Os primeiros vestígios da cerveja
datam de 7 mil anos atrás, na região onde é hoje o Irã. Tanta beligerância que
se vê por lá nos dias de hoje sugere que os iranianos já não fazem jus a esse
fato histórico. Tivessem mais orgulho dessa ancestralidade estariam se
embriagando com cerveja e brincando carnaval ao invés de viverem em pé de
guerra (como fazem, aliás, os brasileiros).
A bebida surgiu acidentalmente:
cereais deixados ao relento, tomaram
chuva e fermentaram. Populações nômades que dependiam da caça e da coleta
aprenderam a cultivar os grãos, fixando-se junto aos campos de cereal. Nascia
assim o embrião das cidades e das civilizações.
1.Mais tarde a Mesopotâmia e o
egípcios tiveram a economia dependente da cerveja. Os operários que ergueram as
pirâmides do Egito, por exemplo, recebiam parte do seu salário em cerveja,
explicando-se assim, quem sabe, tanta perfeição arquitetônica que assombra até
osespecialistas, que até hoje não conseguem explicar tanta perfeição. Vai ver
que certa dose de embriaguez fez bem às pedras. Será que estas não absorveram o
teor alcóolico ao redor, resultando, daí, o clima de sonho monumental, que
perdura até hoje?
A elite do império romano, porém, preferia
o vinho à cerveja. Cerveja para eles era coisa de bárbaro, mas, com a queda do
império, foi a vez de a Igreja e seus padres adaptarem-se aos modos bárbaros,
aparentemente para catequizá-los. Era uma boa desculpa, e, portanto, mãos à
obra. A igreja se tornou a organização mais poderosa do mundo ocidental e a
maior produtora de cerveja. Não é exagero supor que para catequizarem os
bárbaros recalcitrantes, os padres tivessem usado cerveja benta ao invés de
água benta - o que, convenhamos, tinha
tudo para ser mais convincente do que sermões.
2.Em meados do século 18 a cerveja
passou a ser produzida em grande escala. Era a revolução Industrial, a cerveja
levada a sério como parte da dieta do trabalhador, em paralelo ao avanço da
Ciência.
A guerra Franco-Prussiana (1870-1971) perdida pela França despertou no
gênio do jovem francês Louis Pasteur a vontade de superar os alemães na
especialidade deles, a cerveja, e foi então que o cientista se dedicou a
estudar a bebida. Não demorou muito saiu o seu primeiro trabalho importante da
microbiologia, decifrando a ação de microrganismos na fermentação, abrindo
caminhos para a invenção de mais remédios e vacinas.
Resumindo: França x Alemanha, deu em
Pasteur, que deu em cerveja, que deu em ciência, que deu em remédio, que deu em
mais felicidade sobre a Terra. Só não se sabe se Pasteur bebia cerveja com
pastel, para fazer jus ao nome e ao trocadilho.
3.Até descambar na geladeira que,
como era de se esperar, também se deve, em parte, à cerveja. Carl von Linden, físico
e engenheiro alemão, foi o inventor do primeiro sistema de refrigeração ao
trabalhar para o setor cervejeiro, sendo contratado por cervejarias para manter
baixa a temperatura das fábricas com o objetivo de produzir cerveja de boa qualidade
o ano todo. Surgiu a refrigeração artificial, incluindo a geladeira.
E foi assim que, como não podia
deixar de ser, a história da cerveja tinha que acabar na geladeira.
José Ewerton Neto é autor de Pequeno Dicionário de Paixões Cruzadas,
livro de contos a ser lançado em breve
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