O ABC BEM HUMORADO DE SÃO LUÍS ESTÁ DE VOLTA COM AS COISAS DE SÃO LUIS E DO MARANHÃO,
( nas livrarias Vozes e AMEI )
Como, por exemplo, as lendas
1.A LENDA DO VIRA-PORCO
Foi na São Luís de outrora, de ruas mal iluminadas, clareadas
apenas pela lua e raras fogueiras. Seres esquisitos apareciam do escuro e,
avançando sobre os desavisados, os punham para correr nas noites de sexta-feira
e de lua cheia. Ninguém duvidava de que certas pessoas haviam adquirido o dom
de se transformar em porcos. No dia seguinte às aparições, bastava uma
aparência um pouco mais esquisita para ser logo apontado como um vira-porco em
potencial na boca do povo. Certamente, se já houvesse então jornais como hoje,
toda essa gente bizarra que se vê nas fotos das colunas sociais teria sido
promovida a vira-porco.
Acontece que ruas mal iluminadas e mal cheirosas eram constantes na
cidade de então como diz Domingos Vieira Filho no seu livro Ruas de São
Luis “Quanto à limpeza das ruas as autoridades municipais sempre
viveram em luta aberta contra os moradores. A rua, nessa época, era lugar para
tudo. Nela torrava-se café e estendia-se roupa lavada. Era rio de águas
servidas, amontoado de animais mortos, de lixo em suma. “
Não é de admirar que num ambiente desses, os vira-porcos tivessem meio caminho
andado. Quem sabe, o porco já existisse antes até do humano. Não seria
razoável acreditar que o horror que causavam estivesse mais no fedor
que exalavam do que na aparência em si?
Nunca se saberá a resposta, mas o fato é que a transformação arrefeceu com o
tempo e, hoje, só aparece pros lados dos subúrbios, assim mesmo em forma de
cachorro ou de touro, como no Quebra-Pote. Sinais dos tempos. Sendo Touros
podem ganhar uma estadia de graça na Expoema e sendo cachorros, uma vaga no
desfile de pet da TV Mirante.
Aconteceu na faixa de praia que hoje corresponde ao bairro do Olho
D`água. Uma bela índia, filha do cacique Itaporan enamorou-se de um fogoso
índio e era por ele correspondida. Enquanto as núpcias não aconteciam o jovem
apreciava banhar na praia defronte, quem sabe para esfriar o fogo de seu
ímpeto. Tudo ia bem até que uma mãe d`água, metade peixe , metade mulher-,
botou também o olho no índio e logo enfeitiçou o rapaz. (Nesse
triângulo amoroso o que não faltava, portanto, era índio, água e
olho). Mal olhado ou não, o certo é que a sedutora mãe d`água levou o rapaz
para o fundo do mar e este nunca mais apareceu.
Os rivais do índio apressaram-se a explicar que o desaparecido não
passava de um aproveitador e, em tempos de escassez de comida, deve ter se
aproximado da mãe d`´agua para comer primeiro de sua metade peixe e, de
sobremesa, de sua parte mulher, numa competição muito desfavorável para a filha
do cacique. Para estes, o oportunista continuou vivo em algum palácio no
fundo do mar num banquete pra homem nenhum botar defeito, comendo ora peixe,
ora mulher, ou os dois ao mesmo tempo.
O certo é que a indiazinha não suportou seu destino inglório e logo morreu de
desgosto. Tantas foram as lágrimas que elas continuaram a jorrar de seus
olhos mesmo depois de morta, gerando uma nascente de lágrima abundante que
corre para o mar até hoje.
Lágrima ou água? Sendo comprovadamente lágrima é melhor acreditar que a
índia continua revoltada, porém, muito mais com a CAEMA, que
hoje cobra de seus descendentes pelas lágrimas de sua nascente como se fosse
água.
Esse pessoal tira proveito até das
lágrimas de uma índia!