sábado, 31 de maio de 2014

MANIFESTAÇÕES, APORRINHAÇÕES, MANIFESTAÇÕES, APORRINHAÇÕES...ETC




artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

Tenho a impressão de que a primeira manifestação de um ser humano digna desse nome se dá através do seu berro ao chegar, após a palmada do médico. Seria de revolta ou de protesto? As duas coisas, vá lá, afinal de contas, na barriga da mãe tudo era melhor, mais quentinho e mais calmo. Há de se convir que a visão parcial e fantasmagórica daquele sujeito lhe agredindo (o médico), todo de branco, com aquelas luvas e aquele lenço cobrindo a boca não é um prenúncio muito alvissareiro do que virá pela frente, ou seja, a vida. Donde se conclui que qualquer  manifestação contra aquilo que nos aporrinha  não passa de uma rotina da existência, tão natural como respirar .



                                                     




            A merda é que essa mesma  vida vai,  desde cedo, mostrando que protestar quando se está aporrinhado é bom, mas nem sempre resolve. Aos poucos, os berros já não trazem em contrapartida o carinho da mãe, e os batimentos de pernas contra o chão, em protesto contra a tabuada, agora provocam palmadas dolorosas. É quando o petiz é possuído, pela primeira vez, de algo que um dia lhe dirão que é consciência: “Nem  adianta mais mostrar que eu tô aporrinhado, porque  eles sempre parecem estar mais ainda do que eu. Precisarei  ter mais cuidado com a próxima.” E assim, aprende aquilo que  deveria ser a primeira lei das manifestações, ou dos protestos, como queiram:

            “Quando quiser se manifestar, lembre-se de não aporrinhar seu vizinho. Ele poderá estar ainda mais aporrinhado do que você”.

            Donde deve ser por isso que um dia surgiram leis, não é verdade? Para regular os cruzamentos das tantas aporrinhações de todo mundo partindo do que deveria ser o postulado básico de qualquer manifestação: “Todo ser humano tem tudo para estar quase sempre aporrinhado com algo, afinal de contas, a vida não passa de uma belíssima porra. Assim foi no seu surgimento, assim será no fim”. Portanto, a velha e boa regra da justiça que diz que seu direito termina quando começa o do outro, nada mais é que, a aporrinhação de cada um legitimada pelo direito. Simples, não?

            2. Mas não parece ser isso o que ocorre no Brasil, quando se convencionou agir, nas manifestações, com a suposição de que se alguém  der o berro primeiro, sua aporrinhação passa a  valer mais do que a do outro.  E haja manifestação: de professor, de aluno, de doutor, de doente, de sem-terra, de com terra, de branco, de preto, de índio e de sarará. Semana passada presos fizeram uma manifestação de protesto em Pedrinhas porque queriam tomar banho de sol em conjunto. Só faltou exigirem uma praia e Bruna Marquezine, de biquíni, para enfeitar o sol. Quase no mesmo dia, policiais em algum lugar do país ameaçaram, por sua vez, iniciar protestos por melhores salários. Como as manifestações tornam polícia e bandido menos indistinguíveis do que já parece, vai chegar o dia em que marginais e policiais se revezarão em turnos, para fazer protestos.




                                                                




            Quanto às causas das reivindicações, as razões se multiplicaram tanto que, ao fim, não existe mais uma razão definida (e será que precisa?). Qualquer coisa serve como motivação, desde um buraco de rua até um buraco no fundilho da calça. Um amigo meu, que mora no subúrbio, não conseguiu um dia chegar em casa porque um vizinho, que é líder comunitário, conclamou a rapaziada e resolveu fazer uma manifestação, cuja causa jamais foi esclarecida. Perguntado por um repórter mais tarde, ele respondeu: “Protesto contra o atual estado de coisas”. E pronto, estava justificado porque, segundo meu amigo, levava tanto chifre da mulher que o estado das ‘coisas’ dela passou a ser, de fato, lamentável.

