sábado, 30 de janeiro de 2010

PARA NUNCA MAIS ESCUTAR

Texto publicado no jornal O estado do Maranhão,
seção Hoje é dia de...hoje, sábado.




PARA NUNCA MAIS ESCUTAR


José Ewerton Neto, membro da AML.

ewerton.neto@hotmail.com



Lembro da frase de um grande escritor que dizia: “Quando falares cuida para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.” Se isso já não era fácil quando havia mais respeito ao silêncio alheio, imagine hoje em que se fala o que der na telha, por conta da impressão de que o barulho é a maior propaganda de si mesmo. Tem muito mentecapto por aí que, por não ter o que dizer, acha que pode substituir o seu vazio intelectual por uma caixa de som, como se pudesse falar através dela.
Uma prova de desrespeito ao próprio silêncio é o que dizem as ditas celebridades. Falam tanto e tão mal, que suas palavras reverberam como os decibéis de um trio elétrico de terceira categoria. Eis algumas delas, ainda do ano passado, como tentativa de exorcizar o que não deve ser dito no ano em curso.

“Vou passar do baile funk para o cemitério”, Susana Vieira.
Você está coberta de razão, Susana. Como você já morreu há muito tempo (embora não saiba), nem vai fazer diferença.

“Achava que ela era uma chata, daquelas metidas e afetadas”, Otaviano Costa sobre a mulher “capa da playboy” Flavia Alessandra, antes de conhece-la.
Grande Otaviano! Você quer dizer que, desde que isso não afete as metidas, pouca importa que ela seja uma chata, certo?

“Ronaldo não se recorda e, a princípio, nega ser o pai do menino.” Amir Bocaiúva, advogado de Ronaldo, o fenômeno, no processo de investigação de paternidade movido pela mãe de um garoto de 4 anos, em Cingapura.
Caro advogado, seria melhor usar outro argumento, já que em matéria de negar, o fenômeno dá de dez a zero em São Pedro, que só negou Cristo três vezes. De algum tempo para cá ele nega que transou com travestis, nega que fez lipo, nega que “abirobou” na Copa da França e nega que simulou uma contusão no ultimo jogo Coríntians x Fla para prejudicar o rival paulista, São Paulo. Para piorar nega até fogo, segundo Susana Werner e Milene, suas ex-companheiras.

“Se me perguntarem se sou bi, vou brincar e responder que sou penta.”
Preta Gil, cantora(?) sobre sua orientação sexual.
Alguma inspiração flamenguista, Preta Gil? Depois do ultimo campeonato o Fla oscila do penta , segundo os pernambucanos ao hexa, segundo os cariocas e ninguém sabe o certo, nem a CBF, nem a FIFA. Não seria melhor passar logo direto para o octa?

“Max é viciado nele mesmo. (...) Ele é um produto. As caretas são sempre as mesmas e isso não é à toa. Enquanto o produto vender, para que mudar?” Francine Paia ex bbb, sobre o seu namorado Max Porto, ex bbb.
A grande diferença, cara Francine, é que o picareta do Max ganhou muito dinheiro para ficar viciado nele mesmo. Pior são os telespectadores idiotas que se viciam nos que são viciados neles mesmos( os BBBs) e, ao invés de pagamento, recebem em troca o sorriso abestalhado do Pedro Bial.

“Não fiquei assustada com a diferença de idade. Fiquei assustada com a paixão.” Zezé Polessa atriz de 55 anos sobre o seu relacionamento com o ator Ricardo Nunes, 22 anos mais novo.
Já o teu namoradinho, Zezé, não ficou assustado com tua paixão, mas com a diferença de idade; principalmente quando te viu nua.

“Às vezes acho que sou do lado errado, da cor errada. Eu devia ser mulata.”
Não bote a culpa na cor, Luma. Quem preferiu ficar do lado de um bombeiro do que do homem mais rico do Brasil(Eike Batista) , foi você. Provavelmente, uma sombra tolheu tua visão na hora da escolha. Mas, será que isso tem a ver com mulatice, ou com escuridão total?.

“ Eu sou um ser humano normal como qualquer outro, mas as pessoas não me acham.” Roberto Justus, empresário e apresentador, ao desmentir sua imagem de homem sofisticado.
Não seja modesto, Roberto. Para sermos justos (ou justus) as pessoas só não te acham normal porque você, é muito mais chato do que qualquer pessoa normal. Enfim, você é tão especial que consegue sofisticar a própria chatice, não é mesmo?

