domingo, 10 de dezembro de 2023

A DIFÍCIL FAÇANHA DE SER.


 

ESSA DIFÍCIL FAÇANHA DE SER

José Ewerton Neto

 

Perdido sem saber onde está? Não se preocupe leitor, a tecnologia moderna o achará. Uma antena ali, um satélite acolá, um celular em suas mãos, e pronto.

Portanto, pelo menos em relação a onde estamos, ficamos resolvidos. O seu problema começa quando você tenta se identificar, ou explicar quem você é.

Isso sim, são outros quinhentos, e, pensando bem, já seria querer demais. Quem somos? Ora, para com isso, leitor, melhor deixar esse assunto para Deus, e olhe lá... Se a humanidade, ninguém sabe o que é nem para que serve, imagine você, pobre criatura, parte ínfima dessa humanidade. Quem é você???? Ora, tente se enxergar.

Estar é fácil, ser é que é difícil, aprendi num belo dia em que resolvi fazer uma inscrição para um desses editais à caça de uma graninha para sobreviver. Pediram-me  identidade, CPF, nome do pai, mãe,  CEP, palavra chave, frase de referência e, pasmem!,  identificação de gênero sexual  entre mais de vinte opções das quais eu não conhecia nenhuma. Perseverante, já estava chegando ao final quando me pediram o nome. No auge da ansiedade sonhei em como seria bom se houvesse uma única senha para substituir todo o restante. Logo percebi que estava delirando, tudo se confundia em minha mente eu dava voltas e mais voltas sem chegar a lugar algum. Meu Deus, e agora? Eles pediam meu nome e eu havia esquecido.

Irritei-me, mas logo cheguei à conclusão de que não valia a pena. Resolvi deixar pra lá  irritações, editais e meu nome convicto que, de  incerteza em incerteza, dia virá em que seremos acusados de sequestrar nossas próprias senhas. Seremos julgados e condenados como ladrões de senhas, hackers de nós mesmos. Então, quem sabe o suicídio surja como solução ao pensar que,  pelo menos , Deus, no paraíso, saberá quem somos.

Ledo engano. A tecnologia terá chegado por lá também e São Pedro (imaginando que seja São Pedro aquele velho de terno, gravata e com a cara entupida de botox, em frente a um notebook)  exigirá

“Digite a senha.”

“Como? Senha de quê?”

“Para entrar no céu precisa de senha.  Deus não lhe enviou a senha para seu whats’ app, enquanto você estava morrendo? “

“Desculpe, mas como iria acessar a senha se estava morrendo? Adianto, porém,  que ainda sei rezar o Padre Nosso. Não poderia servir como  senha? “

“Sinto muito senhor... sem senha o Inferno é a serventia da casa. Sugiro, porém, que  se apresse. Lá é  o único lugar do Universo onde ainda dispensam senhas.”

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

ALCE AMERICANO...ÍNDIO


 

ALCE AMERICANO... ÍNDIO

José Ewerton Neto

 

Alce americano...Índio

Amo tanta coisa, tanta gente

Eu devo ir, o nevoeiro está  aumentando

Por que ninguém me entende?

 

Um belo poema, não, caro leitor? 

Talvez feito pela I.A, em um lance de sorte dessa coleta algorítmica,  grandiosa mas insípida, que raramente se traduz em um efeito poético minimamente  apreciável, como esse. Talvez, por outro lado, seja a reprodução de um desses poemas que povoam os raros cadernos literários,  impressos ou virtuais,  que pululam atualmente dentro da net, em que o conteúdo hermético dos poemas,   se confundindo  com  a falta absoluta de sentido,    é suficiente para merecer o destaque que lhes dão seus redatores.

Mas, singularmente, neste, há que se destacar o pungente, o inesperado, o comovente e o absurdo etc. ingredientes que, como se sabe, são mais do que suficientes para o traçado de um bom poema.

