sábado, 31 de agosto de 2013

MAIS (MÉDICOS) DEMAIS E MENOS, DE MENOS




artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal  O estado do Maranhão, hoje, sábado


A colunista Rute de Aquino, da revista Época, na sua coluna da semana passada e num interessante tirocínio propôs que o programa da presidenta Dilma de Mais Médicos fosse substituído por um novo programa: Menos políticos; menos ministros, menos senadores, menos deputados, menos vereadores etc. Assim, com a economia decorrente disso  se resolveria boa parte da escassez financeira que originou o Mais  Médicos.
Pegando carona em sua observação, basta refletir um pouquinho para chegar-se à conclusão de que o que está  fazendo falta é o menos, num país em que cada vez mais todo mundo quer ser mais, quer ter mais e, como se não bastasse , ainda quer ser o melhor.
 Por exemplo: que tal pensar em MENOS APORRINHAÇÃO PARA O CIDADÃO?  Por que será que um ancião aposentado e doente, tem que sair de sua casa, como há um mês  atrás, para provar, com cadeira de rodas e doença,  que está vivo a um governo que vive desconfiando de que ele está morto? Que tal menos crueldade?


                                                 


E, por outra, porque será que todo cidadão neste país, em pleno século XXI,  tem que ser obrigado a votar? Ora, acreditar que votar é ato de grande patriotismo faz parte do mesmo argumento canalha (“O patriotismo é o último refúgio dos canalhas”, Samuel Johnson) que entende como ato de patriotismo cantar hino nacional em tudo quanto é jogo de futebol.  Por que obrigar um trabalhador honesto a ir para uma instituição enfrentar uma fila para recadastrar seu título, sob pena de ter seus direitos de cidadão usurpados, se a opção dele for, justamente, não participar disso? Quem é mais patriota: aquele que vota deliberadamente num corrupto reconhecido  ou aquele que não se submete a essa possibilidade de erro? Que tal menos aporrinhação obrigatória?
Se ainda existe alguém que duvida de que neste país não existe mais ‘demais’, basta  lembrar de alguns:
1.Mais torto do que cigarro de pinguço..
2.Mais desprezado  do que minuto de silêncio.
            3.Mais  valentão do que torcedor da Gaviões da Fiel.
4.Mais emporcalhado do que twitter de celebridade.
5.Mais comportado do que cabeleira de Roberto Justus


                                                   


.
6.Mais sem roupa  do que futuro de ex-BBB
7.Mais camuflado do que ruga de artista .
8.Mais falso do que sorriso de aeromoça.
9.Mais despencado do que ação de Eike Batista.  
10.Mais parado do que relógio de praça.
11.Mais liso do que bunda de neném.
12.Mais chato do que reunião de condomínio .
13.Mais imundo do que sabão de flanelinha.
14.Mais vazio do que cabeça de BBB.
15.Mais agitado do que bunda de funkeira.
16.Mais duro do que bunda de estátua.


                                           


17.Mais folgado do que gigolô de perua (da Globo).
18.Mais descarado do que condenação de mensaleiro.
19.Mais enterrado do que fio dental em bumbum de passista


                                        



20. Mais temido do que celulite em bunda de modelo.

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com                                                                                  http://www.joseewertonneto.blogspot.comMais demais e menos de menos

sábado, 24 de agosto de 2013

O ZERO E O NADA



artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje sábado


Difícil precisar quando o nada  começou, se é que começou. Se um dia existiu deve ter chegado milionésimos de segundos antes do tudo. (Ou, talvez, uma eternidade, que então deveria significar quase a mesma coisa). Ou seja, nessa disputa para chegar primeiro se o nada se deu bem foi apenas para chegar antes e mais nada ( Êpa!)
Muita gente, por sua vez,   acha que ele, o nada, nunca existiu nem nunca existirá ,  o que não deixa  de ser uma teoria bastante satisfatória para que nós, humanos, não nos sintamos assim,  tão desamparados com a realidade da morte – e do nada. Ou seja, se não existe o nada não seremos nós que vamos inaugurar isso daí. Portanto... estamos salvos.
Uma coisa é certa: se o nada um dia existiu,  com certeza estava quietinho no seu canto e foi a consciência humana - sempre procurando sarnas para se coçar – que foi descobri-lo em algum lugar.

