sábado, 29 de agosto de 2015

ORGASMO COR DE ROSA



Texto publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje,
sábado

Acaba de ser aprovada para consumo a anunciada pílula do prazer feminino ADDYI. Se os homens alcançaram a glória  em azul as mulheres a terão em cor-de-rosa. Alguns efeitos colaterais (além dos prescritos na bula),  surgem,  pra lá de óbvios, nesse novo mundão cor-de-rosa:

            1. Comércio sexual renovado. O Brasil, segundo Tim Maia,  é o único país onde gigolô tem ciúme, esquerdista é de  direita, traficante fuma maconha e puta goza (as coitadas além de ganhar mal ainda têm que fingir prazer!). Pois a partir da nova pílula passará a ser um país  mais justo para elas, já que as profissionais poderão cobrar mais caro para gozar, o que lhes aliviará da carga teatral envolvida. A tabela do prazer, então, evoluirá naturalmente para duas categorias: com gozo e sem gozo. A com gozo, claro, saindo mais caro -  desde que o cliente traga a pilulazinha. O que, por obviedade, definirá o arsenal ‘bélico’ do novo conquistador pós-pílula: um comprimido de viagra no bolso direito,  um cor de rosa no esquerdo.




                                         





            2.A festa farmacêutica. Se você é empreendedor e ainda  tem dúvidas onde enfiar seu dinheiro, agora ficou claro: empregue-o na compra de uma farmácia, amigo, que num piscar de olhos você estará nadando em dinheiro.  Sim, porque em nenhuma  outra época se venderá tanto remédio Quem duvida que o número de anticoncepcionais aumentará? E de camisinhas? E de abortivos? E de remédio para enjoo?

            3.Efeitos colaterais. Não estamos falando aqui daqueles anunciados pela bula: pressão alta, enjoo, náusea e sonolência. Esses, enquanto ainda não matarem, serão facilmente superados em nome do ansiado orgasmo. Estamos nos referindo, ao invés, ao novo clima de alta-voltagem das relações sentimentais, frutos de um novo tipo de desconfiança instalada entre os casais.

            -O que significa Ana Clara, essa pílula cor-de-rosa que descobri na boca da cadelinha? Será que caiu de tua bolsa?
            - Na boca da Fru-fru? Deus do céu, coitada, se ela engoliu a pílula teremos de arrumar urgente um cão parceiro pra ela? Você jura que conseguiu arrancá-la de sua boca?
            - Arranquei-a sim, mas não é isso o que interessa. Sinto, pela sua resposta, que você está confirmando. Essa pílula é sua? Você é usuária disso?
            - Sim, por que não? Se você usa a azul por que não posso usar a minha rosinha?
            - E com quem você usa?
            - Com você! (pelo menos por enquanto).
            - Antigamente você não precisava disso. Quero meu divórcio agora!
            - Ótimo. Fique com seu divórcio, que eu fico com a minha cor-de-rosa.

            4.Criatividade à brasileira. Não tardarão as inovações à reboque da fértil imaginação brasileira  quando se trata de sexo. Logo os homens chegarão à rosa-azul, uma incrível combinação entre as duas pílulas. No reino dos estimulantes, coquetéis e sobremesas a fila é grande: sorvete de açaí com flibancerina ( princípio ativo da pílula) ; energéticos à base de guaraná, catuaba,  ecstasy e flibancerina. Nas baladas, será vendida aquela que será considerada a mistura perfeita para incrementar uma noitada: caipirinha de vodca, sabor gengibre com extratos de flibancerina misturada com cocaína diluída.




                                           





            5. Exigência sexual nas alturas. Que os homens se preparem. A pergunta “você gozou”, antes considerada coisa de principiante, nunca mais será ouvida em canto algum do mundo. O tão ansiado orgasmo feminino deixará de ser clitorial ou vaginal, para ser clitorial mais  vaginal, necessariamente. Numa primeira etapa essa condição satisfará as mulheres, mas, numa segunda,  elas só quererão saber de orgasmo múltiplo pra lá. O verdadeiro bom de cama passará a ser somente aquele sujeito capaz de proporcionar à mulher o, enfim realizável, orgasmo clitorial-vaginal-múltiplo-intermitente e, de vez em quando,  ininterrupto. 


