artigo publicado hoje, sábado, na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão
Como
todo mundo sabe, apesar do oba-oba, foi muito pífia a participação brasileira
em mais uma olimpíada. Ficamos pra lá do vigésimo lugar no cômputo das medalhas
conquistadas, a maioria nos esportes com bola. Ou seja, sem bola o brasileiro
não ganhou quase nada, o que, aliás, está muito coerente com a vocação nacional
de almejar sempre ‘ganhar uma bolada sem fazer nada’, como comprova a
infinidade de candidatos picaretas que, saídos sabe-se lá de onde, percorrem as
ruas da cidade atrás de votos nesta época de eleição.
Isso sem considerar mais
um bronze ganho pelo Brasil. A nossa
atleta-presidente Dilma Roussef ganhou o título de terceira mulher mais
poderosa do mundo segundo a revista Forbes , perdendo apenas para Hillary
Clinton, dos USA, e Ângela Merkel, da Alemanha.
Para que ela se torne
mais poderosa ainda e na próxima possa levar o ouro, sugerimos algumas ligeiras
modificações nas modalidades olímpicas. Quem sabe assim o Brasil chegue lá.
1. Salto com Vara. Bastaria passar de salto ‘com’ vara para
salto ‘na’ vara. Como as brasileiras sempre se gabaram de serem boas nisso, o ouro logo estaria em nossas
mãos. Basta lembrar que, além do elevado potencial, temos atletas consagradas,
como as peruas da tevê brasileira. Para estas, como todo mundo sabe, basta
botar um gigolô jovem na frente que viram campeãs, também, em salto triplo.
2.
Revezamento
4x100. Temos bem mais que quatro especialistas em revezamento em busca de cem,
mas alguns são mais perfeitos. Se não estiverem presos até lá (o que ninguém
acredita) Delúbio Soares, Marcos Valério, José Dirceu e José Genoíno, terão a vasta
experiência em mensalões para garantir
que se darão bem. Lembrando que o cem, no caso, é de milhares de dólares.
3.
Tiro ao não-Alvo.
Popularmente chamado de bala perdida é um dos esportes mais praticados
no Brasil e tende a ser difundido ainda mais. Em nenhum outro lugar do mundo
existem atletas tão talentosos em ‘acertar’ uma bala perdida como no Brasil. No
Rio de Janeiro, sede da próxima olimpíada, então, nem se fala.!
4.
Taekwondo. Traduzido
do japonês ao pé-da-letra o Trazqueeudou é um esporte muito praticado em todo o
território nacional pelas mulheres, depois de intensamente divulgado pelas redes
de televisão a partir de programas educativos como novelas e BBBrasil. Um
detalhe nos enche de esperança em encontrar uma super-atleta: em nenhum outro
lugar, mesmo nas antigas zonas de prostituição, o Traz-que-eu-dou é praticado
tão bem como no Big Brother Brasil.
5.
Corrida com
Barreira. No Brasil, qualquer rua que se preze, de dois em dois quilômetros tem
uma barreira eletrônica, o que torna qualquer brasileiro, minimamente considerado
motorista de um veículo, um especialista
nesse esporte.
6.
Natação, 200 m borboleta. Bastaria que
fosse adaptado para natação 200m com muriçoca. Assim, se tornariam especialistas
todos os brasileiros das populações nordestinas ribeirinhas dos rios, no final
do ano. Se nosso comitê olímpico pretendesse descobrir um grande atleta era só
esperar pela época das chuvas.
7.
Arremesso de
disco. Bastaria que nos permitissem escolher
o disco. Qualquer disco de forró ou de música sertaneja entregue a um atleta com
ouvido um pouco mais apurado já seria o suficiente para nos dar a vitória no
arremessamento.
E assim por diante, mas
se houverem restrições do COI para as adaptações acima citadas, que tal lutar
para introduzir novas modalidades, desta vez inspiradas nos políticos maranhenses em época
de eleição? .
1.
Segurar pau de bandeira.
Nenhuma modalidade esportiva em qualquer época foi tão rica na exibição de até
onde pode chegar a resistência humana. Basta observar o batalhão de mulheres
que atlética – e heroicamente se dispõem a segurar pau de bandeira de
propaganda política em cima das pontes para constatar que aqui se mede: paciência,
perseverança, resistência ao sol, ao suor, á fome, ao baixo salário e ao vento
poluído, mais que suficientes para reconhecer que essa modalidade original, mais rica até que o decatlo, tem tudo para ser introduzido como um esporte olímpico por
excelência, a ser vencido pelas abnegadas brasileiras.
Como diria o escritor: “As
nordestinas são, antes de tudo, fortes!” ewerton.neto@hotmail.com