                                            

2. Inventado – ou descoberto – o nada eis que a humanidade, sempre a procura de conhecer um pouco além do que jamais vai estar ao seu alcance ( as ‘sarnas para se coçar’ ditas acima ) , descobriu também o Zero. Não, nada de um ato de filantropia ou mesmo de sabedoria, mas apenas para facilitar-lhes  as coisas dentro dos cálculos que precisavam fazer para saber o quanto poderiam levar de vantagem nas suas negociações. Já pensaram a merda que ia dar se não houvesse o zero entre o -1 e o +1? E que seria do trilhão sem aquele monte de zeros? Mesmo assim demoraram tanto a descobrir o pobre do zero (foi o último algarismo  a ser inventado) que este chegou a pensar, confortavelmente, que nunca ia ter de dar as caras na matemática, e se escondeu durante milhões de anos o quanto pode.
Pois  previa a sobrecarga que ia ter de suportar para agüentar, além  dos outros algarismos,  irritantes em sua suposta grandiosidade  , os inquietos e diabólicos alunos e os futuros cientistas.  Ele ‘calculava’ o que viria pela frente e o tanto que ia sofrer de bullyng nas calculadoras, nas fórmulas matemáticas, nos livros de filosofia etc. Nada lhe foi mais humilhante ao longo da vida do que ser taxado de ‘ um pobre zero à esquerda’, sem nunca lhe terem dado o devido valor.

                                          


De todos os inconvenientes  que passou na infância, porém, nenhum lhe permaneceu tão irritante até hoje quanto à tal proximidade com o nada, o constatar desde cedo que, para todo mundo, ele não passa de um apelido para o que não existe.  Enquanto ao infinito coube ser o apelido do tudo, a ele,  pobre zero,  coube ser o apelido do nada. Mesmo sabedor de que não passa de um símbolo essa  consciência não lhe minora a frustração, pois seu destino ceifou-lhe  a exuberância do outro: sempre mais disputado, sempre mais recorrente nas imagens religiosas, sempre mais solicitado nos títulos de livros  de auto-ajuda, mesmo não passando ( como o zero sabe melhor do que ninguém) de um grande impostor.

3. Apesar de tudo,  conforta-lhe saber que  o dilema shakesperiano  do ‘ser ou não ser’ não lhe transtorna a vida e as preocupações do dia-a-dia, como acontece com os humanos. Às vezes,  chega até a  ter simpatia com o nada, com o que talvez não exista. Sabe que estão no mesmo barco ( das soluções inventadas pelos homens para amenizar suas condições de proscritos de seus próprios destinos ) e procura exercer sua função  cada vez melhor fazendo ouvidos moucos ao que possam dizer dele, a matemática e os homens. No fundo, deve concordar com o que foi escrito a seu respeito num livro maranhense de poesias Cidade Aritmética, e que se intitula, justamente, Zero.

                                         
     

Um domingo após o fim do mundo,
o zero que ainda está vivo
não é o zero do nada.
Não é o zero número,
o que só tinha serventia
para o oco da lógica
ou como farol de cálculos.
É um zero que não se presta
para disfarces do agora.
É o zero de antes e depois.
O zero que é o tudo, enfim.”
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

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sábado, 17 de agosto de 2013

A LINGUAGEM DE DEUS



Artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado.


Deus existe ou não? Segundo li, numa revista,  menos de 20% da comunidade científica acredita em Deus. Igualmente,  é grande o número de pessoas  que se consideram ateus, justamente nos países onde é mais elevado o conhecimento técnico e científico ( em algumas nações chega a mais de 50%). De fato, temos que admitir que o exercício da fé se torne mais árduo  quando confrontado às bases científicas que traduzam algo do que já se sabe sobre o universo: sua grandiosidade, as leis físicas que o geraram, a infinita pequenez da raça humana, sua fragilidade diante da natureza e, principalmente, da natureza diante de um espaço-tempo avassalador.
                        Diante dessa questão, sabidamente complexa, as pessoas se manifestam, em resumo, de três formas: uma, a de crença absoluta, que pode ser por ignorância; a segunda, de descrença ou ateísmo que se pretende fundamentado  na ausência de provas captáveis pela ciência; e uma outra, a de indiferença, na qual se incluem os agnósticos.   Na prática, o  “não sei” dos agnósticos resume uma cômoda permanência em cima do muro sobre a questão que é como se dissessem como o mineiro que não quer se envolver: “Sua ausência veio preencher uma lacuna” ou “Sou ateu, graças a Deus!”.  Curiosamente, existe uma passagem do Novo Testamento que parece adequar-se àqueles que se confessam indiferentes. Na frase de Jesus Cristo: “Prefiro os muito quentes ou muito frios, porque os mornos, eu os vomitarei.”
                        Penso que qualquer ser humano cuja compreensão e orgulho do sentido da própria existência  tenha alguma validade para si um pouco além do ato banal de sobreviver, não pode se furtar a esta questão, apenas porque esta seja complexa ou insolúvel. Essa busca, certamente mais grandiosa do que a descoberta em si, perpassa uma tentativa de transcender a uma questão puramente metafísica para que ela se imponha como suporte de suas relações com os demais seres humanos e com seus valores existenciais. “A finalidade da existência humana não consiste apenas em viver, mas em encontrar um motivo para viver”, dizia Dostoiévski. Evidentemente, a tentativa de alcançar a solução do grande mistério “o que somos; de onde viemos, para onde vamos” está na raiz do significado maior de qualquer vida, que se pretenda digna disso.