            3. Outro sintoma muito peculiar da manifestação brasileira é seu  endereçamento. Explico: deveria ser normal que um trabalhador aporrinhado por seu chefe tentasse em represália, durante sua manifestação, pelo menos aporrinhá-lo. Assim agem os operários metalúrgicos em greve, nas fábricas do mundo todo, diminuindo o lucro dos patrões, mas abstendo-se de obstruir ruas e viadutos. Nas manifestações brasileiras é diferente: aporrinha-se, principalmente, quem nada tem a ver com isso. Se a manifestação é contra os corruptos, por exemplo, nada de procura-los, em suas tocas, para cobrá-los devidamente. Ao contrário estes continuam inatingíveis, assistindo  na cobertura de suas mansões, entre uma dose de uísque e outra, as manifestações na tevê como se estivessem vendo uma novela engraçadíssima.  Enquanto isso, os aporrinhados tratam de aporrinhar idosos, crianças, doentes e mulheres grávidas.


                                                           




             É a lei da Bala Perdida das Manifestações: “No Brasil, até as balas perdidas, quando se manifestam, tem o endereçamento errado. Preferem se alojar nos pobres ao invés de aporrinharem os corruptos.”
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com                                                         http://www.joseewertonneto.blogspot.com


sábado, 24 de maio de 2014

CALCINHAS ( O QUE HÁ POR TRÁS )



Artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado.


A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CALCINHA ( II )

            Segue, abaixo, a prometida segunda parte de A verdadeira história da calcinha, aqui publicada duas semanas atrás. Lembremos que essa primeira parte trata dessa genial invenção humana,  desde os primórdios até a chegada do século XIX:

            1.Ao longo do século XIX novos tipos de tecido foram criados, com  formas cada vez menores e ousadas buscando gradativamente a combinação  entre sensualidade e conforto, mas essas transformações só vieram pra valer mesmo a partir da metade do século passado quando uma série de conquistas de liberdade de expressão e corpo começaram  a ganhar espaço a partir dos Estados Unidos. Se no século XIX as mulheres usavam ceroulas que iam até abaixo dos joelhos, o surgimento da lycra e do náilon possibilitou uma série de inovações, o  que permitiu chegar até a um curioso modelo nos anos 90: uma calcinha com bumbum falso, com um enchimento de espuma de nylon de vários tamanhos e modelagens. Adivinhem de onde veio a ideia?


                                              



            Acertaram os que votaram no país do mundo mais especializado  em bumbum (e infelizmente no que sai dele) : o Brasil,  que até então ainda não ganhara oficialmente a copa - do bumbum - mas já caminhava para isso.

            2. A primeira guerra mundial provocou uma revolução no comportamento feminino já que as mulheres passaram a ocupar funções de maior importância na sociedade e de maior liberdade de movimentos. Ou seja, enquanto os maridos se comprimiam nas trincheiras protegendo-se do inimigo suas mulheres espaçavam-se em busca dos ‘amigos’ e haja calcinha querendo ser menor e mais aderente ao corpo. Os seios também adquiriam vontade própria e pediam praticidade e... Olhares. Assim, a partir de 1914 o sutiã foi devidamente reconhecido na América industrial quando foi patenteado pela  socialite nova-iorquina Mary Phelps Jacob. A primeira peça fabricada por ela era feita com dois lenços, um pedaço de fita cor-de-rosa e um pouco de cordão, fazendo com que, diante da incrível novidade, os pedidos proliferassem. Logo a seguir, a fábrica de roupas femininas Warner Brothers Corset Company, comprou a patente mostrando que as patentes pulavam de mão em mão tão depressa quanto os seios.
            Era o inicio da industrialização da lingerie. A partir daí as calcinhas da época passaram a inovar até chegar a um acessório  sensual muito usado na década de 20, a charmosa cinta-liga, imediatamente chamada (do ponto de vista masculino) de sinta-a-liga. O cinema e as casas de espetáculo cuidaram de espalhar, pelo imaginário masculino, o modelo das dançarinas de Charleston que exibiam suas cintas-ligas por baixo das saias de franjas, enquanto se sacudiam ao som frenético de jazz-bands.


