Artigo publicado na seção Hoje é dia de,,,Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje sábado
Elas estão por aí, em placas espalhadas pelas ruas da cidade: frases com a sabedoria tão profunda dos out-doors. Algumas tão inacessíveis ao entendimento quanto o pandemônio a que chegou o trânsito. Eis duas delas.
1.”Com
essa equipe qualquer mulher vai querer ter barba”.
Hoje em dia,
mulher nenhuma precisa de equipe, principalmente masculina, para querer ter
barba, não é mesmo Daniela Mercury? Muito menos para namorar uma mulher de
barba. Ora, quando elas decidem, hoje, entrar numa barbearia para jogar sinuca, ver jogo de futebol , lutar boxe e o que mais inventarem acham , com toda
razão, que ninguém tem nada a ver com isso, muito menos, uma equipe de
cabeleireiros barbados.
Os mentores
da idéia parecem não ter percebido que os tempos mudaram e que as mulheres de
hoje são independentes, voluntariosas, decididas e cada vez menos fazem questão da companhia de machões encruados. Pelo que dizem nas
entrevistas, ou em artigos que assinam ,
desiludidas com as perspectivas trazidas
pelos relacionamentos com seres masculinos,
eternamente incapaz de compreendê-las, procuram cada vez mais alternativas no próprio
sexo, pairando sobre elas a sentença de Marlene Dietrich, a charmosa atriz
alemã que 60 anos atrás já transitava dos dois lados da ‘barbearia’ : “ 99 %
dos homens passam a vida sem jamais entender completamente uma mulher. A exceção, infelizmente para nós, são sempre aqueles que têm mais de uma”. Ou seja, entre o torturante dilema de optar
entre o fiel cansativo e o cafajeste
irresistível , por que não experimentar uma mulher?
Sugestão: Para
aproveitar a frase, que tal substituir a
foto dos barbados pelas de Carolina Dieckmann,
Juliana Paz, Cleo Pires e Taís Araújo (
ou de algum de seus clones, tão fáceis de encontrar em qualquer concurso de
modelo do bairro)?. Não ficaria mais atual?
2. “Você um
dia vai ser um Eike Batista”.
Coisa de um
ano atrás fizeram uma pesquisa nas universidades brasileiras para descobrir
qual era o objeto de desejo dos universitários
como modelo de realização profissional .
Deu Roberto Justus. Dá para acreditar? Esse mesmo, que passou uma eternidade
como casamenteiro oficial da revista Caras e que, graças a isso ganhou um
programa de televisão que, inspirado no
BBBrasil tem tudo para ser ainda pior. (Nada
na televisão é tão ruim que não possa inspirar coisa além).
Pois a
sabedoria profunda dos out-doors mostra,
não mais Roberto Justus, mas Eike
Batista como objeto não só das aspirações dos estudantes , como também do que
as universidades têm para oferecer como
modelo de empreendedor. Ele, que prometeu se tornar o homem mais rico do mundo, e que em menos de
um ano conseguiu cair da sétima colocação para a centésima, nesse páreo onde, segundo a imprensa, as ações infladas de suas empresas não se medem por ações honestas , mas por expedientes
escusos e manipulação de informações. Ele mesmo, que sempre se relacionou muito
bem com os corruptos incrustados nos
tentáculos do poder para poder se socorrer nas horas difíceis, como está
fazendo agora ao tentar empurrar seu prejuízo para a Petrobrás, tão magnânima com espertalhões quanto é indiferente aos seus
acionistas trabalhadores. Ele, que
descobre poços de gás no interior do Maranhão com mais rapidez do que se compõem toadas de bumba-boi em época de São João e
que pretende arrendar o novo estádio do
Maracanã porque sabe que onde há dinheiro público neste país, basta perfurar
com um dedo sujo para fazer jorrar ‘riqueza’
com extrema facilidade.
Ora direis, mesmo
assim um homem desse tipo é digno da admiração de qualquer jovem porque só
perde muito dinheiro quem muito tem e, mesmo que ele perca quase tudo nenhum desses pobres estudantes deslumbrados jamais
possuirá, um dia, a milésima parte do que lhe sobrar.
De fato, mas
a propaganda só esqueceu de dizer que para fazer o que ele faz , não precisa
banco de escola para aprender. Basta ter tido, como ele, pai milionário ser ladino e espertalhão. E, de quebra, ter um
bom lugar na cabeça para por um chifre pois até isso o modelo escolhido como meta para
a juventude brasileira é capaz de
ensinar : como sendo bilionário conseguiu
levar chifre de um pobre bombeiro.
Sugestão: Ao
invés de ensinar como tornar-se um Eike Batista, melhor que os propagandistas o
substituam pelo ex-presidente Lula, que num momento de ‘grande inspiração’ disse
um dia que todo brasileiro deveria ter orgulho de seu país por aqui ter nascido
um Faustão e que, a partir do mês que vem, vai passar a assinar uma coluna
mensal no New York Times. Desse jeito, vai acabar disputando a próxima vaga da Academia Brasileira de Letras com o seu eterno rival FHC.