sábado, 31 de dezembro de 2016

2017: DECLARAÇÃO DE DIREITOS


Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas

artigo publicado no jornal
o Estado do Maranhão


Prevenindo-se do que aconteceu com o ano de 2016, constantemente execrado durante sua trajetória, 2017 resolveu exibir antecipadamente a sua DECLARAÇÃO DE DIREITOS, exigindo que todos a compreendam e executem para bem de todos e felicidade geral das nações: 
       
            1.O ANO DE 2017 (Ano-Novo) avisa que terá o direito de ser apenas uma mera fração de tempo com duração de 365 dias, nem um segundo a mais ou a menos. Que não será candidato à reeleição, muito menos aceitará impeachment. Que não doará um segundo a mais a quem quiser prolongar sua vida, muito menos vai tirar de quem pretende abreviá-la. E - já avisando aos corruptos: toda abordagem será em vão. Não há dinheiro que compre um segundo a  mais ao que já vem destinado por Deus.  

            2.O ANO DE 2017 avisa que prefere ser chamado pelo nome-número 2017, que o classifica e identifica, ao invés de apelidos, como Ano Novo, Reveillon, etc.  Entende que apelido é coisa para marginal e, mais recentemente,  para político ladrão corrompido pela Odebrecht,  não pretendendo, para si, a mais vaga  alusão ou semelhança com esse tipo de gente.

            3.O ANO DE 2017,  mesmo não se empolgando com isso,  lamenta que os festejos bizarros que festejarão sua chegada, não sejam repetidos uma única vez pelo resto do ano, como se só merecesse respeito e consideração por ocasião de sua chegada.



                                           
                           
      




            4.O ANO DE 2017 deixa claro que não gostará de ser chamado de Velho (ano-Velho) , ao fim de seus, apenas, 365 dias, pois considera que isso não é tempo suficiente para deixar alguém velho. Os humanos, por exemplo: ninguém chama uma criança de velho  com apenas 1 ano de idade.

            5.O ANO DE 2017 avisa que não gostará de ser responsabilizado – como infelizmente aconteceu com o 2016 -  por tragédias de origem natural como chuvas, trovoadas, furacões, tsunamis etc. . E muito menos por aquelas, (muito piores) de origem humana como aviões caindo, guerras, Donald Trump na presidência, ou autoridades se corrompendo.

            6.O ANO DE 2017 avisa que não dispõe de máquinas milagrosas para sugar a gordura de quem pretende emagrecer, a partir do início de seu mandato. Que não é feiticeiro ou mágico e, mesmo que tivesse algum  poder, não o usaria para satisfazer  o desejo de qualquer bobalhão. Por isso sugere que poupem tempo, dinheiro e energia com pedidos de primeira  hora,  em meio a patacoadas, bizarrias e demais papagaiadas pelas praias, no dia 31 e arredores.



                                                





            7.O ANO DE 2017 lembra, consternado, que começará exatamente milionésimos de segundo após a saída do 2016, mas não terminará necessariamente milionésimos de segundos antes do 2018 (para quem vai morrer, claro). Por isso recomenda: menos empolgação e mais reza.

            8.O ANO DE 2017 avisa, no caso do Brasil,  que não suportará ser chamado, ao final, de Ano Aziago, Ano Calamitoso, Ano Ruim, Ano Trágico, etc. , como está acontecendo com o 2016. Recorda que não tem culpa da existência de tanto político ladrão à solta nessa terra; se o povo é que os escolhe; se suas  mentes não funcionam e seus ouvidos menos ainda. E pede encarecidamente que tenham a gentileza de poupa-lo do som música de dupla sertaneja em sua chegada ou de, pelo menos, diminuírem o volume.   
                                                                       ewerton.neto@hotmail.com



domingo, 25 de dezembro de 2016

O FIM DE PAPAI NOEL



artigo publicado n jornal O estado do Maranhão

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas


Ninguém deu atenção quando aquele velhinho de bota furada e barba branca bateu à porta daquela mansão do Calhau. Aconteceu no Natal do ano passado, já eram duas da matina e o uísque baleado corria solto.
            - A paz esteja convosco! - disse.
            Claro que ninguém o escutou. Todo mundo já estava muito legal. Resolveu gritar.
            - A paz esteja nesta casa!
            Desta vez alguém ouviu. Um rapaz de uns 15 anos que coincidentemente estava saindo.
            - Gente, tem um mendigo aqui, querendo dar uma de Papai Noel. – avisou o rapaz, não sem antes sussurrar em seus ouvidos: “Cara, se quiser levantar uma graninha, corta essa de paz. A turma aí tá mais a fim é de guerra!” – disse, lembrando de que teve de lutar muito para conseguir uma pequena porção de pó, razão de sua saída antecipada.  Mas, talvez porque quisesse pregar uma peça nos que estavam dentro do recinto deixou o Papai Noel entrar.