                                                                


                        Na minha adolescência li um livro que considero fundamental para o meu singelo entendimento e que se chama “A arquitetura do universo” do físico norte-americano Robert Jastrow. As páginas do livro não tratam de um possível embate teológico ou mesmo filosófico, tão costumeiros entre os cientistas modernos, mas da doação, para mim repentina, dos mistérios do universo  já conhecidos pela ciência em linguagem accessível para leigos, como eu. Nem precisaria, então, gostar  tanto de Física,  minha matéria curricular preferida, ou de Poesia (nos meus impulsos extra-escolares) para concluir que nenhuma ficção desenvolvida pelos melhores  autores do mundo (Cervantes, Proust ou Dostoiévski ) seria comparável à criação  desse personagem chamado aventura humana, ali descrita de forma espetacular: tão improvável, tão frágil e, ao mesmo tempo, tão misteriosa e – por que não? – divina.  Retiro do autor  em questão esta última frase de um de seus livros:                                                 

                        “Neste momento parece que a ciência nunca será capaz de erguer a cortina acerca do mistério da criação... O cientista escalou as montanhas da ignorância; vê-se prestes a conquistar o pico mais alto; à medida que se puxa para a rocha final é saudado por um bando de teólogos que estiveram sentados ali durante séculos.”
                        A partir da leitura desse livro, sempre que posso leio outros que tratam do tema da origem do Universo e que, virtualmente, descambam para uma possível explicação (não-explicação) da existência de Deus.  Desde livros com argumentação científica como o do cientista Richard Dawkins, Deus um delírio  que vocifera contra a a fé e a crença, até os livros que preferem debater o assunto com uma boa carga de bom-humor como o delicioso e pragmático  “ Explicando Deus numa corrida de táxi” de Paul Arden. Com mínimo rigor científico Arden chega à conclusão de que todos os que ardorosamente debatem o assunto, religiosos x ateus, no fundo acreditam na mesma coisa, e o embate é apenas uma questão formal . O que os céticos chamam de força superior , os religiosos chamam de Deus. Ou seja, se   alguns preferem  dar um rosto a Deus, isso é uma mera questão lingüística.
                        Antes que alguém pense que pretendo, no breve espaço desta crônica  colocar remotas luzes sobre o debate , adianto que o fim desta é menos pretensioso: apenas sugerir a leitura do livro de Francis Collins, A Linguagem de Deus, como perfeito complemento da curiosidade que qualquer um possa ter sobre a vida e seus mistérios. Cientista, como Dawkins, diretor do Projeto Genoma que trabalha com o que há de mais moderno no estudo do DNA, o código da vida, e um dos mais respeitados cientistas da Terra, Francis Collins se coloca a favor da crença em Deus, assumindo os riscos peculiares a quem, dentro de uma comunidade  que despreza qualquer argumento desprovido de provas concretas, argumenta a favor da fé sem perder de vista o conhecimento científico. Sem receio de se situar no limite da dúvida compara uma a uma as soluções trazidas pela ciência, contrapondo-as à possibilidade de um ser superior, deixando um rastro de fé e esperança que parte da dúvida, inclusive a notável improbabilidade da matéria ter se formado, baseando-se apenas nos princípios de física conhecidos.