                                              





            6.Desinibição ampliada. Se as mulheres já eram desinibidas, passarão a ser mais ainda.  Elas,  e não somente eles,  só pensarão naquilo. As televisões estarão cheias de mesas redondas e quadradas, rodeadas de celebridades especialistas dando palpite, não só para discutir sexo, em volta da mesa, mas para praticá-lo também (em cima). Atrizes da Globo darão detalhes e confirmarão suas performances. Suzana Vieira confessará no Faustão que não desfilará mais  na Escola de Samba da Mangueira, porque agora não pode olhar nada cor-de-rosa que começa logo  sentir uma profusão de orgasmos múltiplos - um para cada ano de vida. Daniela Mercury, em nome da minoria gay reivindicará uma pílula específica para gays. “Ora”,  dirá ela, “se já tem pílula para homem e para mulher porque não para os gays?” E aproveitará até para sugerir a cor da mesma: lilás ou abóbora.
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

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sábado, 22 de agosto de 2015

SEU PRAZO DE VALIDADE




artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

Tudo, mas tudo mesmo tem prazo de validade. Até o tudo, até a eternidade. Quando alguém diz na igreja que vai amar alguém por toda a eternidade, está claro que essa eternidade é relativa: ao vigésimo chifre, à centésima discussão, ao milésimo xingamento nas redes sociais etc. etc. Quanto ao tudo, seu prazo de validade talvez nem dure até o ponto de você descobrir que tudo e nada, no fundo, são a mesma  coisa.
            Porque esse tal de prazo de validade, esse sim é que deveria ser a marca mais exigida e preciosa das coisas e dos homens, esse é que deveria estar exposto de forma visível, acompanhando a identificação, nas carteiras de identidade. “Político do PT. Prazo de validade: vencido!”. Não ficaria muito mais fácil para o eleitor? 



                                           





 Porém, até daquilo que você come , fazem tudo para ocultar o prazo de validade, numa provável insinuação de que  sua vida, e, consequentemente, seu prazo de validade, não significa muita coisa para quem quer que seja.

            Basta ir ao supermercado pegar um produto e prestar atenção. Cadê o prazo de validade? Haja procurar, pois não existe padronização de local: pode estar no fundo do invólucro, na tampa, no verso da tampa ou até, pasme! – boiando no meio do liquido, caso se trate de cerveja, por exemplo. Nas embalagens de plástico, você tem que adivinhar o prazo de validade decifrando um código, o que significa colocar o recipiente em direção ao sol para adivinhar, porque a luz elétrica do shopping, definitivamente não serve.  A coisa é tão complicada que certos produtos deveriam vir com um manual de instruções para poder acessá-lo.

                                                



            Mas isso não é tudo. Além do prazo de validade, existe ainda o que poderíamos chamar de sub- prazo de validade,  que é aquele tempo após o qual o produto mesmo enfiado na geladeira, se deteriora e começa a ficar pronto para lhe causar uma possível morte. Você atentou para isso? Claro que não, eu também não atentava. Só comecei, dizia, a me preocupar com isso depois que passei uma semana num hospital por conta de uma infecção causada por um suco à base de soja cujo prazo pós-aberto (escrito em letras miudinhas e indecifráveis) era de dois dias, quando eu pensei que pudesse durar semanas, ao sabor do friozinho da geladeira. Sim, porque se um prazo de validade é difícil de achar, imagine o tal do subprazo!  É como se houvesse uma competição entre o prazo de validade e o subprazo para ver qual dos dois se esconde melhor.
            Assim é o prazo de validade, caríssimo leitor: um mistério devidamente autorizado pelos órgãos de defesa do consumidor deste país,  cujos legisladores jamais pensaram na sacrossanta ideia de padronizar um local específico nas embalagens ou de, pelo menos, determinarem o óbvio: um tamanho de letra que seja legível sem lente de aumento. Em sua tardia defesa, leitor, alguns prazos de validade, muito a propósito:

            1.Prazo de validade de um Órgão de Defesa do Consumidor. No Brasil dura algumas horas até você chegar à conclusão de que é melhor ser consumido pelo produto do que pelo órgão que se propõe a defende-lo.

            2.Prazo de validade de um produto de consumo. Totalmente indecifrável, mas, com certeza, sempre menor que o tempo que você leva para  descobrir onde ele está escrito.