Afora o fato de ter sido falado por 4 grandes autores. ( Já ia dizer escrito, mas teria sido melhor dizer, com maior precisão, murmurado)

Sim, caro leitor, porque acima não está exatamente uma poesia, mas uma  coletânea aleatória de murmúrios de geniais autores prestes a partir.

Assim é que estão reproduzidos acima os últimos suspiros pronunciados pelas bocas de Henry Thoreau “ Alce americano...Índio “; Leon Tolstói “ Amo tanta coisa, tanta gente...” Emily Dickson “ Eu devo ir, o nevoeiro está aumentando” e James Joyce “ Por que ninguém me entende?”, curiosamente compondo um retrato ao mesmo tempo suave e denso, terno e dilacerante, delicado e pungente da existência humana, tão absurda – como disse  Clarice Lispector -  em seu definitivo uivo.

Mas um poema com certeza, já que toda trajetória humana, mesmo a mais insignificante para a história,  é um poema. E, com maior razão, a desses autores,  todos eles, capazes um dia de:  “ Ora, direis, ouvir estrelas!”


domingo, 10 de setembro de 2023

LENDO GAUGUIN



LI GAUGUIN

 

Li Gauguin.

Pera aí, mas Gauguin é para ser visto,  não lido. Que história é essa, cronista?

Explico, caro leitor. Li Gauguin , mas não em livro de Paul Gauguin, o genial pintor, mas de outro grande: o romancista Somerset Maugham.

O romance, que muita gente já deve conhecer pelo menos do título é Um gosto e seis vinténs, que eu havia adquirido há anos, num sebo e, como tanto outros que acumulei , aguardava a vez de ser lido. Comprei-o respaldado no que já havia lido desse autor: Servidão Humana e O pecado de Lisa, que tanto prazer de leitura me deram quando jovem.

Enquanto lia, cheguei a suspeitar que o personagem principal do livro, Strickland: um pintor que abandona a civilização e os interesses da vida comum para sair à caça da beleza e da verdade ( ou de como ambas se tornam unívocas  através da obsessão criativa) tinha traços do que eu conhecia da biografia de Paul Gauguin. Finda a leitura, relendo sobre a obra e ainda entusiasmado pela narrativa, minhas suspeitas se confirmaram. O autor se inspirara em Gauguin.

Um título estranho e um personagem complexo por trás de sua genialidade nem sempre são suficientes para seduzir um leitor, mas Somerset Maugham é um autor que não tem medo de transmitir a emoção contemplativa da Arte, através da simplicidade e mesmo de alguns clichês aqui e ali, em busca de trazer o leitor para o ambiente de arrebatamento, quase intraduzível,  da sina a que se propõe o personagem. O que consegue com louvor.

Para complementar esta sugestão de leitura basta acrescentar esta reflexão sobre o personagem Strickland que destaquei de um dos diálogos do romance.

(...) - E a paixão que escravizava Strickland era uma paixão por criar beleza. Ela não lhe dava paz. Levava-o de um lado para o outro. Era eternamente um peregrino, assombrado por uma nostalgia divina, e o demônio que tinha dentro de si era implacável. Existem homens cuja ânsia pela verdade é tamanha que para alcançá-la destroem todas as bases do mundo. Strickland/(Gauguin)  era assim.  


artigo publicado aos sábados no portal


https://www.imirante.com 

 

domingo, 3 de setembro de 2023

SOMOS FELIZES E NÃO SABEMOS

 



SOMOS FELIZES E NÃO SABEMOS

 

Nestes tempos bicudos que correm, nada como um bom exercício de futurologia para chegar à conclusão de que “ Somos felizes e não sabemos”

Veja só o que vem pela frente segundo futurólogos especialistas com base na Ciência e na Estatística:

 

1.Daqui a 50 anos, como hoje,  prefeitos de todo o país estarão em greve. Será reconhecido o direito de greve para quem não faz nada. Haverá sindicato de prefeitos, deputados, senadores e de Membros do STF ,  que farão greve anualmente em luta por melhores salários.