                                                         


                        Ao fim de sua leitura, independente  de qualquer crença, ouso dizer, que haverá um notável adendo ao cabedal de qualquer  um,  em termos de discernimento e argumentação científica sobre o tema. No meu caso, além disso, a consolidação da solidificação de uma verdade já cristalizada há muito tempo: há muito maior grandeza humana em se acreditar em Deus que em não acreditar. cristalizou-se a verdade que já desconfiava.  dúvida é essencial quando nem todos os caminhos levam a Deus, muito pelo contrário. A satisfação com a leitura de um livro que vai agradar tanto aos ateus quanto aos religiosos, no meu caso particular talvez tenha sido porque me trouxe uma confiança que já tinha e que independe de se acreditar ou não. A convicção não mais divina ou laica de que Quanto menos evidências houver, sempre haverá maior Há mais grandeza humana em se acreditar em Deus. 
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

                                                                              http://www.joseewertonneto.blogspot.comA linguagem de Deus

sábado, 10 de agosto de 2013

PARA ENTENDER OS BEST-SELLERS (resumo crítico)


artigo publicado hoje na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão


“ Enfim um escritor sem estilo!” Millor Fernandes

Para os ‘bons’ leitores (ainda existe isso?) , um pouco do que se lê por aÍ:

Ficção

1.A culpa é das estrelas. Romance ambientado em São Luís. Presidiários, uma semana sim, outra sim,  conseguem fugir facilmente da prisão, cavando túneis ou arrombando portões . Fragilidade do sistema, inventividade dos presidiários ou corrupção da vigilância? Nada disso, a culpa é das estrelas, afirmam os responsáveis pela segurança dos presídios.


2.A marca de Atena. Romance de época também ambientado em São Luis. Arqueólogos, pesquisadores e especialistas  procuram , numa ficção cheia de mistério, encontrar na cidade marcas do que um dia foi a  ATENAS BRASILEIRA. Onde estará, hein? Com certeza não é no linguajar dos seus cidadãos que  um dia foi considerado ‘o melhor português do Brasil’

                                                             

3.O teorema Katherine. Romance moderno que expõe os dilemas existenciais da mulher contemporânea. Também poderia se chamar O teorema de Anitta, rainha do funk, com a seguinte equação, difícil de resolver: “ Quanto tempo vai durar?”

Não-Ficção

1.Casagrande e seus demônios. Biografia do ex-jogador de futebol e atual comentarista esportivo da rede Globo, Casagrande. Após a leitura descobre-se que os demônios que o torturaram foram muitos, mas o pior dentre eles foi  ter que agüentar Galvão Bueno.

                                                          

2.Pensadores que inventaram o Brasil. Livro de idéias de autoria de Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente do país. Através dele tenta-se vislumbrar a biografia dos pensadores que tiveram a triste idéia de inventar o Brasil. Chega-se facilmente à conclusão de que FHC não deveria ter sido inventado.

Auto-ajuda.

1.Casamento Blindado. Livro sobre técnicas de blindar relacionamentos em desuso, como casamento. A técnica, para mulheres, é simples: cercar e envolver o objeto de desejo de dinheiro ou cartões de crédito. Com fazem a torto e a direito as peruas da Rede Globo como...(Precisa dizer o nome? A primeira letra é S)

                                              
2.O monge e o executivo. Sobre o papa Francisco, nosso Chico da Argentina. Trata do dilema, que não é pra qualquer um ( mesmo sendo Hermano) de ter que escolher entre estas duas trágicas opções: se for executivo padece, se for monge,  será executado.

3.O poder do hábito. Sobre o hábito,  muito comum em Brasília, que os políticos têm de se apossarem do dinheiro público. Tanto é assim que quando ocupam as mansões sequer se lembram de pagar com seus próprios bolsos  o  Habite-se.


                                                       

4.Uma prova do céu. Romance filosófico sobre um cara que provou o céu num restaurante mil estrelas do paraíso  e assegura que tem sabor de nuvem com pitadas de azul.
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sábado, 3 de agosto de 2013

O SANLUISENSE E SEUS DIREITOS





artigo publicado hoje, sábado, na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O Estado do Maranhão


Semana passada, a crônica São Luis aos 4 cantos, encantos e desencantos , não foi bem recebida por um leitor que, embora tenha apreciado o tom irreverente da mesma, acredita que se deveria realçar ‘apenas’ os aspectos positivos da cidade, para que os turistas passem a se entusiasmar mais por ela. 
Em atenção ao mesmo, segue esta  Declaração dos Direitos do Sanluisense que talvez lhe diga alguma coisa do que deve ser pensado a respeito:

1.O sanluisense de verdade tem o direito de pleitear que as benfeitorias feitas em sua cidade visem aos turistas, mas, sobretudo a ele mesmo, pois o que for feito em seu nome beneficiará os turistas que vão e vêm. Lembrando que nem os olhos dos turistas enxergam mais longe que os seus, nem seus narizes são mais sensíveis. E que a vocação da cidade deve ser pelo bem-estar de todos os que cruzam suas ruas, independente da sola dos seus sapatos  e dos lugares por onde passaram.