                                               




            Veio a recessão e a indústria americana tratou de encontrar uma alternativa mais resistente e barata, quando em 1938 a Du Pont criou o nylon, mudando de vez a história da lingerie. Adeus rendas e bordados! Mas não foi só a matéria-prima que mudou, as mulheres também. A feminilidade passou a ser explorada pela mídia e os anos 50 podem ser considerados fundamentais para a revolução das calcinhas, exibidas no cinema. (Se hoje tem marmanjo que se baba diante do que contêm as calcinhas de Valeska Popozuda ou de Gisele Bundchen imagine o que seriam capazes de fazer, anos atrás, diante das calcinhas de  Sofia Loren ou Marylin Monroe!). Era de fazer qualquer adolescente, futuro cronista ou não, não arredar o pé do cinema para assistir Boccaccio 70 com a mulher mais linda e sensual de todos os tempos (Sofia). Independente do cinema, não raras vezes sempre se dava um jeito para que a peça pudesse ser vista mesmo por debaixo de tantas saias e anáguas. Nos colégios, a cor da calcinha da professora (quando valia a pena) estava mais na ponta da língua dos alunos do que quem descobriu o Brasil. Até chegar aos anos 70.



                                          




            3. No fim da década de 60, o movimento feminista por igualdade de direitos ganhou as ruas. Acabara-se definitivamente a ditadura do recato e do erotismo e o padrão da geração “paz e amor” enaltecia os seios pequenos. As mais radicais até queimavam os sutiãs em público numa demonstração de liberdade. Aliás, bons tempos esses em que para se protestar queimavam-se  sutiãs ao invés de ônibus!

            O comprimento das saias subia pelas coxas das mulheres mais depressa do que o dedão do Ricardão até se transformarem em mini, pelas mãos da estilista Mary Quant, Subia, subia, enquanto inúmeras variações de peças íntimas surgiam e se consolidavam. Transparências, rendas, tecidos mais finos, tangas – não havia mais limites para a moda e a imaginação das estilistas, até que as mulheres resolveram dar um basta nesse sobe-mas-nunca-chega quando, depois de abolir os sutiãs, dispensaram de vez as calcinhas, aparentemente buscando... conforto. Uma imensa geração afirmava já em 1980 que nada usavam por baixo da camiseta ou de seus jeans.



                                           




            4.O desprezo às calcinhas, felizmente, durou pouco.  As mulheres não demoraram a perceber que tanto a calcinha quanto o sutiã eram fundamentais para manter os seios e a sensualidade e logo concluíram que radicalizaram demais ao investir contra as duas peças como sinônimo da opressão. Hoje, a lingerie atual possui duas vertentes, uma mais elaborada adotada para ser vista e feita em tons variados, dos clássicos preto e branco ao rosa, verde água ao azul-claro. A outra, predominando o branco e o preto, é essencialmente básica, com modelos sem costura, feita em tecidos elásticos que não retêm a umidade e são, sobretudo,  “respirantes”.



                               




            Ou seja, independente de qual seja a vertente da fabricação o essencial na busca da perfeição é que o único elemento a ficar sem respiração continue a ser, cada vez mais,  o homem.
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

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sábado, 17 de maio de 2014

JOSÉ CHAGAS, UM DOS MAIORES



artigo publicado na seção hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

Poucos são os escritores que, com igual talento, alternam poesia e humor naquilo que escrevem. Não me refiro ao poema satírico, cujas manifestações talentosas  acontecem vez por outra, no Brasil, desde Gregório de Matos, passando,  hoje, pelo dom de  Luís Augusto Cassas, por exemplo, entre outros etc. Refiro-me, porém, à  alternância  segundo o gênero adotado. Grandes escritores de humor atuais são  Luís Fernando Veríssimo, Millor Fernandes ( morto há dois anos),  Mário Prata etc. , mas não me consta que algum deles tenha produzido algo relevante em termos de poesia.

