quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A ARTE DE SER CORNO



Artigo publicado no jornal O Estado do Maranhão

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas


A grande dificuldade de se medir o talento de um corno é saber até onde essa é uma arte sua, natural e exclusiva, ou apenas uma consequência, por sua vez,  do talento natural para botar chifres da parceira que escolheu. De forma que o talento do corno parece não se revelar apenas no ato em si, mas nas decisões que toma a posteriori.

            Talentoso ou não, a ciência prova todo homem tem um potencial nato para ser chifrudo o que significa dizer que todo macho é uma cabeça à espera de um chifre, embora nem sempre tenha sido assim. Antigamente - e bote milhares de anos nisso - quando ainda éramos macacos não sabíamos que podíamos ser cornos. Mas já desconfiávamos. Segundo a teoria evolutiva todo esse ciúme, que o macho sente pela fêmea que julga sua, nasceu da impossibilidade de nossos tataravôs macacos saberem se o embrião que fazia a barriga da companheira avolumar-se era, de fato, seu.

            Podemos imaginar o drama. Se hoje em dia, com exame de DNA e tudo, as dúvidas persistem imagine nessa época.! (recente reportagem de uma científica atesta que, atualmente, 8 % dos filhos reconhecidos por seus pais, como seus legítimos descendentes, não o são, na realidade)

            Não é de estranhar, portanto, que muito tempo depois, na idade média, os homens tenham tentado proteger a exclusividade de seus genes com a invenção do cinto de castidade. Coitados, não conheciam, ou faziam de conta que não conheciam a primeira Lei Universal dos Cornos que diz: “não há equipamento capaz de prevenir um homem de se tornar corno” ( que é apenas uma versão – piorada - da muito popular Lei Universal da Natureza Feminina que diz: “fogo de morro acima, água de morro abaixo e mulher quando quer dar, ninguém segura”). 



                                                     


            

            E, ao que tudo indica, nunca acabará. Algum tempo atrás uma notícia de chifre ganhou mais assunto na imprensa internacional do que a queda nas ações da bolsa. Tratava-se do lateral Bridge, da seleção inglesa, que, traído pela namorada com um companheiro de time e de farra, decidiu abandonar o English Team. “Não posso usar a mesma camisa de um cara que pode ter usado as minhas camisinhas com minha própria mulher” teria dito ele. 

            O que teria acontecido, para que um acontecimento tão banal tenha adquirido tons de tragédia mundial? Parece que Bridge, ao dar uma de vítima, descuidou-se de uma das regras fundamentais do Manual Universal dos Cornos que diz: “todo chifre nasce do mesmo tamanho, mas aumenta desproporcionalmente, quanto mais se fala nele”.

            Com o intuito didático de evitar que mais cornos se tornem famosos como Bridge lembraremos, a seguir, alguns itens desse manual Que este não se torne uma Bridge ( ponte, em português ) que o conduza, ao invés, para o outro lado, caríssimo leitor:

            1. O sujeito que tem vergonha de ser corno deveria se lembrar que todo ser humano não passa de um corno, pois sua sina é ser traído e abandonado um dia por aquela que mais ama: a própria vida.




                                            





            2. Todo homem que ama uma mulher acima de todas as coisas corre o sério risco de vê-la rapidamente abaixo das coisas do primeiro homem que aparece.

            3. Numa relação homem-mulher nunca dá empate, sempre um dos dois está ganhando. Se o homem julga que sua relação está empatada é porque já está perdendo.

            4. O bom corno não é mais corno não só porque o dia tenha só 24 horas, mas porque o alfabeto só tem vinte e três letras e o espelho só tem uma imagem.

            5. Nunca existiu nem jamais vai existir equipamento de Proteção Individual para o corno. O melhor que já inventaram foi a camisinha, mas quem usa, quando interessa, é o outro.

            6. Um corno pode ser perfeito, o não-corno jamais. Depois que inventaram a fantasia feminina não dá para escapar. Na melhor das hipóteses o sujeito toma chifre do Brad Pitt, na pior da Angelina Jolie. (ou de ambos ao mesmo tempo, como queiram).

            7. O chifre foi a melhor invenção já engendrada por uma mulher para colocar os homens nos seus devidos lugares. Seu marido no seu (dele). Seu amante no seu (dela)

sábado, 26 de novembro de 2016

AO MESTRE COM CARINHO



GOOD BYE MR. CHIPS
Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas


            O amor de um professor pela sua escola: alunos, profissão, ambiente,  e vice-versa. Tudo isso está no romance Adeus Mr. Chips de James Hilton, traduzido por Érico Veríssimo,  que virou filme de sucesso no século passado. (Coisa um tanta rara, aliás,  de acontecer em plenitude, hoje em dia, quando, vez por outra,  alunos costumam se digladiar com professores em situações de confronto).

            Devia a leitura desse livro a mim mesmo, faz bastante tempo. Quando na AML, em homenagem prestada a Erasmo Dias por ocasião do centenário do seu nascimento em 2 de junho , me coube essa tarefa ,  lembrei   do episódio inicial de nossa amizade, quando, então  na adolescência, levei para sua opinião, um poema intitulado A Chamada. Ele, diante do jovem tímido,  enquanto eu lhe fazia a leitura do curto poema, exclamava: “Good bye Mr. Chips!” E repetia,  com entonação cada vez mais emotiva, o título do romance que virou filme.