1.Daqui a 50 anos o Brasil continuará tentando ganhar a Copa do Mundo. De Bala Perdida, que será reconhecido como esporte de massa depois de solicitado pela CBF com intermediação do nosso futuro presidente da República junto à FIFA.  Já de futebol masculino terá desistido há 80 anos e de futebol feminino há 50.

2.Daqui a 50 anos extremistas da esquerda e da direita continuarão polarizando as eleições do Brasil do Brasil para presidente. Lula e Bolsonaro serão venerados como heróis da Pátria, de acordo com qual  grupo se instala no poder. Devido a essa alternância livros de História do Brasil serão revisados a cada 5 anos.  

3.Daqui a 50 anos a Guerra da Ucrânia ainda não terá terminado caminhando para ser a Guerra mais longa da História, de duração mais longa que a Guerra dos Cem Anos. E o presidente  eleito do Brasil anunciará como sua grande missão intermediar a Paz entre Rússia e Ucrânia julgando, (como hoje)  que tem poder e delegação divina para isso.

4.Daqui a 50 anos o único Estado do Brasil ainda viável será o Estado de Calamidade Pública.

5.Daqui a 50 anos no Brasil heterossexuais convictos, antigamente chamados de machões, serão reconhecidos como minoria. E estarão fazendo passeatas para reivindicar cotas para entrada na Universidade.  

6. Daqui a 50 anos a Inteligência Artificial substituirá o VAR na análise de interpretação dos lances polêmicos do futebol brasileiro. Mas as polêmicas continuarão intermináveis porque o IA terá aprendido a roubar os jogos. Para os mesmos.

7. Daqui a 50 anos Luan Santana completará 80 anos e será homenageado em especial da Rede Globo como um dos maiores da MPB . No especial, além de Anitta, em cadeira de rodas, mas seminua, estará  presente Jojo Toddynho anunciando, vitoriosa,  algumas  gramas abaixo do peso.

 

É mole ou quer mais?


domingo, 20 de agosto de 2023

UM K CHATO COMO Q

 


Foi o whats´app que consagrou o K. Antes este andava meio oculto, mais conhecido como coeficiente de segurança nas fórmulas da Matemática. Agora só se vê kkkkk pra cá kkkkkk pra lá. Até quem não é chegado a uma boa risada  se esbalda num kkkkk.

Antes este era apenas aquela constante que os cientistas colocavam nas fórmulas, por segurança, quando a igualdade não vinha de jeito algum. “ Bota um K aí que resolve”. E, pronto,  a coisa foi indo.

Mas o K talvez não quisesse mais o anonimato das fórmulas e, como todo ignorado que se preze, quis sair atrás dos holofotes e da mídia. Queria, como todo mundo, aparecer,  e assim chegou ao whats’app. Foi a glória!, embora, ultimamente, um pouco indigesta, pelo excesso de trabalho.

Porque, se pensarmos bem, o kkkkkk do whats’app nunca deixou de ser o que sempre foi: um coeficiente se segurança.  Contra a piada sem graça dita pelo amigo, ou pelo patrão; contra a falta de assunto; contra aquela informação científica que você não entendeu bulhufas.

E, como a vida atual ficou muito perigosa e o mais seguro para todo ser humano é se proteger com todos os coeficientes de segurança possíveis, deu no que deu :

 Kkkkkk na monotonia do trânsito; kkkkk nas dificuldades do trabalho; kkkkkk nas sensaborias  da vida.

Enfim, KKKKKKKKKKKKK neles!


segunda-feira, 14 de agosto de 2023

SÓ FALTA DOAR A ALMA

 


SÓ FALTA DOAR A ALMA

José Ewerton Neto

 

Volta e meia surgem reportagens estimulando as Doações, em si uma atitude de generosidade que só engrandece quem as pratica. O problema são as incompatibilidades.

