sábado, 23 de fevereiro de 2013

JAMAIS BEIJE PARA SE DESCULPAR



Artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, sábado



Ainda bem que o Dia dos Namorados no Brasil acontece depois do Dia dos Namorados dos USA e os brasileiros podem se precaver. Notícia do jornal norte-americano Chicago Tribune dá conta de que o namorado de Eliane Cook, de 51 anos,  tentou dar fim à briga entre os dois, esse dia, com um beijo de amor romântico, mas nem teve tempo de ter surpresa.  Antes disso, um pedaço de sua língua caiu no chão, decepada pela mulher.  O homem, apavorado, ligou para o serviço de emergência com o fragmento de língua em seu poder, mas não houve jeito de implantá-lo: vai ter que ficar com meia língua. Menos mal que esse pedaço de língua perdida não lhe prejudicou  a fala e ele vai poder xingar a mulher, à vontade, o resto da vida.
A namorada no xilindró e o parceiro sem língua não é exatamente o fim que se espera de uma comemoração do Dia dos Namorados, mas, para os brasileiros, pode  trazer  uma lição: jamais beije para pedir desculpa, principalmente se você tem 47 anos ( caso do moço) e costuma sair com outra namorada algumas horas antes . Vai ver que o amor  tem mesmo sabor e as mulheres , sempre muito sensíveis, detectam-no pela aridez da língua masculina , percebendo quando esta sofreu alguma erosão feminina estranha , o que lhes dá um incontrolável impulso de arrancá-la.

                                                                 
                                               

Outras da Semana:

1. Vereador  sanluizense levantou na Câmara Municipal discussão acerca das prestações de contas dos ex-gestores, que ainda não foram julgados pelo parlamento municipal e cujo atraso pode ser medido em anos-luz: desde 97.
Segundo um observador a oportunidade  de tão estratosférica  análise baseia-se no seguinte: Só mesmo aproveitando a presença de um Astro ( de Ogum) como presidente da Câmara,  para analisar os efeitos de tão formidável Buraco Negro.

2. Pela primeira vez foram exumados para estudo  os restos mortais de Dom Pedro I. Os exames revelam fatos até então desconhecidos como,  por exemplo, as quatro costelas fraturadas do imperador que mostram que ele vivia caindo das carruagens que ele mesmo dirigia. “Se  vivesse hoje seria um playboyzinho pilotando uma Harley Davidson”, diz o historiador Paolo Rezutti.
Ora, se tendo sido um playboyzinho a dirigir carruagens Dom Pedro I, mesmo assim, preferiu proclamar a Independência do Brasil em cima de uma jumenta, como a proclamaria se vivesse hoje? Pelo andar da “carruagem” em cima de um fusca velho.

                                                 

3. Bruxismo  afeta boa parte da população brasileira. Portanto, mais esta que você não sabia: o bruxismo, que tanto nos atinge, é uma doença que causa dores nos músculos faciais ou no pescoço, causados pelo ranger ou apertar de dentes durante o sono.
Pelo menos, não tem a ver com Bruxa-ísmo, essa doença de nome tão parecido  e bem mais arrasadora, que afeta algumas de nossas celebridades globais como Suzana Vieira, Ana Maria Braga etc. Conseqüentemente, todos nós. E que se distingue da primeira  porque quem é atacado com o ranger de dentes não são as doentes, mas o telespectador quando as contempla e, apavorado,  não consegue controlar a raiva.

4. A grande presença de cantores sertanejos no Carnaval de Salvador mostrou que o Axé-Music perdeu fôlego. “Sob raras exceções os artistas locais que faziam shows para cem mil pessoas agora se apresentam para públicos bem menores”, segundo a revista Isto É.
Ai que saudades do Axé (ops, da Bahia), como dizia o eterno Caymmi. Donde se cria mais uma Lei de Murphy (aquela do tudo dá errado)  desta vez aplicada a atual música popular brasileira atual. “Por pior que sejam as músicas de um ritmo, sempre serão sucedidas, na preferência popular, por outras piores ainda”. Da mesma forma que pior que um BBBrasil só um ex-BBB, e pior do que um ex-BBB, só um ex-BBB de volta. 

5.  Esta saiu da boca de Rita Lee, nossa grande cantora: “ Como não posso comprar felicidade, eu compro chocolate, que dá no mesmo.”
A sempiterna - mas nem um pouco terna Rita - mais uma vez está coberta de razão. Com a vantagem de que chocolate tem prazo de validade. A felicidade, nem isso.