            3.Prazo de validade de um prazo de validade. Como neste país antes mesmo que a coisa exista, já existe alguém tentando levar vantagem em cima de você (antigamente chamada Lei de Gerson) , por pior que seja um produto o seu prazo de validade vale menos ainda que o produto.
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sábado, 15 de agosto de 2015

MEU PAI E NOEL ROSA





artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

Lembro que a primeira vez que ouvi falar de Noel Rosa foi quando escutei Chico Buarque cantar no antigo programa Esta noite se improvisa, um trecho  da música Feitiço da Vila. O programa que fez muito sucesso, essa época na TV Record,  com apresentação de Blota Jr. era um concurso para cantores nos quais se media o conhecimento musical do artista e a velocidade de resposta. O apresentador dizia “A palavra é”... e os concorrentes tinham de apertar um botão cantando um trecho da canção contendo a palavra. 

                                                      



Chico Buarque era um dos que sempre venciam e, entre outros méritos que o programa tinha um deles era o de aproximar, num show de toda semana, as turmas da MPB e da Jovem Guarda que viviam às turras, porque havia certo preconceito da turma da MPB contra o rock.
            Meu pai, Juvenil Amorim Ewerton, apreciava muito o programa e foi ele quem me alertou para o autor da música , quando,  por um instante, imaginei que fosse uma nova canção de Chico Buarque: “Essa é de Noel Rosa, é Feitiço da vila”. Logo a seguir, se propôs a ensinar-me a acompanhá-la no violão já que, há algum tempo, eu iniciara com ele, meu aprendizado.
            Sim, porque ele, nessa época juiz de direito e mais tarde desembargador, sempre teve o maior empenho em que seus filhos, aprendessem algum instrumento musical, orientação essa, aliás,  que lhe fora transmitida pelo meu avô, Jose Ribamar Ewerton, o que sempre considerei uma benéfica e gloriosa imposição genética. Do meu avô guardo, aliás, o solo da “marcha dos marinheiros”,  que foi ensinado por ele à minha tia Rosa Ewerton, e que ela me repassou, tendo sido ela também, além de professora, uma fervorosa apreciadora de música,  tendo se dedicado , certa feita, ao  acordeão.
            Mas, jamais cheguei ou  chegarei , nem de longe, ao exercício talentoso de meu pai nos instrumentos musicais, ele que tocava em orquestra na juventude   e pertenceu a uma banda que animava festas em Guimarães, Cedral e arredores, tocando além de violão, cavaquinho, saxofone e clarinete. Aliás, em recente crônica semana passada neste espaço o escritor e  confrade Jomar Moraes, evocando seu genitor, lembrou que meu pai foi um dos seus alunos, já que José Alípio de Moraes Filho, pai de Jomar, era um músico famoso em São Luís.  Aconteceu que a  pedido do meu avô, que era amigo dele, José Alípio de Moraes hospedou meu pai, jovem e recém-transferido do interior para São Luís, durante alguns dias em sua casa, justamente para inicia-lo em seus estudo musicais. Devo acrescentar que, além de todo esse ambiente e incentivo musical que meu pai me proporcionou, devo e agradeço a ele outra  faceta igualmente muito valiosa de formação artística: a reverência e a percepção da obra Noel Rosa, de quem meu pai era admirador incondicional e , provavelmente, um dos maiores conhecedores de sua obra em São Luís, embora, muito a seu feitio, a ninguém propagasse isso.


                                           




