sábado, 29 de junho de 2013

ATÉ QUE NÃO...



artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje,
sábado


“Até que não”, frase que ninguém sabe explicar exatamente o que significa,  mas todo mundo entende,  virou ‘meme’ na Internet. Alguém sabe o que é  meme?
 “Até que não”, você poderia responder, ficando claro que, se você nada acrescentou, mesmo assim seu interlocutor entendeu o que você queria dizer (ou não) e ponto final. O meme  avassalador surgiu após um diálogo  entre Xuxa  e uma fã, pelo twitter:

XUXA – “Minha gente, desculpa não ter falado com vocês esses dias. Estou ralando muito. Férias estão chegando, preciso gravar para adiantar. Mas estou com saudades dos nossos papos. Beijos”.
( Aline Gomes) - “Dando muito, né?”.
XUXA – Até que não.
E pronto, foi suficiente para a fama. Uma celebridade que não tem o que fazer; uma fã  com  menos ainda o que fazer, suspeitando, com razão,  de que uma celebridade que não tenha o que fazer esteja dando muito; uma resposta que quer dizer tudo - ou nada - ao gosto do freguês,  e eis que temos a matéria-prima suficiente para um meme memerável ( ops, memorável). Para quem ainda não entendeu o significado da frase , eis alguns usos, muito práticos, de utilidade pública.

                           


1.REPÓRTER. “Presidenta Dilma, porque o pacto só saiu depois das manifestações?”
            PRESIDENTA. “Até que não”.
            REPÓRTER. “Como assim?”
PRESIDENTA. “Já houve um pacto para curar gay. Outro para curar o Maracanã - que estava muito velho -, outro para curar Carlinhos Cachoeira, Zé Dirceu e outros da cadeia.  Enfim...”
REPÓRTER. ”E para curar a corrupção?”
PRESIDENTA. “Até que não.”


                                                


2.REPÓRTER. “Felipão, as estatísticas mostram que o Brasil é o país que mais recorre a faltas, tendo o dobro da Espanha. O Brasil antigamente jogava bonito, hoje joga na base da porrada. Você está mandando bater?”
FELIPÃO. “Até que não”.
REPÓRTER. “Como?”
FELIPÃO. “Quer dizer... Só até Neymar virar um bom lutador de MMA.Vocês viram a tesoura voadora que ele deu no zagueiro italiano no jogo contra a Itália?”

                                             
     

3.CAETANO VELOSO ( no twitter, tentando explicar o movimento) “ O jogo do Neymar ensina que o movimento emaranhado das ruas tem de achar o jeito inspirado de acertar. Que saibamos chegar ao mais bonito”
FÃ. “Caetano, essa frase com essa baianidade tão profunda significa que você está aprendendo a filosofar com o Pedro Bial? Ou será com o Arnaldo Jabor?”
CAETANO . “Até que não”
FÃ. “Afinal de contas, você está a favor do movimento ou não?”
CAETANO. “Uma vez eu disse que o Xandy tem o bumbum mais bonito do Brasil. Em matéria de movimento sou mais o seu, com o dito cujo.”

                                                     


4.REPÓRTER. “Deputado,  estamos sabendo que você foi um daqueles que votariam a favor do PEC 37”
DEPUTADO. “ Até que não.”
REPÓRTER. “ Como assim?”
DEPUTADO. “ Quer dizer...votaria, mas já nem posso dizer que votaria. Você sabe, um deputado tem o direito de mudar de opinião para defender os interesses...”
REPÓRTER. “Seus próprios interesses?”
DEPUTADO. “Até que sim, quer  dizer...Não é bem assim, isto é... um deputado é eleito para ter o direito  de não ser contra nem a favor, muito pelo contrário, de forma que sua ausência venha a preencher uma lacuna, ou seja ...”
REPÓRTER. “Afinal de contas, vocês mudaram de opinião a respeito do PEC 37 só depois da pressão popular, não foi?”
DEPUTADO. “Até que não.”  

                                   ewerton.neto@hotmai.com                   http:///www.joseewertonneto.blogspot.com

sábado, 22 de junho de 2013

A COPA VERDADEIRA




artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado.