Isso mesmo. Junta de cientistas acaba de descobrir que os órgãos dos pobres são incompatíveis para os ricos, por isso sugere que o potencial beneficiário rico pense duas vezes antes. A questão não é mais de desprendimento e generosidade, mas do que foi feito dos corpos dos pobres ao longo dos séculos.

 

Cabeça. A cabeça do pobre não serve para rico. É cheia de vazios ou, melhor dizendo, de buracos mesmo. Reais ( porque mora em um ) e imaginários ( se não sonhar com um buraco prazeroso , vai sonhar com o quê?).  Pobre não pensa no futuro e no passado e sempre acha que o presente é melhor esquecer,  ao contrário dos ricos. Definitivamente, um rico não aguentaria por muito tempo a cabeça de um pobre em seu pescoço. 

Pé. Todo pobre é pé-de-chinelo, portanto, pé suado e arrebentado, sofrido,  de andar muito. Calça sandálias sem qualidade,  depósitos de fungos e bicheiras. Não serve para circular em shopping-centers de luxo nem para subir em transatlânticos  rumo ao exterior. Para o rico o pé de um pobre nunca vai dar pé.

Sangue.  O sangue do pobre é sangue-de-barata. É sangue que não transmite vibração, a não ser quando está dançando reggae, forró, ou apanhando da polícia. Jamais serviria para um rico que precisa possuir o sangue azul dos nobres e arrogantes.

Peito. O peito do pobre é peito aberto, se não for pela natureza cordial é por causa de bala perdida ou endereçada. É um peito incompatível com o organismo do rico que precisa ter o seu absolutamente fechado para as coisas que considera  bobas,  como solidariedade e honestidade.

Pele. A pele do pobre é pele-de-cordeiro, de animal manso e obediente. Já a pele do rico tem que ser no mínimo parecida com a pele de um leão, de casca grossa, própria para a ferocidade de atacar quando põe a mão na grana dos mais humildes.  

Olho. O olho do pobre conduz um olhar pedinte, subserviente,  que só aumenta de tamanho quando leva um susto. Jamais se adaptaria às órbitas do olho de um rico,  que precisa ter o olho- grande para se dar bem.

Enfim, os cientistas descobriram que o pobre não serve mais nem para DOADOR. Está mais para doa-dor do que para doador. Só falta agora que doem as almas.


domingo, 28 de maio de 2023

SÉCULO XXI O SÉCULO DA CHATICE



SÉCULO XXI, O SÉCULO DA  CHATICE

José Ewerton Neto

 

Enfim, chegamos ao século XXI, o século da chatice. São chatos o imposto de renda, o VAR, as viroses, o aquecimento global, o BBBrasil, as músicas sertanejas, a CPI, os golpistas, o Alexandre de Moraes ...Eipa, paremos por aí. Será que tudo é chatice neste século? Nada de estranhar que se  pensem em coisas como A TEORIA UNIVERSAL DA CHATICE.

Oscar Wilde, o genial escritor inglês, dizia que não existe pecado maior que o tédio, mas não estamos falando de tédio. O tédio é parente da melancolia que, por sua vez, é filha da tristeza, que já nos deu muitas obras de arte. Que a tristeza, fique em paz, desta vez.

Estamos falando da chatice mesmo, algo que a sociedade moderna (século XXI) tornou imperativa para nos atazanar. É tão chato um vírus em seu corpo como no seu computador e no celular. De repente, não existem mais dores  de cabeça, febre, gripe, catapora, tudo é virose. Antes mesmo que você receba o resultado do seu exame – caríssimo!  - até  o papagaio de sua casa já está diagnosticando: Virose. Hoje, o ser humano não passa de uma ilha cercada de vírus por todos os lados. Quando eles dão uma trégua de seu corpo, partem para o seu computador.