 
            Guardo com carinho o presente que me deu e do qual ele gostava muito (essencial a meu ver para todo aquele que aprecie o talento artístico): a biografia de Noel Rosa feita por João Máximo e Carlos Didier, um definitivo compêndio da vida e da obra do genial compositor carioca precocemente morto, além de uma caixa, contendo toda sua produção musical.  A estas alturas, ele compreendera que a admiração que tinha pelo compositor prosseguiria após sua partida em seus legatários, o que não é compreensível apenas por uma deferência genética, mas também por uma constatação, óbvia, para todo aquele que tenha algum gosto musical e compreenda a diferença entre o jorro de um talento intuitivo, especial e muito  acima da média de um Noel Rosa, se comparado a outros talentos  que se desenvolvem  às custas apenas  do aprimoramento do intelecto  e da dedicação.
            Por isso, alguns anos atrás,  causou-nos espécie que na escolha do maior compositor do século, Chico Buarque aparecesse em primeiro lugar, ocupando um lugar que achamos que teria de ser concedido a Noel  Rosa,  cuja obra musical, mais abrangente e atemporal, superou em vitalidade a todas as outras na MPB,  apesar de ter morrido com apenas 27 anos. Chico Buarque, aliás, nunca negou a superioridade musical daquele que o inspirou e formou. Embora eu tivesse sido um ardoroso fã de primeira linha da música de Chico (que me incentivou a conhecer mais da MPB, e a dividir o gosto musical que,  como todo jovem da época passava necessariamente pela rebeldia do rock  ‘a juventude  é a maior de todas as liberdades’,  e ia dos Beatles a Rolling Stones e daí a Led Zeppelin).  Mais tarde concluí, porém,  que embora a obra musical de Chico Buarque de Holanda seja magistral,  a de Noel Rosa é muito mais latejante e eterna, por ter mais recursos de empatia popular e porque alia o talento, a singeleza e capacidade de ironia sutil ao alcançar o mais difícil tom preconizado por Manuel Bandeira: de que o mais difícil, porém, muito mais talentoso na arte, está na busca da expressão que se distingue justamente pela maneira simples de dizer as coisas. A obra de Chico, menos vital e mais elaborada, em pouco tempo tornou-se excessivamente datada em algumas de suas mais importantes canções.
            Mas não se trata aqui de fazer uma comparação musical entre dois grandes artistas da MPB, o que, aliás,  não está ao meu alcance, mas sim de lembrar a conexão obtida a partir da nossa admiração recíproca pelo compositor,  hoje que se completaram dois anos do falecimento de meu pai, na ultima quinta-feira.




                                                  





            Tenho certeza de que, no céu, terá cumprido uma de suas maiores desejos: assistir a um show de Noel Rosa, junto a familiares e amigos que já se foram, assim como um dia assistimos a um concerto de Turíbio Santos, a quem tanto admirava também e que hoje, para seu incontestável orgulho (que, infelizmente ainda não pode me transmitir, mas o fará um dia)  se tornou meu confrade na AML.


                                                                       ewerton.neto@hotmail.com                                                               http://www.joseewertonneto.blogspot.com

sábado, 8 de agosto de 2015

PARA CONHECER SEU CACHORRO ( E VICE-VERSA)




Artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Os cachorros estão com tudo. 62% das casas norte-americanas têm cachorros o que significa algo próximo de 72,9 milhões de casas, só nos USA. Isso sem contar que existem casas com mais de um cachorro e não se considera, nessa estatística, a casa do cachorro. Sim porque tem cachorro que além da casa do seu dono ainda tem a sua casinha.
             Sem entrar no mérito dessa preferência ( cada vez mais tem gente preferindo criar cachorro do que criar gente), o fato é que os homens precisam conhecer um pouco mais daquele com que está lidando. E vice-versa.

1.O relacionamento entre humanos e cachorros, como animais de estimação, data de 12 mil anos atrás.
            O que implica dizer que está durando tanto ou muito mais que o clássico relacionamento macho-fêmea humano, cuja  convivência vem desde a mesma época, mas tem o prazo de validade cada vez mais curto. As mulheres chegaram à conclusão - um tanto tardia -,  que é mais fácil gostar de um animal de estimação do que estimar um machão .

2.Nem tudo é preto e branco para os cachorros. Eles têm dois cones nos olhos que também permitem que enxerguem cores na escala de azul e amarelo.
            Ou seja, se reconhecem o verde, o amarelo e o azul, devem ter  sofrido pra burro (ou melhor, pra cachorro) quando o Brasil apanhou de sete da Alemanha. Agora tá explicado porque a cada gol da Alemanha os cães latiam mais do que Galvão Bueno.

3.Os cachorros conseguem entender mais de 250 palavras e gestos.
            Ou seja, entendem de palavras bem mais  do que certo presidente, ou aquela que o sucedeu.  O que os credenciam a se candidatarem para uma temporada no Planalto. Outra vantagem é que entendem intuitivamente o que significam certos gestos políticos de aproximação (na base do é dando que se recebe).

4.É estimado que 1 milhão de cachorros nos Estados Unidos tenham sido declarados nos testamentos de seus donos como herdeiros primários.
            Eis a explicação, afinal, porque tanta brasileira quer viajar pros USA hoje em dia. A mulherada deve ter aprendido que é melhor ter um cachorro marido ( com grana) do que um marido cachorro (  sem grana) , como é comum no Brasil.

