artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje s´bado
Todo brasileiro entende de futebol, e nestes dias que
antecedem a Copa do Mundo no Brasil mais
ainda. Mas, será que entre eles existe alguém que conheça, de fato, a verdadeira
história do futebol?
1.Ao contrário do que muita gente
pensa o futebol começou a surgir nos idos de 2500 a.C, na China, sendo desenvolvido por
Yang-Tse, um dos guardas do imperador Huang-Ti, quando, então, o jogo era
disputado por soldados. A bola (aí é que está o a grande sacada) era o crânio
de um inimigo derrotado. Quem gritava gol, portanto, era a própria bola, cujo berreiro
diminuía ao longo do jogo, por óbvias razões.
Com o passar dos anos, ou porque os
inimigos já não perdessem a cabeça tão facilmente (sem trocadilhos), ou porque a
cabeça do inimigo não fosse própria para fazer embaixadinhas, o crânio evoluiu
para uma bola de couro. A disputa consistia então em passar a bola entre duas
balizas sem deixa-la cair no chão e foi desse jeito que o TSU-CHU - futuro
futebol, chegou à Coréia , Japão e o
Vietnã, até que na dinastia Tang, de 618 a 907 a.C., os postes ganharam uma
rede.
Deve ser, portanto, de origem
genética a querela que alimenta, ainda hoje, as discussões entre os técnicos de
futebol. Para alguns, como o finado Telê Santana, Pepe Guardiola e outros, o futebol, mesmo jogado com os pés, deve ser
auxiliado por um bom crânio, de preferência na cabeça. Já outra corrente de
técnicos carniceiros e trogloditas, cujo expoente mais famoso é Felipão, parece
inclinada a aceitar que o futebol deve
continuar a ser jogado nos moldes de como quando começou: com o crânio do
adversário sendo usado como bola.
2.EM 2.900 A.C ., entre os Maias, da
península de Yucatan, o jogo era questão de vida ou morte, mais ou menos como ainda é hoje para a Gaviões da Fiel. O líder da equipe
derrotada era oferecido em sacrifício aos deuses (no caso da Gaviões os ídolos
do próprio time também servem). A bola, que a essas alturas já era de borracha,
simbolizava o sol e era jogada com os
pés ou as mãos em um buraco circular, no meio de placas de pedra.
3. EM 146 a.C., durante o império
romano, quando estes invadiram a Grécia, passaram a adotar o Epskyros, um
exercício militar grego que era uma espécie de evolução do TSU-CHU chinês. A
partida poderia durar várias horas e o objetivo era cruzar a meta adversária
com uma bola – o uso das mãos era livre – feita de bexiga de vaca, areia e ar.
Entusiasmados, os romanos levaram o esporte à Europa, Ásia Menor e norte da
África.
4.EM 1175 deu-se o primeiro registro
de um esporte parecido com o futebol na Grã-Bretanha, provavelmente uma
adaptação da versão romana citada acima. Era jogado durante a Schrovertide , que coincide
com o nosso carnaval, festa na qual os ingleses comemoravam a expulsão dos
dinamarqueses. Para tanto eles saíam à rua chutando uma bola de couro que
simbolizava o invasor (olha o crânio do inimigo aí de novo!). O resultado do
divertimento era um exemplo de violência descabida, com praticantes sem dentes
e, até, mortos, numa versão antecipada do que acontece em alguns clássicos do
nosso futebol, com a diferença de que por aqui nem precisa de carnaval pra isso.
5. E assim até chegar o ano de 1580
quando os italianos resolveram chamar de cálcio a uma nova versão, surgida em
Florença. As regras foram estabelecidas pelo músico, escritor e cientista Giovanni
Bardi. Foi ele que instituiu a necessidade de se usar dez juízes, por disputa,
devido a longa extensão de campo, donde se conclui que esse negócio de arbitragem
já era um grande problema essa época e não há cientista que resolva. Uma dezena
não deve ter adiantado muita coisa, pois como se sabe, e como tivemos prova recentemente
no último clássico carioca, tanto faz dez, cem ou duzentos juízes: dependendo do
time que se queira beneficiar, são
precisos muito mais do que mil olhos para validar um gol.
6.Finalmente EM 1710 as escolas
londrinas de Covent Garden, Strand e Fleet Street adotaram o futebol como
atividade física. Em um deles, só o uso dos pés era permitido, implantando-se aí,
em definitivo, o embrião do futebol como o conhecemos. Nos
idos de 1863 a Federação Inglesa de Futebol unificou as regras do esporte
determinando o número de participantes e o tamanho do campo. A partir daí, com
a expansão do império britânico, os ingleses divulgaram a “invenção” e suas 17
regras pelo mundo.
Conclusão. Este breve resumo é oportuno
por nos lembrar de que muita coisa rolou,
inclusive crânios, para que o futebol tivesse o poder que hoje possui, para que
Neymar pudesse ganhar o tanto que ganha e namorar a Bruna Marquesine.
Se
por outro lado recordarmos, pesarosos, de que para fazer a Copa do Mundo no Brasil muita gente morreu e ainda terá de morrer (não só
oito operários falecidos, como também os
milhares que acabarão desassistidos porque nossos governantes preferem
construir elefantes brancos do que hospitais públicos), poderemos nos
reconfortar lembrando de que outrora era
muito pior.
Pior?
(Será mesmo que estamos certos disso, leitor?)