sábado, 30 de maio de 2015

PEQUENO DICIONÁRIO DA GRANDE VIOLÊNCIA





artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O Estado do Maranhão, hoje, sábado

Violência, violência, violência!  O elementar direito à vida, de todo cidadão, está sucumbindo diante do quotidiano de sombras, ou da banalidade do mal, como queira. Mas, o que fazem as autoridades? Onde estão a ‘presidenta’ da república e seus ministros  que não se socorrem do aparato militar que toda nação deve possuir, para planejar uma reação a esse estado de coisas?  

                                                         


Será que precisam de um pequeno dicionário para ensinar-lhes que o significado  da violência não é mais o mesmo?


            1.CADEIA. Lugar que foi concebido para manter a sociedade protegida de assassinos e meliantes, mas que parece ter evoluído no Brasil  para se tornar uma espécie de escola, que garante aprendizado suficiente para aprimorar a grande vocação dos bandidos, que é a matança de inocentes.

            2.LEIS.Conjunto de normas que no Brasil zelam pelo direito de facínoras, preferencialmente aos direitos das pessoas honestas.. Seu fundamento básico consiste no irrestrito apoio ao marginal em qualquer circunstância proporcionando: afrouxamento da vigilância; abrandamento das penas, doação de regalias, enfim todo um arcabouço de regras que se escora numa espécie de postulado, assim enunciado: “Por mais nocivo que seja um marginal, no Brasil  vale sempre mais que sua vítima”. Ou, por outra: “Um marginal vivo goza da solidariedade da justiça e da sociedade, mais que o melhor dos mortos assassinados por ele”.

            3.CONDENAÇÃO. Menor que zero para grandes ladrões de terno e gravata (tipo mensaleiros e autores do petrolão). Para os demais criminosos comuns: dura até o próximo túnel se for prisioneiro de Pedrinhas; até o próximo sábado se for traficante; até o próximo feriado se for assassino; até o próximo passeio em casa, se for estuprador.



                                                       




            4.FUGA (DA PRISÃO). Antigamente acontecia em casos raríssimos,  sempre envolta em espetacularidade. Hoje o termo caminha para o desuso  porque,  a rigor,  não existe mais fuga, mas sim passeios e férias consentidas na maioria dos feriados. Após passearem livremente, divertindo-se pelas ruas da cidade com o seu passatempo preferido que é o de ceifarem a vida de inocentes, a escolha é livre: só voltam para a cadeia se estiverem enjoados da vida comum. Afinal de contas, nesta, precisam trabalhar.

            5.PENA. Palavra que introduz no linguajar criminal um extraordinário paradoxo expresso pela sentença: QUANTO MAIS PENA MENOS PENA. Explica-se: Quando mais pena (no sentido de condolência) manifesta a sociedade e suas leis por bandidos e marginais (caso do Brasil) , menores serão suas penas (no sentido de condenação). Enfim, o Brasil é o único país do mundo em que as condenações são  tão irrisórias que dá ate pena das penas.

            6.COMPAIXÃO. Ato de sentir e mostrar solidariedade a outro, mas que no nosso país se disponibiliza, preferencialmente, para marginais, ao invés dos familiares de suas vítimas. Ato exemplar dessa compaixão discriminatória a favor de marginais é a ação movida pelo MP de Mato Grosso pleiteando indenização do Estado, para presos, devido às  péssimas condições carcerárias, a ser julgada pelo STF. É a lei da relativização do pensamento aplicada à desfaçatez. “Para marginais, tudo. Para as vítimas de suas crueldades, nada!”                                        



            7.MAIORIDADE PENAL. Discussão em moda na sociedade, na qual a grande maioria se preocupa em discutir a idade do indivíduo  e não o grau de degeneração de sua patologia ou seu instinto cruel e assassino. Esquecem  de que monstro é monstro, tenha 10,11,12,13,14,15, 16 anos ...até 120. Assim se manifestam presidenta, políticos do PT e grupos religiosos, cultores públicos da hipocrisia, como moeda de captação da simpatia. Em nome disso distorcem conceitos religiosos e praticam ação similar à dos corruptos.  Enquanto estes dão esmola com o dinheiro que usurparam, os defensores da continuação da atual maioridade penal não se pejam em conceder esmolas de perdão,  às   custas da dor alheia.