2. O sanluisense de verdade tem o direito a não gostar de shopping-centers, de suas promoções fajutas,  vidraça, gente e produto caro.  Lembrando  que é melhor pagar cinqüenta centavos para um flanelinha, no Centro,  do que dois ou mais reais por uma vaga no shopping ( que, aliás, deveria ser gratuita por um mínimo de consideração). E que,  se ainda faltarem razões para preferir o Centro lembrar de que é apenas lá que se sente a pulsação da cidade e onde se defronta com a beleza imemorial de suas ruas.

3.O sanluisense de verdade tem o direito de acreditar que se, como disse o poeta, todo homem é uma ilha, toda ilha também pode ser um ser um homem, ou, preferencialmente, uma mulher  a desfilar de braços dados com o mar.

4.O sanluisense de verdade tem o direito de acreditar que esta ilha é - e ainda permanecerá por muito tempo - a Atenas Brasileira. E de lembrar todo santo dia que suas referências literárias são Aluisio Azevedo, Josué Montello ou Ferreira Gular e não Paulo Coelho, Augusto Cury ou Chico Buarque.

                                                         

5.O sanluisense de verdade tem o direito de não ter dúvidas de que a mulher sanluisense é a mais bonita do Brasil. Ao contrário do que disse um pseudo-cantor chamado Xandy e do que imaginam as crioulas da cidade, a pintar seus cabelos para imitar as louras insossas do Rio Grande do Sul, travestidas de modelos em competições de quilos de osso a menos.  E de lembrar que mulher bonita não tem nada a ver com o epíteto “gente bonita” das colunas sociais dos jornais, mas com a morena que mora no subúrbio, trabalha numa loja do Centro, tem filho sem pai, dá uma de Mama África (de Chico César) e ainda conserva sua beleza desfilando pela Praça Deodoro para pegar buzu.

6.O sanluisense de verdade tem o direito de chamar açaí de juçara, craviola de jacama e fecho-éclair de ri-ri. Há algum tempo sabedor de que já não tem o melhor Português do Brasil ( já não existe isso, a televisão globalizou o que há pior), faz questão, no entanto,  de preservar suas próprias expressões, entre elas aquelas em que evidencia sua simpatia pelos animais como “Egua!”, interjeição que serve para tudo e “Pai D`´egua” um elogio ‘arretado’.
                                                        
                                                     
O SANLUISENSE E SEUS DIREITOS

7.O sanluisense de verdade tem o direito de lamentar que ainda haja conterrâneos com o ‘complexo de vira-lata’ maranhense . E que assim que ponham os pés no exterior corram para as páginas sociais dos jornais para exibir fotografias por lá tiradas como se isso fosse grande coisa. Idiotamente agindo, sob  ilusão desmedida, como se não houvesse por aqui mesmo, em sua própria ilha, belezas muito mais deslumbrantes e recompensadoras.

8.O sanluisense de verdade tem o direito de gostar do “calor” de sua cidade entremeado com a brisa da ilha,   e de detestar qualquer tipo de frio - de pessoas a de ambiente. E de “achar uma fria” que a mídia nacional se disponha a exaltar com tanto deslumbramento a chegada da neve em algumas cidades brasileiras como se isso fosse coisa que o valha. Lama por lama ( como consideram a neve os europeus que com ela convivem)  é preferível as que acobertam nossos deliciosos caranguejos.  
                                                                 
                                               
9.O sanluisense de verdade tem o direito de gostar mais do Sampaio Correia – ou do Maranhão A.C. -  do que de Coríntians, Flamengo ou Fluminense. Lembrando que o Sampaio Correia tem proporcionalmente, no Maranhão, uma torcida muito maior do que jamais almejaram Coríntians ou Flamengo em seus estados. Que o Sampaio Correia é o  único time do país que possui o título nacional em três divisões , e que o maior ponta-esquerda que houve no futebol nacional era maranhense e chamava-se Canhoteiro (comparado a Garrincha por grandes jogadores que o marcavam como o grande Djalma Santos, morto semana passada). E que, mais injustamente do que a Garrincha, não tem sequer uma referência à sua memória   em qualquer estádio sanluisense, o que, a seu ver, deveria  ser reparado imediatamente.
                                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

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