sábado, 26 de dezembro de 2009

2009 e a palavra que não terminou

Texto publicado hoje, sábado, na seção
hoje é dia de... O estado do Maranhão

2009 E A PALAVRA QUE NÃO TERMINOU



Jose Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




Zuenir Ventura escreveu o livro 1968, o ano que não terminou. Que palavra melhor representaria o ano de 2009. Qual seria a palavra do ano?
Ora, as palavras que não terminaram (que ficarão na memória) dependem de cada um. No aspecto pessoal a palavra de 2009 que jamais terminará talvez se chame Literatura. Foi através dela que cheguei à Academia Maranhense de Letras, em 24 de Abril deste ano, para ocupar a vaga da cadeira 11, que pertencia ao poeta Manoel Caetano Bandeira de Mello e cujo patrono foi João Francisco Lisboa. Essa grande honra talvez não caiba numa palavra.
Pude conhecer de perto, então, a efervescência das idéias que culminaram nas vitoriosas realizações culturais que ocorreram durante todo o transcorrer do ano de 2008, em que se comemorou o centenário da Academia. Os ecos desses eventos, aliás, reverberam até hoje com a publicação, esta semana, do livro comemorativo do Centenário da Academia. Este livro, cuja publicação está coincidindo com o crepúsculo do mandato do atual presidente Lino Moreira, juntamente com a reedição recente do Dicionário de César Marques (frutos de um portentoso trabalho de pesquisa e revisão executado por Jomar Moraes), junto com outras realizações, vêm confirmar o dinamismo da administração de Lino Moreira que proporcionou aos cidadãos maranhenses, uma profícua série de acontecimentos à altura da grandiosidade e significação da data.

Quanto ao geral, a cada mês a sua palavra
Em janeiro, demissão. Pois é, o ano-negro após crise acabou melhor do que se esperava, menos para os 25 franceses que se suicidaram, depois de demitidos pela France Telecom. Meses mais tarde, em Dezembro, Leila Lopes, ex-atriz da Globo, também resolveu demitir-se da vida, partindo, segundo suas palavras em busca de Deus. A bela ex-professorinha Global suicidou-se aos cinqüenta anos, ainda muito bonita. Tudo indica que o deus que tanto ela queria encontrar estava muito longe do deus Global: tão semelhante ao deus do Lucro, da France Telecom, e tão indiferente às carências e expectativas de um ser humano.

Em fevereiro, fraude
E a advogada Paula Oliveira resolveu aprontar para cima das autoridades suíças simulando um aborto e um seqüestro, para conseguir grana. Enganou muita gente até ter descoberta sua fraude pela polícia. Como em Brasília fraude é o que não falta chega-se à conclusão que a menina escolheu mal o palco e deveria urgentemente fazer um aprendizado em Brasília com as autoridades governamentais. Mais especificamente, com o governador José Roberto Arruda. Que lhe ensinaria depressa como escapar da polícia.


Em Junho, acidente.
O termo acidente remonta ao latim accidens, entis “o que sucede”, particípio presente de accidere, “cair”. Como dizia Graham Greene “existe uma casca de banana por trás de toda grande tragédia”. Seis meses depois do acidente com o avião da Air France ainda não se descobriu a caixa-preta e muito menos a casca de banana, pois não convêm descobrir onde é que ela estava.

Em Maio, gripe.
A epidemia passou de gripe suína para gripe A por respeito aos porcos. Isso leva a acreditar que se ainda não contaminou todo o alfabeto foi por causa da reforma ortográfica - que não se lembrou de vacinar as três letras que chegaram


Em Setembro, marolinha.
No fim do ano passado Lula foi muito criticado, pela oposição, por ter chamado de marolinha à crise global. Já em Setembro, o jornal Le Monde, derramou-se em elogios ao nosso presidente atribuindo-lhe uma visão correta e antecipada do cenário econômico. Ora, como o nosso presidente anda acertando tudo, os oposicionistas que tanto o criticaram por ter dito que o povo estava na merda, logo estarão todos lhe aplaudindo . Com os dedos cheios de merda.

Em outubro, olimpíada.
E acabaram sacramentando as Olimpíadas no Rio, em 2016, apenas dois anos após à Copa de 2014, também no Brasil. Se os baianos já andam dizendo que vão enforcar o 2015 (imprensado entre dois feriadões) um dilema surge: cercados de olimpíadas e copas do mundo por todos os lados, para onde irão as balas perdidas? Alguém duvida que vão acabar se instalando nos lombos dos cidadãos dos estados que não tiveram a sorte de participar da festa?.

Em novembro, expulsão.
Por ter usado um minivestido rosa, , Geisy Arruda, foi expulsa da Uniban de São Bernardo do Campo, onde cursava turismo. Sua culpa foi ter atiçado a tara dos estudantes universitários. È por essas e outras que Suzana Vieira, Maitê Proença, Marília Gabriela e outras peruas sessentonas que adoram garotões - mas estão longe de atiçar a tara de quem quer que seja - resolveram adotar o rosa como farda oficial.

Em dezembro, retrospectiva.
Incorporada no jargão da mídia com o sentido de balanço dos acontecimentos, retrospectiva tem registro em português desde 1899 como “relato dos fatos” e “exposição das obras de um artista”. Virou uma das palavras-símbolos do fim do ano, uma sugestão de retomada da memória cujo sentido de revisão foi acentuada no português brasileiro por via norte-americana, de onde nos chegou retrospection ( usada no inglês desde 1674) por via francesa restrospection (desde 1839).
Esta é mais uma delas, feita às pressas, mas não a ponto de esquecer de desejar a todos os leitores um feliz ano-novo.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

E O PALAVRÃO VIROU PALAVRINHA

Artigo de sábado de O estado do Maranhão,
seção Hoje é dia de...


E O PALAVRÃO VIROU PALAVRINHA

“ Eu quero saber se o povo está na merda e quero tirar o povo da merda
em que se encontra”
Lula, presidente do Brasil

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




Como deve ter sido longa a trajetória da merda até chegar à boca de um presidente da república! Porém, calma, senhores, não queiram imaginar dejetos evoluindo ao longo dos séculos para chegar aos lábios de um ser humano importante. Até porque se existe algo imune à passagem do tempo deve ser ela, a merda. Provavelmente, continuará a mesma para sempre, quem sabe para nos lembrar o quanto seremos eternamente associados à imundície. Mas não estava falando do objeto físico e sim da palavra. E esta, quer queiramos ou não, evoluiu e muito.

Sim, porque antigamente a palavra merda era considerada um termo tão chulo que beirava a obscenidade pronunciá-la em celebrações e eventos públicos. Nessa época, , prezava-se o linguajar culto, aquele que ao sair da boca de alguém diferenciava uma pessoa importante do comum dos mortais. Digamos que, era inadmissível que alguém, escolhido por uma nação para dirigi-la, pronunciasse um palavrão num evento. Era vergonhoso, acintoso, imoral!
Depois da fala espontânea e recente do nosso presidente, em São Luis, ficou fácil concluir que os palavrões evoluíram e muito. Se antes eram restritos ao linguajar das cozinhas, dos porões e das alcovas, agora se mostram abertamente nos salões. Não precisam mais se esconder através de metáforas e eufemismos, e expõem uma verdade incontestável: o palavrão não existe mais, virou palavrinha. Se alguém duvida, basta pensar em alguns.

Porra: Será mesmo que algum dia, estas letras cinco letras significaram apenas esperma? Hoje, como todos sabem, essa expressão serve para tudo: adjetivo, pronome e substantivo ( tem gente que prefere ser chamado de porra, ao invés do próprio nome). Serve também como ponto de exclamação, vírgula, e até como figura de linguajem indefinida ( aquela que você pronuncia numa conversa como se fosse um resmungo, e que tanto serve para substituir um pensamento como para evocar o que não se tem para dizer):
“- Porra!”
“ “O que foi mesmo que você disse?”
“- Porra!”
“Puxa vida! Ainda bem, que existe alguém sempre prestando atenção à conversa para, no fim, fim sintetizar tudo de forma tão maravilhosa!”

Sacana: Um dia foi sinônimo de cafajeste, calhorda, safado e por aí vai. Sua chegada ao reino dos xingamentos deu-se para substituir a acusação de canalha, já que a conhecida expressão, mostrava-se incapaz de traduzi-los com perfeição. O contínuo aprimoramento deles, dos canalhas, fez com que, por sua vez, o termo sacana hoje não passe hoje de um elogio, quase sempre afetuoso. Como o das mulheres, que adoram elogiar seus ex-namorados chamando-os, carinhosamente, de sacanas, enquanto choram:
“Só sei que para mim ele sempre foi um grande sacana, principalmente na cama!”
O que significa que ela continuará por muito tempo apaixonada pelo dito cujo.

Filho da puta. Esse tipo de xingamento já levou muita gente à morte. Hoje, já não tem o menor resquício da conotação ofensiva que tinha, mesmo porque o objeto da ofensa - a puta – está sendo cada vez mais exaltado pela mídia e pela sociedade. Todos admiram as putas: de Bruna Surfistinha ( que virou best-seller e depois filme ) às do Big-Brother. Tanta admiração faz com que, incentivadas pelas mães, a maioria das meninas comece o aprendizado da profissão desde cedo, assistindo programas infantis de Xuxa ou imitando os rebolados eróticos das dançarinas de forró.

Ora, aceitando-se que os palavrões não tenham autonomia para se desenvolver à revelia dos homens, é fácil deduzir, fechando a questão acima, que se os palavrões viraram palavrinhas não foi porque, de fato, evoluíram, mas porque a humanidade tornou-se muito pior em termos de ética e moral. Que palavrão seria capaz de se encaixar num governador que mete dinheiro público nas meias e cuecas e depois vai agradecer a Deus? E que, ao contrário do que fazem alguns de seus iguais no Japão (que envergonhados, suicidam-se) quer mais é se perpetuar no poder?

Por mais que alguém se esforce para encontrar um palavrão que nele se aplique, será difícil encontrar no linguajar mais chulo ou rasteiro de nossa língua, um só que caiba em José Roberto Arruda e seus asseclas. Donde se conclui que se o brasileiro evoluiu positivamente em conhecimento técnico e científico, deu para trás em termos de caráter e dignidade pessoal. É triste, mas novos palavrões precisam ser urgentemente inventados!

sábado, 12 de dezembro de 2009

FELICIDADE INTERNA BRUTA

FELICIDADE INTERNA BRUTA
artigo publicado, hoje, sábado, na seção Hoje é dia de...
o Estado do Maranhão



José Ewerton Neto, membro da AML

Jose Ewerton Neto@hotmail.com





Recente reportagem da Revista Isto é dá conta de que empresas e governos, preocupados com o nível de satisfação de seus cidadãos brevemente estarão utilizando métodos científicos para medirem a Felicidade Interna Bruta de seus empregados e cidadãos. Antes de receber o seu FIB (certificado de felicidade) acho melhor precaver-se, leitor.
De antemão solicito que jamais façam isso comigo e adianto que meu estado de felicidade aumentaria muito se algum representante do governo, simplesmente, ordenasse aos seus guardas de trânsito que deixassem de enviar multas fantasmas a torto e a direito, e que aprendessem a fazer coisa mais útil no trânsito, além de apontar uma cadernetinha em nossa direção com a única intenção de multar, multar, multar.
E depois, a felicidade é um sentimento muito complexo, para ser medido não é mesmo? É de se esperar que, ao invés de medirem a nossa felicidade interna bruta, logo estejam medindo, com a brutalidade que lhes é peculiar, a nossa desilusão interna – e externa. Medir a felicidade de quem quer que seja, como já disseram os filósofos, sempre foi uma brutalidade. Mas o que é mesmo felicidade?
Lembro de que, em determinada ocasião, uma repórter perguntou a um escritor se este era feliz. Ele respondeu: “Depende; no seu conceito de felicidade, eu sou, mas no meu, não considero. Mas de uma coisa você pode ficar certa: prefiro mil vezes ser infeliz com a minha felicidade, do que maravilhosamente feliz na sua. Deu para entender? Felicidades existem lá e cá, cada um tem a que merece proporcional às suas mediocridades, mas qual delas os Governos estariam propensos a medir? Vejamos algumas mais conhecidas:

A Felicidade Idiota: É a daquele que se acha na obrigação de propagar a sua felicidade como se fosse um adorno, enfim, que acredita piamente que a felicidade pode ser ostentada como se fosse uma jóia. É a felicidade de Suzana Vieira, Hebe Camargo e de mais um punhado de celebridades, cuja ostentação de felicidade parece estar incluída nas cláusulas contratuais, para deleite de platéias ávidas por uma compensação para a tibieza de seus projetos de vida.