Queria ser gay, mas não consegui.” Fernanda Young.
Com essa Fernanda Young está inaugurando mais um tipo de variação sexual além das cinqüenta que já existem. Caetano Veloso, por exemplo, já deu inúmeras pistas de que seja do grupo e existe indicação de muito mais gente seguindo pela mesma cartilha. Ainda não dá para encher um caminhão, mas um trio elétrico, com certeza.

“Elas são de malíssimo gosto, sem nada na cabeça e feias”, Theo Becker, do reality-show A fazenda, sobre as suas colegas de programa.
Que elas não têm nada na cabeça e são feias isso todo mundo já sabia, Theo. O que não se sabia era que o malíssimo gosto delas era muito pior do que o teu em relação à língua portuguesa.

“Quando ainda me restava um mínimo de consciência eu mesma me internava. Mas quando babava no chão era Roberto quem tomava a dianteira.” Rita Lee, sobre a época em que usou drogas.
Explica essa história direito, Rita. Se ele tomava a dianteira, a traseira ficava com quem?

“Um dia, se Deus quiser, serei também pastor”, Kaká, jogador de futebol
Torça para que Deus não queira, Kaká até mesmo porque se seu desejo se tornar realidade você se tornará o primeiro milionário a se tornar pastor. Normalmente acontece o contrário. No começo são mortos de fome, depois é que ficam ricos.




sábado, 23 de janeiro de 2010

PERFIL DE BIG-BROTHER

Texto de hoje é dia de...

O Estado do Maranhão, sábado, 23

PERFIL DE BIG-BROTHER

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com

“Quer conhecer analgésico melhor que a felicidade? A idiotice, não é? A idiotice é vital. Ser meio idiota é legal para ser feliz.” Ana Maria Braga.



Prepare-se, você foi escolhido. Calma, não fique nervoso, a rede de televisão não sabe ainda que você é idiota, portanto, está apenas experimentando-o. Quem vai mostrar e provar isso é você que, daqui a alguns dias, estará pegando um telefone e ligando para votar em uma pessoa que nunca viu mais gordo, que nada tem para oferecer, menos ainda para dizer e muito menos ainda para mostrar.
Você pensa que estará fazendo isso porque não tem o que fazer, mas sabe que essa não é a única verdade. Você sabe perfeitamente que só um idiota perde o seu tempo com gente mais idiota ainda, mas... Quer saber mesmo a verdade? – você já nem se importa com isso. Durante toda sua vida lhe fizeram de idiota: políticos que escondem seu dinheiro nas meias, cartolas que armam resultados de jogos para favorecer times de maior torcida, departamentos de trânsito que lhe cobram multas extorsivas. Você então pensa que ser idiota um pouco mais um pouco menos, já nem faz diferença.
Eles também (os big-brothers) fazem de conta que são apenas exibicionistas, mas tem coisa pior por trás: são ignorantes, aproveitadores, grotescos, parvos e humanos, demasiadamente humanos, enfim. Você poderia tentar ser diferente deles mas você não quer, você já não têm mais ânimo, nem vontade. Você já pensou um dia em ler um livro, em aprimorar seu possível talento musical, mas qual, você prefere ser assim mesmo, alienado e bobo. Na verdade, toda essa estupidez generalizada (que faz com que tanta gente almeje se tornar boneco de circo de um picadeiro que tem um pilantra como animador, chamado Pedro Bial); na verdade isso o atrai, e, no fundo, você é doido para ser um deles, não é mesmo?
E é para ajudá-lo – se você for realmente fã do BBB - que estamos lhe entregando o perfil dos Big-Brothers dessa edição, todos tão parecidos. Vá lá: escolha um, tanto faz.


Alex: O advogado de São Paulo tem 36 anos e chegou ao programa dizendo que não gosta de quem tem duas caras. Tradução: ele só gosta de quem tem mais de duas revistas Caras, que ele sempre achou o máximo em matéria de literatura.

Ana Marcela: A estudante de Recife tem 25 anos e define-se como uma gargalhada, em um site de relacionamentos. Tradução: Ana Marcela acabou de descobrir um talento próprio: sabe se definir. Quando diz que é uma gargalhada está falando sério. Sua diferença para Pedro Bial, o animador pseudo-intelectual, é que a gargalhada dele caçoa dos telespectadores, a dela, ri de si mesma.