Seria até bom se fossem  só as viroses! É tão chato um vírus em seu celular como uma secretária eletrônica. A felicidade obrigatória dos livros de autoajuda é tão chata quanto os strip-teases sentimentais do facebook  . Mas a chatice só ganha contornos de algo avassalador quando a maioria  aprova chatices tão generalizadas  que não há como escapar das mesmas – como o BBBrasil e suas imitações.

. A chatice espelhada pelo  BBBrasil o persegue seja lá onde você for. O mundo virou um palco para exibicionistas.  O que são as CPIs mais que Big-Bestas querendo aparecer a todo custo? E no seu emprego? E na sua escola?  Não adianta fugir. O mundo virou um amplo e insuportável BBBrasil.

Para encurtar caminho eis que surge uma definição que poderia ser um postulado para a Teoria anunciada. “Chatice é a liberdade de alguém lhe impor uma chatice da qual você não consegue se libertar.”

Mas, não seria essa uma definição um tanto chata? Fernando Sabino, o escritor mineiro tinha uma interpretação talvez  melhor : Chato é aquele que te rouba a solidão sem te fazer companhia.

Infelizmente para a Teoria não há definição que satisfaça completamente um chato e outras definições surgem, tentando resumir a chatice em uma só frase. Eis algumas:

1.A vida é chata, mas a outra opção é ainda pior.

2.Os chatos são os únicos imortais que existem. Porque Deus não os quer no céu nem o diabo no inferno.

3. O  ser humano deve sua existência à chatice. Se a eternidade não fosse tão chata Deus não teria inventado o Universo por  falta do que fazer. 

 

domingo, 16 de abril de 2023

AS MAIORES COISAS DO MUNDO

 



AS MAIORES COISAS DO MUNDO

 

artigo publicado no portal do imirante.com 

1.A maior torre.

A maior torre do mundo é a torre Eiffel desde que foi construída em 1889 em Paris com 300 m de altura.

Continua além de imponente, sedutora, tanto é assim que anos atrás  a norte-americana Erika Eiffel ( como passou a se chamar)  casou-se oficialmente com a mesma, em cerimônia transmitida ao mundo todo. Segundo ela, as razões  que a levaram a se casar com a Torre é que, embora não tenha como escondê-la da cobiça das concorrentes por ser grande , sua  grande vantagem é que lhe permanecerá eternamente fiel, ao contrário dos humanos.

2. O maior caçador.

O maior caçador do mundo foi o norte-americano Bill Lowen , falecido em 1890 na Pensylvania. Em vida Lowen matou 400 ursos, 3500 alces, 2000 lobos, 400 raposas, 200 gatos selvagens, 75 lontras e 50 panteras.

Isso supondo que dê para acreditar em história de caçador...

Hoje em dia é melhor confiar que os maiores caçadores – e bote caçador nisso! - ( de votos) são os políticos brasileiros em época de eleição. Usando como arma alguns trocados, surrupiados da própria caça com o Fundo Eleitoral, eles conseguem exterminar a cada 2 anos  as forças de centenas  de burros, milhares de antas e milhões de otários.

3.O maior palácio.

O maior palácio do mundo é o Vaticano, residência do Papa,  que é dotado de 12 mil quartos, 800 salas de espera etc e... Uma  cadeira de ouro maciço onde se senta o Sumo Pontífice.

É fácil supor que Jesus Cristo, caso  viesse  à Terra hoje e contemplasse seus sucessores sentados em cadeiras de ouro maciço , levantaria os olhos para o céu e imploraria ao Deus Todo Poderoso, como fez ao ser crucificado “ Perdoai-os meu pai , eles não sabem o que fazem!”

4. A maior palavra.

A maior palavra do mundo em qualquer dos idiomas vivo é  grega e assim se escreve: lepadotemachoselarimmatosilphickarahomelitokatakechumemenokichlepikossuphosliokghlopeleiolagoosiraivbaphsstraga-nopterugon.