A Felicidade Epidêmica. É a felicidade dos que se contaminam facilmente com o
frenesi da massa popular, como se tivessem sido picados pela “doença da multidão” que, nesta época do ano, principalmente no reveillon , se transforma em “felicidade obrigatória”. São aqueles que passam a vida pulando de show para show de forró acreditando piamente que, pelo fato de se “divertirem pra valer” são donatários de toda felicidade do mundo. Tão incompreensivelmente felizes se acham que nem se dão conta do quanto são carentes e tristes, ao dependerem da felicidade dos outros para legitimar as suas.

A Felicidade Oportunista: É a de alguns governantes e líderes empresariais que utilizam uma “felicidade de fachada” para moldar temperamentos e obter lucro pessoal. Não é à toa que toda essa onda de otimismo cosmético e desenfreado tenha surgido nas empresas norte-americanas de meados do século passado quando os patrões queriam que seus empregados se transformassem em robotizados personagens de um sistema que não lhes desse tempo de refletir sobre sua condição sub-humana e sem perspectiva. É a felicidade dos que propagam o melhor dos mundos – desde que este não permita questionamentos aos seus projetos de ambição pessoal. Mais ou menos como a felicidade de José Roberto Arruda e seus asseclas, enfiando dinheiro nas meias e rezando em seguida para agradecer a Deus. Alguém já tinha visto antes tanta “felicidade”?

A Felicidade Verdadeira. É a que eu espero que você esteja sentindo agora, caro leitor, admitindo que o simples fato de ter boa saúde e memória fértil (segundo Ingmar Bergman) e, ainda por cima, estar tendo tempo para ler e meditar sobre isso, seja razão mais do que suficiente para ser feliz.

sábado, 5 de dezembro de 2009

CONFRATERNIZAÇÕES

Texto publicado no jornal
O estado do maranhão, sábado,
seção Hoje é dia de...


CONFRATERNIZAÇÕES DE FIM DE ANO

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com






Paira nesta época do ano, uma motivação diferente. As empresas e as organizações, através de festinhas de confraternização, tentam capitalizar esse espírito para promover a união entre seus funcionários. Tudo corre num ambiente de perfeita harmonia. (pelo menos nos cinco minutos iniciais):

1. No início, todos se cumprimentam e sorriem. Ouve-se uma gracinha aqui, outra ali, sobre futebol e a barriga proeminente de alguém. O comedimento ainda é a regra e os gordos ainda não viraram obesos.

2. As primeiras rodadas de cerveja percorrem as mesas com uma velocidade que vai de Barichello para Ayrton Sena em poucos minutos. A secretária particular do presidente, Geysiane, vulgo Geisybrega, que estava de dieta e se apresentou alguns quilos mais magra, já está no décimo copo.

3. Os garçons, jovens e educados, tratam todo mundo de senhor. Celso Bomdelíngua que assumiu recentemente a coordenadoria de fiscalização das Horas Super-Extras, quer saber, a altos brados, porque antigamente só traziam garçonetes boazudas e agora inventaram de trazer rapazes. “Só pode ser idéia do Mike Tyson”, diz. Mike, cujo nome de batismo é Francenildo, tem 1,90m de altura por dois de largura, faz capoeira e é chefe do Departamento de Segurança e Patrimônio, nesse exato momento se abraça com um dos garçons. Celso insiste: “Eu não disse?”

4. Um ligeiro contratempo fez com que a carne demore a ser servida. Quando desponta, a picanha é disputada no tapa. Juca Montanha avança em direção ao primeiro corte que voa em cima da mesa sem sequer perceber a mão que, um segundo antes, disputava o mesmo naco, e que, por acaso, é da esposa do seu chefe. Enquanto isso, agoniza pelo chão, a décima grade de cerveja.

5. Nesse momento adentram o recinto, rebolando, cinco estagiárias, recém-contratadas. Juca Montanha inicia o aplauso. Urros entusiasmados se sucedem, em meio aos gritos de “gostosas”. As esposas não entendem muito bem a razão, mas batem palmas. Tudo é levado na brincadeira. Os garçons já não chamam ninguém de senhor e já tem até um que chama Sizolete, a autoritária chefa de Recursos Humanos - e coordenadora do evento, de minha gata.

6. Montanha, cada vez mais inspirado, vai de mesa em mesa. Diz a um circunspeto senhor, do lado do qual o presidente não se arreda , que sua neta é muito bonita. Este responde que esta não é sua neta, mas esposa. Ante o constrangimento geral, já que o ancião é um político influente, alguém lembra de convocar Toninho Radiola, o mais antigo funcionário da empresa, para apresentar seu som. Feliz da vida, Radiola avança com sua parafernália, a reboque de um fusca caindo aos pedaços (que conseguiu comprar, a prestação, com seu premio de trabalhador mais antigo.) As mulheres começam a rebolar ao som de forró. Churrasco e cerveja continuam vazando no balde.

7. Em meio a algazarra geral alguém grita que precisa ler uma “mensagem” da Organização. Trata-se do presidente, mas ninguém o escuta. Enfurecido, ele sai tropeçando em garrafas e na cabeça do seu filho, Diego, de dois anos, que escorregou do colo de sua esposa e agora está dormindo no chão. Finalmente, consegue alcançar o som e o desliga. Ouve-se uma sonora vaia. “Quem começou a vaia?”, vocifera Mike Tyson, voltando a assumir as suas funções de protetor do patrimônio e macho-man.

8. O presidente inicia a leitura da mensagem e diz: “Para conseguir o melhor desempenho do seu motor flex é necessário testar a relação ideal álcool-gasolina...”. Ninguém entende. Alguém lhe sussurra: “presidente, o senhor deve estar lendo o manual do seu carro”. O político, experiente, pega o microfone e discursa: “Trata-se de uma mensagem de otimismo em gotas, como a do livro de auto ajuda”. Todos aplaudem, emocionados. Alguém berra: “E por falar em gotas, cadê a cerveja, já acabou?”Irritado, o presidente manda um bilhete para Sizolete avisando que se a cerveja não aparecer em menos de quinze minutos amanhã estará demitida”.

9. Enquanto a cerveja não chega os ânimos se exaltam Um incidente acaba de acontecer no banheiro quando a mulher de um funcionário chama uma das estagiárias de piranha. No meio de garrafas voando para tudo quanto é lado um dedo passa rente a racha da bunda da espevitada mulher do Gerente Financeiro. Desconfiada de que a dedada não foi de propósito, ela desaba a chorar. Pragmática, Geysibrega se oferece para fazer um espetáculo de dança do ventre, para acalmar os ânimos. Todos agora vibram, e as estagiárias, com uma disposição que nunca tiveram antes para o trabalho, se dispõem a ajuda-la.

10. Sizolete, de repente emburrada, diz que aquilo nunca foi dança do ventre, mas strip-tease e, conclama o restante das mulheres a irem embora. Os maridos aplaudem a idéia. Um bilhete circula de mão em mão, endereçado a uma das estagiárias, com um número de celular desconhecido. Neste exato momento chega no colo da mulher do presidente, que enrubesce e levanta os olhos, furibunda, para o marido. Desesperado, este grita: “Estão me sacaneando, isso não vai acabar assim!Cadê o Mike Tyson?” Todos temem pelo que possa acontecer , mas a cerveja chega nesse instante para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Alguém fala em Lei Seca. Todo mundo ri da piada.



quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

SEXO COM BANCO

Cronica publicada em O Estado do Maranhão,
jan 2009

SEXO COM BANCO


José Ewerton Neto, engenheiro, autor de Ei, você conhece Alexander Guaracy?

ewerton.neto@hotmail.com



“Ao invés de sexo em branco, sexo com banco!” poderia ser o slogan da mais recente modalidade sexual inventada pelos chineses. Isso mesmo, na madrugada de 7 de janeiro um morador de Hong-Kong, na ânsia de se livrar da solidão, adotou um banco de praça como parceira sexual, não conseguiu se livrar, depois, da “namorada” e teve de apelar para o corpo de bombeiros. É que a dita cuja não quis se desgarrar dele e prendeu seu órgão sexual em um de seus buracos. Donde se deduz que a inusitada parceira, além de ser de metal e cheia de furos, é original desde a aparência até os impulsos arrasadores e possessivos.
Inovações à parte, é curioso constatar como o sexo está ficando cada vez mais violento e bizarro. As 102 posições do kama-sutra já não bastam. para o apetite sexual da vida moderna. (Nem mesmo as 2000 variações que os big-brothers exibem, noite e dia para quem quiser se deliciar, adultos e crianças) Pouco tempo atrás, um americano foi preso por ter praticado sexo com uma bicicleta, o que deve fazer com que as mulheres sintam saudade dos tempos em que suas rivais pouco convencionais eram apenas vacas, porcas e galinhas. Tudo indica que coisa muito mais esquisita está para surgir.
Isso deve enchê-las de preocupação. Por que os homens estariam buscando formas cada vez mais extravagantes de substituí-las? No intuito, exclusivamente didático de ajudá-las nada como contrapor algumas das potenciais vantagens, de um banco de praça em relação a elas para que todos possam refletir, sem trauma, sobre o assunto.
1. Um banco não fala. Embora aparentemente de somenos, essa é
uma qualidade que deve ser muito apreciada numa relação . Um escritor muito famoso atribuiu, recentemente, a longevidade de seu casamento ao fato de que sua mulher fala um idioma diferente do seu, o que leva a concluir que a frase que diz que o silencio fez mais pelo fortalecimento das uniões do que milhões de declarações de amor, tem muito de sabedoria. Ora, o sexo com um banco de metal pode até ser doloroso mas uma coisa é certa: ao contrário das mulheres este não reclamará de nada. Nunca.
2. O furor sexual é latente. Pelo menos nesta edição o banco-
sexo portou-se com uma dedicação invejável. Ao invés do que acontece com algumas mulheres que ficam doidas para que o cara tire o seu rapidamente e caia fora, o banco deu uma demonstração de incontestável apego, ao tentar reter, em definitivo, o órgão sexual do parceiro. Se houve um super dimensionamento do amor – por parte do banco, e um sub dimensionamento do tamanho ( talvez pela fama ) por parte do chinês, isso não interessa. A verdade é que a tradicional jura de união “ até que a morte os separe” foi entendida à risca, sem precisar de contrato de casamento nem de benção de padre.
3. Não custa caro. Está claro que esta foi uma das razões pela qual
o chinês procurou um banco de praça para se satisfazer. Nestes dias de intensa crise financeira os homens têm de levar em consideração o custo benefício de todas as suas atividades, incluindo a sexual. E por falar em finanças, com os edificantes exemplos que se vê na mídia ( Luciana Jimenez, Galisteu e tantas outras) , quem duvida de que haja também um grande contigente de mulheres que gostariam - e muito - de fazer sexo com um banco? Desde que de outro tipo?
4. Fidelidade total. As mulheres revelaram-se, ultimamente, muito
infiéis. Recente pesquisa em que foram entrevistadas mostrou que 50 % delas admitem que traem, o que é muito, considerando o histórico e as teorias científicas da evolução que atribuem esse instinto natural apenas ao macho. Ora, um banco metálico cheio de furos tem a excepcional vantagem de não trair e de , sequer, pensar em trair. E ainda acompanha o amante ao hospital, dele só se separando quando arrancado - na marra..
5. Sexo seguro. Um banco de praça não transmite doenças e dispensa o uso de camisinhas. Não deixa de ser um benefício. Disse Woody Allen que a grande vantagem da masturbação é que o sujeito faz sexo com quem quer. Pois bem, o banco tem toda essa vantagem e ainda admite ser beijado e acariciado. Certo que o beijo acabará parecendo meio frio ou rígido, mas seria muito diferente dos beijos das tantas Brunas Surfistinhas, que beijam a três por quatro por aí?

sábado, 21 de novembro de 2009

OS CAMINHOS DA SABEDORIA

Texto publicado na seção Hoje é dia de...
O estado do Maranhão hoje, sábado, 21



OS CAMINHOS DA SABEDORIA

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com


Sabe-se da sabedoria das expressões populares. Tantas vezes, no entanto, as repetimos, automaticamente, sem nos preocuparmos em saber como e onde surgiram. Pesquisando suas origens e analisando-as sob a ótica atual percebemos como são tortuosos os caminhos da sabedoria!


