segunda-feira, 24 de julho de 2017

FALTA TORNOZELEIRA, MAS NÃO FALTA BANDIDO





Um dos assuntos mais comentados pela imprensa na semana passada foi a falta de tornozeleiras. Não de tornozeleira para moças, nas lojas de artigos femininos, mas de tornozeleiras eletrônicas para criminosos. E não a de tornozeleiras para bandidos comuns, mas para os da Lava-Jato.   
            Bons tempos esses? Não seriam piores os tempos em que faltava feijão na mesa  dos brasileiros? Talvez não, talvez sim. A falta de tornozeleiras quando não falta arroz e feijão mas faltam valores morais, enseja a que se pondere que, pelo menos, foi criado um novo tipo de oportunidade empresarial para o  empreendedor inventivo.
            As oportunidades são muitas. Vamos a elas!

            1.Tornozeleira Eletrônica, categoria VIP.

            É inadmissível que faltem tornozeleiras justamente para gente capaz de comprar milhares delas, só com o troco da propina recebida. Acostumados a usufruírem do bom e do melhor imagine o constrangimento de ter que enfiar a canela numa tornozeleira vulgar, que qualquer bandido de segunda pode usar. Isso sim,  é bullyng pra ninguém botar defeito!
            (A cara de bebê chorão de Geddel, por exemplo,  após ser preso,  é bem uma demonstração disso. Parece que está reclamando mais por não ter direito a uma tornozeleira adequada do que pela cadeia em si. É fácil imaginá-lo berrando ao celular. “Maiê! Trabalhei tanto pra enriquecer e não me deram sequer  uma tornozeleira!”)
            Essa  oportunidade única  se apresenta, agora, ao empresário arrojado que se disponha a fabricar tornozeleiras com recursos tecnológicos adicionais indispensáveis à clientela a que se destina: com alívio de posição, jogos eletrônicos ao alcance dos dedos do pés, pulsações para exercício muscular etc. etc.

2.Dispositivo Anti Gravação.
            Com um desses equipamentos à disposição Michel Temer não precisaria, hoje, descer do seu pedestal para assediar deputado a deputado,  do alto ao baixo clero e, até, sub clero. Fáceis de acionar a um comando simples, tal dispositivo embutiria um tipo de ressonância que tornaria inaudível qualquer gravação inconveniente. Prático e moderno,  tal equipamento tenderia a ser um sucesso no ambiente de empresários e políticos corruptos  onde passaria  a ser chamado também, com muita propriedade,  de Confunde-Delator.

            3.Malas Camufláveis.








            A descoberta pela lava-jato de malas de dinheiro associadas a autoridades fornece a impressão desmoralizante de roubo muito primário. A fabricação de  malas camufláveis evitaria que essa gente passasse por essa constrangedora vergonha. Inovações advindas dos avanços tecnológicos já permitem a fabricação dessas malas, a salvo de qualquer detecção eletrônica.

            Claro, seu custo não seria accessível a ladrões de galinha, mas estamos falando de gente que transporta nessas malas dinheiro capaz de comprar centenas de malas camufláveis. Sem contar que a clientela não seria feita apenas de criminosos já constituídos, mas dos futuros,  em potencial. Atualmente, os fabricantes rezam para que o foro privilegiado continue ad eternum. Sua produção em larga escala fundamenta-se na regra básica do bandido precavido: “Melhor prevenir que remediar”.  Com foro privilegiado e sabendo que ninguém vai preso,  jamais haverá ladrão capaz de resistir à tentação! Pelo menos, no Brasil.
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

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