6.  E esta é de Otto, cantor. “Eu faço sexo com o público em meus shows. Por isso tiro a camisa, não é coisa pensada. É como sexo. Eu seduzo e sou seduzido.”
Portanto amiga, não faça como Alessandra Negrini ex-namorada do cantor ( e de mais uns cinqüenta): pense duas vezes antes de ir a um show do “incorrigível sedutor”. Senão, por mais longe do palco que esteja,  você acabará sendo estuprada.

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com
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sábado, 16 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL AGORA É QUE VAI COMEÇAR



artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado




Isso mesmo, leitor, nem pense que houve erro de revisão. Hoje, terceiro dia depois da quarta-feira de cinzas, o carnaval agora é que está começando. Afinal de contas, esse é o país do carnaval. Senão, vejamos:
1. Blocos. Blocos não são exclusividades dos dias de Carnaval, muito pelo contrário. Na Assembléia Legislativa do nosso Estado, por exemplo, a julgar pelo que repete a imprensa,  o que não falta é bloco. Bloco disso, bloco daquilo e, como se isso não fosse suficiente, ainda tem Bloquinho e Blocão. Só falta criarem o Monobloco.  

                                                 

2. Entrudo. O entrudo, que pouca gente ainda chama assim, é aquela brincadeira carnavalesca de origem portuguesa em que se joga farinha, água e pó, nos outros.  Com o tempo evoluiu para Entratudo e, como todo mundo sabe,  isso é o que não falta o  resto do ano no do brasileiro onde tudo entra, ao gosto dos seus representantes: multas extorsivas, Leis ‘ressequidas’, mensalão, IPVA, custo de vida,  etc. etc.

3. Escola de Samba. As escolas de verdade não estão ao alcance da maioria do povo. Nestas se paga desde livro até papel higiênico. Qualquer  dia, na lista de material escolar  vão aparecer calcinhas e cuecas - para os donos das escolas. (Tem uma escola de inglês pros lados do Calhau que inventou até uma caríssima caneta que fala inglês – ou seja, o aluno nunca vai sair falando inglês, mas pode deixar que  a caneta vai falar por ele.). Enquanto isso, nas escolas que  o governo oferece  o aluno tem que ser muito valente para não “sambar” diante dos traficantes e pedófilos. Quer escola de samba melhor do que essas?

4. Assalto. O assalto é aquela antiga brincadeira carnavalesca em que um grupo de mascarados irrompia na casa de algum aniversariante para comer e beber do que houvesse. Ora, assalto faz tão parte do dia a dia do brasileiro que já nem se chama mais de assalto ao ato corriqueiro de ter a carteira surripiada por um ladrão – isso se tornou participação ‘conjunta’ pela sobrevivência.  Assalto de verdade são os cinco meses de trabalho de cada trabalhador  sugados pelo governo por conta do imposto de renda e repassados  para os corruptos dos mensalões, etc.  nos meses restantes.  

5. Máscara. Enquanto o povo costuma usar máscara apenas durante os cinco dias da folia, os poderosos usam-na o resto do ano para melhor desempenhar a profissão de aumentar os próprios salários; seja à custa das leis que eles mesmos inventam seja através de propinas recebidas. Na hora de apertar a mão do povo para pedir voto, alguns retiram a máscara, outros já nem se dão a esse trabalho.

                                                        

6. Trio Elétrico. Bons tempos aqueles, coisa de cinqüenta anos atrás, em que um trio elétrico era um trio formado por uma corrente elétrica - vá lá! - constituída por um baiano meio idiota pulando,  cinco mulatas rebolando em cima de um caminhão e trinta mil fardados de abadá em curto-circuito. E que só se eletrificava no carnaval. Hoje, como todos sabem,  o trio evoluiu tanto que   já existe até o xixi-elétrico, trio que se move às custas da energia proveniente  da urina depositada nos vasos públicos da prefeitura ( Bloco Afro-Reggae que desfilou no Rio). Pelo andar da carruagem teremos em breve o cocô- elétrico, para cuja garantia bastarão as músicas que cantam.

7. Serpentina. De fato, depois do Carnaval não se vê mais serpentina para tudo quanto é lado. Em compensação o que não falta é serpente pronta para dar o bote no bolso do trabalhador honesto: se você escapa das cobras criadas que são os guardadores de carro se defronta com as cascavéis do serviço público. 