5.A música 'A Day in the Life', dos Beatles, tem o som de um apito no final. Esse detalhe foi especialmente incorporado por Paul McCartney como homenagem a seu cão.
            Apesar disso, Paul não foi o primeiro. Já faz um bom tempo que  os cantores de música  sertaneja brasileira homenageiam seus cães,  imitando insistentemente seus latidos

6.O faro do cachorro é de 10 mil a 100 mil vezes mais forte do que o dos humanos.



                                                 




            Portanto, todo cuidado é pouco para as mulheres danadinhas. O perigo é a tal da excitação fora de hora! Por via das dúvidas, jamais deixem seus cachorros trocarem segredos com seus maridos.

7.Rin Tin Tin foi o primeiro cachorro a ser uma das 'estrelas' de Hollywood.
            Ou seja, foi o primeiro que aprendeu a lição de casa - e de teatro -  tintim por tintim

8.A raça Basenji é a única que não late.
            Prefira, portanto, um Barsenj em sua casa. Melhor um que não late, mas morde,  do que um que late, mas não morde.

9.Uma foto  do Centro Americano de Arqueologia, mostra ossos petrificados caninos encontrados no sítio arqueológico de Koster em Green County, Illinois, nos Estados Unidos. A  espécime é datada de 8500 anos atrás. Um estudo em larga escala do DNA sugere que o cachorro descendia de lobos da Europa no período entre 19 mil e 32 mil anos atrás.




                                              





            Ou seja,  se a evolução fez o macaco virar homem e o lobo virar cachorro, é lícito esperar que, mais dia menos dia, o homem vire cachorro e o cachorro homem. O que já seria  uma grande vantagem para a humanidade, pelo menos  em termos de bons sentimentos, não é mesmo?

10.Os cachorros conseguem reconhecer o cheiro de vários compostos orgânicos, o que permite a eles identificar indícios de câncer, diabetes e convulsões epiléticas em seres humanos.
            Com a falência dos planos de saúde e com os médicos dependentes cada vez mais de resultados de exames, não seria bom aproveitar os cães imediatamente nos hospitais? Uma coisa é certa: os resultados dos  exames do  SUS sairiam bem mais rápido.

11.O cachorro pode identificar a fonte de um som em 6/100 de segundo usando suas orelhas como um radar.
            Coitadinhos! Como não deve sofrer um poodle quando seu dono põe para tocar um forró a Mil Ivetes Decibéis Sangalos em cima de seus ouvidos!

12.Medindo apenas 10 cm de altura, Boo Boo, um Chihuahua, foi considerado o menor cachorro do mundo pelo Livro dos Recordes em 2010.


                                             





             Com isso já tem sexólogo dizendo que esse  mini-cachorro é ideal para descobrir o ponto G das mulheres. (De dentro para fora). 

14.Os cachorros têm uma membrana especial nos olhos, chamada tapetum lucidum, que faz com que eles consigam enxergar no escuro.
            Um estudo está sendo desenvolvido por médicos brasileiros para implantar uma membrana dessas nos olhos de Dilma Roussef. Dizem que é para que ela consiga enxergar. No claro.

15.A cachorrinha Laika se tornou a primeira a ser enviada ao espaço pelo satélite soviético em 1957.
            Comentário mais ouvido nas estrelas, durante a ocasião. “Ainda bem que só estão mandando cadelas. Já pensou quando estiverem mandando os humanos?”

16.'Max' é o nome de cachorro mais popular no mundo inteiro.
            Pois é. Enquanto os cães adquiriram nítida preferência por nomes de gente, como Max, os humanos têm preferido nomes de cachorros, como Cauã, Luan ou Teló.

17.Os cachorros são capazes se sentir mudanças sensíveis de temperatura. Portanto, se seu cachorro está agindo estranhamente, pode ser que uma tempestade está por vir!
            As ninfomaníacas precisam saber disso. Se a umidade relativa do ar está aumentando por suas causas, não precisam ficar aflitas, mandando chamar um psicólogo para seus cachorros.

18.A marca do nariz dos cachorros é única, assim como as impressões digitais dos dedos dos humanos.
            O que significa que já está perto, muito perto a Carteira de Identidade para cachorros. E, logo a seguir, (no Brasil), o voto obrigatório para eles.