Anamara: É policial militar, natural de Juazeiro, BA. Deve apostar na sensualidade para conquistar fãs no programa e já disse que no sexo, gosta até de apanhar. Tradução: Anamara dá voz de prisão a torto e a direito, mas só libera quando apanha. (De cacete ou cassetete?)

Carlos: conhecido como Kadu, é personal trainner, trabalha em uma badalada academia carioca e tem visual sarado. Tradução: Kadu precisa ter visual sarado porque sua penúria mental nunca sara. Por isso tem um sonho na vida: dedicar-se a ser ex-big-brother no futuro. E vai conseguir porque não há remédio que sare vocação tão contundente!

Claudia: moradora de Ribeirão Preto, 28 anos, tem uma agencia especializada em recepção e serviços, e potencial para ser uma Grazzi Massafera. Tradução: o potencial de Claudia é tão grande que vai passar direto para Suzana Vieira sem precisar fazer estágio em Graziela Massafera. Por isso já está saindo à caça do primeiro gigolô que aparecer. A casa está cheia. .

Dicesar: maquiador, atua como dragqueen na noite paulista com o codinome Dimmi Keer. Tradução: Dicesar é de César ( o imperador de Roma) a quantos Brutos imperarem no caminho. E jamais dirá: “Até tu Brutus?”


Elieser: 25 anos, modelo e engenheiro agrônomo em Maringá, foi mister Ecologia e define-se como bom de pegada. Tradução: como um bom animal pré-histórico, no físico e, principalmente, no conteúdo do cérebro, sua pegada é, de fato, bastante parecida com a de um mastodonte.


Tessália: publicitária de Curitiba, tem 22 anos. Apresenta-se como Twitess. Está solteira e terá de administrar a saudade da filha. Tradução: Tessália não devia se preocupar tanto com isso A filha aprendeu depressa o que significa a mãe ser Twitess, por isso entende, perfeitamente, seu sacrifício de abandoná-la para se enfiar numa casa de orgias sexuais públicas com um bando de retardados. Nem faz questão de saudade.


sábado, 16 de janeiro de 2010

A VIDA E A MORTE DO PONTO G

texto publicado na seção hoje é dia de...
Jornal O estado do maranhão, hoje, sábado, 15


A VIDA E A MORTE DO PONTO G


JOSE EWERTON NETO, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com


O Ponto G foi descoberto ( eu disse inventado, ou descoberto?) por um sujeito chamado Ernst Graffenberg nos idos dos anos 50. Naquela época os tabus sexuais ainda estavam por serem demolidos e a maioria das mulheres ainda pensava que era fundamental para chegar ao prazer que este fosse compartilhado exclusivamente com homens e não com mulheres, cães, gatos, vibradores, metrosexuais, enfim , as muitas variações de sexo que existem na Internet, no BBB e que proliferam no nosso mundo moderno.

( Até hoje não se sabe exatamente porque Graffenberg se preocupou tanto com isso. Passados tantos anos algumas hipóteses surgiram para explicar sua obsessão:

1. Conforme sugerido em 1976 por Shere Hite, intelectual do movimento feminista, a descoberta do ponto G não teria passado de um complô machista com a intenção de retardar a conscientização feminina de que o homem só serve para a procriação e olhe lá...[sabe-se que os bancos de sêmen que proliferam por aí prescindem da presença masculina no ato sexual]. Quanto ao prazer, o buraco é mais embaixo e Graffenberg não passaria de laranja de mais uma manipulação dos machos, com intenção de subjugar as mulheres, matando a cobra, mas não mostrando o pau, ou melhor moatrando o pau, mas não mostrando o ponto.
2. A segunda hipótese, menos mafiosa, sugere que Ernst , sendo pouco
atraente, queria aumentar suas chances com as mulheres. Na impossibilidade de atraí-las pelo método convencional, ofereceu-se como pesquisador e conseguiu, a aquiescência das mesmas, ganhando a chance de conhece-las de forma íntima e profunda ( na verdadeira acepção da palavra ).
O certo é que milhares de mulheres passaram pelo consultório de Graffenberg enquanto ele caçava o ponto G de cada uma. Um fato que corrobora para confirmar essa hipótese é o de que, ao contrário dos demais experimentos científicos cuja pesquisa usa animais como cobaias, no seu, Enrst resolveu partir logo para as mulheres. Ou seja , jamais passou pela sua cabeça a idéia de descobrir, preventivamente, onde estava o ponto G das ratazanas.
Qualquer que seja a hipótese correta, a verdade é que Enrst Graffenberg morreu feliz por ter imortalizado o seu nome. Antes de partir ele teria dito a célebre frase: “ Se Avogadro imortalizou-se por ter dado seu nome a um número amalucado, Fourier a uma série que pouca gente entende, e Alzheimer a uma doença, morro orgulhoso por ter dado o meu nome a um ponto que pertencerá eternamente à intimidade das mulheres. E, principalmente, por tê-lo colocado lá dentro.”)