            Bem, o poema, por ser curto, pode ser aqui reproduzido facilmente:

“Nº 1: Presente!...  
Nº 2: Presente!...,
Nº 3: Presente!...,
Nº 4: Presente! ......
.............................
Nº 50: Presente!.... 
..............................................................................................
..............................................................................................

Ao mestre com carinho 50 presentes cheios de ausência!’”






 
            Finda a leitura, percebi que ele se emocionara positivamente com o poema. Mas, e o Good Bye Mr.Chips? Por que a alusão?  Eu sabia que esse era o título de um filme e que o final do poema, por sua vez, evocara o título de outro filme de sucesso Ao mestre com carinho (o qual assistira), com Sydney Poitier. Foi fácil apreender que o filme provavelmente aludia a essa terna relação do mestre com seus alunos  porém, ao mesmo tempo, a essa notável complexidade,  quando se chocam a necessidade do aprendizado e o distanciamento libertário da juventude - que o poema sugere, talvez, inconscientemente.  
            Após o término da palestra, conversando sobre esse episódio com um amigo confrade e escritor, lamentamos que, passado tanto tempo, eu ainda desconhecesse o texto original do romance que originara o filme e provocara a exclamação de Erasmo Dias. Notei que algo se fazia premente para dirimir essa incompletude, o que, nestes dias de internet é tão fácil: Estante Virtual, preços módicos, breve diligência, e em uma semana o livro ( uma edição antiga e com páginas amarelecidas e frágeis) estava em minhas mãos.
            Então entendi melhor. Pouquíssimas vezes poderia  ser condensada na trajetória de um professor prestes a se aposentar a desenvoltura desses sentimentos típicos dessa relação mestre/aluno; maturidade/juventude; experiência/esperança. Na edição que li, de 1962, a chamada de capa já enunciava: “A história irresistível do professor mais querido de todos os tempos que já encantou milhões de leitores em todo mundo”.

            De fato, Mr Chips é irresistível, e o resumo dessa empatia talvez ecoe na fala do narrador a respeito de Chips, quando este, a essas alturas já aposentado, foi convidado a regressar ao batente: “Ao  voltar para a escola pela primeira vez na vida Chips se sentiu necessário,  e muito necessário a algo que estava muito perto do seu coração. Não há no mundo sensação mais sublime e isso ele a tinha” .
            Enfim, Adeus Mr.Chips é uma leitura breve e prazerosa que recomendo a todos, especialmente os professores, enquanto agradeço ao saudoso Erasmo Dias e sua memória,  anos depois, mais um de seus ensinamentos literários que agora se junta aos que tanto me gratificaram.  

                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O GRANDE CAPITÃO





artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão,
de Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas 

Foi de Pelé, maior atleta do século passado, de quem Romário disse que “calado era um poeta”, no entanto,  uma das mais expressivas homenagens prestadas ao lateral  da seleção campeã mundial de 1970, Carlos Alberto Torres, morto três semanas atrás. Nas palavras de Pelé: “Que o querido Deus cuide do nosso capitão.”
            Pois foi essa imagem de capitão e líder de time,  levantando a taça Jules Rimet,  a que permaneceu na memória de todos, naquela que foi a melhor apresentação de uma seleção de futebol em todas as Copas. 

            Porém, não foi essa imagem a que se estratificou na minha memória de fã do futebol bem jogado, preferencialmente a de apenas  torcedor.  Carlos Alberto, assim como Pelé, não realizou seus grandes feitos apenas na seleção, mas no  Santos F.C. o maior time brasileiro de todos os tempos, em relação a cujos feitos,  toda comparação soa ridícula e  tosca,  com a daqueles que pretendem ver   no São Paulo F.C  glórias equivalentes. Ora, o  Santos não foi o melhor time do mundo porque ganhava campeonatos , mas sim ganhava  campeonatos porque era o melhor, coisa completamente diferente.








            A memória leva a 1966, um dos maiores fracassos do Brasil nas Copas. Depois do bicampeonato e tendo Garrincha e Pelé, dois gênios do futebol, o Brasil partiu para Londres na condição de grande favorito. O oba-oba era tamanho que Carlos Alberto, então um jovem promissor de uma nova geração,  foi cortado da seleção para a entrada de Fidélis, apenas para que Rio de Janeiro e São Paulo tivessem o mesmo número de jogadores na seleção potencialmente campeã. O fracasso monumental veio na esteira de duas derrotas na fase classificatória para a Hungria e Portugal, em cuja seleção despontava um  outro jogador excepcional , o africano Euzébio, logo apontado como sucessor de Pelé - o reinado do futebol brasileiro sendo colocado em cheque.









