Não se comenta outra coisa depois que Eduardo Bolsonaro, deputado
carioca, apontou como um de seus
atributos para ser embaixador do Brasil, nos USA , o fato de um dia ter fritado
hambúrguer por lá. “Eu fritei hambúrguer, portanto mereço a honraria”.
Ora, tal fala não era para ter merecido contestação da mídia. As pessoas precisam entender que, em pleno século 21, as credenciais para ser um
embaixador mudaram muito por conta do
processo evolutivo. Ao criticarem o presidente, esquecem, por exemplo, de que o
hambúrguer fritado pelo rapaz pode ter
sido saboroso, com um sabor americanizado pouco comum por aqui. Afinal de contas, não é todo dia que um pai
come um hambúrguer fritado pelo próprio filho e, mais ainda, que este seja digno
de ser comido.
Essa profusão de contestações tornou urgente para os
estrategistas do Planalto, o anúncio dos novos pré-requisitos a serem exigidos para alguém que se pretenda
ser embaixadora partir de agora . A saber:
1.Que saiba fritar Hambúrguer.
Ao contrário do que dizem os contestadores, fritar hambúrguer,
é sim, um pré-requisito essencial para
um futuro embaixador dos USA. Responda depressa Que é mais importante para a
vida prática de um embaixador em terra de gringo? Saber fritar um hambúrguer ou
conhecer a Teoria da Relatividade? Ora, deixemos de ser hipócritas. Certos
conhecimentos deixaram de ser
fundamentais para o exercício profissional de um embaixador na vida moderna.
Embaixadores, como se
sabe, têm vida noturna intensa, já que frequentemente saem para baladas e participam
de surubas chiques . (Ocultas, é claro).
Vai que numa dessas demandas terminem a
noite num local imprevisto, doidos de fome. Quem salvará a situação fritando um
hambúrguer?
2.Que saiba falar inglês elementar, e que tenha morado nos USA.
Longe de imposições curriculares arcaicas um embaixador
de hoje não precisa possuir proficiência em inglês, capaz de traduzir, por
exemplo, o Ulisses, de James Joyce. Ao contrario, só carece, de uma vivência
norte-americana que o torne capaz de ter
apreendido um inglês gestual, minimamente
suficiente para ser entendido por todo tipo de gente que frequenta as
embaixadas.
3.Que seja amigo de família do presidente dos USA.
O que se passa a exigir de um futuro embaixador é que tenha
tido contato com os familiares do presidente americano, relativizando-se o grau de amizade. Não precisa ter sido amigo
de infância, jogado futebol, ou compartilhado punhetas com o rapaz no mesmo
banheiro. Basta que tenha gritado um dia “ Oi, my friend!” para o filho do presidente americano, mesmo que este não tenha escutado.
4.Que seja filho do presidente do Brasil.
Este último predicado, sim, é fundamental e sine qua non. Afinal, não existe até hoje a mais remota possibilidade de alguém fazer um curso para
ser filho de presidente e diplomar-se nisso .
Há de se reconhecer o esforço realizado para ser filho de um
presidente, especialmente no caso brasileiro (Aguentar Bolsonaro, há de se convir, não é tarefa fácil para qualquer
infância que se preze)
Enfim, esse quarto
item é um ofício que se aprende por dedicação própria não nos bancos de uma escola, mas nos bancos
comuns dos idos da juventude . Geralmente
para pegar a mesada.
José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado e São Luis e cronista semanal do jornal O estado do Maranhão