É fácil imaginar o quanto às mulheres da época vibraram ( mesmo não dispondo ainda de bons vibradores ) com a notícia. Suas chances de prazer aumentavam em 70% e muitas esposas vislumbraram, de imediato, a possibilidade salvadora de não precisarem correr para o banheiro e recorrer aos clitóris, tão logo os maridos barrigudões saíssem de cima delas.

Alguém duvida que surgiu daí a revolução dos costumes que sacudiu a década seguinte? Como se sabe, logo elas inventaram a mini-saia, a tanga minúscula e o top-less. Claro, porque valia a pena, de novo, atraírem os homens, para ajudá-las a encontrar o dito cujo. Que começou a ser caçado, muito mais do que, décadas depois, Osama Bin Laden. O problema é que, assim como Osama, o desgraçado nunca deu jeito de aparecer.

Durante muito tempo elas continuaram fingindo, condicionadas pela pressão masculina, até que começaram a desistir da idéia por volta dos anos noventa. Desistiam, diga-se de passagem, não dele, mas dos maridos. E dos companheiros, e dos namorados, e dos homens. “Ora, se o ponto G existe mas ninguém descobre, então de quem é a culpa? Só pode ser desse cara que está comigo!” Donde provavelmente deve ter se originado o mais espetacular holocausto nas relações familiares que se tem notícia desde Sodoma e Gomorra, e que deu no que deu: mulheres para um lado, homens para outro e sexo para todo lado, inclusive das cabeças das criancinhas que não têm nada a ver com isso.

(Algo de muito curioso nessa história é que nenhum estudo sexológico ou social concedeu até agora ao ponto G sua posição como verdadeiro transformador dos costumes da vida pós-moderna. Temos de reconhecer a dificuldade: como colocar o ponto G no seu devido lugar se ninguém sabe qual é ?)

O certo é que, semana passada, tentaram dar um ponto final no ponto G. Andréa Burri ( que é burri, mas não tem nada de burra) comandou uma pesquisa no King`s College de Londres com mais de mil e oitocentas gêmeas, antes de anunciar sua inexistência, tendo o cuidado de acrescentar. “No entanto, nenhuma conclusão definitiva pode ser tirada e essa pesquisa precisa ser replicada com métodos mais refinados.”

No que concorda a interpretação sábia de uma de suas colegas que participou da pesquisa, menos como cientista e mais pela sua enorme experiência de vida. Segundo ela o ponto G, de fato, estaria morto, mas não enterrado; jamais desaparecerá do imaginário feminino e, nos últimos anos, mudou apenas de lugar. Se antes estava na vagina das mulheres agora está, com certeza, nas suas mãos , desde que elas carreguem um cartão de crédito. O orgasmo, finalmente alcançado, é só uma questão do que e do quanto este permitirá comprar.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O VIBRADOR ENTRA EM AÇÃO

artigo publicado em O Estado do Maranhão,
seção Hoje é dia de...