            Pois coube justamente ao   Santos de Pelé e, agora, também de Carlos Alberto , recém-  contratado ao Fluminense,  restaurar a honra do futebol brasileiro. Realizou-se,  em Nova Iorque,  um grande torneio, o World Champion Cup, espécie de tira-teima,  com a presença do   Santos, Milan e Benfica( time de Euzébio) os melhores times do mundo. Os norte americanos,  que começavam a se deslumbrar com o futebol,  pagaram pra ver e encheram os estádios para comprovar  a derrocada do futebol bi campeão do mundo.
            E foi então que a imagem do mito se formou quando, sonho de vingança realizado,  o deslumbramento surgiu. Com atuação excepcional Carlos Alberto Torres anulou completamente o  ponta esquerda Simões considerado o melhor da Europa, especializando-se naquilo que é tão raro e é só possível a laterais de sua estirpe. Não só marcava bem, como atacava melhor, o que é muito raro.  Pelé, de novo exuberante,  e cia.  fizeram o resto. O  Santos esmagou o Benfica por 4 a 0 e goleou  o Milan por  4 a 1, iniciando  a recuperação do futebol brasileiro rumo ao tri em 70.
            Portanto, 4 anos antes do tri , Pelé  etc. e os meninos Carlos Alberto Torres e Edu começaram a ganhar a Grande Copa.
            “Que o querido Deus cuide do nosso capitão”  como disse Pelé.


                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com


sábado, 19 de novembro de 2016

A DIFERENÇA ENTRE O DINHEIRO 'VIVO' DE LULA E O NOSSO


artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão

José Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas ( book trailler abaixo)

Primeiro a eleição de Donald Trump, depois a SUPERLUA. Alguma coisa a ver? Aparentemente não, mas a ‘realidade’ tem razões que a própria razão desconhece. Isso segundo afirma JUCA POLINCÓ, ex-jornalista, ex-comunista, ex-jogador de futebol, enfim, ex-tudo, antes de se tornar, segundo ele próprio afirma, um filósofo. Tanto assim que se autointitula Juca Polincó, (o filósofo politicamente incorreto da periferia).
            São deles   os  comentários que aqui reproduzo.(Não necessariamente em nome da concordância com suas ideias, diga-se de passagem ) .







            1.A SUPERLUA (fenômeno pelo qual a Lua pôde ser vista em tamanho maior) aconteceu ontem  na Terra.  Foi a maior aproximação da Lua com a Terra  desde 1948.
            Comentário de Juca:
            “Tenho certeza de que esse fenômeno aconteceu - por algum desvio da trajetória e com muito maior aproximação - há alguns dias atrás nos USA, mais precisamente no dia da eleição presidencial. Deve ter sido essa a razão pela qual os norte  americanos , sob sua influência,  repentinamente ficaram lunáticos,  a ponto de votarem em Trump. Só isso explica. Estavam sob o efeito da Lua!”



                                    




            2.A eleição de Donald Trump, com a entronização de Melânia Trump como primeira dama dos USA confirma uma tendência: ex-modelos como primeiras-damas.  Aliás, mulheres que já tenham posado nuas, neste século, já despontam como favoritas para ocuparem cargos públicos. Recentemente, na Ucrânia, Anastassia Deeva, de apenas 26 anos de idade e habituê de ensaios  sensuais, foi nomeada vice-ministra do Interior sob muita polêmica.
            Apenas como primeiras damas, primeiro foi Marcela Temer, agora Melânia Trump. Antes disso já houve a Carla Bruni, esposa de Nicolas Sarcozy, na França. Descortina-se, portanto,  um novo futuro para as modelos: ao invés de Ex-BBBs, Primeiras-Damas.

            Comentário de Juca:
            “Ao invés de isso ser interpretado como uma coincidência, é tempo de que todos se conscientizem de que estamos diante de uma nova regra que  poderia se chamar Postulado Zero da Pretensão Presidencial que se enuncia: “ Se você pretende ser presidente de um país grande e forte, primeiro case com uma modelo com 30 anos menos – de preferência que já tenha feito nus. Depois disso a presidência lhe cairá como uma  luva. ”
           
            3.A Revista Isto É desta semana denuncia que  Lula recebeu propina em dinheiro vivo.
            Comentário de Juca:
            “Felizes os que podem escolher se recebem dinheiro vivo ou dinheiro morto.  Nós, pobres, só recebemos  dinheiro espírita, ou seja , aquele que só aparece quando se sonha.
            Só não dá pra entender é tanta surpresa quanto à Lula e o dinheiro que recebeu ainda vivo (o dinheiro, claro). Como todo mundo sabe Lula sempre foi mais vivo do que o dinheiro que recebe!”  

            4. A eleição de Donald Trump  para presidente do maior país do mundo, com zero de 
experiência administrativa, e com o único mérito de ter comandado um Big-Brother  revela a chegada de um novo tempo.
            Comentário de Juca:
            “Finalmente!  Deixamos de ser espectadores para sermos (todos os humanos vivos ) participantes de um imenso Big-Brother. Era inevitável, embora tenha acontecido mais cedo do que se esperava.  E nosso comandante será o animador Donald Trump.

            Bem, para os brasileiros resta o consolo de que podia ser pior. Por mais canalha que seja, Trump não é um farsante como Pedro Bial ou um bobalhão como Roberto Justus.

sábado, 12 de novembro de 2016