            Pois, José Chagas, poeta e escritor, paraibano de nascença e maranhense por opção, falecido esta semana foi um desses raros exemplos da prática dessa dualidade. O que me causa, a propósito, o impulso incoercível de uma insinuação, quiçá provocativa, aos especialistas da literatura: não seria esse humor, nunca escrachado e sempre sutil desses escritores também uma forma de poesia? Vá lá, o uso de uma metáfora de superfície sarcástica que causa o riso ao denunciar as mazelas do cotidiano, mas que não  consegue disfarçar o âmago sentimental e extremamente generoso desses raros artistas. A revolta contra os absurdos da sociedade e de seus personagens, no caso,  diluída no riso provocado,  tendo como  origem a solidariedade humana nessa intenção  de denunciar o absurdo. No seu caso, executado por alguém incapaz de clamar se excedendo no óbvio,  como estaria ao alcance de  qualquer um, menos especial.  

            Diria, contudo,  que essas são questões para serem resolvidas por especialistas e que, por questionáveis   no rigor da teoria literária, não cabem no bojo desta intenção de singela homenagem a um dos maiores poetas brasileiros de século e  a quem me coube, um dia, cerca de três anos atrás,  substituir nas páginas deste jornal. Fui chamado então por Ribamar Correia  devido à  impossibilidade do mestre escritor causada pela doença, quando, segundo ele mesmo me disse quando fui procura-lo a seguir, a velhice o tornava incapaz de concatenar as ideias com a exigência que o texto requeria, embora me parecesse ainda bastante lúcido para isso. Foi  quando despontou mais uma vez, porque já a conhecia,  a sua notável e singular generosidade de que falei acima: disse-me  o poeta palavras de incentivo e estímulo do mesmo teor das que escrevera, a meu pedido,   na orelha de minha novela  A Ânsia do Prazer, e da mesma natureza daquela que fez com que eu reenviasse para novos concursos o livro de poesias Cidade Aritmética que acabou sendo premiado em 1996. Na primeira ocasião em 1993, quando ficou em segundo lugar com o nome de Entre Números e Pássaros, ele fizera parte do júri  e, posteriormente, fez questão de elogiar o conteúdo do livro praticamente intimando-me  a continuar a obra, o que me impediu de desistir de tentar publicá-lo,  quando já havia decidido me dedicar somente à  ficção.

            Eis como talvez tenha chegado, neste ponto do texto,  meio que atabalhoadamente, ao vértice do triângulo que pretendia  evocar: Poesia, Humor e Generosidade, no seu caso, em doses elevadas pelo talento. Generosidade esta  já tão destacada pelos que deram depoimento  na sua despedida mas que nunca é demais lembrar, dado que essa simbiose entre caráter e gênio, entre homem e sua obra, nem sempre é pródiga  e, nos dias que seguem (de vaidade e exaltação a si mesmo),  infelizmente tornou-se  cada vez mais rara.  Essa simbiose que o fez cantar São Luís como um de seus melhores filhos e tornar indissolúveis os laços de amor que estabeleceu com a cidade e seu povo, ao exaltá-la  em versos eternos. 

            Versos dos quais uma de seus mais bem acabados frutos O PÁSSARO SEM VÔO, entre tantos, foi escolhido por José Neumanne (amigo colunista de o Estado de São Paulo,  paraibano , escritor e também poeta ) para fazer parte de sua antologia Os cem melhores poetas brasileiras do século , quando me enviou um exemplar e comentou: “ Veja  só, na página 240  o que ocorre quando  o talento poético de um  paraibano se une ao de um  maranhense, em uma só pessoa” ) Ei-lo, para quem ainda não conhece:



                                                       




            “O pássaro sem voo,  solto na sala,
            ficou sendo um brinquedo de criança.
            Que lhe importa a manhã?
            Por que   saudá-la se a cantiga desperta
            a mão que o alcança?
            De que lhe vale o canto? O canto é apenas
            alegria de estranhos.
            Não é tudo. O canto é inútil como são as penas.
            O pássaro sem voo,  cantando, é mudo”.