                                                 





            Foi um alvoroço. O dono resolveu botar ordem na casa. “ Não é possível, até aqui esse bando de filho da puta, vem aporrinhar. Tô de saco cheio!”
            O velhinho entendeu mal, tentando contemporizar.
            - O saco do papai Noel já tá meio vazio, mas ainda tem para esta casa. Cadê as crianças?
            - Vocês viram? – Bradou o indignado homem. E ainda por cima é pedófilo!
            - Vamos chamar a polícia maridão – Falou uma das  3 mulheres que rodeavam o patrão.         - Você já se deu conta do que está aprontando, seu desmancha prazeres? Por que essa fantasia ridícula de Papai Noel?
            Alguém sugeriu:
            - Esse cara tá querendo é grana e cachaça. Dá um gole pra ele e nos livramos de sua presença
            Aturdido, o velhinho teve dúvidas se estava na hora e local exatos. Sentia-se muito cansado. São Luís era a última visita de sua longa jornada.
            - Escuta gente, ´por  acaso vocês não estão festejando o Natal: o dia em que Jesus Cristo nasceu?
            - Jesus? Que tem Jesus? Você tá se referindo ao Jesus ( Gabriel) do Palmeiras? Ou por acaso  ao refrigerante Jesus que, por sinal, tá acabando?
            - Mas, hoje não é noite de Natal?
            - Se não fosse Natal o que estaríamos comemorando? É Natal, sim. Por que tenta nos confundir? Quem é esse Jesus Cristo, o que uma coisa tem a ver com a outra?
            O velhinho não aguentou. Definitivamente, havia alguma coisa errada  e era com ele. Já havia falado com Deus que não dava mais, o alzheimer  estava  se aproximando.  Resolveu que essa teria de ser sua última viagem. Humildemente se despediu.
            - Pessoal, devo ter cometido algum engano. Desculpem por interrompê-los. Vou indo.
            - Já vai tarde – falou alguém.  Vá encher  o saco noutro terreiro e tão cedo não volte aqui.




                                                      




            Por alguns segundos, nem se sabe por que, fez-se silêncio naquela mansão. Se alguém tivesse levantado a cabeça para o céu teria visto um velhinho no rumo das  nuvens puxado por um conjunto de renas. Mas, a essas alturas, quem ia querer saber de olhar pro  céu?
            - Pessoal, não vamos deixar um mendigo de rua acabar com nossa festa, Bota um sertanejo aí, e vamos deixar a alegria rolar – ordenou o dono da casa, reanimado, de novo. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

APELIDO DE LADRÃO




artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas


Antigamente, apelido era coisa de jogador de futebol. Didi, Pelé, Vavá, o trio da copa de 58. Quem precisava de nome?
            Com o passar dos anos, apelido passou a ser evitado como uma pedra no caminho do sucesso. Jogador de futebol hoje tem de preferência um nome da moda, ou dois, para soar mais digno e merecedor de um futuro contrato na Europa: Lucas Lima , Rodrigo Caio, Gabriel de Jesus. Parece até nome de dupla sertaneja. Que por sua vez passou de Jararaca e Ratinho e Xitãozinho e Xororó para Bruno e Marrone, Tiago e Lucas, Luan e Santana, (Ou seria Luan Santana?) Tanto faz, já que  dá na mesma porcaria.
            Sobrou para marginal. Sim porque em bandido apelido sempre cai bem, já que vale como um distintivo. Neles, o nome próprio é que soa como nome emprestado.




                                           





            Eis que começaram as ações do lava-jato e logo se descobriu que todos os políticos denunciados tinham apelidos e, assim como os marginais, em tons pra lá de bizarros. A princípio, se poderia pensar nisso como uma tentativa de proteção  para encobrir a atividade sub-reptícia. Mas,  se é assim, por que não preferir senhas, ou números, ou códigos?  Não seria por que, para os corruptores, alguns dos políticos comprados se assemelham a marginais e, portanto, não mereceriam mais que as alcunhas com que os marginais se tratam?

            Deixemos pra lá. Tentemos, pelo menos, especular  uma possível causa para tão grotescos codinomes.

            1.CAMPARI. Apelido de Gim Argello que recebeu 2,8 milhões
            Será por causa do nome original, cuja referência a Gim  e Gello, lembra uma dose geladíssima de Campari? Ou teria sido porque ninguém se “compara” a ele na avidez por uma propinazinha? A escolha é sua, leitor.

            2.DECRÉPITO. Paes Landim. Recebeu cem mil.
            Este,  seguramente, nada tem a  ver com o nome. Então só pode ser porque só pediu cem mil enquanto os outros pediram de trezentas milhas pra cima. O comentário diante do seu pedido de cenzinho deve ter surgido, na bucha: “Só pode estar decrépito!”