O VIBRADOR EM AÇÃO

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




E o 2010 acabou chegando com mais estranheza do que tem direito.
Primeiro, a escolha de Ronaldo, o fenômeno, como uma das dez pessoas mais confiáveis do país (como uma nação pode confiar num sujeito que não sabe a diferença de um travesti para uma mulher?). Depois, o que aconteceu esta semana, aqui mesmo, em São Luis: o assaltante Dentinho resolveu inovar e partiu para uma nova modalidade de instrumento de persuasão criminosa.
Dentinho assaltou uma mulher chamada Janice Minervina com um pênis de borracha (ou vibrador, como queiram) de 28cm x 18 cm. Dizem os autos da delegacia policial que Janice, quando passeava na Lagoa da Jansen, ao sentir o “cano” da arma em suas costas entregou de imediato a bolsa que trazia a tiracolo e chamou a polícia. Fica para a imaginação do leitor tentar chegar a uma conclusão satisfatória a respeito da hipótese levantada por alguns repórteres policiais: a de que se o vibrador tivesse sido endereçado para outro local do corpo da vítima a sua reação teria sido outra.
Como toda sanluizense já foi roubada pelo menos uma vez nesta cidade ( nem que seja de um inocente celular) nada como pesquisar o que elas acham dessa nova modalidade de assalto, de acordo com a profissão que exercem.

Hortênsia – Professora de matemática do ensino médio. Mora na Cohab:
“Prefiro esta. Pelo menos o diâmetro da arma é maior e, sendo mais grosso e viril, os ângulos de sua conformação são mais suaves e, dessa forma, sua imagem é menos aterradora ”.

Elenaura – Psicóloga, mora no São Francisco e tem um consultório num Shopping:
“Psicologicamente, esta deixa um trauma de menor impacto na mente
feminina. Algumas mulheres, de personalidade mais forte, terão chances até de fantasiar suas futuras emoções.”

Dra. Etiene - Clinica geral, mora no centro e atende no Maiobão:
“O efeito colateral é menos prejudicial. Pelo fato de ser de borracha,
não fere e pode até deixar uma sensação agradável no corpo. Tenho certeza pessoal e científica de que este que é mil vezes preferível a um objeto cortante, um punhal, por exemplo.”

Domingas - Comerciante, mora no Lira e trabalha nas feiras móveis, vendendo verduras. “ Tem mais chance de se fazer um bom negócio. As mulheres poderiam
sugerir a troca de suas bolsas pelo vibrador; ou então dos celulares.”

Hilda Franchesini - “Mineira, mora no Calhau.. Freqüentadora assídua da páginas sociais, é perua profissional e tem uma clínica de rejuvenescimento nas horas vagas:
“Nada contra, só acho que o vibrador tem de ter qualidade. As mulheres
só deveriam entregar os seus pertences se comprovada a etiqueta do bicho. Teria de ser comprovadamente chique, meu filho! ”

Nanasara - Estudante de filosofia, é também cantora de banda de bumba-pop da ilha, se apresenta na região do Turu e adjacências:
“Como dizia Platão, ou , possivelmente Aristóteles, como todo ato sexual
é uma forma de assalto daquilo que você ainda precisa completar em si mesmo, as vibrações do viver quando interrompidas por um gesto, precisam de simbolismo vivo para continuarem. No caso, um vibrador é muito mais eficiente para isso do que um revólver.”

Serena Campos – Estudante, desistiu do vestibular convencional há dez anos, quando decidiu seguir a profissão de candidata ao big-brother. Já publicou um livro de poesias chamado As razões do coração,
“Acho que, no caso desse tipo de assalto, as razões secretas do coração passam a vibrar mais intensamente...e de outras partes, também.”

Lucília Ernestina - Advogada criminalista, mora na Cidade Operária e faz
pos-graduação em salto-triplo – para fugir dos assaltantes.
“Esta nova modalidade de assalto precisa ser incluída urgentemente numa nova categoria dos códigos do direito criminalista, cuja hipótese vai contribuir para amenizar a pena do infrator. Ou seja, a de que o objeto do crime por parte do algoz pode ser confundido com o objeto de desejo da vítima.”

Cecília Regina, enfermeira, mora na Madre Deus.
“ Só acho que o assaltante, após ter apavorado a vítima com o vibrador, deveria ser condenado a acalmá-la depois com o mesmo objeto, para que as enfermarias dos hospitais não fiquem lotadas de mulheres à beira de um ataque de nervos.”

Soliege Brito, 35 anos – Formada em educação física, pratica vários
tipos de disputa, físicas ou não: judô, capoeira, basquete, lutas marciais, divórcios, etc. Praticamente mora na Lagoa da Jansen, onde faz cooper 23 horas por dia.
“ Bem , por razões sentimentais só posso dizer que vou direto para a delegacia, agora que já sei com quem está o vibrador de estimação que eu perdi.”


sábado, 2 de janeiro de 2010

CONTRATO DE FIM DE ANO

Artigo de hoje, sábado de O estado do Maranhão,
seção hoje é dia de...