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

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sábado, 10 de maio de 2014

A SELEÇÃO DE FELIPÃO: UM POR UM



artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

A convocação de jogadores para a seleção brasileira que vai disputar a Copa, já se sabe, é mais debatida nesta terra do que chifre de marido de mulher gostosa na casa do vizinho. Para quem não  sabe, eis as razões de cada um:
            1.Julio Cesar, goleiro. Está jogando num time da terceira divisão do Canadá e, segundo Felipão, foi convocado porque com o frio que faz por lá, aprendeu a ficar mais ‘frio’ nas saídas do gol. A outra versão é que foi para agradar Galvão Bueno. A escolha é sua, leitor.

            2.Jefferson, goleiro. É o melhor dos três, mas, coitado, não joga, o que só se explica por ser mais  uma vítima do racismo velado do Brasil. Por não ser branco, estará condenado ao banco. 
  
            3.Vítor, goleiro. Defende o Galo. O problema  é que o galo que ele defende já não canta faz um bom tempo.



                                                     





            4.Daniel Alves, lateral direito. Espera-se que na Copa jogue tão bem quanto faz propaganda de banana.

            5.Máicom. Lateral direito. Não parece com Lothar, o amigão do Fantasma, nas  antigas histórias em quadrinhos? Talvez por isso, costuma  sumir e aparecer quando menos se espera. Como um fantasma.

            6.Marcelo. Lateral-esquerdo. Já foi apontado, anos atrás, por Maradona como o melhor jogador em atividade na Espanha. Hoje virou reserva de um português chamado Coentrão. Mudou Maradona ou mudou Marcelo?

            7.Maxwell, lateral esquerdo. Quem é ele mesmo?

            8.Tiago Silva, zagueiro. Andou brigando com Ibrahimovic do Paris St. Germain,  onde joga, por causa de Lucas, outro brasileiro do time. Se brigar pela bola com o mesmo entusiasmo...

            9.David Luís, zagueiro. O cabelo é uma mistura do penteado de  Elba Ramalho com o do ex-jogador colombiano Valderrama. Espera-se que seu futebol não seja influenciado pela mistura.

            10.Dante, zagueiro. A única semelhança que tem com o homônimo mais famoso e poeta de A Divina Comédia  é que de vez em quando também pratica comédias, embora não tão divinas assim . Quando pega  uns dribles de Cristiano Ronaldo, por exemplo.  

            11.Henrique, zagueiro. A única explicação para ter sido convocado e não Miranda ( dez vezes melhor) é que ele faz parte da ‘família’ Felipão.  Família íntima, chê! Um jornalista escreveu que adoraria gostar da sua mulher o tanto que Felipão gosta de Henrique.

            12.Paulinho, meio-campo. Era o melhorzinho daquele time do Coríntians que ganhou um título mundial com um time bem treinado, mas  meia-boca. Faz um tempão que vive na reserva  do Tottenham , mas não abre nem meia boca para reclamar.

            13.Fernandinho, meio-campo e  Luis Gustavo, idem. Felipão adora jogadores assim, sem identidade e brilho especial, sendo bastante que baixem o sarrafo, de vez em quando, até na alma do juiz, se for possível.   




                                                       
                                                 



            13.Hernanes, armador. É bom de bola e pode decidir jogos com chutes potentes  à la Rivelino. Mas possui um grave defeito para Felipão,  Comissão Técnica, e críticos esportivos do Sul do país, etc.  É nordestino.

