Nas últimas semanas dois ícones da Grande Beleza sucumbiram. Gina Lolobrígida e Raquel Welch, ambas atrizes. Anteriormente, da mesma geração, tinham ido Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe, Ava Gardner. Que eu me lembre, desse time da “grande beleza” permanecem Cláudia Cardinale e Sofia Loren.
Quando me refiro à Grande Beleza, falo de belezas estonteantes, que marcaram uma geração de fãs, numa época em que o foco das ilusões e de deslumbramento era o cinema e suas atrizes eram suas marcas mais exuberantes. Eram tão belas que a constatação parece óbvia: Já não se fazem belezas como antigamente!
Embora o “amor à primeira vista”, de suas fotos, mesmo para as gerações que não as conheceram permita chegar, de forma enviesada, a essa conclusão, penso, contudo, que isso não seja verdadeiro e a explicação, deve estar embutida no comentário anterior: o deslumbramento causado por suas aparições em filmes, fotos de revistas e calendários, acontecia porque havia um clima criado em torno e, sobretudo, concentração , o que era um terreno fértil para fomentar todas as ilusões possíveis - desde as de atrativos sexuais até as platônicas.
Ao contrário de hoje, quando as belezas, paradoxalmente numa época mais favorável, devido à tecnologia posta a serviço da estética, são equivalentes, porém, fragmentadas, dispersas, emocionalmente difusas num oceano de imagens pululando a cada momento nas redes sociais.
Hoje não há mais lugar mais para a pausa refletida e para a contemplação e, consequentemente, para a imaginação e o sonho, que é o suporte da beleza confiável.
Isso explicaria, a meu ver, porque Sofia Loren, ainda viva, foi a maior de todas. Havia a magia causada pelo seu magnífico olhar, pela sua sensibilidade e por seu talento, adicionados à sua beleza natural. Quem duvidar que leia Sofia Loren, vivendo e amando sua primeira biografia escrita, onde tais ingredientes são captáveis, no rastro de sua trajetória vitoriosa, mas nem sempre fácil.
Fica fácil entender porque ela ainda permanece, mesmo descaracterizada fisicamente e erodida pelo tempo, no degrau superior da grande beleza.
Artigo publicado no site http://www.imirante.com