            8.LIBERDADE. Conceito de abrangência filosófica fundamental para o bem-estar humano, mas que no Brasil de hoje comprimiu-se para se tornar uma  copia sombria do direito de ir e vir de marginais.
            Cada bandido brasileiro (se for de Pedrinhas, mais  ainda) tem o direito de sair da cadeia à hora que bem lhe convier seja furando túnel, derrubando muro, corrompendo diretores de prisão, pegando carona em sequestro etc. etc.

                                               



            Por sua vez, essa mesma  liberdade não se aplica ao cidadão honesto comum que cada dia mais se vê privado de liberdades que antigamente possuía, tais como: atender a um celular no centro da cidade; trocar um pneu num borracheiro depois das dez horas da noite; trocar cheque em banco; passar um fim de semana em Panaquatira, etc. etc.
            Nunca foi tão atual o libelo dos mineiros na bandeira da inconfidência, Libertas quae sera tamen. (liberdade, ainda que tardia!).
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com
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sábado, 23 de maio de 2015

SUA GRANDE VERDADE




artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

A verdade de uma pessoa não está naquilo que ela te revela, mas naquilo que não pode  revelar-te. Portanto, se quiseres compreendê-la, não escute o que ela diz, mas antes, o que ela não diz.” Khalil Gilbran

Um homem de verdade, morre em busca de sua verdade

            Quem, de verdade, encara a sua própria verdade? Isso é muito difícil, essa é a verdade.
            E nem mesmo isso acontece porque o conceito de verdade seja complicado, mas porque, muitas vezes é preferível não dizê-la... Ou encará-la.... Ou sabê-la. Taí Jesus Cristo, na Bíblia, diante de Pilatos. O imperador romano lhe perguntou: “És tu o rei dos judeus?” Cristo silenciou, até que,  diante da insistência do romano, acabou respondendo: “Eu sou a verdade”. E Pilatos retrucou: “O que é a verdade?” Jesus Cristo  silenciou, desta vez para sempre.
            Ora, se o próprio filho de Deus não quis responder, vai ver que com esse negócio de verdade é melhor não mexer, nem insistir, nem esclarecer. Como se Jesus Cristo, com seu silêncio, quisesse dizer nas entrelinhas.: “Não sou eu quem vai te ensinar o que é a verdade. Procura e acha, se fores capaz!”




                                                





            Existem, como todos sabem, verdades genéricas que são aquelas que dizem respeito a um grupo de pessoas ou fatos e que, um dia, vão ser conhecidas através da ciência, mais cedo ou mais tarde. Já as verdades individuais, estas são íntimas de cada um, a respeito das quais  ninguém pode saber mais que o próprio indivíduo. Como raros seres humanos se atrevem a conhecê-la é fácil deduzir que cada um deva ter a sua  verdade oculta - e assim esta permaneça até o fim.
            Mas, o que seria mesmo essa verdade oculta? Não se trata de um fato escondido, de algo que aconteceu e que se evita contar, mas de uma verdade que nenhuma outra pessoa sabe ou imagina. Muitas vezes está tão recôndita nos desvãos do cérebro de cada um que nem mesmo o seu dono sabe que ela existe. Mas que existe, existe...Prova disso é que nenhuma pergunta assusta tanto o ser humano quanto esta, pronunciada geralmente quando o sujeito está desprevenido:
            - Você quer mesmo que eu diga a verdade sobre você?




                                               






            Pronto, de repente, toda a segurança desmorona, a alegria desaparece, a tranquilidade some. O primeiro impulso do questionado é o de fugir para bem longe: “Merda, será que esse filho da puta descobriu, finalmente, o que nem Deus sabia?” Essa única reação possível surge com um gesto afetado de pretensiosa  segurança para esconder o quase grito de clemência, com a voz trêmula: “Se tem o que falar fale logo. Todos sabem que nada tenho a esconder  ou a revelar”.
            O pior é que sempre tem.