1. O pior cego é aquele que não quer ver.
Tudo começou quando se realizou a primeira cirurgia de transplante de córnea, num aldeão chamado Angel, em Nimes, na França, 1647. Ao recuperar a visão, no entanto, Angel afirmou que preferia o mundo que imaginava antes, suplicando então para lhe arrancarem, de novo, a visão. Para ele, como para muita gente, o mundo que se imagina é muito melhor do que o que se vê.
“É por isso que existe tanta gente que gosta de novela. Na tela, o mundo parece melhor e, diante dela, os telespectadores não se importam em continuarem cegos para o resto da vida”.

2. A dar com o pau.
Muitos escravos africanos quando vinham de navio para cá, preferiam morrer de fome, recusando-se a comer. A sopa, com angu, era enfiada então pelas suas goelas com uma colher de pau.
“Os desvalidos nordestinos (equivalentes modernos dos escravos de ontem) já não se recusam a viver e têm direito até à bolsa-família. Seus escravizadores é que já não lhes dão com o pau, mas com a bolsa.”

3. Quem não tem cão caça com gato.
Trata-se de uma adulteração da expressão original, que dizia que quem não tem cão caça como gato, no sentido de sorrateiramente, matreiramente.
“O certo seria que, atualmente, usássemos as duas versões. Para pobre: quem não tem cão caça com gato; para rico: quem não tem cão caça como gato.”


4. Vá tomar banho.
Os índios, à vista do fedor que exalava dos brancos e suas vestes, os mandavam tomar banho, toda vez que chegavam perto da água.
“Hoje, os índios chegaram à conclusão de que nada disso adiantou. Embora tenham ensinado os brancos a tomarem banho, em compensação, não conseguiram lhes ensinar a não emporcalharem seus rios e suas praias.”

5. Dar com os burros n`água .
Na época da colonização os burros, que eram usados pelos tropeiros para carregar alimentos, perdiam-se nas enchentes e nos terrenos alagadiços.
“Hoje, qualquer chuva faz com que as grandes cidades fiquem intransitáveis, por falta de planejamento dos seus administradores. Donde se conclui que se na época da colonização os burros davam na água, hoje a água é que dá nos burros. (Os burros somos todos nós, que votamos em tanta gente incompetente.)

6. Para inglês ver.
Em 1830 a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que extinguissem o tráfico de escravos. O povo, então, dizia que as leis eram apenas para inglês ver.
“Hoje o que não falta é lei, para compensar as que não se cumprem. As de transito, por exemplo, cada vez mais rigorosas e inúteis, visam apenas a extorsão de seus cidadãos e já não são feitas para inglês ver, mas para brasileiros conferirem. No caso, os picaretas da administração pública, que conferem, cédula por cédula, o lucro obtido com a extorsão.

7. Pensando na morte da bezerra.
A expressão tem origem nas tradições hebraicas, quando os bezerros eram sacrificados pela religião. Um filho do rei Absalão tinha tanto apego a uma bezerra, que acabou morrendo também, o que gerou o dito popular.
“Hoje, as revistas especializadas afirmam que os homens que têm a sorte de encontrarem uma mulher que saiba executar, com talento, o pompoar ( popular bezerra), quando perdem a mulher ficam inconsoláveis e choram também, durante muito tempo, a morte da bezerra.

8. Eles que são brancos que se entendam.
No século dezoito um brasileiro, mulato e capitão, queixou-se de um igual ao seu superior, português, que respondeu: “Vocês que são pardos que se entendam”. O fato chegou ao vice-rei do Brasil Luis Vasconcelos que mandou prender, por isso, o oficial português. Ante a reação indignada do oficial Dom Luis respondeu: - Nós que somos brancos, cá nos entendemos.
“Antigamente, portanto, branco entendia branco, e preto entendia preto. Hoje, depois da invenção das cotas raciais na universidade, o branco tornou-se pardo e o pardo virou preto . Não se entendem nem brancos nem pretos, muito menos pardos, e nós, que nunca ligamos para isso, temos agora cores que nem nós mesmos entendemos.

9. Jurar de pés juntos.
Durante a Inquisição os réus eram obrigadas a ficar de pés juntos, amarrados, até confessarem seus supostos crimes.
“Hoje isso está cada vez mais difícil, principalmente para as mulheres. As do Big-Brother, por exemplo, já estão tão acostumadas a ficarem com as pernas abertas que não conseguem mais juntar os pés.

10. OK.
Expressão norte-americana que quer dizer 0 killed, ou seja, nenhum morto. Na Guerra de secessão norte-americana o gesto sinalizava que estava tudo bem, já que ninguém morrera.
“É como o pessoal do governo se refere ao apagão. A situação, para eles, está OK e assim vai continuar por muito tempo, porque ninguém morreu. Que o OK de Deus nos proteja!

sábado, 14 de novembro de 2009

SUPER CHICO

Texto publicado na seção Hoje é dia de...

O Estado do Maranhão, hoje, sábado



SUPER CHICO


José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com


Ao recorrer à expressão Super-Chico poderia estar fazendo menção ao Rio São Francisco que, depois de normalmente ser chamado grande Chico, agora, revigorado pelo PAC, segundo Lula, salvará o Nordeste. Porém - calma! -, por enquanto, ainda não há vez para ele. Em matéria de Super-Chico só poderíamos estar falando de outro: o Buarque de Holanda.
É ele que continua dando de dez. Além de ter vendido horrores com seu ultimo romance Leite Derramado (num país onde ninguém se derrama por um livro), já existe um outro, sobre a história de suas músicas, que dispara nas primeiras posições de venda. Como se não bastasse, em paralelo, a revista Rolling Stone escolheu a sua música Construção, como a melhor entre as cem melhores do cancioneiro popular brasileiro. Mais do que Carinhoso, de Pixinguinha – que ficou em segundo, mais do que Águas de Março, de Tom Jobim – que ficou em terceiro, e mais do que qualquer música de Noel Rosa que – pasmem! - só aparece em qüinquagésimo com a música Conversa de Botequim. Onde será que esconderam Três Apitos, Feitio de Oração, Ultimo Desejo, e tantas outras de Noel?
Lembro que me tornei ardoroso fã de Chico Buarque na minha adolescência quando, num programa chamado Esta Noite se Improvisa o ouvi cantar a música Feitiço da Vila, embora, então, gostasse mais da jovem guarda e dos Beatles, como quase todos de minha idade. Logo vim a saber, através do meu pai, violonista e profundo conhecedor de MPB, que esta era uma composição de Noel Rosa, um autor que até então não conhecia. Essa admiração se completou quando Chico, logo a seguir, compôs Quem te viu quem te vê, outro samba que se tornou, junto ao de Noel, meu favorito.
Recentemente, escrevi um especial no caderno Alternativo deste jornal, sobre a situação da literatura atual, em que a penúria de grandes ou anônimos escritores nacionais foi contraposta, em termos de sucesso, à glória exclusiva, total e incontestável de Chico Buarque, agora, não mais como compositor, mas como escritor. Com alguma surpresa, para mim, recebi várias manifestações de apoio e mensagens de congratulações sobre a matéria do texto e, numa mesa-redonda para estudantes do curso de Letras, da UFMA, fui questionado pela aparente ousadia de estar colocando em cheque um mito inquestionável como Chico Buarque.
A razão, agora me referindo ao desprezo da lista a um gênio do porte de Noel Rosa, parece estar justamente aí: na cada vez mais revigorada criação do Super-Chico: daquele que qualquer coisa que faça há de estar acima do bem e do mal, inclusive, de um talento como o de Noel Rosa, no caso, maior que o dele. No Brasil, parece dar-se o fenômeno do oito ou oitenta. Desprezam-se determinadas personalidades com a mesma facilidade com que se ignoram os defeitos de outras, em quem só se reconhecem virtudes. Como dizia Tim Maia, o Brasil é um estranho país onde puta goza, gigolô tem ciúme, traficante fuma maconha e comunista é de direita. Nestas circunstâncias, torna-se até natural que nele aconteça o que doravante deveria passar a se chamar a Lei de Chico: “Quer dar uma de intelectual e está difícil, ou então quer vender revista? Ora, é fácil: fale de Chico Buarque ou diga que leu seu livro”.
Tal exagero tem ilustração na recente biografia de Wilson Simonal (alguém se lembra dele?). Este, um cantor mulato e beiçola, nascido em Realengo teve, na época dos anos 70/80, sucesso em várias camadas sociais bem maior que o de Chico mas os meios de comunicação reservaram prontamente para ele um lugar desprezível no limbo da história, com a pecha de dedo-duro e possível agente do Dops –sem que nada disso tenha sido provado. O curioso é que, nas primeiras eleições convocadas pela “Revolução” sua conduta tenha sido, no mínimo, mais corajosa que a de Chico Buarque, quando manifestou abertamente seu voto contra o establishment , enquanto Chico, com toda a sua aura de herói que até hoje persiste, preferiu ficar em cima do muro dizendo: “A única coisa que tenho certeza é de que votarei na melhor música.”
Voltando às listas - razão desta reflexão -, afinal de contas, para que servem e o que querem dizer? Listas já elegeram Maradona como maior que Pelé e já tem gente dizendo por aí que Zico também foi, mas os sábios sempre acreditam que elas passarão e, ao fim, a verdade será salva pela história. Será? Quantas listas apressadas serão suficientes para diminuir a importância de um compositor como Noel Rosa, que também perdeu para Chico, recentemente, como maior compositor do século? Ao discutirmos esse assunto, um amigo lembrou que as preferências evoluem com a sucessão das novas gerações, tornando-se o xis da questão saber até que ponto a continuidade pode transforma-las num juízo de valor definitivo para a história.
Isso significa que, ainda estamos bem quando a grandeza de Noel Rosa é comprimida, mas a favor de Chico Buarque, cujo talento, embora inferior ao do mais arrebatador gênio da música popular brasileira - morto aos 26 anos com mais de 230 músicas registradas em seu nome - é também de um notável compositor; apesar dos exageros do Super-Chico. Pelo mesmo raciocínio, porém, as próximas gerações incorporarão os grandes sucessos atuais como referência da melhor música de todos os tempos e, provavelmente (e infelizmente) nestas poderão entrar Zezé di Camargo e Luciano, Ivete Sangalo, Bruno e Marrone... etc. Já pensou?

sábado, 7 de novembro de 2009

ALGUNS TIPOS DE VENENO LETAIS

cronica publicada na seção Hoje é dia de...
O estado do Maranhão, hoje, sábado, dia 5


ALGUNS TIPOS DE VENENOS LETAIS

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com


Por acaso o caro leitor sabe quais são os venenos mais letais que existem? Nestes dias de tsunamis, epidemias e catástrofes, nada como conhecê-los para melhor se prevenir:

1. Toxina Botulínica – (infecta-se através da inalação ou ingestão de água ou alimentos contaminados).
Dez mil vezes mais potente que os venenos de cobra, essa toxina age sobre o sistema neurológico, causando paralisia dos músculos respiratórios e morte. Curiosamente, em pequenas doses, essa substância é usada em tratamentos estéticos para amenizar rugas – é o famoso botox.