Mas, afinal de contas, qual é a Copa que o Brasil está disputando? No gramado, verdinho, rodeado de arquibancadas  cheirando a leite, 11 jogadores, bem-nutridos e endinheirados, vestem uma camisa verde e amarela e, depositários da confiança de toda uma nação partem para a luta. Mas, e lá fora? Os manifestantes contra o estado de corrupção a que chegou o país. Que Copa será essa?

1.BRASIL x BRASIIIIILLLLLLLLL!

Esse Brasillllllllllll!,  interminável, que se pretende tão grande como o primeiro é   o de Galvão Bueno, quando o Brasil faz um gol, um golzinho só. Muita gente já se perguntou quanto Neymar, o craque,  ganha para fazer um gol, mas pouca gente já se deu ao trabalho de perguntar quanto custa um gol gritado pelo maior embusteiro  da nação, aquele  que se julga o mais patriota dos brasileiros, Galvão Bueno. Quanto será que ele ganha por cada letra que estende além,  na garganta intermináaaaaaavel ?
Esse Brasiiiilllll, de Galvão Bueno, como ele próprio sabe,  está longe de ser o Brasil de verdade. O Brasiiiillll! de Galvão Bueno é vistoso, joga sempre bonito ( até quando não está jogando nada) , é pleno de brasileiros cheios de vida e de bolso. Milionários, como ele, que têm mansões na Europa onde moram, de preferência à sua própria terra, mesmo sendo tão ‘patriotas’.  É um Brasil de mentirinha, de noventa minutos apenas, ou, no máximo, de 24 h de ressaca de gol, que não resiste à passagem do tempo e do quotidiano, mas  que tem sido suficiente para iludir,  por alguns segundos,  os nascidos num  Brasil de verdade.
O Brasil não é páreo para o Brassiiiiilllll!   
                                               




2.CAMARÕES x ELEFANTES.  

Não se trata da seleção de Camarões, aquele simpático país da África que já jogou um futebolzinho razoável. Camarões, desta vez,  sequer vai à Copa. Mas estamos falando dos camarões que estarão na Copa, aqueles graudões, servidos nos restaurantes de hotéis com estrelas a perder de vista,  para serem deglutidos pelos de sempre: executivos da FIFA, da CBF, negociantes  da Copa – e da cozinha, mandatários   e seus puxa-sacos. São  os camarões de Fortaleza, Recife e Salvador que  a populaça – sem dinheiro sequer para  ir aos estádios, jamais vai sentir o sabor na própria boca.  Quanto aos elefantes, não estamos falando dos rechonchudos elefantes  dos livros infantis , mas daqueles que estarão na Copa e que nasceram especialmente para ela.  Os  elefantes...brancos.
Os camarões farão sucesso, sem dúvida, serão festejados quando descerem pelas goelas, mas depois da copa desaparecerão se em profusão. Já os elefantes brancos, esses não.  Esses permanecerão para sempre, abandonados e   imponentes, monumentos do desperdício, símbolos eternos de um país que os prefere a hospitais e escolas. Os elefantes brancos vencerão.



                                  

3. PÃO x FELI-PÃO.

O pão subiu de preço. O Feli-pão subiu muito mais. Quantos pães,  necessários para alimentar a boca de milhões de brasileiros famintos,  são necessários para alimentar o bolso do Feli-pão? O que é mais importante para o nosso país: o pão na boca do povo ou o pão nos bolsos do Feli-pão? (Um pão custa em torno de quarenta centavos, um Feli-pão, dizem,  ganha quase um milhão). Perguntas que só uma disputa de Copa resolve.
Feli-pão, além de ganhar muita grana,  é um técnico medíocre, igual a tantos por esse Brasil afora, mas tem certas virtudes: é grosseiro, boquirroto, metido a valente , mas esperto o suficiente para se dar bem às custas do talento de alguns  jogadores. Foi assim quando ‘montou’ no talento de Rivaldo,  para ganhar a Copa de 2002 e fez jus à sua personalidade oportunista ao repudiar o jogador,  quando este, veterano, quis voltar a jogar no time que ele dirigia, o Palmeiras. E está sendo  ainda Feli-pão quando,  no último jogo Brasil x México  teve a coragem de dizer que foi o “espírito de luta” implantado por ele em sua  equipe que ganhou o jogo, e não Neymar.  Espírito de que, cara-pálida? Se espírito ganhasse jogo o campeonato baiano terminava empatado - como dizia João Saldanha.
Porém, mesmo que o Brasil perca a Copa, Feli-pão, sairá vencedor. Não terá como abandonar o barco covardemente, como fez com o Palmeiras, time que empurrou para a  segunda divisão. Mas seu salário exorbitante garantirá sua  festa.  Feli-pão não é apenas  pão a perder de vista. É  Feliz-pão!