8. Rei Momo. Rei Momo para o resto do ano é o que não falta. Segundo Ruth de Aquino, colunista da revista Època,  o Rei Momo do Brasil este ano vai ser o Rei-Nan Calheiros. Deve ter razão pelas características semelhantes: Rei-Nan é gordinho como todo Rei Momo tem que ser (segundo Mônica, amante do senador,  em seu livro, Renan é um “docinho, meigo e meio gordinho); gosta muito de Carnaval (ainda segundo ela “Rei-Nan queria pular o carnaval de rua em sua companhia, na Bahia). Por fim, como todo Rei Momo,  ninguém sabe que diabos faz o resto do ano. Ou sabe?
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

sábado, 9 de fevereiro de 2013

ESPOSA,AMANTE, MONICA OU VERÔNICA?



Artigo publicado hoje, sábado, na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão


Esposa, amante, Monica, Veronica...Faz diferença? Para Renan Calheiros, atual presidente do Senado e envolvido com as  duas, ninguém sabe exatamente. Portanto,  não é de estranhar que para o senador e líder do Governo Eduardo Braga, também não. Tanto é assim que ao se dispor a cumprimentar a esposa do recém-eleito Renan na galeria do Congresso, após a eleição deste, assim  se expressou: “
- Parabéns, dona Mônica.. [silêncio] Ops, desculpe-me. Parabéns, Dona Verônica.
Nada deveria haver de cômico ou de trágico nesse episódio se Mônica não fosse Verônica  e, ao invés de amante, esposa.  O que motivou a seguir,  o comentário  ressentido  da ofendida, assim que o líder do Governo se foi, ressabiado.
- Você viu? Ele trocou o meu nome...Mas é fácil trocar o nome...A gente tem que tocar a vida, né?
Seria trágico se não fosse cômico!

                                                        

                2. A merda feita, podemos imaginar no instante seguinte - admitindo que o senador tenha um tanto de pudor, o que nem sempre é razoável supor - o constrangimento deste ao buscar ajuda para sua  aflição. Esse alguém  teria tudo para ser   a própria esposa (nessas horas sempre os maridos se lembram delas).
                - Querida, você nem sabe a merda que fiz. Nem sei onde meto a cara.
                - O que foi desta vez Dudu ? (ela deve chamá-lo  assim, carinhosamente)
                - Fui lá dar um abraço de cumprimentos na amante do Renan.
                - E daí? Acho que fez muito bem, mas...
                O senador,  de tão aflito  nem escuta o “mas”
                -  Acontece  que não era a amante, era a mulher.  Ops, que estou dizendo? Era a mulher, não a amante, agora tenho certeza.
                - Como? Dudu você está doido? Afinal de contas, você foi cumprimentar a mulher ou a amante?
                - Meu Deus, que confusão? Você acredita que chamei a esposa do cara de Mônica?
                - Dudu, que se passa com  você? Será que você resolve os problemas do país da mesma forma que confunde mulher com amante? A esposa,  ao que eu saiba é Verônica. A amante é que é Mônica. Sempre soube que você faz merda quando bebe  Dudu, vejo agora que até quando não bebe.
                - Mônica, Verônica, Verônica, Mônica, que culpa tenho eu? Puxa vida, não vejo problema algum em que um parlamentar  tenha uma, duas , três amantes, mas porque tem de escolher  justamente uma  com quase o mesmo nome da esposa? Desse jeito tem tudo para dar em merda. Sabe de uma coisa, já estou arrependido de ter votado nesse cara!
                - O que foi mesmo que você disse quanto a ter duas , três amantes, Dudu? É isso mesmo que você pensa? Vamos lá, quero ouvir mais uma vez!

