Quem leu o
livro A história do mundo sem as partes chatas viu que tudo era divertido
e bastante aceitável (pelo menos ninguém
reclamava da vida ) por bilhões e bilhões de anos, até que surgiu o ser humano,
por volta de 4,5 milhões de anos atrás. Só então começou a vida humana, e, com isso, a reclamação, a intolerância, enfim, a chatice.
1.E pensar que tudo começou
justamente por causa dela, da chatice. Basta lembrar que Deus só fez o que fez (
estamos falando do Universo) porque não
aguentava mais o tédio. Se não existe ‘pecado maior que o tédio’, como disse
Oscar Wilde, vai ver que Deus, não aguentando mais tanta eternidade, solidão e,
ainda por cima, pecado deve ter pensado “Tenho
que fazer alguma coisa pra acabar com isso!”.
E lá veio o Universo, entre
big-bangs, big-expansões, big-fúrias de energia e... big-chateações. Sim,
porque Deus, um segundo depois, já estava tão chateado com o que acabara de
fazer que decidiu sumir por vários milheiros
de anos-luz, com o firme propósito de não permitir que alguma inteligência
aparecesse, algum dia, com a capacidade de investigar quem ele era e porque razão
havia feito aquilo. Só não contava que, por algum defeito de fabricação, ( até
Deus erra) bilhões de anos depois um minúsculo ser fosse aparecer lá pelos
confins de um minúsculo planeta com essa estranha capacidade de pensar e, assim,
de aporrinhar: à Deus, a si mesmo e uns aos outros.
Sim porque o ser humano é um ser pra
lá de chato e para ter certeza disso nem precisa chegar a seus exemplos extremos:
Galvão Bueno, Michel Temer, Faustão etc. Infelizmente, eles não são os únicos.
Numa escala um pouco menor estão aqueles que nos rodeiam onde quer que se vá:
líderes religiosos, guardas de trânsito, crianças precoces e adultos retardados
etc., embora devamos contemporizar que
nem sempre foi assim, o que nos leva a uma previsão alarmante: “ Imagine o que não está por vir!”
2.Porque nem sempre foi assim.
Quando o ser humano tinha um diminuto cérebro, e ainda não tinha adquirido a
tal capacidade de pensar, não passava de um animal intuitivo e bronco e,
portanto, era apenas bronco.
A chatice começou, milhares de anos depois com certos pensamentos: “Essa fêmea é minha” “Sou
eu que mando aqui” “Sai fora do meu fogo ” que foram o embrião dos pensamentos atuais
que traduzem uma formidável sofisticação
da chatice: “Mãe, eu sofro bullyng”, “ Graças a Deus que sou ateu ” “ Meu time
tem dinheiro, o teu não” “ Eu acredito em Lula” etc. etc.
Ao constatar-se, hoje, que os seres
humanos estão preferindo conviver com outros raças de animais chega-se à comprovação
fácil de que a adoção progressiva de cachorros e
gatos têm uma óbvia explicação : são menos chatos! Na mais prazerosa das hipóteses não falam. E nem cantam música
sertaneja.
3.
O pior da história é que a chatice evolutiva se alimenta de si mesma. Sendo impossível andar com um cachorro ou um
gato debaixo do braço os homens inventaram os celulares para não terem que se
cumprimentar, se escutarem ou falarem
uns com os outros, o que só tem um lado bom: a chatice do ser humano está com
os dias contados.
Isso
deverá acontecer em breve quando as máquinas (até elas) não suportarem mais os
seres humanos. Sem outra saída estas terão de promover o fim da humanidade e, sendo assim, a chatice universal
acabará. Só assim.
José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas
Nenhum comentário:
Postar um comentário