A gigantesca palavra significa um delicado manjar grego preparado com peixe, carne de vaca, de porco e de aves, portanto um cardápio  tão variado em espécie de bichos, que cada letra deve significar uma espécie

A vantagem, para o restaurante, é que quando o cliente termina de pronunciar o pedido, já passou metade de sua  fome.

(Obs. Não perca a próxima edição desta crônica, com Mais das Maiores.)


sexta-feira, 3 de março de 2023

A BELEZA TAMBÉM MORRE


 

Nas  últimas semanas dois ícones da Grande Beleza sucumbiram. Gina Lolobrígida e Raquel Welch, ambas atrizes.  Anteriormente, da mesma geração, tinham ido Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe, Ava Gardner. Que eu me lembre, desse time da “grande beleza” permanecem  Cláudia Cardinale e Sofia Loren.

Quando me refiro à Grande Beleza, falo de belezas estonteantes, que marcaram uma geração de fãs, numa época em que o foco das ilusões e de deslumbramento era o cinema e suas atrizes eram suas marcas mais exuberantes. Eram  tão belas que a constatação  parece óbvia: Já  não se fazem belezas como antigamente!

Embora o “amor à primeira vista”, de suas fotos,   mesmo para as gerações que não as conheceram  permita chegar, de forma enviesada,  a essa conclusão, penso, contudo,  que isso não seja verdadeiro  e a explicação, deve estar embutida no comentário anterior: o deslumbramento causado por suas aparições em filmes, fotos de revistas e calendários, acontecia porque havia um clima criado em torno e, sobretudo, concentração , o que era um terreno fértil para fomentar todas as ilusões possíveis  - desde as de atrativos sexuais até as platônicas. 

Ao  contrário de hoje, quando as belezas, paradoxalmente numa época mais favorável, devido à tecnologia posta a serviço da estética, são equivalentes, porém,  fragmentadas, dispersas, emocionalmente difusas num oceano de  imagens pululando a cada momento nas redes sociais.

Hoje não há mais lugar mais para a pausa refletida e para a contemplação e, consequentemente, para a imaginação e o sonho, que é o suporte da beleza confiável.

Isso explicaria, a meu ver, porque Sofia Loren, ainda viva,  foi a maior de todas. Havia a magia causada pelo seu magnífico olhar, pela sua sensibilidade e por seu talento, adicionados à sua beleza natural. Quem duvidar que leia Sofia Loren, vivendo e amando sua primeira biografia escrita, onde tais ingredientes são captáveis, no rastro  de sua trajetória vitoriosa, mas nem sempre fácil.  

Fica fácil entender porque ela ainda permanece,  mesmo descaracterizada fisicamente e erodida pelo tempo, no  degrau superior  da grande beleza. 

 

Artigo publicado no site http://www.imirante.com 


 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

O MELHOR REMÉDIO É XINGAR

 


 

 

Estudo desenvolvido há alguns anos pela Escola de Psicologia da Universidade de Keele, na Inglaterra, publicado pela revista especializada  NeuroReport afirma que falar palavrões  ajuda a amenizar a dor física.

Essa alvissareira notícia está sendo divulgada para ser desenvolvida pelos governos do mundo inteiro, contando com o estímulo da OMS. Isso porque a matéria-prima é barata e está, literalmente,  na boca do povo. Fico imaginando, um indivíduo, morto de dor, chegando ao SUS, diante de um médico de plantão, já perfeitamente inteirado dessa descoberta científica e adepto desse recurso para aliviar os males. Diante desse cliente aos berros, o médico dirige-se para a enfermeira.

- Se faltam remédios, enfermeira, mande  ele xingar.

- Xingar quem, doutor?

- Ora, mande-o  xingar qualquer coisa: Deus, o mundo, Bolsonaro, Alexandre de Moraes, o VAR , pode xingar até a gente, se preferir.

À vista dessa alternativa, o doente, claro, não se faz de rogado.

- Médico filho da puta!, Enfermeira piranha!, Hospital de merda!

- Doutor, ele não para de xingar.  Os outros estão escutando.