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sábado, 1 de agosto de 2015

AS ULTIMAS PALAVRAS ( NOS ÚLTIMOS MOMENTOS)




Artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


As últimas palavras nos últimos momentos de um ser humano dizem mais da personalidade do indivíduo que seus epitáfios. Os epitáfios são concebidos na plenitude da vida, quando é possível iludir-se de que se é capaz de fazer pose com os desígnios da morte.
         Já as palavras ditas no ultimo momento, são ditas no paroxismo do desvanecimento de nossas ilusões, onde não há mais espaços para artifícios ou malabarismos com palavras, no duro exercício da confrontação final consigo mesmo. É como se,  na primeira situação, a pessoa  efetivasse uma parceria com a morte, que se permite ser colocada como atriz coadjuvante na vida,  para que se obtenha o efeito desejado na frase. Mas,  na segunda, já não há espaço nem tempo para isso;  a vida do ser humano, ou o que resta dela, é que passa a ser a atriz coadjuvante da morte.

         “Droga...Não ouse pedir a Deus que me ajude!”  foram as ultimas palavras de Joan Crawford, ditas a uma empregada, que rezava por ela. 

                                        



Desnecessário lembrar o quanto a atriz colocava  de vaidade em cada segundo de sua vida, sem distinção do último. “Dia após dia me apaixonei por livros”, disse Ray Bradbury, ele um eterno apaixonado por livros,  que escreveu Zen a arte da escrita, no qual expôs, em muitas palavras tudo o que resumiria no fim.  Já Barry White, o cantor, apenas repetia “Me deixa em paz, estou ótimo”, como se fosse o refrão de uma de suas canções, que cantava tão bem.
         “Senhor, ajude minha pobre alma”, disse Edgar Allan Poe, o genial escritor e poeta que via  aves de mau agouro na sua derrocada, não passando de lenda a versão de que teria dito, ao invés, “Nunca mais”, exatamente como no poema, quando lhe perguntaram pelos amigos. Desse jeito, teria sido mais  poético, mas lembremos, estamos falando de últimos momentos, não de epitáfios.
         “Ele não vai se importar nem um pouco com isso”, foram as ultimas palavras de Abraham Lincoln, presidente dos USA, apertando a mão de sua mulher Mary, e referindo-se à sua preocupação com o fato de que um amigo os estivesse observando. Nem de longe ele desconfiaria  de que viesse  a morrer em seguida, de um tiro. Nestas ocasiões, em que não há suspeita da morte introduzindo-se nos segundos que instalam a interrupção súbita  do futuro de alguém, o que é dito não segue a lógica da personalidade afetada pelo abismo próximo, mas do vulgar e do cotidiano transbordando por todos os poros, como se houvesse um excesso de vida  a contrastar com a vizinhança do trágico
         Elas podem ser ainda agônicas como as de Virgínia Wolf em sua derradeira depressão antes do suicídio.  “Tenho certeza de que enlouqueci de novo, não vou passar novamente por essa experiência terrível!”;  de lancinante entrega “Jesus, eu te amo; Jesus, eu te amo”, como as de Madre Teresa; saudosas como as de Martin Luther King “Por favor, toquem ‘Take my hand, precious lord’. Toquem bem bonito!” De sábia lamentação “ O dinheiro não compra a vida” de Bob Marley; ou de tardio êxtase semiconsciente “Ok, não vou!” de Elvis Presley confirmando à sua namorada que desta vez não ia dormir no banheiro, após a overdose.
         Já as últimas palavras de Hugo Chávez: “Não quero morrer. Por  favor,  não me deixe morrer”, de subserviente e súplice desespero ditas ao chefe da guarda venezuelana não chocam pelo inusitado ( já que são próprias de qualquer ser humano em seu ancestral pavor diante da morte e do desconhecido), mas, sim, impactam pelo contraste diante de sua costumeira arrogância no trato com os cidadãos venezuelanos e suas instituições
         Ao se expor dessa forma diante daquela que nos iguala a todos,  Chavez sequer conseguiu, como farsante que foi, exercer seu talento histriônico e se sair com mais uma de suas bravatas. 


                                                      


Ficou do tamanho que todos são e sua frase, que não chega a ser de covardia (não há covardia, nem heroísmo diante da indesejada das gentes), mas de submissão e pavor diante do incognoscível,  deveria servir de lição para todos aqueles que espezinham o próximo, seu vizinho ou o povo, com a arrogância oriunda de um poder  que, por definição, e´ fortuito e breve, principalmente quando é obtido, como no caso de políticos e empresários brasileiros corruptos, pelo dinheiro  rapinado através da usurpação e da presunção de impunidade.

                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

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