2. Toxina Big-Brotherlínica- ( a infecção surge através da visão, ininterrupta ou não, de programas do tipo reality-show).
Dez mil vezes mais potente do que o vazio causado pelo analfabetismo adulto, a toxina big-brotherlínica age sobre o que resta de neurônios inteligentes na mente do indivíduo incauto, impedindo-o de formular o raciocínio mais elementar. São conseqüências da ingestão desse veneno atitudes impensadas como: impulsos de se candidatar para participar do programa; exibir preferências por esse ou aquele exibicionista da tela; votar por telefone, ajudando as redes de televisão a enriquecerem às custas de sua própria doença.
Curiosamente, em pequenas doses, a toxina big-brotherlínica serve para enriquecer cafajestes e espertalhões, que, pragmaticamente, aprenderam a ingerir a dose certa do veneno, como o apresentador do programa Pedro Bial.

3. Toxina Tetânica (infecta-se através de contacto dos esporos da bactéria com ferimentos da pele).
Trata-se da toxina causadora do tétano, doença que ataca o sistema nervoso provocando espasmos musculares, dificuldade de deglutição, rigidez muscular do abdome e taquicardia. Estima-se que 300 mil pessoas se contaminem com o veneno, por ano, no mundo. – Desse total, metade morre.

4. Toxina Automovânica ( a infecção é adquirida pelo contacto e pelo uso de veículos de locomoção, denominados automóveis)
Trata-se de toxina relativamente moderna causadora do famoso stresse do trânsito, doença que ataca o sistema nervoso e causa múltiplos acidentes, seguidos de ferimento e morte. Embora inicialmente considerada salutar para o homem, a toxina automovânica adquiriu contornos de holocausto, sendo, atualmente uma das maiores causas de morte no mundo. Seus sintomas mais deletérios são: no caso do cidadão de classe baixa a dissipação de suas economias para adquirirem drogas (veículos) de custo muito superior às suas posses e, no caso das autoridades picaretas, a aquisição de carros importados com o dinheiro alheio - com o fim de exibição pura e simples. Estima-se que uma população maior do que a de uma grande guerra mundial esteja sendo seja exterminada por conta desse veneno.

5. Toxina Diftérica (infecta-se através de gotículas de saliva da fala ou do espirro de pessoas contaminadas).
O sujeito que se contamina com essa toxina pena um bocado com uma doença infecciosa aguda, a difteria, que atinge órgãos vitais , como coração, fígado e rins. Há vacina contra a difteria, mas a taxa de letalidade ainda é bastante alta, beirando os 20%.

6. Toxina Forróhistérica ( a infecção surge através do ouvido, quando se escuta ininterruptos sons de forró a altíssimos decibéis)
O sujeito que se contamina com essa doença perde por completo a noção do grotesco e da educação, provavelmente por ter seu ouvido danificado, passando a não ter complacência dos órgãos dos vizinhos: ouvido, fígado e rins. Até hoje não foi descoberta vacina contra a forróhisteria, já que não passa de um paliativo o recurso a outras histerias, como musica sertaneja e funk (cuja carga de letalidade compulsiva é quase semelhante)
Alguns cientistas acreditam que uma dose compacta e regular de
música erudita, como as de Bethoven, Chopin ou Villa-Lobos poderia fazer os atingidos se libertarem dos aspectos mais predatórios da doença Já os pessimistas acreditam que , ao contrário, em contacto com esse tipo de música os infectados passariam a apresentar ciclos cada vez mais furiosos de reação. A taxa de letalidade causada pelo forró eletrônico no Nordeste é alta atingindo cerca de 80 a 90% da população. No Ceará, chega a 100 %.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A IRA DOS CONTRA-DEUS

artigo publicado sábado na Seção Hoje é dia de..
Jornal O estado do Maranhão, 31.10.09


A IRA DOS CONTRA DEUS

“Deus é o único ser que para reinar nem precisaria existir”
Charles Baudelaire

José Ewerton Neto
Membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com


Eles estão com raiva de Deus. Primeiro foram os cientistas, capitaneados por Richard Dawkins. Escreveram livros execrando a figura divina e faturando muita grana com isso. Agora é a vez de José Saramago, o escritor português prêmio Nobel (o único da língua portuguesa). Qual a razão de tanta raiva? Procuramos entrevistar Deus para saber o que ele acha disso:

- Salve senhor Deus!
- Pode falar meu filho. Mas, prefiro que me chame de você. Sou simples, como o universo, embora a humanidade insista em tentar complicá-lo.
- O senhor, isto é, você, está a par do que vem acontecendo?
- Sim, sem precisar que me digam, porque, como você sabe, eu tudo ouço e tudo vejo. Primeiro soube do cientista que escreveu Deus, um delírio, depois soube de outro, mais outro... Agora o português, Saramago. Um diz que eu não existo; que não passo de um delírio, outro escreveu um romance para falar mal de mim. Ora, se eu sou um delírio, sou matéria de sonho, portanto tenho alguma serventia, não? E depois, esse escritor português, Saramago... Parece piada de português.
- Você leu seu romance Caim?
- Com toda essa eternidade pela frente, mesmo assim não vou perder meu tempo, embora tenha de sobra.
- Por quê? Você sofreria com as acusações?
- Não, não pelas acusações, que me são indiferentes. Nem pela argumentação, muito pobre, mas, justamente pela falta de talento e originalidade. O autor sequer é inteligente ao tomar imagens bíblicas, sabidamente simbólicas, para suportar suas acusações. Muito pouco para um intelectual desse porte. Isso me leva a acreditar no que foi dito por algum de vocês: que certos intelectuais gostam mesmo é de miséria.
- Você podia nos explicar melhor?
- Claro que sim. Existe miséria maior do que a daquele que atira contra a fé alheia? Que pode haver de mais sublime no universo do que a esperança e a fé? De que vale a vida sem estas? Nunca pedi a ninguém que tivesse fé em mim, sempre deixei a quem quer que fosse a liberdade de acreditar ou desacreditar. Aliás, nunca fiz questão da crença de ninguém. Se sou a verdade, não é preciso que o diga. Não foi assim que Cristo respondeu a Pilatos?
- Como você classificaria essa ira? Afinal de contas, pelo que sabemos, você nunca fez algum mal a eles, muito pelo contrário.
- Pois essa deve ser a razão do ódio. Eles não tem raiva de ditadores ou de terroristas, muito menos de bandidos ou estupradores, tampouco das ideologias ou das políticas desumanas, eles não vociferam contra os que fazem mal à humanidade, é mais cômodo para eles ostentarem raiva de mim.
- E justificam a raiva propagando a sua inexistência.
- Pois é, ficam irados justamente contra quem dizem não existir. Dá para entender? E se dizem sábios... O que mostra que o que existe mesmo nas suas mentes além de muita soberba, é um grande paradoxo.
- Que grande decepção, não é?
- De fato, essa humanidade me cansa. Dei inteligência à matéria inanimada para que muitos pudessem pensar e refletir sobre a beleza do universo e, daí, entenderem o exercício da vida como uma construção da fé, mas vejo que justamente os que estudaram um pouco mais, são os primeiros a esbravejar. Mostram apenas arrogância, pois tendo sido gratificados com a ventura de terem aprendido um pouco mais, não têm humildade suficiente para reconhecer o quanto todo conhecimento humano é ínfimo diante da criação, da grandeza e do fim do universo. Esquecem que alguém, muito mais sábio que eles, no passado dizia: quanto mais sei mas sei que nada sei.
- E agora, o que pretende fazer?
- Você quer dizer, para colocá-los no devido lugar? A palavra represália nunca existiu para mim. Jamais interferi nas coisas dos homens e vou continuar fazendo da mesma forma, contemplando-os de longe, como sempre. Talvez tire um breve cochilo de alguns milhões de anos até que essa civilização se extinga. Então, quem sabe, possibilite o aparecimento de outra raça mais generosa, que me traga mais satisfação. Como você sabe, planeta para isso é o que não falta, tempo e espaço também.
- Muito agradecido, pela entrevista, senhor Deus e queira perdoar-nos. Alguma recomendação final?
- Não fique bravo comigo e procure entender: cochilar dá muita preguiça e nada é mais cansativo do que não fazer nada, mas, creia, é muito melhor do que ler livros como esse, de José Saramago. Jamais faça essa besteira.



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ESSA LITERATURA TÃO CHATA

Texto publicado no jornal
O estado do maranhão, especial
para o caderno Alternativo, domingo passado.


ESSA LITERATURA TÃO CHATA!

“Em geral, acreditem, os escritores não recebem a palavra nem mesmo nas cerimônias em que são premiados.” Rodrigo Lacerda, escritor e editor da revista Serrote.


Jose Ewerton Neto, membro da AML, autor de Ei, você conhece Alexander Guaracy?