- Sem problemas, deixe-o à vontade. Quanto mais alto ele xingar  melhor.

O doente, enfim, silencia, extenuado. O doutor, com expressão vitoriosa, indaga para a enfermeira.

- E agora, enfermeira, como está o nosso doente?

- Ele diz que aliviou a dor.  

- Eu não disse? Chame o próximo.

 

2. A partir de agora mais  médicos ( nada a ver com o programa de Lula com os cubanos) se especializarão nessa matéria, tendendo a surgir, especialmente no Brasil, os mais talentosos, ou seja, aqueles capazes de receitar o palavrão mais apropriado para cada sintoma. Ao invés de Novalgina: Sacana sem-Vergonha!; ao invés de Buscopan: Cadela Vagabunda!; ao invés de Atroveran: Corno safado!

Uma das dificuldades anunciadas, porém, é que muitos desses xingamentos (agora remédios) são tão antigos que terão em breve seu prazo de validade vencido. Ou seja,  em breve perderão a eficácia. Hoje já se pensa em utilizar a Inteligência Artificial para criar novos palavrões  baseado nos antigos. Sabe-se que um teste foi executado pelos cientistas introduzindo no ChatGPT   insultos tradicionais como Porra, Bosta, FDP, etc.  

Ou porque o IA não tivesse entendido bem o espírito da coisa ou porque se embaralhou mesmo,  a resposta foi Foda-se , como se F... ainda fosse palavrão e não o título de um livro que vende pra burro:  A arte de ligar o F...  

 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A VERDADE SOBRE O TEMPO

O TEMPO  

José Ewerton Neto

 

Ninguém sabe quando o tempo começou, se é que começou. É sempre bom lembrar que o tempo nunca foi um sujeito digamos assim, identificável. Tem muita gente sábia, inclusive, que acha até que ele nunca existiu. Ora, que ele não existirá um dia,  isso não resta a menor dúvida, mas quanto à sua existência no passado e presente....

            Tenho a impressão de que Albert Einstein, num momento mais de sutileza do que de sabedoria,  criou  a tal de Teoria da Relatividade para resolver essa questão. Ao dizer que o tempo é relativo, ficando em cima do muro, selou definitivamente a sina do tempo como  elemento improvável, sem revelar que este nunca passou de  uma invenção humana. Relativo, ora bolas! Que você, leitor,  diria a um teste de paternidade que lhe confirmasse que o filho era seu, mas que isso era relativo?

 

            2.Durante milhões de anos pairou sobre nós  a desconfiança de que preocupar-se com o  tempo era coisa de quem não tinha o que fazer,  porque ninguém ligava muito pra ele. Vivia-se, ou melhor,  sobrevivia-se,  e isso era mais importante que o tempo. As preocupações com este só começaram pra valer depois da revolução industrial quando chegaram as locomotivas.  A partir daí, sim, porque era preciso saber a que horas um trem ia chegar e partir. Foi então  que os homens  adotaram o relógio, sem desconfiar de que estavam entrando na maior fria de sua história.

            3. Algumas dezenas de anos se passaram, o suficiente para comprovar aquilo que, hoje,   preferimos não atinar. Oprimidos, neuróticos, controlados por uma caixinha presa em volta do braço os homens é que se tornaram escravos de sua criação. Como marginais vigiados por uma tornozeleira,   somos também  prisioneiros do tempo a nos determinar   o que devemos fazer hoje, amanhã e sempre.

Como reação, só nos resta  xingar o dito cujo,  convictos de que, assim, estamos nos vingando dele  . “Que tempo vagabundo! Por que passa tão depressa?”                                                       

            Execramos o tempo mas esquecemos de acusar a máquina que  inventamos. Lá com seus botões o Tempo, se pudesse falar responderia: “Parem de me xingar, bobalhões. Livrem-se dos seus relógios. Suas vidas valem  muito mais que eles.” 

 

artigo publicado no portal imirante.com