            Alguns milhares de anos atrás, o filósofo Sócrates se preocupava com isso,  e emitiu o primeiro sinal de alerta: “Conhece-te a ti mesmo”. Mas, claro, isso só fazia parte das preocupações dele e de mais uns poucos. Alguns séculos se passaram, e se atentou que o vinho facilitava esse dom: de reabrir os horizontes da cabeça dos homens em busca dessa verdade, tanto assim que isso deu origem à sentença latina: “In vino veritas” (No vinho está a verdade). 




                                                    






Depois, também a cerveja, o uísque, o livro, a poesia, o desenvolvimento da ciência, Darwin e Freud, que passou a vida mexendo com estudos nessa direção. Infelizmente, porém, a coisa só chegou até os psicanalistas, que se especializaram em descobrir a verdade do outro, mas nunca chegam perto. Ora, como vai achar a verdade de alguém um sujeito que não sabe sequer qual é a sua? E assim, de verdade em verdade, e de mentira em mentira, as verdades pessoais se tornaram supérfluas no mundo de hoje, parecendo que ninguém em sã consciência quer saber da verdade; nem a sua, nem a de ninguém e, principalmente, sequer se existe verdade.
            Porque o que grassa na vida atual, é justamente o que está ligado à capacidade de tanta gente confundir mentira com ilusão e verdade com realidade. A vida se tornou supérflua e sem substância porque se é mais tolerante com a inverdade dos outros do que com a sua própria verdade. Em nome da convivência com mundo é mais fácil consumir seja lá o que for, a qualquer custo,  do que evitar ser consumido por tudo isso. Todo mundo sabe a ‘verdade’ dos políticos (a maioria estás aí para tirar proveito), mas é preferível justifica-los de uma ou outra forma, votando sempre no último, cuja mentira for mais aprazível. Todo mundo sabe a verdade dos programas de tevê tipo BBBrasil (a de que alguém o está fazendo de besta) mas prefere acreditar que isso o está satisfazendo. Todo mundo sabe a verdade sobre a porcariada musical que lhes empurram, de Luan Santana e duplas sertanejas, mas prefere aceita-los porque a verdade de idolatrar alguém, sabidamente idiota, é menos dolorosa do que a de ser reconhecido como um. 



                                               






Quem se lembra,  no seu cotidiano, da verdade das verdades: a de que vai morrer um dia? Ninguém, claro, e é por isso que cada dia mais os hospitais estão cheios de doentes terminais, entregues aos aparelhos cirúrgicos, ao estoicismo dos médicos e ao distanciamento das famílias.
            Para que serve a verdade? Vivemos muito melhor sem ela, e quanto mais profunda e vasta, a ponto de desnudar alguém diante de si, mais abominável será considerada pela covardia do homem. Que os sábios procurem as suas verdades e sofram ou se regozijem com elas. Verdades não foram feitas para seres humanos.
                                                                       ewerton.neto@hotmail.com

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sábado, 16 de maio de 2015

OS MELHORES DIÁLOGOS DO BRASIL





Artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

OS MELHORES DIÁLOGOS DO CINEMA BRASIL

            Não só para quem gosta de cinema já está nas livrarias o livro “Os melhores diálogos do Cinema”. Nada como rever os diálogos mais memoráveis de filmes marcantes.
            Infelizmente, nada existe no livro de cinema nacional, mas os filmes do Cinema Brasil 



                                               






não ficam atrás como se pode ver a seguir, em sua impressionante imitação da realidade atual.

1.LULA E DILMA

            A presidente está apreensiva, tanto que nem sorri quando Lula, para desanuviar o ambiente, a elogia pelos quilos perdidos chamando-a de “minha gata”, como antigamente. É Dilma quem começa.



                                              

                                         