                                       
                                      

4.PEC 37 X HINO  NACIONAL

Hino nacional,  honra nacional. Páreo duro? Nem tanto. O Hino Nacional será cantado antes das partidas, como sempre,  sem que o brasileiro saiba sequer o que está falando. Ou cantando. Um dia vi perguntarem na tevê a uma famosa e respeitada jornalista qual era o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”. Ela se enrolou e não soube. Mas, qual seria o sujeito do Hino Nacional, da Honra Nacional?
Com certeza não é o PEC, o PEC não parece ser um grande sujeito. Está longe de jogar  como Pelé, com cujo nome parece, antes, ao que tudo indica , ao invés  de jogar,  foi jogado ( para ver se pega) . Os manifestantes não querem o PEC, reconhecem nele um símbolo da proteção à corrupção. Se neste país já ninguém investiga , com a chegada do PEC, ponto final: a corrupção some por encanto. Que solução!
Os manifestantes não gostam desse cara, desse PEC. Mas, quem duvida que o ele vai sair ganhando? Claro, porque quem dá o resultado do jogo não é a bola na rede, mas, justamente,  quem tem o interesse de ficar livre das investigações. A honra nacional, coitada, ficará mais uma vez a ver navios.
Vai dar PEC,   37 a Zero.

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

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sábado, 15 de junho de 2013

A VOLTA DO MARACUJÁ-PÊNIS



artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje sábado.


Estranho que no dia dos Namorados nenhum casal tenha se lembrado de que havia logo ali, num pomar da cidade, o melhor presente que alguém poderia ter dado a seu parceiro apaixonado: o original, simbólico e espiritual  -porque ressuscitou - maracujá-pênis. Ao invés de exaurir suas economias num restaurante da Lagoa ou da Litorânea (capazes de exaurir também qualquer  tesão) era melhor ter escolhido esse fruto de mão dupla . Se ofertado pela moça, para lembrar  as obrigações sexuais do rapaz, tantas vezes esquecidas. Se da parte dele, para insinuar uma renovadora motivação amorosa. 

                Ninguém levou isso conta,  mas  também pudera!: A volta do maracujá-pênis  não foi festejada pela grande mídia a não ser em uma pequena notícia de canto de jornal. Lembro que um dia escutei, em um belo filme, uma frase, nunca olvidada,  sobre um personagem: “muito passado, pouco presente, nenhum futuro”. Certamente o contrário da sina do  novo maracujá-pênis : “pouco passado, muito presente , vasto futuro”.
                                                       

