sábado, 25 de outubro de 2014

MEDO DE MULHER BONITA




artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Bons tempos aqueles em que só  havia três ou quatro fobias mais conhecidas: medo de altura, medo de escuro, medo de ser corno ou as três ao mesmo tempo. Ou seja, se você quisesse dar  uma de vítima para o juiz depois da merda feita  tinha que escolher entre uma dessas, o que, além de não dar tanto Ibope assim, não era nada original.

            Acontece que o mundo evoluiu, os medos se alastraram e se sofisticaram e hoje existe fobia para tudo quanto é lado e espécie: cachorro tem fobia, papagaio também e até eletricidade tem fobia. De você.  Sabe aquela luz de poste que só apaga quando você chega, depois da meia-noite? Aliás, são tantas as fobias ao alcance de todos que a fobia de preferência de cada um  deveria estar em toda carteira de identidade, para melhorar a  identificação do cidadão. Junto com nome, CPF, estado civil e tipo de sangue.  Já pensou que sucesso  nas redes sociais a cópia de sua identidade confirmando que você, além de ter  Aritmofobia (fobia a números) tem  Chromofobia (fobia a determinada cor?). Sandy e  Preta Gil  morreriam de inveja. 




                                                





            Hoje as fobias são tantas e tão estranhas que sequer dá tempo de a ciência nomeá-las. Tenho um amigo, por exemplo, que de um tempo para cá criou fobia de Seleção Brasileira. Ele não pode ver Galvão Bueno e Casagrande juntos e, ao fundo, camisas amarelas correndo atrás de uma bola que, incontinenti, dá um salto apavorado e corre para o banheiro. Angustiado (provavelmente lembrando o sete a um), lá permanece por tempo indeterminado, em polvorosa,  até que algum amigo, solidário, consiga evitar-lhe o suicídio gritando: “Não se mate ainda,  Cardoso, guarde o suicídio pra depois, que tá vindo coisa pior . Dunga está de volta.”
            Mas, o que é mesmo uma fobia? Do Dicionário Larousse “É um medo angustiante e insensato de pessoas, objetos e situações, que não oferecem perigo, mas do qual a pessoa não consegue libertar-se.” Entre elas, pasmem,  o medo de mulher bonita, que, nesta composição, passa a ter status de parágrafo juntamente com outras duas, por absoluta falta de espaço de nomear as mais bizarras. 




                                                       
                                                       




            1.Antrofobia: Medo de mulher bonita. Dá para acreditar que exista isso, senhores, ou toda imaginação mais fértil do mundo é insuficiente para concebê-la?   Tentemos imaginar um sujeito com antrofobia, por exemplo, se torturando diante de um retrato antigo de Sofia Loren. ( acima) Rasgará seu retrato machucando aquele gracioso nariz ou  sairá correndo, em busca de uma corda para se enforcar? E o que aconteceria se ele visse, de repente,  Carolina Dieckmann na porta de sua casa? A  expulsaria a pontapés ou a latidos de pit-bull? (Ouso acreditar que, neste caso, o Pit-Bull se recusaria, supondo que  não fosse antrófobo).  
             A rigor, só existe uma explicação para isso. A mãe do sujeito deve ter a cara de Frankenstein, sua esposa a de Suzana Vieira e sua amante uma soma caprichosa das duas. Assim, quem sabe.

            2. Tripofobia.  Fobia a buracos. Pessoas  desse tipo, acredite se quiser, tem pavor  a buracos,  como,  por exemplo,  a chuveiros, favos de mel ou esponjas. Vai ver que tripófobos se banham de capacete para não ver o chuveiro. O que nos induz um sentimento incoercível de pena e solidariedade. E de angústia. Com tanto medo de buracos como será que o sujeito faz para transar? Vá lá, talvez transe na mais completa escuridão, com uma venda nos olhos por prevenção, mas, e  depois...Será que  manda botar uma tampa no negócio para não identificar o(s) buraco(s)?



                                                       
                                                 
                       




            3.Agorafobia. Medo de longas esperas em filas e consultório. Esse tipo de fobia é  tão alarmante que para se livrar dele as pessoas adquirem outro tipo de fobia, que é o medo de perder o sinal do celular( nomofobia) . Basta ir  a qualquer consultório médico para constatar como  as pessoas estão agarradas em seus celulares, querendo protege-los mais que a si mesmas, escravas de suas fobias.  Ficam tão apavoradas com o medo de perder o aparelho que quando chega a hora de se consultarem esquecem o porquê de estarem ali.

            Quanto melhoraria esse drama se as pessoas fossem informadas de que medo de fila é tão cruciante que para superá-lo, os seres humanos precisam levar uma vida! Só descobrem que, afinal, superaram esse medo angustiante, na fila do próprio enterro. Mas o de perder o celular,  continua.

                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

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