            14.Ramires. Tem inteligência futebolística suficiente para não entender o que se passa na cabeça de Felipão, o que é sua maior virtude.

            15.Oscar, armador. É um Oscar que já ganhou, antes da Copa, o Oscar da dissimulação: inventou que estava contundido para se preparar para a Copa. Para os patrioteiros de plantão, é um filho da pátria. Para Zé Mourinho, técnico do Chelsea, onde joga, um  filho da p...

            16.William, armador (ou seria  ponta de lança?) Tem aquela cara que parece com alguém que você já viu em algum lugar: desde  motoboy passando por pagodeiro e flanelinha, a, até mesmo,  jogador de futebol. Ou seja, às vezes o cara lembra até ele mesmo.

            17.Bernard, atacante. Felipão já disse que o menino tem alegria nas pernas. É da ‘sagrada’ família Felipão, com alguns genes um pouco diferentes. Felipão, como se sabe, o que tem muito é alegria nos bolsos.




                                                          





            18.Neymar, atacante. Vem sendo preparado para carregar o resto do time nas costas e mais o Felipão, o Parreira, o Murtosa, o José Maria Marin, a Dilma, etc. Haja peso no lombo do craque! Preocupados com isso já foi montado  o PLANO  B ( B de Bruna Marquesine). Qualquer vacilo do craque, a garota estará pronta, a peso de ouro,  para entrar em ação e aliviar a pressão do rapaz. Vale ou não vale mais ouro do que o da taça?  

            19.Hulk, atacante. Caso Neymar não dê certo, só mesmo um super-herói para salvar a Pátria e lá está ele: O Incrível Hulk, tão bem-dotado fisicamente, segundo a rede Globo, que muitas mulheres não perceberão os gols do atleta, mais atentas que estarão ao desempenho do seu bumbum.   




                                                 





            20.Fred, centro avante. Mulherengo, costuma jogar um dia sim outro não, dependendo se seu dia de farra é o dia sim ou não. Felipão já disse que só permitirá sexo na concentração se não houver malabarismos. Será que vai ficar espiando? Tem cara mesmo de que goza com o malabarismo dos outros.

            21. Jô, centro avante. Felipão queria Diego Costa, mas o gajo, que não é besta, mandou a família Felipão às favas.  Em seu lugar entra Jô para en-JÔ-ar de perder gol.

            PARREIRA, auxiliar técnico. Mundialmente famoso por ser um técnico retranqueiro, mantêm também a boca retrancada o tempo todo e faz disso a melhor profissão do mundo.  Toda vez que sua boca murcha verga mais um cm para baixo ganha quilômetros de dinheiro. ( obs. Há quem diga, no entanto,  que a melhor profissão do mundo não é a dele, mas de Murtosa, outro auxiliar de Felipão que ninguém sabe o que faz, mas é especialista em assar churrascos para o chefe).                                                             ewerton.neto@hotmail.com


sábado, 3 de maio de 2014

CALCINHAS PARA DAR VENDER E SABER






artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Impressionante como a humanidade não dá a algumas de suas valiosas descobertas o valor que elas merecem. Um grande exemplo, é a calcinha. Os homens, nelas enxergam apenas o que elas sugerem, enquanto as mulheres, as veem, na maioria das vezes,  apenas como mais um adorno. Ah, se lembrassem  do tanto que tiveram de penar para chegar a elas!:

            1.A pré-história. No começo, a calcinha não foi pensada com as finalidades de estética e sedução. Sua pré-história é imprecisa, para se chegar ao ponto de partida é preciso recorrer a limitadas informações históricas. O registro mais remoto que existe é um baixo-relevo sumeriano exposto no Museu do Louvre com a representação de duas mulheres, uma das quais  usava uma espécie de tanga a lhe envolver os quadris, sendo tais peças do ano 3 mil a.c. Outro registro , também do mesmo período,  apareceu na Babilônia, cujo modelo era parecido. Infelizmente, seu sucesso ficou restrito aos olhares locais, cujos homens devem ter se ‘babado’  tanto com o espetáculo  que passaram a se chamar baba!-lônios. (deve ter sido essa a verdadeira origem do nome, não?)