ewerton.neto@hotmail.com




Chico Buarque disse que escrever é uma chatice.
Chico Buarque, compositor e cantor famoso também é hoje o mais disputado escritor nacional, o mais badalado pela imprensa, pelos críticos, pelos professores de literatura, pelas revistas literárias. Sua presença foi disputadíssima na última Flip (Feira do livro de Parati) causando a evasão de público das outras atrações literárias da feira em paralelo à sua apresentação, Se considerarmos que o outro escritor brasileiro best-seller, Paulo Coelho, é certamente mais um mago que um escritor, não é de estranhar que, para muitos brasileiros, Chico Buarque seja mesmo, atualmente, o maior escritor nacional.
No entanto, escrever, para ele, é uma chatice. E olha que quando quer escrever as páginas de seus romances , exige-se o conforto de viajar para Paris a fim de lá se refugiar por alguns meses, em seu apartamento, com o único propósito de escrever um romance. Antes de escrever as páginas do seu último livro Leite Derramado, a Cia. das Letras, sua editora, já havia encomendado várias edições , e múltiplas resenhas de críticos já se acumulavam nas revistas e nos cadernos literários, enfim, o seu trabalho “tão chato” tem compensação garantida, pelo menos em termos de grana e badalação.
Se escrever, para ele, é uma chatice imagine o que não deveria ser para os outros escritores deste país. Estes escrevem livros sem sequer saber se serão publicados, que dirá se serão vendidos; a maioria não têm apartamentos em sua própria cidade, que dirá em Paris. Podem contar com o quê, a não ser com a dádiva de uma benevolente imaginação, para se inspirarem e continuarem o “ofício da esperança”, que, em última análise, é o ofício de todo escritor?
Se, até mesmo quando, depois de árdua competição, sucede de ganharem um concurso - como acontece aqui em São Luis -, para receber o prêmio são aconselhados pelos próprios mentores do concurso a correrem para a justiça sob pena de jamais o receber? Isso nos leva a refletir: por que será que esses escritores não param de escrever, se seus talentos, mesmo quando reconhecidos, são tão espezinhados, inclusive pelo próprio poder público, que os estimulou? Será que entre o ato de escrever e a odisséia previamente anunciada de suas lutas existe um sentimento mais profundo de realização - e prazer - que a imaginação de Chico Buarque não consegue alcançar pelas facilidades obtidas em sua trajetória?
Millor Fernandes, o humorista, dizia que a maior vontade do intelectual é de ser rico, e a do rico é ser intelectual. Chico Buarque que, em sua época de juventude, egresso de família rica e intelectual, tornou-se um dos melhores compositores de uma geração talentosa e especial, hoje, muito mais rico, goza de uma gloriosa e justa reputação que, no entanto, o supervaloriza em tudo o que faz. A fama que adquiriu como compositor e cantor parece tê-lo blindado das análises literárias mais profundas, a ponto de serem raríssimas as críticas que apontam para a sua falta de imaginação literária, que o faz elaborar romances à reboque de temas já utilizados por escritores consagrados. Parecendo ter dado como encerrada a sua missão como compositor de M.P.B. para decepção de seus inúmeros fãs (entre os quais me incluo), há muito tempo que o marasmo tomou conta de sua produção musical. É compreensível e quase natural, portanto, que de acordo com o seu passado reluzente, seja tocado, também, pela visão da mosca azul, peculiar a todo rico, segundo o humorista: a de querer ser, também, um escritor.
Com um detalhe adicional: para ser coerente com esse passado, a Chico Buarque não basta apenas ser um bom escritor, exige-se que seja “um grande” escritor. Dessa exigência (peculiar à estrutura midiática que fomenta a aura criada em torno dos mitos modernos) tomam parte: editores, fãs, professores, críticos e leitores em geral, a maioria de forma inconsciente , inclusive, talvez, ele próprio. Por isso, deu-se ao direito de tornar-se arrogante, como a seu respeito denunciou a escritora norte-americana Edna ò Brien quando o acusou, durante a Flip, de não passar de um embuste, além de demonstrar pouco conhecimento da literatura. Deu-se ao direito também de, ao se referir com desprezo ao ato de escrever, nos oferecer um mote para chamar a atenção sobre o que se passa com a literatura nacional, tão combalida e desprezada, que é forçada a aceitar como o seu escritor de ponta justamente aquele para quem o ato de escrever não passa de uma chatice.
Ora, se o ato de escrever é uma chatice para seu maior representante não seria esse o testemunho pungente que faltava para avalizar a comprovação de que para a maioria dos brasileiros a literatura não passa mesmo de uma grande chatice? Pois não é isso o que se vê? A literatura é uma chatice para o presidente da República, para governadores, para professores, para estudantes e para o brasileiro comum, que jamais substitui uma mínima parcela de seu prazer de escutar forró a altíssimos decibéis, por um segundo de contemplação das páginas de um livro, por melhor que ele seja - e por mais riqueza que contenha. Ao contrário do que acontece em outros países onde nos terminais de metrô, praças e aeroportos comumente vê-se alguém concentrado na leitura de um livro, como é raro observar-se isso neste país!
Como é chato, ler um livro – dizem as crianças! Como é chato ler um livro dizem os estudantes universitários! Como é chato selecionar um livro de um autor fora do circuito preconcebido das editoras – dizem os professores de literatura, como é chato resenhar o livro de um escritor que não tenha apelo na mídia - dizem os raros críticos literários deste Brasil... Como é chato ter de pagar premio para quem venceu um concurso de literatura, não é mesmo, secretários de cultura, desta Atenas Brasileira? Como é chata, muito chata essa literatura!
Mais chata ainda do que essa perturbação inerente à literatura em si, só mesmo a obrigação de “ter de engoli-la”, não é mesmo? Quando forçado a referir-se ao hábito da leitura, nosso presidente Lula assim se referiu: “Ler é muito chato, mas é como se exercitar numa esteira, no começo é ruim, mas depois a gente se acostuma.” Assim também, para os que estão nos postos chaves desta nação, inclusive na área cultural, haja ter de suportar a sua incômoda presença! ( Porque por mais poderoso que alguém se julgue, tem consciência de que, ao tentar ignora-la, destitui-se daquilo que mais preza à raça humana: a distinção dos outros animais, o que só é possível em plenitude através dela, da literatura, e de sua capacidade, de induzir à reflexão.)
Disse um escritor norte-americano que a única vantagem de ser escritor é a de que ninguém o chama de burro por ganhar tão pouco. Se muitos escritores ás custas de penúria e talento ganharam esse privilégio, por outro lado os bem afortunados sabem perfeitamente que esse dom jamais lhes será accessível como benesse natural do poder. Precisam recorrer, em alguma circunstância, ao que a literatura tenha de simbologia espúria para salvar as aparências e torna-la complemento da própria vaidade. Tão boa é essa literatura que até para isso ela se presta! - quando corrompida. A abordagem da façanha literária passa a ser feita então não pelo que ela tem de mais prazerosa, que é o exercício de sua leitura, mas pelo espocar de flashes contaminados pelas explosões festivas nas comemorações midiáticas: não os milhares de livros extraordinários que estão à espera de serem lidos, mas a vaidade de poder propagar: “Tenho em minha estante um livro de Chico Buarque, adorei o livro de Roberto Justus , sou fã das histórias para crianças de Gabriel, o Pensador”, numa jornada onde a satisfação não é com o conteúdo do livro mas com a ostentação de uma aproximação virtual com qualquer personalidade badalada pela mídia.
Tal distorção que contamina o próprio ambiente literário faz com que não se concebam eventos literários de qualquer espécie (feiras, concursos, comemorações, palestras etc.) sem a obrigatória presença de alguém do ramo musical que sirva de referência e locomotiva para chamamento de público, sob pena de se esvaziarem os assentos e as repercussões nas edições dos jornais. Sem outra alternativa, a isso se submetem os verdadeiros escritores, alguns consagrados, aceitando tornarem-se , meros coadjuvantes das celebridades pseudo-literárias. Foi assim, que anos atrás foi concedido o premio de melhor livro do ano à Budapeste, de Chico Buarque, no mesmo ano em que concorria O Silencio do Delator de Jose Neumanne (de concepção e sutilezas literárias muitas vezes mais ricas) apenas para que fosse satisfeita a regra atual segundo a qual se fazem concursos não para premiar e divulgar os escritores, mas, ao contrário, premiam-se escritores para divulgar os concursos.
Num momento em que uma pesquisa nacional com jovens universitários elege Roberto Justus e sua cosmética performance de pseudo-empreendedor como o modelo de referência a ser almejado em suas vidas e em que milhões de pessoas “twittam” pela internet à cata de fuçar o cotidiano de celebridades como Ivete Sangalo, Angélica, Sandy e etc. para se regalarem com pérolas como estas: “Vou tomar banho que eu to fun”, Ivete Sangalo ou “Não ofereci pq era o ultimo pote na geladeira! Ahahaha”, Sandy, já nem causa surpresa que, esteja sendo anunciado como grande atração da próxima feira de livros de São Luis, não um escritor, mas o cantor baiano Chico César, que aqui autografará um áudio-livro (?)
Isso porque a chatice, essa monumental chatice da literatura, tem de ser evitada a qualquer custo, portanto devem estar certas as autoridades quando, para garantirem a satisfação do público presente, transformam a literatura numa alegoria ambulante para desfilarem cantores que possam trazer retorno ao capital investido, sabidamente tão escasso. Um grande escritor, não tão famoso quanto Chico Buarque, um dia definiu o chato como aquele que te rouba a solidão sem te fazer companhia. Talvez não seja o caso do (bom) compositor musical Chico César, mas, certamente, não é o da literatura que, ao contrário do que pensam muitos mandatários, sempre fez da solidão a melhor companhia do mundo. A respeito dela e de sua eterna - e prazerosa – sedução, já que estamos falando também de MPB, não custa lembrar da lição do velho Lupicínio: “Esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei...”





sábado, 17 de outubro de 2009

O NEGÓCIO É GREVAR

Artigo publicado na seção
Hoje é dia de...
O Estado do Maranhão, sábado,18


O NEGÓCIO É GREVAR

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




Pois é, fazer greve está na moda. Em menos de um mês já houve greve de correio, de médico, de bancário, de policial e... – nem tenho mais certeza - greve da Caema, o que levou um amigo meu a comentar: “E eu que pensei, olhando para as torneiras lá de casa, que a greve era da água!”
Tanta confusão se explica: são tantas as greves que nunca se sabe quando começa uma nem quando termina outra. Algumas, por não fazerem a menor diferença, outras porque como os funcionários passam mais tempo fazendo greve do que trabalhando, o normal é o estado de greve. Por exemplo: faz tanto tempo que o pessoal da Caixa está em greve que seus clientes já esqueceram de lidar com seres humanos. O dia em que ouvirem uma voz humana, por trás do dinheiro que estão recebendo, vão levar um susto e sair correndo. O que nos leva a recomendar calma, muita calma, porque está vindo mais por aí:

1. Greve de guardador de carro. Reivindicam equiparação salarial aos guardas de trânsito. Alegam que em matéria de arrumar confusão e perturbarem o trânsito, são muito melhores. Queixam-se do árduo trabalho de não fazerem nada o dia inteiro, o que, segundo eles, lhes têm causado dores nos olhos e transtorno bipolar. Pleiteiam correção monetária da atual Tabela de Xingamento, ou seja, querem poder xingar o cliente toda vez em que receberem menos de cinco reais – e, não menos de um real, como é hoje. Exigem a adoção de uma farda oficial que venha substituir suas flanelas velhas e sebosas por uma bandeirinha do Flamengo.
2. Greve de gigolô. Exigem aposentadoria especial por tempo de serviço. Alegam que são forçados a fazerem hora extra em condições insalubres: peles encarquilhadas, perfumes broxantes e botoxes pegajosos. Querem o devido reconhecimento da sociedade (através de carteira profissional de gigolô) para não terem que apelar aos costumeiros disfarces: personal trainings, modelos, ou guardas particulares. Advogam serviço de analista para dar conta dos casos mais desesperados como os de Suzana Vieira, por exemplo. Solicitam, por fim, acesso gratuito a remédios para ereção para que possam atender, sem constrangimento, à grande maioria das clientes.
3. Greve de Cordeiro de Trio Elétrico. Isso mesmo, os cordeiros (aqueles que seguram a corda nas axé-folias ) decidiram entrar em greve para exigir, de imediato, equipamentos de segurança. A saber: protetores de ouvido e óculos de segurança. Os primeiros, para não terem de escutar Bel, do Chiclete, berrando enquanto descem os Béis (pode confundir com decibés). Já, os óculos escuros, para que não sejam obrigados a assistir tanta mulher transando sem poder fazer nada.
1. Greve de vendedor de cedê pirata. Reivindicam, antes de tudo, o reconhecimento definitivo da profissão, a começar pelo nome. Nada de serem chamados de vendedores de cedê, pirateiros, ou outros semelhantes. Sugerem duas alternativas oficiais: Divulgadores de Som (o mais simples) ou Incentivadores da Cultura Popular a partir da Reprodução Sonora Desenfreada. (o preferido pelos sindicatos e pelos intelectuais do Ministério da Cultura). Caso não sejam atendidos ameaçam promover o colapso de 99,9999% de toda produção musical deste país: forró e funk. Já recolheram perto de quinhentas mil assinaturas de apoio, sendo mais da metade oriunda dos componentes das bandas de forró do Ceará.









domingo, 11 de outubro de 2009

A SEMANA EM SALTOS

artigo publicado na seção hoje é dia de...
O Estado do Maranhão, sábado





A SEMANA EM SALTOS

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com


E a semana, mais uma, foi-se aos saltos, como se vê.