                                                                     

3. O que a gente não daria para retroceder um segundo no tempo, não é mesmo Senador? Acontece que as palavras nos traem, basta ler a reportagem da revista Superinteressante desta semana sobre as artes do inconsciente, sobrepujando a nossa tão decantada racionalidade. O nosso consciente – pobre de nós!- representa apenas 5% do nosso cérebro, o resto é inconsciente.
Que tal mandar a revista para a esposa do Renan, senador? Vá lá que ela lhe perdoe a gafe e um dia queira lhe ver mais gordo.  
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com
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sábado, 2 de fevereiro de 2013

UMA TRAGÉDIA (EM NOME DA ALEGRIA)


Artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje,
sábado



“ Existe uma casca de banana por perto de toda grande tragédia”. Graham Greene
               
Se existe sempre uma casca de banana por trás de toda grande tragédia, em quantas cascas de banana escorregou o país (pois essa tragédia é, sobretudo, brasileira)  para se chegar a um epílogo tão cruel e desolador como o que se abateu sobre a cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul?
Entre tantas não deveria  estar o fato de, coincidentemente, tal tragédia ter acontecido em um evento que tinha por principal motivação, a alegria. Essa alegria  propalada, esfuziante, incontida e, tantas vezes obsessiva,  que julgamos essencial  e da qual tanto nos gabamos, como uma qualidade invejável do caráter brasileiro. Os estudantes mortos estavam naquele ambiente perigoso festejando a ‘alegria’; o conjunto de idiotas intitulados  de banda musical usavam fogos de artifício para melhor festejar a ‘alegria’. Ao mesmo tempo  os empresários da casa se aproveitavam para ficar ricos às custas da ‘alegria’ e os governantes, indiferentes como sempre   a tudo, consentiam e nada preveniram porque apenas permitiam a  ‘alegria’.
A mesma alegria que esteve presente também  numa outra boate, mineira, em 2001, quando em circunstâncias semelhantes,  seis  pessoas morreram.  Poucos se lembram disso, como eu.  Claro, não houve na ocasião as mesmas manifestações generalizadas dos governantes, como agora, forçados a serem guindados, ao papel que sempre deveriam exercer: de vigilantes do bem-estar e da vida daqueles que os elegeram;  a imprensa não deu destaque equivalente, não houve clamor público, nem velas acesas, nem a mídia cobrou das autoridades soluções para que jamais neste país houvesse outra tragédia semelhante, como clamou no início da semana (mais de dez anos atrasada) a presidente Dilma.  Teria tal tragédia sido tão rapidamente esquecida  porque ‘apenas’ seis pessoas morreram?  Quantas vidas, então, são necessárias sucumbir neste país para que não se diluam nessa alegria contagiante de um povo, tão alegremente irresponsável, que permanece cego diante da indiferença dos representantes que escolhe,  mais preocupados em usar o poder para, ao invés ( como recentemente noticiado),  aumentar seus próprios salários?
                                                  

Nada foi tão sintomático dessa desfaçatez em nome da continuidade da alegria do que a atitude do governador do Rio Grande Sul,  Tarso Genro,vociferando em altos brados e exigindo punição rigorosa para os responsáveis pela tragédia. Punição rigorosa para quem mesmo, cara- pálida? Ele, certamente, nunca leu na Bíblia o conselho cristão de ‘jamais apontar o cisco para o olho do vizinho, quando o seu está sujo’.  Como disse um criminalista em entrevista  a William Waack, repórter da Globo : “Antes de qualquer acusação, o governador deveria era pedir desculpas ao povo, exigir uma investigação minuciosa das responsabilidades, não só de empresários e músicos inconseqüentes, mas de todas as autoridades envolvidas. Em outro país que se preze,  o prefeito já deveria ter sofrido impeachment, como aconteceu em Buenos Aires, Argentina, em 2004” Ou seja, no epicentro da tragédia o Governador do Rio Grande do Sul  não se peja em inaugurar  e pisar em nova casca de banana, sugerindo que 235 vítimas podem não ter sido suficientes.
Mas o Carnaval vem aí, o logotipo oficial da Copa já foi anunciado com muito estardalhaço, o Grêmio Porto Alegrense acaba de vencer em Porto Alegre (tão perto do local da tragédia!) um time do Equador provocando o delírio entusiasmado de sua torcida e as notícias sobre as vítimas cada vez mais arrefecem no noticiário nacional, substituídas pela alegria carnavalesca, essa sim, brasileiramente obrigatória, se propagando de um canto a outro do país. 22 cidades do Rio Grande do Sul cancelaram seus carnavais em respeito à memória dos mortos, mas a maioria não o fez provavelmente porque ‘respeitar’ o Carnaval deve ser mais importante.
                                                             

Em nome dessa  ‘alegria brasileira contagiante’ é necessário esquecer, o mais rapidamente possível, os cadáveres, mas nem precisava tanto empenho para isso porque,  como dizia Pablo Neruda em um de seus poemas: “Os ossos? Os ossos esquecem.”
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