram bazugadores. Na bola e na Federação de Futebol. 
                   Caverna. Forma depreciativa de homem. Nada a ver com homem das cavernas. Está muito mais para homem que nunca saiu das cavernas. Mas, dizem, as mulheres adoram. Vai entendê-las...

                   Cemitério. Pratinho que se põe à mesa, ao lado do comensal, para colocação de ossos, espinhas etc. Isso em casa de rico. Na mesa de quem mora em rincão que está prestes a virar município por oportunismo dos políticos o cemitério é o prato principal e olhe lá...

                   Chamego. Atração, encanto, fascínio. Quando é pelo parceiro(a) chama-se assim. Quando é por time de futebol chama-se Chamengo. O chamengo, por aqui bem mais forte do que o chamego,  é capaz de agüentar tudo: desde apanhar de quatro para time do Chile,  até o Luxemburgo.

                   Chapar. Encher algo até o máximo. Quando alguém fica chapado da vida se suicida. Assim fez Amy Whinehouse.

                   Chavelho. Chifre. Originou-se na época de São João,  para não ficar enjoado e repetitivo, quando as maranhenses se soltavam cada vez mais  e seus parceiros enchiam-se de chifres, O curioso é que  tem uns que levam chifres e ainda levam chavelhos.

                   Coronel. Urinol. Penico. Gabriel Garcia Marques só escreveu “Ninguém escreve ao coronel” porque nunca veio a São Luis.

                   Cujuba. Hérnia escrotal quando muito avolumada. Essencial para a vocação política tanto é assim que dizem que mais da metade dos políticos maranhenses são cujubentos. Quando não é por herança genética, passa a ser por ação dos puxa-sacos.

                   Cutiagem. Busca de mulher para programa sexual. Internetiagem, que no mundo virtual significa mulheres se oferecendo para as celebridades,  portanto, não é uma evolução de Tietagem, mas de Cutiagem.

                   Desistir. Defecar. Para quem sofre de prisão de ventre é a desistência mais gloriosa que existe.

                   Destabocar. Sair em disparada atabalhoadamente, fugir. Teria se originado quando em tempos remotos os maridos, pegos em flagrantes, fugiam “desta boca” que os acusavam.

                   Engrisilha. Enrolação, trapaça. Termo maranhense que cairia muito bem nacionalmente para substituir o termo  corrupção, que está ficando muito manjado. De ministro em ministro da Dilma, agora é o do Transportes que está todo engrisilhado. Não fica, pelo menos, mais engraçado?