1. Suzana em saltos.
“Nasci e fui criada em cima do salto”, disse Suzana Vieira, atriz global, brincando com a repórter, ao comentar sua coleção de 300 pares de sapatos, em lançamento de loja, no Rio.
De fato, Suzana gosta muito de saltos, tanto é assim que depois dos setenta, salta em cima de qualquer gigolô, com menos de trinta anos, que se atravesse em sua frente.

2. Decisão de morte.
“A morte precisou bater em minha porta para me ajudar com a minha decisão” proclamou Robbie Williams, músico, que se internou em 2007 em uma clínica de reabilitação de dependentes químicos.
Tá certo, Robbie! Mas, da próxima vez decida rapidamente, senão dona Morte, ao invés de bater na sua porta, vai fazer seu coração parar de bater.

3. Bebida é a solução!
“Ele bebe todo dia” disse a ex-namorada de Adriano, o imperador do Flamengo, referindo-se ao craque e reclamando do batalhão de mulheres-fruta que o atacante tanto gosta de atacar.
Como Adriano, sem treinar, vem carregando o time do Flamengo nas costas faz muito tempo, o técnico Andrade está pensando seriamente em acabar com qualquer tipo de treinamento. Além disso, vai pedir com urgência para mudarem o cardápio da concentração: barris de chope todo dia e muita fruta ( ou melhor, mulher-fruta).


4. Calcinha de miss.
A miss mundo de Cingapura, Ris Low foi presa depois de fraudar cartões de crédito e comprar dez mil reais em calcinhas. Segundo o jornal “Strait Times” a razão para isso é que a miss tem transtorno bipolar.
Parece que quando pobre rouba, é ladrão, mas, se, for rico vira bipolar. Deve ser por isso que os caras do mensalão nunca foram presos: seus médicos devem ter apresentado laudo de bipolaridade. Aliás, essa doença, tão contagiosa no meio político, voltou a se revelar esta semana. Bote bipolaridade na rapidez com que eles mudam de opinião! (Ou, melhor, de legendas).

5. O cascudo de Lula.
Depois da célebre eleição do Rio para sediar as olimpíadas de 2016, Lula ameaçou dar um cascudo nos atletas brasileiros, se não trouxerem pelo menos uma medalhinha de ouro.
Por medida de segurança e para que os atletas não corram o risco de levarem um cascudo de Lula o comitê organizador da próxima Olimpíada Carioca está tentando incluir a bala perdida como modalidade de esporte olímpico, já a partir de 2016. Como todos sabem, neste caso, o ouro brasileiro estaria garantido.

6. O time das setentonas.
Elza Soares, cantora e ex-amante do famoso driblador, Garrincha, levou um drible de um assaltante em pleno aeroporto de Congonhas. Junto do seu namorado de 40 anos e garantindo que ainda é uma “espoleta” na cama, Elsa, ao mesmo tempo em que ofereceu uma recompensa de cinco mil reais para quem devolvesse o seu lap-top, ainda aproveitou para dar conselhos: “Vão à luta, mulherada, porque quando papai do céu chamar já não vai dar tempo para nada.”
Muita gente se enganou pensando que Elza, com toda essa idade, estava se referindo ao todo poderoso papai do céu, mas a verdade é que - também com todo esse fogo - estava se referindo é ao saudoso Mané Garrincha, sabidamente um ex-predador e, certamente, doido para sair de sua inatividade no céu. É que, carinhosamente, ela, o chamava de papai.

7. Mais um bom de copo.
E o Diego Tardelli, companheiro de Adriano na seleção e na artilharia do campeonato, mostrou esta semana que também é um bom companheiro na arte de se exercitar com uma boa dose de álcool. O homem foi preso por uma blitze que executava, em plena Copacabana pré 2016, mais um episódio da famigerada Lei Seca.
A imprensa marrom já está dizendo que Lula, que gosta de um copo, mas gosta mais ainda de futebol, está providenciando para que a polícia trate de procurar bandido ao invés de perturbar quem bebe, mas faz muito gol. Assim como o humorista Millor Fernandes, que dizia que é preferível ser um alcoólatra famoso do que um alcoólico anônimo, Lula teria dito a um interlocutor privilegiado que prefere um craque fazendo gol morto de bêbado do que um caminhão de perna-pau indo pra missa.

8. Masturbação científica.
Recente pesquisa publicada em jornais e na Internet dá conta de que a prática da masturbação, que já sofreu uma série de preconceitos, está completamente reabilitada. Segundo a tal pesquisa se constantemente exercida serve como preventivo da próstata e tem efeitos medicinais incontestáveis.
Woody Allen, o cineasta e diretor de cinema norte-americano, precisa rever urgentemente, sua frase que dizia que “a grande vantagem da masturbação é a de que você transa com a mulher que você quer”. Como a masturbação científica acabou de provar essa é apenas uma de suas vantagens.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

DICIONÁRIO DA EVOLUÇÃO SEXUAL

cronica publicada sábado na seção
Hoje é dia de... O Estado do Maranhão







DICIONÁRIO DA EVOLUÇÃO SEXUAL

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com

Sempre com o intuito de esclarecer a população sobre um tema muito comentado, porém, pouco conhecido, recentemente foi lançado o Pequeno Dicionário da Evolução Sexual:

1. Adultério. Relações sexuais entre duas pessoas, pelo menos uma sendo casada com uma terceira.
Antigamente o adultério feminino era punido até com a morte, quando então tal atitude era considerada legítima defesa da honra. Hoje sua prática se tornou tão comum - e apreciada por ambas as partes - que passou a ser considerada fundamental para a continuação da união, após a lua-de-mel. Dia virá em que a ausência comprovada de adultério será punida com a morte.

2. Afrodisíaco. Tipo de substancia que produz ereções no
homem, aumentando-lhe e despertando-lhe o desejo sexual, relaxando-lhe as inibições e fortalecendo-lhes as glândulas com maior produção de sêmen.
Já houve época em que reis e príncipes gastavam rios de dinheiro na montagem de caravanas para saírem atrás de pó de chifre de rinoceronte. Hoje, admite-se que o poder é que é afrodisíaco, razão pela qual muitos homens gostam de desfilar com carros potentes e importados acreditando que às custas disso se tornarão objetos sexuais. Como isso não acontece na prática (a mulher apaixona-se pelo carro, mas não pelo homem) o sujeito passa a ter obsessão amorosa pelo próprio veículo, fantasiando sexualmente com o mesmo.

3. Amor platônico. Profunda afeição e amor entre duas pessoas, sem desejo sexual.
Antigamente o amor platônico principiava na adolescência, e só continuava platônico porque não havia tempo de passar para vulcânico ( os pombinhos ficavam velhos e já não havia mais tempo). Na vida atual o amor platônico extinguiu-se quase totalmente porque o amor vulcânico começa muito mais mais cedo ( doze anos para ele e dez para ela)

4. Bissexualidade. Ter desejo sexual por pessoas de ambos os sexos.
Já foi uma forma de relacionamento bastante condenada em
diferentes estágios da civilização. Hoje, pelo contrário, é considerada um tipo de aptidão fundamental para enriquecer o currículo de quem pretende se dar bem em algumas atividades bastante disputadas da vida moderna, como por exemplo, artista de novela ou participante de Big-Brother.

5. Castidade. Qualidade do casto ( que se abstêm de qualquer relação sexual)
Esta forma de sacrifício chegou a ser bastante comum na Idade Média exercida por monges ou pessoas ilustres que pretendiam atingir um elevado nível de espiritualidade. Hoje, tornou-se uma prática muito rara, sendo o caso mais conhecido, o de Kaká ( ex-jogador do Milan ) que, embora tenha se mantido fiel durante algum tempo, desistiu de praticá-la tão logo soube que teria de dormir em companhia de Ronaldinho Gaúcho, no mesmo quarto. Aliás, segundo o humorista Millor Fernandes de todas as aberrações sexuais humanas, essa é a mais estranha.

6. Clitóris. Pequeno órgão de 0,5 a 2,5 centímetros que desempenha papel da maior importância no prazer e no orgasmo da mulher.
Durante muito tempo permaneceu ignorado pela maioria dos homens que nunca fizeram questão de descobri-lo, obedecendo a um impulso egoísta de busca individual do prazer. Com as mais recentes descobertas da medicina e da ciência sua importância para o prazer feminino veio à tona, mas acabou perdendo terreno para o ponto G como objeto de caça masculina . Resultado: muitas mulheres que viraram lésbicas justificam a preferência dizendo que se os homens já não conseguiam achar um que aparece de vez em quando, que dirá outro, que fica escondido.

7. Consolo. Um pênis artificial feito de plástico, borracha ou madeira.
Embora nos tempos rústicos fosse até de madeira, hoje os consolos sexuais preferidos pelas mulheres evoluíram para formatos os mais estranhos e complexos, sendo, a maioria deles, ausente por completo das vitrines das lojas pornôs.
Segundo a Internet, uma população de mulheres equivalente a de uma cidade inteira prefere como consolo um retrato do José Mayer. Já, segundo um amigo meu, que é caminhoneiro, aquelas que se satisfazem plenamente com uma nota de cinqüenta enche muito mais que uma frota de caminhão.

8. Doenças Venéreas. Doenças contagiosas que são transmitidas durante as relações sexuais. As mais comuns são a sífilis e a gonorréia.
Essas doenças chegaram a matar muita gente na época em que não havia antibióticos. Com a evolução da ciência e com os devidos cuidados, tornaram-se doenças controláveis - se ficar só nisso. Portanto, se for apenas a primeira vez, dizem os médicos que não há motivo para pânico: a vida também não passa de uma doença mortal, transmitida pela via sexual.

9. Hímen. Membrana mucosa fina que cobre a abertura vaginal. Como normalmente é rompida pelo pênis por ocasião da primeira relação sexual, existe o mito de que as mulheres sem hímen não são mais virgens.
Ao hímen, realmente, era mais fácil resistir na época que havia amor à primeira vista. Como rapidamente chegou-se a época do amor que ninguém avista, nada se avista. Inclusive, o próprio.
.
10.Espéculo. Instrumento de plástico usado para separar as paredes da vagina durante o exame médico da vagina e do colo do útero.
Sendo de plástico, tal aparelho é relativamente moderno e, como era de se esperar, de desconhecimento geral da maioria dos homens. Portanto, nada de confundir espéculo com espetáculo, embora as palavras sejam muito parecidas. Mas, se o exame em questão for da Juliana Paz será que o nome continua sendo espéculo? Ou será espe-tá-culo?

11.Espermatozóide. A célula móvel sexual masculina produzida nos testículos. Quando um cai na vagina, usa a sua cauda comprida para viajar na direção do útero, à procura de um óvulo para fertilizar.
Decididamente – e não poderia ser de outra forma - desta vez a coisa não evoluiu muito com o passar dos anos a não ser na quantidade de homens que, dizendo-se metrosexuais ( David Beckam, Cristiano Ronaldo e Chiquinho Scarpa) passaram a reconhecer e admirar a própria cauda.

12.Gigolô. Homem geralmente bem aparentado, que vive ás custas de uma mulher.
Em tempos não muito remotos era muito comum a convivência – e sobrevivência desse tipo - com mulheres do mundo da prostituição. Agora ser gigolô virou moda no mundo dos artistas e celebridades da televisão. Tem gente que faz coleção, não é mesmo Suzana Vieira?

13. Fetichista. Pessoa que se sente mais excitada sexualmente por parte do corpo de uma outra pessoa do que pela própria pessoa.
Segundo as pesquisas de opinião, a grande maioria das mulheres modernas tornaram-se fetichistas. E a parte do corpo do homem que elas mais apreciam é a carteira.