            - Vamos ao que interessa. O que vamos fazer?
            - Como?
            - O trem tá feio, Lula. Nem mesmo a retirada da Graça (Foster) da Petrobrás, serviu para embelezar a coisa um pouco.
            - E eu com isso?
            - Você é o maior culpado, Lula. Foi você que acreditou em mim para presidente, não eu.
            - Não aceito esse tipo de coisa, Dilma. Não tenho culpa de você ser incompetente. Nem parece que estudou.
            - Estudou? E quem é você para vir me falar de estudo, Lula? Lembra de que você disse quando era presidente que ler era parecido com praticar  esteira de ginástica?
            - Não falei desse tipo de estudo, sua tapada. Falei de estudar os “esquemas”, estar por dentro deles, saber quem é quem, enfim aprender de cor e salteado quem tem o rabo preso para tirar proveito. Essa é a verdadeira ciência, mas nem para isso você serve. O importante não é ser formado, é ser informado. Como eu sempre fiz.
            - Não aguento mais esse negócio. Já perdi quinze quilos. Tô muito estressada.
            - Tá vendo? Nem mesmo conseguiu aprender que no poder a gente engorda, não emagrece.  Que  o poder foi feito para usufruir e não para deixar rastro. A partir de agora  deixe-me em paz.  Já telefonei pro Fidel, e se a coisa continuar assim vou  morar em Cuba. Você sabia? Tenho uma ilha particular na ilha particular de Fidel, dentro da ilha de Cuba. E, no entanto, quem vai ficar ‘ilhada’ é você.

2.FAUSTÃO E GALVÃO BUENO



                                                



            Galvão até se espantou com aquela visita inesperada do colega.
            - Fala,  Galvão. Vim lhe dar o  parabéns.
            -Olá,  Faustão, mas meu aniversário ainda está longe.
            - Claro que é pelo seu livro Galvão. Você está vendendo pra burro!
(Conhecedor da ironia do seu colega, Galvão não se fez de rogado)
            -Sei que é pra burro mesmo. Quem lê o que um imbecil escreve   fica mais burro ainda. Mas com isso já deu para comprar uma nova adega. Não quer provar uma garrafa da minha nova safra?
            - Deixa pra depois.  Algum segredo, Galvão? Ora, colega, essa sua incursão no mundo intelectual brasileiro, está me fazendo até pensar... Como você sabe, a maior vontade do intelectual é ser rico e a do rico é ser intelectual. Alguma dica, Galvão?
            - Inspirei-me no Bial. Se ele com aquela bosta de programa conseguiu  escrever um livro e encontrou quem comprasse, por que não eu? Acontece que o meu vende muito mais que o dele porque essa turma que assiste ao seu programa, como você sabe,  é analfabeta.   Quanto ao conteúdo... Você não acha que já são mais que suficientes as besteiras que você fala no seu?

2.FELIPÃO E PARREIRA
            Encontram-se casualmente na fila do avião. Um fez que não  viu  o outro, mas acabaram  se esbarrando. Foi Felipão quem começou.  



                                                





            -Fomos duas bestas.
            - Como?
            - Você sabe do que estou falando, Parreira. Daquele maldito 7 a 1. Não dá para esconder nem ficar puto por causa disso. Somos duas éguas!
            - Peraí Felipão, vá com calma. Não posso ser besta e égua ao mesmo tempo. Um de cada vez, vá lá. Mas, quem cismou de botar alegria em perna de jogador foi você. Não quero tomar parte nessa história.
            - Você também teve participação,  queira ou não queira. Podia ter ajudado, era pago pra isso, mas só queria ganhar dinheiro sem fazer nada. Afinal de contas, o que você fazia nessa porra de seleção, Parreira?
            - Levava  e comprava a carne pro Murtosa fazer o churrasco. Não foi isso o que tínhamos combinado? Quem mandou você ser arrogante e se achar o melhor técnico do mundo? Ora, vá se...
            -Calma tche, agora quem pede calma sou eu. Posso ser chamado de burro até por gremista, que é o torcedor mais burro do mundo porque é o único que ainda me aceita, mas não aguento insulto vindo de uma boca murcha. E quer saber? Tô com vontade de coloca-la no lugar agora mesmo!
            (Só temos  essa parte do diálogo. Para saber o que veio depois só vendo o filme de novo)
                                                                       ewerton.neto@hotmail.com
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sábado, 9 de maio de 2015

MÃES ANTIGAS, MODERNAS E ULTRAMODERNAS




Artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje,sábado


Mãe é mãe e, como todo mundo sabe, será sempre  o tesouro maior que Deus pôs no mundo, apesar dos modismos.  Que as mães atuais continuem preferindo ser mães que ultramodernas.
            1.Mães antigas tinham filhos a perder de vista. Mães modernas perdiam de vista os filhos, mães ultramodernas só querem avistar o primeiro filho depois dos quarenta. 2.Mães antigas eram escravas do próprio reinado, mães modernas eram escravas do cabeleireiro, mães ultramodernas são escravas de qualquer rei que tenha cartões de crédito à vontade. 3.Mães antigas dedicavam-se ao marido e aos filhos. Mães modernas dedicavam-se aos filhos e à televisão, mães ultramodernas dedicam-se aos amigos dos filhos, de quem são namoradas.

