quinta-feira, 6 de julho de 2017

NADA É TÃO MARAVILHOSO!





Pois não é que esse bem danado que só o nada pode trazer  está sendo redescoberto, objetivado e compartilhado em grupo? Recente reportagem de  uma revista semanal dá conta de que chegou a vez dos seres humanos desfrutarem as maravilhas do nada antes que ele chegue -  daquela sua  forma avassaladora que todos sabem. “Nada como o nada!”, é o postulado fundamental do Nadismo. 
Em São Paulo, por exemplo, em um clube  que segue fielmente esses princípios, as pessoas dedicam-se o tempo todo a...não fazer nada. O que está longe de ser uma tarefa fácil, segundo o seu fundador , um    tal de Marcelo Bohrer. “Fazer nada é essencial para a qualidade de vida e isso é difícil porque as pessoas se sentem culpadas por acharem que estão desperdiçando  tempo”. 
            Oscar Wilde, o grande escritor inglês já antecipava isso, quando dizia que o trabalho é para quem não consegue encontrar coisa melhor para fazer. Por ter dito também que “Não existe pecado maior que o tédio” há de se acreditar que sentia enorme prazer dedicando-se exclusivamente ao nada nos intervalos de sua genial produção literária. De qualquer forma, parecem existir nadas e nadas e o nada parece com tudo, menos com o nada que ele foi um dia (como já dizia o rock de Lulu).
            Justamente por saber disso o Nadismo impõe algumas regras, entre as quais a de que o nada não pode ser tratado como se fosse nada. Entre outras coisas  é essencial: esquecer os compromissos e curtir o momento; não se preocupar com o certo ou o errado; privilegiar o silêncio e a imobilidade e não pensar produtivamente. 







            Alguém poderia pensar que isso já vem sendo praticado há muito tempo pela maioria dos nossos governantes, obviamente sem qualquer resultado prático a não ser a de encherem suas malas de dinheiro!
            Para não confundir alhos com bugalhos ou nadas com nadas eis alguns postulados essenciais para desfrutar das maravilhas desse  nada obsessivamente destinado a você, sem que se dê conta disso.

            1.Escolha o nada simplesmente. Nada pode ser tão puro e tão simples, mesmo que ‘tudo’ atrapalhe.

            2.Entre a imbecilidade que o cerca e a música sertaneja que o inferniza prefira o nada.

            3.Ao contrário de tudo no Brasil o nada é incorruptível . Quando os corruptos falam mal dele e dizem que fizeram nada podem acreditar que esse é um falso nada.

            4. O nada é mais forte que a morte. Se um dia morrer,  pode ter certeza de que sobreviverá.

           5 O nada é o único companheiro fiel que existe. E o único que não o abandona, mesmo depois de morto.


            Por fim, não aceite imitações. Seu nada particular é seu e será só seu. Não o compartilhe com ninguém. Do jeito que as coisas estão poderão tomá-lo. E cobrar imposto de renda. 


José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas





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