14. Óvulo. O ovo produzido pelos ovários. Tem geralmente 1/100 centímetro de diâmetro.
Como o espermatozóide é muito menor, e mede 1/300
centímetro, está explicado ( com 9 meses de antecedência ) a atração
dos machos pelas mulheres altas. Haja salto alto!

15.Ejaculação prematura. Ocorre quando um homem chega ao orgasmo antes que ele próprio e sua parceira assim o desejem.
Trata-se de mais uma conseqüência da ansiedade moderna, o que vem proporcionando incontroláveis expressões de ejaculação prematura, em público. Algumas mais conhecidas: Lula quando recebe ordens de Hugo Chávez; Galvão Bueno quando Ronaldo fenômeno faz um gol; deputados quando conseguem aprovar mais oito mil vereadores.













segunda-feira, 28 de setembro de 2009

TWITTAR, VERBO IRRACINAL

Artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Jornal O Estado do Maranhão, sábado passado





TWITTAR, VERBO IRRACIONAL


José Ewerton Neto, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com



Twittar, verbo irracional, conjuga-se assim:
Eu twitto
Tu twittas
Ele twitta
Nós twittamos
Vós twittais
Eles twittam
Uma possível tradução, para quem não sabe, seria:
Eu sou bobo
Tu és idiota
Ele nos faz de idiota
Nós não temos o que pensar
Vós gostais de perder tempo
Eles não têm o que fazer
Provavelmente algum leitor, já me corrigindo, dirá que não existe, na classificação gramatical, verbo irracional. Que existe, sim, verbos transitivos e intransitivos, verbos de ligação, verbos irregulares etc. mas verbo irracional, não.
De fato, temos que concordar. Ao invés de verbos irracionais seria mais correto dizer que existem atitudes irracionais, mas o que teria isso a ver com o verbo, ou a ação de twittar?
Tentemos entender, já que eu também não sabia perfeitamente o que era, tinha apenas uma vaga idéia, quando que me dispus a ler uma reportagem da revista Época. Através dela fiquei sabendo que twittar, grosseiramente, é tomar contacto através de uma ferramenta da Internet com mensagens enviadas a torto e a direito (mais a torto do que a direito) por celebridades sobre suas vidas. Donde surgiu a primeira dúvida: “Que interesse pode ter alguém, minimamente racional, por detalhes cotidianos da vida de uma pessoa, seja celebridade ou não?”
Bem, uma razoável explicação seria a de que o dia a dia dessa tal celebridade fosse pleno de eventos inusitados, recheado de emoções, enfim, guardasse algo fora do comum para despertar curiosidade. Ou então que essa pessoa, possuidora de singular sabedoria fosse capaz de exprimir, através de mensagens, frases de conteúdo edificante para quem se dispusesse a lê-las, assim justificando a perda de tempo. Mas parece que a coisa não é bem por aí, a julgar pelas frases exibidas na reportagem e que são continuamente enviadas por esses “grandes personagens”:
Ivete Sangalo: “Gente amada, vou tomar um banho senão o corpo se acostuma com o fedô, ahahahahah.vou tomar meu bainho pra ficar xero”
Sandy: “A coceira nos braços já passou, sim, obrigada! Sempre acontece isso qdo. eu tomo sol (mesmo q por pouco tempo)...
Preta Gil: “Não tenho nojo do vômito do meu cachorrinho,
como nunca tive do cocô do meu filho”
Angélica: “Chutei um móvel no quarto voltando do banheiro de madrugada...kkkkkkkkkkridículo!!!”
Donde surge a segunda pergunta: “Que interesse pode ter alguém por banalidades cotidianas provenientes de gente tão insípida?” ou ainda: “Será que ao tornar-se celebridade, o indivíduo automaticamente assume o dom de se transformar num manancial de asneiras?”
Porém, - acreditem! - o pasmo sequer chegara ainda ao seu clímax! A reportagem dá conta, a seguir, de que cada uma dessas celebridades têm milhares de seguidores. (Seguidores são aqueles que twittam). Isso mesmo, eles são milhares, e bote milhares nisso: Luciano Huck tem 850 mil, Ivete tem 270 mil, Angélica duzentos mil, Preta Gil cem mil etc. Portanto, uma população muito maior que a de uma cidade como São Luis se presta para isso: fuçar porcarias da insossa vida de gente mais insossa ainda.
Vamos repetir: tem gente que ao invés de ler um livro, tomar um chope, escutar uma música, aprender a tocar um instrumento musical, regar o jardim, pintar ou esculpir, olhar o pôr-do-sol, estudar ou namorar prefere twittar. Eles preferem twittar.
O que me fez imediatamente recordar a frase de um escritor norte-americano que dizia: “99 % dos seres humanos são seres completamente irracionais, o restante são aqueles que têm consciência disso.” Assim, á semelhança das distrações por demais conhecidas: Big-Brother, A fazenda, o Faustão, etc., exemplos em que a pulsão coletiva de toda uma sociedade pelo que há de mais mesquinho, age em contracorrente com qualquer resquício do senso inteligente de que tanto nos orgulhamos, é fácil chegar à conclusão de que, de fato, a ação de twittar, nada mais é que humana, demasiadamente humana, como dizia Nietzche.
Fica, portanto, explicada a razão pela qual o verbo twittar talvez seja realmente um verbo irracional, embora profundamente humano. Para quem faz parte do um por cento acima citado pelo escritor, mas está a fim de tornar-se menos racional e mais humano, conjuga-se assim:
Eu twitto
Tu twittas
Ele twitta
Nós twittamos
Vós twittais
.................


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Artigo publicado na seção Hoje é dia de...O Estado do Maranhão, ultimo sábado

AUTO-ESTIMA EM ALTA

Jose Ewerton Neto, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com




A auto-estima nunca esteve tão em alta. Em sua reportagem de capa, semana passada, a Revista Isto É, enumera infinitas razões pelas quais o cultivo da auto-estima tornou-se essencial para o bem-estar do homem contemporâneo. Desconfiado da minha, resolvi procura-la, para termos uma conversa importante e definitiva.
- Ei, minha auto-estima, o que está fazendo aí?
- Ora, estou rezando por você.
- Mas, de joelhos?
- Claro, para que minhas preces por você sejam mais bem atendidas.
- Tudo bem, agradeço, mas, pense bem, você não pode ficar nessa posição. Pelo que sei uma boa auto-estima tem que ficar sempre de pé, alta, vibrante, e não de joelhos. Vamos lá, levante-se!
- OK, mas não preciso que você me dê ordens, minha ajuda tem que ser natural e não forçada.
- Penso que não sou eu que tenho de ajudá-la, e sim você a mim. Você é que é minha auto-estima e não o contrário.
- Sei perfeitamente disso, mas sem você não posso fazer nada. Por isso estou a ponto de desistir, pois desconfio que você seja um caso perdido.
- Peraí! Se eu tiver sempre que resolver sozinho as minhas coisas, para que me serve uma auto-estima?
- Quem tem de responder a isso é você, não eu. Faço a minha parte, se você não faz a sua, rezo e peço a Deus.
- O que eu deveria fazer, então?
- Ora, tudo o que os livros de auto-ajuda mandam fazer: você tem que se olhar no espelho todo dia e dizer: “Sou o mais bonito, o mais inteligente, o mais capaz; tem de vibrar quando vê cocô de cachorro no meio da praça; tem que acreditar no pré-sal e no Dunga; cantar o Hino Nacional no campo de futebol e no banheiro; tem que deixar de ouvir o Adágio de Albinoni, que é muito triste, e sair dançando forró toda vez que um idiota passar com seu carro de som a mil decibéis; tem de rezar uma ave-maria para todo motoqueiro que te xingar no trânsito; tem de parar de ler a Bíblia e passar a ler Paulo Coelho; tem de sair dando pulo por causa dos oito mil...
- Oito mil? Você está ficando maluca, nunca ganhei oito mil.
- Ganhou sim, todo brasileiro acabou de ganhar oito mil vereadores.
- Oito mil vereadores? E o que vou ganhar com isso? Como terei de pagar uma conta que não pedi esse é mais um motivo para ficar estressado, você não acha?
- Perfeitamente, isso todo mundo todo mundo sabe , mas quem deseja o benefício da auto-estima tem de ver em toda tragédia uma fonte de otimismo, enfim, tem que acreditar que tudo que surge é para o seu próprio bem.
- Isso significa então que para nos ajudarmos devo
acreditar cada vez mais nas mentiras que nos contam, não é mesmo ?
- Claro, mas quem disse que isso é difícil? Não tem gente que acredita em papai-noel e no Hugo Chávez? Não tem gente que adora o Roberto Justus? Não tem gente que vibra com as imbecilidades do big-brother? Não tem gente que fica radiante com o final feliz de Caminho das Índias?
- Não sei se conseguirei...Esse negócio de olhar para o espelho e dizer que sou mais bonito que o Brad Pitt. E se o espelho não acreditar? Além do mais, ando com uma gastrite.
- É pegar ou largar. Até eu mesma já ando com uma vontade
enorme de partir para outra. Às vezes acho que seria preferível tentar ser bandeirinha de jogo de futebol. Já estão aceitando o sexo feminino.
- Ora, não fique assim... Não suporto vê-la desse jeito. A
verdade é que sempre tive muita simpatia por você, embora discorde de seus métodos, digamos assim. De qualquer forma acho que vou fazer o que você mandou. Por onde começo?
- Comece por acreditar que eu existo.
- Como? Não estou entendendo.
- Isso mesmo! Comece por acreditar que eu, de fato, existo e que todo esse negócio de auto-estima não passa de pura embromação: que não é conversa de revista para vender livro; de psicanalista para tomar seu dinheiro; de celebridade quando não tem o que fazer e de cabeleireiro de perua quando falta assunto.
- Deus do céu, pelo amor de Deus não repita isso! Por favor, jamais confirme que você é uma ilusão. Juro que eu sempre desconfiei, mas mesmo que eu não acredite eu quero acreditar. Por favor!
- Bem, isso não deixa de ser um bom começo já que todo ser humano prefere ser infeliz com uma ilusão do que feliz com a sua verdade.
- Puxa vida! Ainda bem que ao fim desse diálogo estamos nos entendendo. Imagino que agora as coisas começarão a melhorar e não vejo a hora de sair pro abraço. Mas... O que foi isso agora? O que está fazendo?
- Me ajoelhando. Por quê?
- Ora, depois de tudo o que conversamos pensei que você jamais iria fazer isso novamente. Por que se ajoelhou de novo?
- Não se preocupe, não estou rezando mais por você. Sinto que você é daqueles que não precisam da alta da auto-estima para se virar. Desta vez estou rezando é por mim. E por todas as auto-estimas do mundo.