            4.Mães antigas tratavam seus filhos com remédios caseiros. Mães modernas tratavam seus filhos com remédios de farmacêutico. Mães ultramodernas usam o médico como remédio. 5.Mães antigas trabalhavam de prendas domésticas. Mães modernas trabalhavam fora de casa, fazendo hora extra (sabe-se lá onde). Mães ultramodernas trabalham em casa, na própria cama, seja lá com quem for. 6.Mães antigas choravam,  de saudade, quando seus filhos iam estudar fora. Mães modernas choravam, quando escutavam o berreiro dos filhos, diante das injeções. 

                                      



Mães ultramodernas choram quando não conseguem abrir, sozinhas, uma lata de sardinha.

            7.Mães antigas desdobravam ‘fibra por fibra os corações dos filhos’. Mães modernas eram mulheres de fibra. Mães ultramodernas a única fibra que conhecem, é a dos alimentos que emagrecem. 8.Mães antigas, davam amor de mãe e remédios caseiros para  os filhos e estes jamais iam aos hospitais. Mães modernas deixam os filhos com as babás e as enfermeiras. Mães ultramodernas levam os filhos para os hospitais quando querem  ser tratadas, elas próprias, pelos médicos. 

            9.Mães antigas corrigiam os filhos dando-lhes palmadas no bumbum. Mães modernas corrigiam seus filhos dando-lhes algum tipo de castigo. Mães ultramodernas corrigem seus filhos entregando-lhes a cara para bater.  


                                            





10.Mães antigas só elogiavam seus filhos se este fosse quieto, bem-educado e estudioso. Mães modernas elogiavam seus filhos se estes fossem hiperativos. Mães ultramodernas elogiam seus filhos, em qualquer lugar e hora, desde que estes sejam enjoados, mal-educados e esquizofrênicos (como elas).

            11.Mães antigas acreditavam em Deus e rezavam pelos filhos e pelos maridos. Mães modernas acreditavam nos filhos e rezavam a Deus para encontrarem outro marido. Mães ultramodernas não sabem rezar, mas pedem ao santo ou ao pastor (de qualquer  igreja), para se livrarem do marido - e dos filhos. 12.Mães antigas queriam que no futuro os filhos fossem médicos ou professoras. Mães modernas queriam que no futuro as filhas fossem modelos e os filhos jogadores de futebol. Já as mães ultramodernas querem que no futuro seus filhos sejam mensaleiros, e elas, popozudas do funk.

            13.Mães antigas almejavam, no futuro, serem avós e cuidar dos netos. Mães modernas planejavam, depois de cuidar dos filhos, cuidar de si. Mães ultramodernas planejam para o futuro, terem a mesma aparência (à custa de botox e cirurgias) e, depois de esquecerem os netos, cuidarem de boyzinhos e gigolôs. 


                                            



14.Mães antigas tinham curso de prendas domésticas ou de corte e costura. Mães modernas tinham curso de normalista, piano ou filosofia.  Já as mães  ultramodernas tem curso de sexo tântrico e orgasmo múltiplo.
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com                                                    http://www.joseewertonneto.blogspot.com


domingo, 3 de maio de 2015

VIDA (SERÁ QUE ESTAMOS VIVOS?)



artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão, sábado


PROVANDO QUE SE VIVE

            Jamais imaginei que um dia fosse duvidar de que estou vivo, pelo menos enquanto estou vivo. Isso aconteceu quando o Governo Federal, via Caixa Econômica,  me exigiu  uma prova de vida. Confesso que fiquei atarantado. Vai ver que tudo o que faço: crônica neste jornal aos sábados, publicações na mídia virtual;  um livrinho escrito aqui, outro ali; imposto de renda anual concluído na marra, alvarás de funcionamento, IPTU, IPVA, conta de luz , água e telefone pagos todo mês, além de respirar, comer beber e dormir e xingar o time adversário no estádio de futebol - tudo isso é insuficiente. Para o Governo isso é nada.