            3.MISSA. José Carlos Aleluia,  que recebeu 300 pilas.
            A influência do nome surge  de novo e, neste caso, são duas as opções. Teria sido porque Aleluia lembra missa? Ou porque não há missa, nem padre, e nem reza,  que livre um corrupto do fogo do inferno?

            4.CARANGUEJO.Eduardo Cunha. Recebeu 7 milhões.
            Sem dúvida, algo a ver com unha, do nome C unha, e , daí, à unha do caranguejo.  Neste caso, seria porque um bom caranguejo não gosta de viver fora da lama ( como Cunha) ou porque sua unha, ao segurar uma grana, não a abandona de jeito algum?



                                                   





            5.A FEIA. Lídice da Mata. Duzentos mil.
            Essa sim,  dispensa explicações. É só olhar pro  retrato da moça. Mas, com tanta gente feia ela mereceu apelido tão simpático só porque fisicamente é feia de dar dó, ou porque sua feiura vai além e chega até a alma, como é próprio de quem rouba mais por vício do que por necessidade?

            E assim por diante, falta espaço para tanto apelido, o que nos força a reconhecer o malabarismo e a inventividade de seus inventores. Como a coisa não vai acabar tão cedo, nada como um apelido atrás do outro. 

sábado, 10 de dezembro de 2016

SOBRE CERVEJA




artigo publicado no jornal O estado do Maranhão, quinta-feira

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas



Festejos de fim de ano, alegria, confraternização  e...Cerveja. O espírito de renovação (pelo menos aquela parte que precisa de ilusão) não vai pra frente sem ela: a cerveja. Nada como conhecer um pouco mais dessa dita cuja.

            1.Zitologia É o estudo da cerveja e de sua fabricação. Inclusive o papel de certos ingredientes no processo de fermentação.
            Como seria bom se certos membros do Congresso especializados em Corruptologia (a ponto de inventarem emendas na calada da noite para se protegerem da Justiça!)  fossem,   ao invés disso, especializados em Zitologia!

            O Brasil ao invés de ser o Campeão Mundial da Corrupção seria campeão mundial  em Felicidade Interna Bruta - índice que mede a felicidade de um povo.



                                             




            2.As receitas mais antigas escritas pelo homem sobre a cerveja foram escritas em taboas de pedra há mais de 5 mil anos Em forma de canções.
            “Ou seja,  já nessa época, depois de alguns goles dava vontade de sair cantando”.

            3.Os primeiros cervejeiros profissionais eram todas mulheres.
            “E, pelo andar da carruagem, considerando o aumento exponencial  das praticantes,  as últimas também serão”.

            4.O lúpulo usado na cerveja é da mesma família de plantas que o da maconha.
            “A cerveja tem esse  poder. Deixa tudo em família” .

            5.O primeiro acidente de trânsito causado pelo álcool foi em 2000 a.c. Um cocheiro foi preso apos atropelar uma estátua da deusa Hator no Egito antigo . Ele foi crucificado na porta da taverna que lhe vendeu a cerveja e lá ficou até se decompor.
            “Bons tempos esses em que os condutores bêbados  derrubavam estátuas! A evolução da espécie humana a partir daí só contribuiu para diminuir o status dos pinguços condutores já que, hoje em dia, ao invés de estátuas de deusas, derrubam postes. Pelo menos quanto às consequências a evolução foi positiva, já que ninguém é crucificado. Quando muito se vai para a cadeia, mas, ainda assim,  só se for pobre”.

            6.A revolução agrícola começou porque as pessoas precisavam fabricar mais cerveja Isso levou a invenções do arado e sistemas de irrigação.
            “A célebre frase de Arquimedes: Dê-me uma alavanca e eu mudarei o mundo!, não passa, portanto, de imitação de uma frase proferida por algum pinguço anônimo da época: Dê-me um copo de cerveja e eu mudarei o mundo”.

            7.A cervejaria funcional mais antiga do mundo é de 1040 e fica perto de Munique na Alemanha. Chama-se Bayerische Staatsbrauerie Wheihenstephan.
            “Muito interessante, caro leitor. Decore essa informação para fazer  enorme sucesso na mesa de bar. Só não tente pronunciar o nome da cervejaria depois de bêbado. Você vai se engasgar e...”

            8.Uma das leis mais antigas do mundo era associada a cerveja. O rei Hummurabi, da Babilônia,  decretou que todo mundo deveria beber uma quantidade diária de cerveja determinada pelo seu estatus social. Ele também condenou mulheres, que serviam cerveja estragada, à morte por afogamento.



                                               





            “Deu pra entender porque só  as mulheres eram condenadas? A morte devia ser por afogamento na própria cerveja e, neste caso, marmanjos pouco se importavam em morrer afogados, muito pelo contrário.”

            9.Cenosilicafobia é o medo dos copos vazios de cerveja.
            “Eu já desconfiava de que metade dos meus amigos de mesa de bar sofria desse mal. Só não sabia que se chamava assim”.
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com