1.O PASSADO. Para quem não se recorda, vale a pena lembrar. O maracujá-pênis surgiu há cerca de dois anos  atrás,  num sítio de Ribamar. Imponente, bizarro  e sedutor logo virou celebridade, bombando na Internet e nas Redes Sociais e deixando para trás gente famosa nesse ramo, como um rapaz  maranhense de Sicupira do Norte,  que tem o maior pênis do mundo. As ribamarenses, excitadíssimas, logo começaram a alterar seus hábitos alimentícios: o suco de açaí foi preterido pelo de maracujá,  o feijão com arroz pelo sorvete do fruto  e a tradicional sobremesa de doce de leite foi superada pelo mousse da fruta amarelinha.  Estrangeiros,  vindos sabe-se lá de onde, começaram a aparecer no sítio de dona Marta, lembrando uma súbita invasão dos sem-terra. Incomodada em sua quietude, Dona Marta, claro, passou a cobrar pela visão do fruto. Sim, porque até o clima mudara com a chegada do fenômeno: por conta das fantasias sexuais das ribamarenses, especialistas começaram a detectar um aumento da umidade relativa do ar no entorno da região.   
Mas, como tudo que é bom  dura pouco, um belo dia, de repente, o fruto se desfez, se foi, escafedeu-se. Para tristeza de todas e felicidade geral dos homens (cada vez mais comprimidos diante da festiva concorrência) o fruto morreu, ninguém sabe como e por quê. Sua curta trajetória  parecia ser coisa de um passado definitivamente enterrado.

                                            

2.O PRESENTE. Mas eis que o fruto se fez de volta, anunciado esta semana para o mundo inteiro, não mais em Ribamar, mas em São Luis. Como se lê na reportagem: “Pé de Pirocujá ( apelido carinhoso do fruto)  retorna, com força total na Ilha do Amor. “ A reportagem acrescenta  anda que o Pirocujá renasceu no bairro do Calhau,  num sítio em frente à casa de um famoso cantor maranhense, que inclusive postou fotos do fruto na Internet para que ninguém duvidasse.  (Teria sua ressurreição  a ver com a qualidade da melodia executada no interior da casa,  e o ambiente musical ao redor?)
Isso não importa, o que interessa é que o Pirocujá (ex-maracujá-pênis) está de volta, sintomaticamente, mais uma vez na Ilha do Amor. Se o amor é eterno, nada mais justo que um fruto que guarda em seu bojo uma representação natural do amor esteja destinado a vida eterna.                                

3.O FUTURO. Apesar de toda essa sina heróica e romanesca não custaria nada aos políticos darem uma mãozinha em prol da  confirmação do  Pirocujá como um novo símbolo da cultura local. Se, conforme noticiado,  existe vereador propondo a instalação de um impostômetro em praça pública (o povo preferiria, com certeza, um corruptômetro)  por que não uma estátua do Piro...em praça pública, para felicidade geral da nação, e das mulheres em especial? A essas alturas, já não deveria estar na pauta dos representantes da população  demandas para implantação de estudos científicos que garantissem a subsistência do fruto, evitando, assim, riscos de outra debandada do mesmo,  causada sabe-se lá por quê?


                                         


Uma coisa é certa. Se comprovado, como sugerido acima,  que o maracujá-pênis precisou para se desenvolver e frutificar de uma boa música popular maranhense, se não houvesse outras razões,  já haveria um bom motivo.
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com                                                                                   http://www.joseewertonneto.blogspot.com

terça-feira, 11 de junho de 2013

NAMORADO A JUROS ALTOS




artigo publicado na seção Hoje é dia de...Sábado, 6 de junho
na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo, jornal o Estado
do Maranhão


Dia dos namorados à vista, as namoradas estão cada vez mais à beira de um ataque de nervos. Trata-se de conseguir um bom presente para ele ou de se sentir objeto de alguma atenção, seja lá como for.
 
Vai compreender as mulheres pós-modernas! Difícil  entender que depois de terem obtido, a muito custo,  a emancipação, a igualdade de direitos, o profissionalismo e a independência ainda careçam tanto assim de um namorado, apenas  para exibir às amigas como se fosse um adorno . E que façam questão de preservá-los mesmo quando são, cafajestes, gigolôs, pretensiosos, ou...