                                                       




            Algumas centenas  de anos depois , 1700 a 1400 acc.  já eram as mulheres da ilha de Creta que se preocupavam em usar pedaços de tecido para realçar suas formas. Mas as ‘calcinhas’ não tinham tanto a função de excitar os homens,  como acontecia com a parte superior. As cretenses deixavam o busto nu valorizado pela blusa aberta no vestido comprido e com mangas o que ajudava a  erguê-los numa espécie de modelo precursor do espartilho. Alguma gostosona do funk de hoje sabe o que é um espartilho? Tudo bem, eu também não sei, mas não vá confundir jamais o ‘espartilho inventado pelas cretenses’, com qualquer alusão à luxúria ‘inventada por espertalhonas cretinas’.
            A partir daí,  a Copa do Mundo para chegar  à calcinha desenvolveu-se, nos quatro cantos do mundo resumidamente  assim:
            As Egípcias, só cobriam os seios, embora suas túnicas fossem bastante justas e o colo fosse enaltecido por um vistoso colar. Para as gregas e romanas, a região genital também preocupava menos que as mamas. As popozudas  da época usavam túnicas que embora deixassem os seios a descoberto permitiam que suas formas fossem denotadas no meio de pregas e drapeados, em tecidos transparentes. Na China e Japão não existem registros detalhados sobre o que acontecia por baixo dos grossos quimonos (o que explica, em parte,   os olhos apertados e perscrutadores dos japonas  pelo  esforço que deviam fazer para tentar descobrir).  



                                                    
                                                          




Já as mulheres de Atenas, estas pareciam, pelo menos, mais asseadas, Elas tomavam banho nas fontes da cidade e depois cobriam o púbis com um triângulo de tecido, preso por fios amarrados nos quadris. Foi daí que surgiu, a inspiração de Chico Buarque que, sempre higiênico, resolveu lhes dar uma força, um tanto tardiamente,  ao compor os versos:  “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas”.
            Tanto esforço evolutivo fez com que se chegasse por volta do  ano 40 acc., em Roma, aos primeiros registros do que pudesse ser um modelo de calcinha. As mulheres gostavam de usar pedaços de pano em algodão, linho ou lã que eram amarrados ao corpo, como fraldas. Faixas de tecido também eram amarrados na altura dos seios, constituindo os primeiros antecessores do sutiã que eram chamados de strophium ou mamilare ( ou atrofia- mamilos, como queiram).




                                                        





            Toda essa inventividade, porém,  acabou sendo em vão porque  esquecidos por séculos, acabaram  sendo condenados pela inquisição medieval. Por mais de mil anos a intimidade da mulher foi tratada como um tabu, mantida isolada do próprio marido e sujeita a constrangimentos e reclusões forçadas em períodos de menstruação. As camisolas longas, de manga comprida e tecido grosso, tinham a intenção de esconder ao máximo o corpo feminino. Do início da idade média até o século XII com o avanço do cristianismo pela Europa, as roupas ganharam mais panos. Ou seja,  os homens faziam as leis, se matavam, viajavam, queimavam mulheres adúlteras como se fossem bruxas,  saqueavam e, quando queriam se distrair,  trepavam; esquecidos de, ao menos,  um breve olhar de atenção para o conforto do órgão feminino que lhes dava tanto prazer.  Pelo contrário, em troca do orgasmo atingido só sabiam era lhes enfiar panos e mais panos.  Essa profusão de panos, inventada pelos doutores da igreja para “tapar as portas do inferno”  acabou se tornando  um inferno real para elas até se chegar ao calção.



                                                           





            Mas aí já é outra história. Por falta de espaço nesta crônica, não percam o próximo episódio sábado que vem: do calção à calcinha.
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

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