                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A LINGUAGEM DE DEUS

artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão, sábado


Deus existe ou não? Segundo li, numa revista,  menos de 20% da comunidade científica acredita em Deus. Igualmente,  é grande o número de pessoas  que se consideram ateus, justamente nos países onde é mais elevado o conhecimento técnico e científico ( em algumas nações chega a mais de 50%). De fato, temos que admitir que o exercício da fé se torne mais árduo  quando confrontado às bases científicas que traduzam algo do que já se sabe sobre o universo: sua grandiosidade, as leis físicas que o geraram, a infinita pequenez da raça humana, sua fragilidade diante da natureza e, principalmente, da natureza diante de um espaço-tempo avassalador.
                        Diante dessa questão, sabidamente complexa, as pessoas se manifestam, em resumo, de três formas: uma, a de crença absoluta, que pode ser por ignorância; a segunda, de descrença ou ateísmo que se pretende fundamentado  na ausência de provas captáveis pela ciência; e uma outra, a de indiferença, na qual se incluem os agnósticos.   Na prática, o  “não sei” dos agnósticos resume uma cômoda permanência em cima do muro sobre a questão que é como se dissessem como o mineiro que não quer se envolver: “Sua ausência veio preencher uma lacuna” ou “Sou ateu, graças a Deus!”.  Curiosamente, existe uma passagem do Novo Testamento que parece adequar-se àqueles que se confessam indiferentes. Na frase de Jesus Cristo: “Prefiro os muito quentes ou muito frios, porque os mornos, eu os vomitarei.”
                        Penso que qualquer ser humano cuja compreensão e orgulho do sentido da própria existência  tenha alguma validade para si um pouco além do ato banal de sobreviver, não pode se furtar a esta questão, apenas porque esta seja complexa ou insolúvel. Essa busca, certamente mais grandiosa do que a descoberta em si, perpassa uma tentativa de transcender a uma questão puramente metafísica para que ela se imponha como suporte de suas relações com os demais seres humanos e com seus valores existenciais. “A finalidade da existência humana não consiste apenas em viver, mas em encontrar um motivo para viver”, dizia Dostoiévski. Evidentemente, a tentativa de alcançar a solução do grande mistério “o que somos; de onde viemos, para onde vamos” está na raiz do significado maior de qualquer vida, que se pretenda digna disso.
                        Na minha adolescência li um livro que considero fundamental para o meu singelo entendimento e que se chama “A arquitetura do universo” do físico norte-americano Robert Jastrow. As páginas do livro não tratam de um possível embate teológico ou mesmo filosófico, tão costumeiros entre os cientistas modernos, mas da doação, para mim repentina, dos mistérios do universo  já conhecidos pela ciência em linguagem accessível para leigos, como eu. Nem precisaria, então, gostar  tanto de Física,  minha matéria curricular preferida, ou de Poesia (nos meus impulsos extra-escolares) para concluir que nenhuma ficção desenvolvida pelos melhores  autores do mundo (Cervantes, Proust ou Dostoiévski ) seria comparável à criação  desse personagem chamado aventura humana, ali descrita de forma espetacular: tão improvável, tão frágil e, ao mesmo tempo, tão misteriosa e – por que não? – divina.  Retiro do autor  em questão esta última frase de um de seus livros:
                        “Neste momento parece que a ciência nunca será capaz de erguer a cortina acerca do mistério da criação... O cientista escalou as montanhas da ignorância; vê-se prestes a conquistar o pico mais alto; à medida que se puxa para a rocha final é saudado por um bando de teólogos que estiveram sentados ali durante séculos.”
                        A partir da leitura desse livro, sempre que posso leio outros que tratam do tema da origem do Universo e que, virtualmente, descambam para uma possível explicação (não-explicação) da existência de Deus.  Desde livros com argumentação científica como o do cientista Richard Dawkins, Deus um delírio  que vocifera contra a a fé e a crença, até os livros que preferem debater o assunto com uma boa carga de bom-humor como o delicioso e pragmático  Explicando Deus numa corrida de táxi de Paul Arden. Com mínimo rigor científico Arden chega à conclusão de que todos os que ardorosamente debatem o assunto, religiosos x ateus, no fundo acreditam na mesma coisa, e o embate é apenas uma questão formal . O que os céticos chamam de força superior , os religiosos chamam de Deus. Ou seja, se   alguns preferem  dar um rosto a Deus, isso é uma mera questão lingüística. .
                        Antes que alguém pense que pretendo, no breve espaço desta crônica  colocar remotas luzes sobre o debate , adianto que o fim desta é menos pretensioso: apenas sugerir a leitura do livro de Francis Collins, A Linguagem de Deus, como perfeito complemento da curiosidade que qualquer um possa ter sobre a vida e seus mistérios. Cientista, como Dawkins, diretor do Projeto Genoma que trabalha com o que há de mais moderno no estudo do DNA, o código da vida, e um dos mais respeitados cientistas da Terra, Francis Collins se coloca a favor da crença em Deus, assumindo os riscos peculiares a quem, dentro de uma comunidade  que despreza qualquer argumento desprovido de provas concretas, argumenta a favor da fé sem perder de vista o conhecimento científico. Sem receio de se situar no limite da dúvida compara uma a uma as soluções trazidas pela ciência, contrapondo-as à possibilidade de um ser superior, deixando um rastro de fé e esperança que parte da dúvida, inclusive a notável improbabilidade da matéria ter se  formado baseando-se apenas nos princípios de física conhecidos.
                        Ao fim de sua leitura, independente de qualquer crença, ouso dizer, que haverá um notável adendo ao cabedal de qualquer  um,  em termos de discernimento e argumentação científica sobre o tema. No meu caso, além disso, a consolidação da solidificação de uma verdade já cristalizada há muito tempo: há muito maior grandeza humana em se acreditar em Deus que em não acreditar. Cristalizou-se a verdade que já desconfiava.  dúvida é essencial quando nem todos os caminhos levam a Deus, muito pelo contrário. A satisfação com a leitura de um livro que vai agradar tanto aos ateus quanto aos religiosos, no meu caso particular talvez tenha sido porque me trouxe uma confiança que já tinha e que independe de se acreditar ou não. A convicção não mais divina ou laica de que Quanto menos evidências houver, sempre haverá maior Há mais grandeza humana em se acreditar em Deus.
                                                                       ewerton.neto@hotmail.com