Aliás,  nem precisa que sejam homens, não é mesmo Daniela Mercury? Como canta Erasmo Carlos, antes mal-acompanhada do que só, parecendo ser mais importante para elas, hoje em dia,  ter um namorado do que um homem, mostrando que o grande dilema da mulher ( como de resto , o de todo o ser humano, é o de não suportar a própria companhia).  Como dizia Montagne o maior problema da humanidade -  e em especial o das mulheres - é o de não conseguir ficar sozinha  em seu próprio quarto. Às namoradas então, segundo a faixa etária:

                                         

Tipo 1.  Com mais de 50 anos, a que adora dar de mamar.  (à La Suzana Vieira)

57 anos incompletos e dois maridos também, a única queixa que tem da velhice que chega é a coluna, porque faz tempo que não aparece nas colunas sociais. Diz pra todo mundo que adora seu namoradinho de vinte porque este substitui seu neto com vantagens na hora de ir pra cama, já que dorme bem mais rápido. Não teme as estripulias do rapaz  porque sempre fez sexo seguro:  tanto assim que traiu seus maridos várias vezes, mas com o segurança . Gaba-se do seu namorado mais jovem porque com este descobriu rapidamente, sem precisar de analista,  a causa do imenso vazio que começou  a perceber nas coisas que a rodeiam. A começar, pelo da carteira.

                                      
                                  

Tipo 2. De treze a vinte cinco a popozuda quebra-barraco ( à la Anitta do funk).

Trabalha numa loja de shopping , mora no subúrbio. Popozuda e independente (acha que o segundo adjetivo não passa de um complemento do primeiro) topa qualquer parada, desde que não seja de ônibus. Julga que encontrou o namorado certo, porque este sempre lhe acerta o olho toda vez  em que se excede rebolando a bunda na  balada. Sempre fez de tudo para aparecer, inclusive, desaparecendo com as roupas da butique onde trabalha. De todas as qualidades do amado,  a preferida, além de ele ser do torcedor do Coríntians é a de ser aprendiz de traficante.  Adora tatuagens. Tem uma na nádega esquerda que foi, aliás, sua única veste no último desfile da escola de samba.                            

Tipo 3. Entre 25 a 50: A intelectual pós-moderna ( à La Regina Cazé ou Preta Gil)
Acha que fazer ginástica é uma forma de ser intelectual. Depois de muito ralar diz que finalmente está perto de encontrar a si mesma, mas reconhece, um tanto tardiamente,  que essa opção para namoro não serviria. Depois de correr  feito uma desesperada de manhã, de tarde, de noite, encontrou  o atual namorado: um ex-flanelinha, ex-jogador de futebol , ex-cantor de forró, ex-cordeiro de trio elétrico, enfim, um ex-croto. (como as ‘intelectuais’ gostam ). Baixinha, gordinha e corajosa , adora um livro de auto-ajuda, mas, em matéria de acrofobia ( medo de altura) só passou a ter medo disso depois que caiu de um salto de 50 cm. Quanto à  leitura prefere 50 tons de cinza, a lista telefônica e os recadinhos do celular do namorado, embora desconfie de que sejam  apenas  cópias. ( Compreensiva, faz de conta que entende: “ é que o rapaz, como todo namorado,  não gosta de gastar o cérebro, coitadinho!”)    
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com                                                                                   http://www.joseewertonneto.blogspot.com

sábado, 1 de junho de 2013

SURFANDO COMO BRUNA SURFISTINHA



artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje sábado

Neste melhor e mais culto país do mundo (depois de Lula) uma Bruna Surfistinha é pouco, duas é bom e três, dez, cem mil... é bom demais. E deve ser por isso que surgiu, uma segunda Bruna Surfistinha, Lola Benvenutti, que ganhou destaque na mídia há mais de mês, como a mais notável sucessora da primeira. Vamos a que veio.

1.Teoria da Evolução. Teoria da Evolução é assim mesmo e Lola (a segunda Surfistinha aprimorada) estudou um pouco mais, tanto é assim que se formou em letras pela Universidade de São Carlos. Dedicada e sábia logo aprendeu que é melhor um passarinho na mão (ou um pinto?) que dois voando,  e lá se foi seguir a carreira de acompanhante, preferindo essa solução à de ralar em sala de aula para empurrar goela abaixo de estudantes coisas que eles pouco estão interessados em saber.  (Como todo mundo sabe no Brasil de hoje os estudantes só não têm mais raiva de livro não apenas porque o dia tem apenas vinte e quatro horas, mas porque o alfabeto só tem 23 letras).  