            Tanta convicção de parte deles em duvidar, acabou fazendo, no entanto  com que, desgraçadamente, eu começasse a ter dúvidas dessa que até agora é a única certeza que um pobre ser humano, pode  ter na vida: a de estar vivo. Ou não? Se  morreremos um dia é por que estamos vivos, não é ? E, foi então que comecei a encucar, aos poucos concordando com o governo que, de fato, nós seres humanos não devemos mesmo ter tanta certeza disso. Será que vivemos? (Sequer me explicaram ainda suficientemente porque nasci e o que vim fazer neste mundo.) E a vida, o que é? 




                                                   





Será que estamos vivos, de fato, ou tudo não passa de um breve sonho conforme sugeriu  Calderon de la Barca? Idem, existe também um manancial enorme de  literatura e filmes  que sugerem a possibilidade de que vivamos num mundo ilusório, marcados por uma Matrix.
            Filosofias à parte, no caminho  para o Banco para provar que estou vivo fiquei imaginando o que me caberia fazer para praticar este ‘dificílimo’ testemunho de mim mesmo. E se o analista,  mesmo à vista de um corpo falante de altura mediana, peso mediano, e – nestes dias – esperança com o Brasil  abaixo de zero e medo de ser assaltado mediano, contestasse a minha potencial prova? Será que teria de pular? Cantar o Hino Nacional? Será que iriam tirar minha pressão?
            Enquanto todas essas hipóteses me apareciam como, insuficientes para provar a vida, deveras, tentei imaginar algumas alternativas,  digamos assim, contundentes, para o caso de não haver solução para a questão.

            1.Dar um berro diante do examinador. 

                                                          



Taí uma maneira relativamente prática de  provar que se está vivo. O berro não precisaria ser assustador, mas teria que durar mais de um minuto para que houvesse, pelo menos, testemunha e tempo de fazer o registro em áudio. A duração teria de acontecer, porque - já que eles desconfiam de tudo-, quem garante que não poderia ser esse  o ultimo berro, ou o ultimo suspiro?

            2.Entregar ao examinador um vídeo dançando-se qualquer coisa agitada, de preferência um funk agressivo, desde que fosse possível repetir  a cena in loco reproduzindo os urros e a dança,  para provar que se é a mesma pessoa. Quanto mais xingamentos tivesse o funk melhor. Só os vivos xingam.

            3.Propor que uma parte da banca examinadora fosse constituída de masturbadoras profissionais, do tipo  das que existem nos hospitais da China. Sim, porque  -supõe-se – “deve ser aceito como vivo todo aquele capaz de gerar vida”. A grande vantagem desta solução para o Goverrno é que estas especialistas seriam capazes de medir a intensidade do esperma e sua velocidade, para caracterizar as graduações de vida. A análise seria de tal ordem objetiva que a classificação passaria a ser , segundo o resultado, Vivo, Muito vivo, Semi-morto ou Quase-morto. Evidentemente que um sujeito classificado como semi-morto teria direito a apenas uma parcela da ajuda previdenciária. Não seria brilhante a ideia, para aumentar a arrecadação do Governo nestes tempos sombrios?


                                          



            Etc etc. fiquei imaginando outras opções para lista-las diante de um provável fracasso de minha prova, mas o tal atestado me veio de uma forma tão simplória que, falando a verdade, não me pareceu estar à altura   de uma prova de vida. Pediram-me apenas  a carteira de identidade o que, de uma certa forma me constrangeu. Quase digo inconformado: “Ora, minha vida vale muito mais do que o  que pode ser provado com isso daí”.
            Não saí do banco mais vivo do que sempre fui, nem com a sensação de orgulho por possuir, agora, um atestado de vivo.  Pelo contrário, havia a sensação frustrante de que se viver é algo tão insignificante  que precisa ser provado; para muitos, encastelados nos porões da burocracia governamental esse mesmo ato (de viver) consiste apenas em criar dificuldades para o outro. Quem sabe se aceitassem algumas das sugestões acima, suas vidas se tornariam, pelo menos, mais emocionantes.
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com
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