CONTRATO DE FIM-DE-ANO

Jose Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




Já que os seres humanos insistem em tratá-los como a seres vivos, capazes de fazer e acontecer, faz algum tempo que os anos novos, preventivamente, assinam em presença de Deus, um contrato de prestação de serviços de 365 dias. Eis, recentemente assinado, e em primeira mão, o de 2010:

1. O ano de 2010 compromete-se a fazer de conta que acredita que os excessos e as aberrações que os humanos cometerão, logo após sua chegada, são em sua homenagem, e não mero pretexto para dar vazão aos seus instintos etílicos. Idem promete não atrapalhar o reveillon, deixando-os se comportarem, mais uma vez, como se a mera passagem de um segundo - em tudo semelhante a infinitos outros - tenha algum significado especial ou seja capaz de mudar o que quer que seja.

2. O ano de 2010 promete trabalhar todos os dias do ano, chova ou faça sol, independente de ser feriado ou dia útil, mesmo contrariando interesses de baianos e cariocas, de políticos que só trabalham três dias por mês, ou de jogadores de futebol que só jogam um dia por semana e ainda se acham no direito de se considerarem cansados.

3. O ano de 2010 exime-se, peremptoriamente, das conseqüências que lhe serão atribuídas por conta de uma obrigatoriedade anual. Por exemplo, lembra que o Imposto de Renda, o IPVA, o IPTU, e as promessas e juras de emagrecer, são invenções incrustadas em uma necessidade que têm mais a ver com a cobiça e as obsessões dos homens, do que com a passagem corriqueira dos anos através dos tempos.

4. O ano de 2010 compromete-se a mandar a quantidade de água necessária que os homens venham a precisar. No entanto, lembra de que não o fará da exata forma que querem. (Ou seja, se a quantidade de água e vento enviada virar uma tempestade, ou um tsunami, em São Paulo ou em Santa Catarina, a responsabilidade não será sua, mas de quem nunca soube se prevenir a contento)

5. O ano de 2010 compromete-se a realizar a Copa do Mundo, mas avisa que não privilegiará essa ou aquela nação por conta de rezarem ou de dizerem, por exemplo, que “Deus é brasileiro”, como faz o Brasil. Lembra que a vitória dependerá, como sempre, de quem fizer mais gol, do juiz que roubar mais, ou de quem escolher seus melhores. Em resumo, não aceitará que tragédias coletivas ( tipo choro e ranger de dentes na Avenida Paulista ou em Copacabana ) lhe sejam atribuídas por conta de quem preferiu técnicos ruins( Dunga ) a jogadores bons ( Ronaldinho Gaúcho)

6. O ano de 2010 compromete-se a agir conforme reza seu contrato. Ou seja, simplesmente passará através da eternidade, e será indiferente a previsões e expectativas. Em resumo, jamais dará mais um minuto para um e menos para outro, mais rugas para uns e menos para outros, como pretendem certos arrogantes. Como a atriz Susana Vieira que exigiu da imprensa compreensão para suas atitudes “conforme a aparência, e não a idade”. Certamente, por nunca ter tido tempo suficiente (nem anos) para se enxergar em frente a um espelho.

7. O ano de 2010 compromete-se a enviar luz e calor no mesmo volume de sempre, apesar das previsões em contrário. Mas lembra que isso será insuficiente para iluminar os buracos-negros em que se transformarão as mentes, cada vez mais obscurecidas por programas como o Big-Brother, já anunciado. Exige, portanto, que ninguém o responsabilize por novos apagões, de origem psíquica.

8. O ano 2010 compromete-se a ficar até o final de sua jornada sem perda de seu entusiasmo. Mas, insiste em confirmar que não fará horas-extras, jamais admitindo que lhe aconteçam coisas como as que aconteceram ao ano de 1968 que virou, muito tempo depois, O ano que não terminou.
Como encerrará seu trabalho no último segundo do ano, avisa que quem quiser prender seu corrupto que o faça no dia e na hora certa. Assim sendo, não permitirá que se diga depois que José Roberto Arruda escapou para 2010, através do tempo e da falta de memória, quando a história confirmará, que se isso se der, será pela absoluta falta de vergonha de toda uma nação condescendente.