Pois não é
que esse bem danado que só o nada pode trazer
está sendo redescoberto, objetivado e compartilhado em grupo? Recente
reportagem de uma revista semanal dá
conta de que chegou a vez dos seres humanos desfrutarem as maravilhas do nada
antes que ele chegue - daquela sua forma avassaladora que todos sabem. “Nada como
o nada!”, é o postulado fundamental do Nadismo.
Em São Paulo, por exemplo, em
um clube que segue fielmente esses
princípios, as pessoas dedicam-se o tempo todo a...não fazer nada. O que está
longe de ser uma tarefa fácil, segundo o seu fundador , um tal de Marcelo Bohrer. “Fazer nada é essencial
para a qualidade de vida e isso é difícil porque as pessoas se sentem culpadas por
acharem que estão desperdiçando tempo”.
Oscar Wilde, o grande escritor
inglês já antecipava isso, quando dizia que o trabalho é para quem não consegue
encontrar coisa melhor para fazer. Por ter dito também que “Não existe pecado
maior que o tédio” há de se acreditar que sentia enorme prazer dedicando-se
exclusivamente ao nada nos intervalos de sua genial produção literária. De
qualquer forma, parecem existir nadas e nadas e o nada parece com tudo, menos
com o nada que ele foi um dia (como já dizia o rock de Lulu).
Justamente por saber disso o Nadismo
impõe algumas regras, entre as quais a de que o nada não pode ser tratado como
se fosse nada. Entre outras coisas é
essencial: esquecer os compromissos e curtir o momento; não se preocupar com o
certo ou o errado; privilegiar o silêncio e a imobilidade e não pensar
produtivamente.
Alguém poderia pensar que isso já
vem sendo praticado há muito tempo pela maioria dos nossos governantes,
obviamente sem qualquer resultado prático a não ser a de encherem suas malas de
dinheiro!
Para não confundir alhos com
bugalhos ou nadas com nadas eis alguns postulados essenciais para desfrutar das
maravilhas desse nada obsessivamente destinado
a você, sem que se dê conta disso.
1.Escolha o nada simplesmente. Nada
pode ser tão puro e tão simples, mesmo que ‘tudo’ atrapalhe.
2.Entre a imbecilidade que o cerca e a música sertaneja que o inferniza prefira o nada.
3.Ao contrário de tudo no Brasil o
nada é incorruptível . Quando os corruptos falam mal dele e dizem que fizeram
nada podem acreditar que esse é um falso nada.
4. O nada é mais forte que a morte.
Se um dia morrer, pode ter certeza de
que sobreviverá.
5 O nada é o único companheiro fiel
que existe. E o único que não o abandona, mesmo depois de morto.
Por fim, não aceite imitações. Seu nada
particular é seu e será só seu. Não o compartilhe com ninguém. Do jeito que as
coisas estão poderão tomá-lo. E cobrar imposto de renda.
José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas
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