segunda-feira, 14 de setembro de 2009

UM RIO EM SÃO LUIS

Artigo publicado na seção Hoje em dia
de O estado do maranhão, sábado passado


UM RIO EM SÃO LUIS

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com





Não, não estamos falando do Rio Anil ou do Rio Bacanga, mas do Rio de Janeiro, Fevereiro e Março, como dizia Gilberto Gil. Basta refletir um pouco para constatar que as duas cidades se encontram em muitos pontos
Comecemos pelos times de futebol. Se os do Rio começaram a ter especial atração pela segunda divisão, os daqui começaram a ter pela terceira. Pelas cores rubro-negras o Moto teria tudo para ser o Flamengo daqui (como se parecem no futebol que têm jogado, com a vantagem de que, para isso, o Moto nem precisa de imperador). Neste caso, o Sampaio Correia seria o Vasco e o Maranhão o Fluminense, justamente porque O Maranhão ninguém sabe mais se existe, enquanto que o outro - o Fluminense - está se esforçando para isso.
O Rio, como todos sabem, tem como cartão-postal a estátua do Cristo Redentor. Já, São Luis, tem sua equivalente na estátua de Gonçalves Dias. Os dois contemplam o mar lá de cima; um como nosso salvador, o outro, como nosso grande poeta.
Em termos de praias, a do Olho D`Água tem tudo para ser a nossa Copacabana , como, aliás, já foi chamada. Parecem-se desde a poluição, passando pelos “points” e invasões: lá, de morros, aqui de terrenos. O declínio do Olho D`Agua como referência da “juventude dourada” aconteceu quase ao mesmo tempo da outra. Hoje, a tal “gente bonita” parece se concentrar mais na praias do Caolho e Calhau, que seriam as nossas Ipanema e Leblon. O Araçagi, então, seria a Barra da Tijuca, inclusive porque a cidade está se esticando práquelas bandas à semelhança do que aconteceu no Rio. Lá, os arrastões, por aqui o Manzuá.
A Ponta d`Areia com a sua proximidade do centro, e pela poluição visual e arquitetônica, seria equivalente à do Flamengo (ou do Botafogo) com a diferença de que, no Rio, os prédios têm a educação de ficar do outro lado da Avenida. Em São Luis, como todos sabem, ficam por cima da areia, quase invadindo o oceano. (Aliás, como existe em Fortaleza uma praia chamada do Futuro, o mais certo seria mudar o nome da Ponta D`Areia para Praia do Passado, porque um dia já foi ponta e agora não passa de uma pontinha d`água, cercada de edifícios por todos os lados)
Quanto aos bairros, enquanto os do Rio têm nomes exóticos e sonoramente bonitos, como Flamengo, Copacabana, Ipanema, Tijuca, os daqui têm nome de gente, João Paulo, Pantaleão e Filipinho. Se lá tem Santa Teresa aqui tem o Anjo da Guarda. Se lá tem Nossa Senhora de Copacabana aqui vive a Madre Deus (não seria a mesma?). São Cristóvão e Jardim América existem lá e cá. O que no Rio é um estádio de futebol, Maracanã, por aqui virou bairro e o que lá é bairro (Castelo) por aqui virou estádio de futebol.
Poucas são as capitais que se dão ao luxo de invadir suas marés com caminhões de terras, e por aí se vê que até nisso se equivalem. No Rio fica o Aterro do Flamengo, onde construíram um túmulo para homenagear o soldado desconhecido, mas que hoje teria muito mais utilidade se homenageasse os que morrem de bala perdida. Por sua vez São Luis também tem o seu aterro, igualmente grandioso: o do Bacanga. Embora o daqui não tenha túmulo, o que existe de idéia enterrada para tentarem descobrir nele alguma serventia não está escrito!
De santo padroeiro as duas cidades estão bem servidas, embora São Luis leve uma pequena vantagem. Enquanto o único padroeiro do Rio é o que deu nome à cidade: São Sebastião, nossa cidade, tem São Luis, seu santo fundador, e, de quebra, São José de Ribamar. Como a violência carioca está chegando rapidamente por aqui em breve nosso santo protetor terá que pedir ajuda à vasta experiência de São Sebastião: primeiro com flechas, agora com balas.
Se o Rio tem o samba, São Luis tem o bumba-boi. Se o Rio teve Nelson Cavaquinho, São Luis teve João do Vale. Para o pianista Artur Moreira Lima, o violonista Turíbio Santos, para a sambista Beth Carvalho a igualmente sambista Alcione. Para Machado de Assis, Aluízio Azevedo, e para Nelson Rodrigues, Artur Azevedo. Até para as tendências musicais de início-de-século há equivalências, desta vez terríveis: lá, o funk, aqui o forró eletrônico.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

POR ONDE ANDARÁ BELCHIOR

POR ONDE ANDARÁ BELCHIOR

texto publicado na seção Hoje é dia de...
O Estado do Maranhão, ultimo sábado

O que estaria fazendo numa fazenda Belchior, finalmente encontrado, em Tacuarembó, no Uruguai?
Ora, isso não tem muito a ver com sua antiga profissão de cantor e parece mais coisa de Brizola e João Goulart, que nos idos dos anos 60 gostavam de dar uma de fugitivos por aquelas bandas. Belchior é de uma geração posterior a deles, quando ainda se acreditava em comunismo, não como uma ideologia política, mas sim como um ritmo musical. Tanto é assim que Caetano Veloso cantava Soy loco por ti América e Belchior Sou apenas um rapaz latino-americano, enquanto tomavam uísque em Copacabana. Nessa época Che Guevara ainda era tido como um revolucionário e só anos depois é que passou a ser mais conhecido como excelente modelo de camisa de camelô, com o qual granjeou fama.
O raciocínio óbvio é acreditar que Belchior, cheio de dívidas, teria feito um contrato com a Globo para aparecer já que, como todos sabem, nada melhor para isso do que desaparecer. A mídia comprova: muita gente, de que ninguém mais fala, morre de vontade de morrer para voltar a ser comentado. Só assim, ganha novamente as páginas dos jornais e seu enterro sai na revista Caras, com um monte de convidado Vip de óculos escuros. Suzana Vieira, por exemplo, só para aparecer, três anos atrás se apaixonou por um gigolô de 35, mas o coitado morreu. Ávida pelo sucesso ela não desistiu e resolveu repetir a dose com outro de 25. Tem gente dizendo que esse ela não vai precisar matar porque vai morrer antes.
Provavelmente Belchior também pensou nisso (em se matar) mas deve ter sido dissuadido pela ex-mulher, argumentando que nunca viu um suicida com um bigode daquele tamanho.
Sem alternativa, a única saída para Belchior deve ter sido mesmo apelar para a Globo. Dizem que ele devia mais de dezoito mil reais em estacionamentos o que prova que seus shows já não conseguiam fazer sucesso nem em estacionamentos. Também devia aluguéis de apartamentos e pensão de ex-mulheres o que, convenhamos, é razão mais que suficiente para se mandar no rumo da praia de Itapipoca, no Ceará, dependendo do calor e do preço do tira-gosto de rapadura. Essa é a versão do seu sobrinho, o que comprova que a história continua muito nebulosa, mas o certo é que a confirmação de que estaria mesmo no Uruguai vem desfazer de vez soluções muito mais românticas do seu paradeiro e que eram dadas como quase certas pela polícia:
A primeira hipótese é a de que, na verdade, Belchior é o verdadeiro pai do filho de Michael Jackson - que está sendo atribuído a Macaulay Culkin. Michael teria escutado pela Internet uma das canções de Belchior e ficado impressionado com o verso que diz: “Um rapaz alegre, que canta e requebra é demais”. Segundo essa versão, entusiasmado, Michael o teria contratado para trabalhar em seu rancho com a função de divertir e assustar as crianças com seu imenso bigode e teria, por último, sido seu substituto no caixão, durante o primeiro funeral.
Uma segunda hipótese, também romântica, é a de que Belchior teria fugido para tentar traduzir a Divina Comédia, de Dante. Como Dante já teve outras traduções em Português a iniciativa de Belchior só tem uma explicação: estaria tentando traduzi-la para o Cearês ou o Lulês, a pedido do próprio presidente da República. O problema é que, de passagem por São Luis, teria sido preso pela operação Manzuá por causa de seu bigode cheio de farelos de farofa, quando foi confundido com um hippie qualquer. Belchior teria desistido imediatamente de traduzir O Inferno de Dante e começado a compor O inferno no Manzuá, de Belchior.
Qualquer que seja a verdade uma coisa é certa: nenhuma música sua em época alguma sejam As paralelas, Medo de Avião ou Rapaz latino-americano fez tanto sucesso quanto Por onde andará Belchior. Só falta um compositor.


sábado, 29 de agosto de 2009

NAPOLEÃO 2009

Publicação de sábado
da seção Hoje é dia de...
O Estado do Maranhão






NAPOLEÃO 2009

José Ewerton Neto, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com



De gênio para gênio. De Balzac para Napoleão Bonaparte. Honoré de Balzac, o genial romancista, autor de a Comédia Humana admirava tanto Napoleão que o considerava, além de um gênio da guerra e da política, um gênio literário. Daí que selecionou cuidadosamente os seus principais aforismos, cuja sabedoria, percebe-se, é eterna. Vejam como permanecem sábios até hoje se ligeiramente adaptados.

1. “O maior republicano é Jesus Cristo.”
Certo, embora com alguma alteração. O Jesus mais badalado
atualmente – o de Madonna - deve ser monarquista, pois como se deu bem uma coroa!

2. “O uniforme faz o homem.”
E o abadá, faz o quê do homem?

3. “ Os crimes coletivos não têm responsável.”
Verdade absoluta. O crime coletivo de se apreciar aberrações, como
o big-brother, não tem outro responsável além da própria natureza humana. Nem mesmo o eterno aprendiz de picareta, Pedro Bial, pode ser considerado responsável.


4. “As pessoas só acreditam no que é agradável acreditar.”
Talvez seja por isso que tem gente que acredita piamente que inundar seu carro, as avenidas e as praças, de decibéis a serviço da falta de educação é gostar de música “


5. “Um clube não suporta um chefe durável; ele precisa de um para cada
paixão.”
Certo, principalmente se o clube for de futebol e estiver caindo pelas
tabelas, como os cariocas. Estes trocam tanto de técnico que dia virá em que haverá um técnico para cada jogador e, no Flamengo, um para cada paixão de Adriano.

6. “A primeira das virtudes é a devoção à pátria.”
O brasileiro é tão virtuoso quanto a isso, que o melhor que
conseguiu inventar para demonstrar essa devoção é cantar hino nacional em tudo quanto é jogo de futebol.

7. “Cada momento perdido na juventude é uma chance de infortúnio no
Futuro.”
Deve ser por isso que nenhum pai brasileiro dá de presente um livro
para seu filho. Prefere investir no futuro das crianças levando-os para assistir Calcinha Preta.

8. “O amor é uma tolice feita a dois.”
Exato, mas a tolice aprimorou-se tanto que um casal já não é
suficiente. Precisa de mais três ou quatro; a três por quatro.

9. “Há tantas leis que não há ninguém isento de ser enforcado.”
Com certeza. No Brasil atual, por exemplo, sempre cabe mais uma
lei e ninguém está isento de ser encarcerado porque tomou um copo de cerveja, ou multado porque fumou um cigarro. Só os bandidos andam à solta.

10. “Na França admira-se apenas o impossível.”
A coisa melhorou. Além do impossível, hoje admira-se a Carla
Bruni.

11. “Uma bela mulher agrada os olhos, uma boa mulher agrada o coração;
uma é uma jóia, a outra um tesouro.”
Deve ser por isso que o insaciável médico das estrelas, Roger Ab-del-massih se transformou em Roger Ab-deu-amasso.

12. “As multidões precisam de festas estrepitosas, os tolos gostam do barulho, e a multidão é os tolos.”
Com o passar dos anos a burrice da multidão continuou a mesma,
mas conseguiu se aperfeiçoar, até chegar ao trio elétrico.

13. “Todo governo deve ver os homens apenas como massa.”
Mas que, de preferência, seja boa para uma pizza.

14. “Os jovens cumprem as revoluções que os velhos prepararam.”
Nessa época sim, atualmente, nem tanto. O jovem de hoje não faz
mais revolução, pois carece de rebeldia para isso. (Sua rebeldia atual só dá para bater em professor, gostar de forró e admirar Roberto Justus). Quanto aos velhos, a única revolução que ainda querem fazer é a de tentarem, em vão, ser jovens.

15. “A etiqueta é a prisão do rei.”
Hoje virou endividamento de rico ( com cartão de crédito ),
insolvência dos pobres e SPC dos miseráveis.”