2.Lola, a Benvenutti. Lola Benvenutti, nome artístico de Gabriela Natália Silva já havia decidido se tornar garota de programa desde os dezessete anos, ou seja, 4 anos atrás, demonstrando uma vocação precoce, mas nem tão surpreendente assim neste século. É de se imaginar que, na pré-adolescência, quando os pais lhe perguntavam que curso ela gostaria de seguir ela respondesse  que queria ser professora  - deixando de especificar o que gostaria de ensinar . Se tivessem insistido talvez tivesse dito que queria ser Bruna Surfistinha. Afinal de contas, profissão de mais glamour e sucesso para mulher, neste país, do que a de ‘acompanhante’, só de perua de telenovela ou de popozuda de Funk.

                                             
                                     

3.Formada em  Letras. Quando decidiu cursar Letras, portanto,  Lola já era garota de programa. Ao ingressar na graduação passou a fazer jornada dupla quando, como qualquer  trabalhador(a) passou a exigir o pagamento das horas extras.Versátil, chegou até a exercer a profissão alternativa (de professora), mas, embora querida por seus alunos, optou pela principal, onde era mais querida ainda. Uma questão muito pessoal de dinheiro, vocação, carinho, amor e a famosa sabedoria de Nelson Rodrigues: “Dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro.”

5.Nome de Guerra. Lola, além do bonito nome poético mostra veleidades intelectuais exibidas no corpo, onde estão incrustadas tatuagens, uma contendo um poema de Manoel Bandeira e outra, fragmentos de um texto de Guimarães Rosa. Com isso faz mais pela literatura brasileira do que muitos  professores por aí que jamais escreveram sequer um poema no quadro-negro, que dirá na própria pele. Além  disso, é autora da frase “ Faço porque gosto”, onde ao mesmo tempo que proclama sua profissão de fé, responde a quem a critica. Diz que detesta o rótulo ‘prostituta’, preferindo ser chamada de acompanhante. Se tivesse lido Bandeira um pouco mais, uma solução seria deixar-se chamar de Vulgívaga, como no belo poema do autor pernambucano Mas, hoje em dia, quem sabe o que é isso?
                                              
4. Agora é Tarde. No programa da Band Agora é Tarde, Lola confessou que chegou a transar com seus alunos na época em que lecionava, mas nunca chegou a cobrar  por isso, demonstrando  um desapego que nem todo profissional tem. Poderia ter acrescentado: “Nunca fiz greve” o que demonstraria mais heroísmo ainda. Tanto desprendimento deveria credenciá-la,  no futuro, a ser convidada, como Xuxa foi,  pelo Governo Federal para liderar campanhas contra a exploração da prostituição infantil. Afinal de contas, experiência como Xuxa nesse ramo de atividade ela tem com uma vantagem: enquanto Xuxa, seduzia menores, baixinhos e pequenotes  no primeiro filme pornô que aparecesse,  Lola jura de pés juntos – e coxas abertas – que jamais transou com aluno com menos de dezoito anos. Enfim, uma dama se comparada à outra!
                                       
                                     

5.O futuro. Apesar da correria do dia-a-dia, Lola ainda consegue arranjar um tempinho para o lazer. Diz que transa com as pessoas que gosta ( homens, mulheres, casais e travestis), e que “tamanho não é documento, o que importa é a desenvoltura”.
Desenvoltura à parte o futuro da nova Surfistinha é fácil de delinear no horizonte do panteão nacional destinado às nossas grandes mulheres: capa da Playboy, entrevista no Faustão, novela e filme contando a sua biografia, de preferência  com Débora Secco (se ainda estiver suficientemente úmida). Que ninguém duvide: assim como um ex-presidente (Lula) já disse que todo brasileiro deveria se orgulhar de por aqui ter nascido alguém como Faustão é de se esperar que logo haja outro presidente (a) para enaltecer os méritos de uma heroína tão jovem e tão capaz de fornecer diariamente uma cota tão generosa de  exemplos edificantes a serem imitados por uma juventude tão carente– de   sexo. Dá-lhe Bruna! (Ops, Dá-lhe Lola!)
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

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