sábado, 28 de abril de 2012

O QUE FALTA SABER SOBRE SEXO

artigo publicado na seção Hoje é dia de...
caderno Alternativo, jornal O Estado do Maranhão, hoje, sábado



Será que depois do BBBrasil e das novelas da tevê existe algo a respeito de sexo que alguém no Brasil ainda não saiba? Pelo sim pelo não, reproduzimos, com comentário, algumas das 369 curiosidades (mais de uma para cada dia do ano) que o argentino Aníbal Litvin escreveu  no livro Curiosidades sobre Sexo achando que estava trazendo alguma novidade.

1.      Fumar pode encurtar o pênis quase um centímetro.
            Ou seja, quando o sujeito fuma cigarro , está fumando o próprio pênis também. A diferença é que, do cigarro sabe-se que vira fumaça e cinza, enquanto que, quanto ao pênis, o argentino se esqueceu de dizer para onde é que vai mesmo esse um cm. de piroca.

2.                 A anta é o animal com o maior pênis em relação ao corpo. Ela pode medir, em média, 2 m, ao passo que seu membro pode atingir 1, 5 m.
            Com óbvias exceções relativas às antas brasileiras; Luci-anta Gimenez ( como é chamada por Zé Simão), por exemplo. Todo mundo depois ficou sabendo que seu pênis mais famoso não era lá  essas coisas. Pelo menos, foi isso que Keith Richard contou, em sua autobiografia, a respeito da anatomia de Mick Jagger - o ex de Luciana,  o que causou depois a maior confusão.

3.                 No Líbano, um homem pode ter relações sexuais com animais desde que sejam fêmeas. Relações sexuais com machos podem ser punidas com a morte.
Isso é que se chama discriminação sexual inter-racial às avessas.   Quer dizer que só o homem é que vai para a morte? E o jumento, que aceitou, de bom grado, a coisa?

4.                 Devido a liberação de endorfinas, o orgasmo feminino é um poderoso analgésico, motivo pelo qual dor de cabeça é um pretexto ruim para não fazer sexo.
Os homens de há muito desconfiavam de que isso não passasse de uma desculpa. Uma prova é que quando não é com o marido, ou o namorado, elas nem se importam com a dor de cabeça que vem depois.

5.      Quase 58 % das pessoas costumam dizer grosserias durante o sexo.
Humano, demasiadamente humano, diria o filósofo! E, pela mesma razão,  mais de 99,9 % gostam dessas grosserias.

6. A palavra clitóris deriva do grego e significa chavinha.
Muito justo! Sinal de que, desde esse tempo, já eram muito poucos os homens que sabiam o segredo da tal chavinha.


                                                      

7.      Durante a ejaculação o sêmen atinge a velocidade de 45 Km/h
Embora não tenha sido registrada ainda nenhuma multa por causa disso é bom evitar fazer essas coisas dentro do carro. O limite das barreiras eletrônicas é de  40 Km/h e estas não costumam ser bem aferidas.

8.                 As primeiras ereções dos homens ocorrem no último trimestre da gestação, quando ainda são fetos.
Portanto, se algum parceiro seu, amiga, se gaba de que no segundo mês já conseguia , tire para fora que esse cara não é confiável.  

9.                       No momento de máxima excitação o clitóris dobra de tamanho e o ponto G pode chegar ao tamanho de uma amêndoa..
            Isso não é nada. Nessas ocasiões a conta do motel também fica do tamanho de uma jamanta e o prazo de pagamento ( para a mulher ) pode chegar a 9 meses.

                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com


sábado, 21 de abril de 2012

O SANTOS F.C. ( DOS SANTOS CENTENÁRIOS E CAMPEÕES)



artigo publicado hoje, sábado, na sessão Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão


Imagine um time de futebol pelo qual não torcemos, mas admiramos. Mas que, ao fim, vamos acabar torcendo porque admiramos cada vez mais. Um time cujos jogadores joguem um futebol tão espetacular que o torne maior do que as paixões regionais ou clubísticas.
                        Que não se apressem os leitores em imaginar que poderíamos estar falando do Barcelona atual, de Messi, Xavi, Iniesta etc. Bote mais excelência nisso e estamos tratando  do Santos F.C., esse time de futebol que acaba de comemorar cem anos de existência e que teve um dia em suas fileiras um garoto de dezesseis anos chamado Edson Arantes do Nascimento (êpa, Pelé!) a comandá-lo nessa aventura incomparável, de evoluir  de time pequeno, do interior e sem torcida, para transformar-se, em poucos anos, no melhor time do mundo, durante toda uma década.    
                        Não pensem, porém, que o Santos foi o melhor porque ganhava títulos quando, ao invés, ganhava títulos porque era o melhor. (Uma coisa nem sempre tem a ver com a outra e como faz diferença!). As estatísticas da imprensa, que mostram resultados de ocasião para tentar equivaler, por exemplo, o São Paulo F.C. de três títulos mundiais, ao Santos de Pelé, Coutinho, Pepe, etc. cometem uma atrocidade. O Santos só não ganhou mais títulos internacionais, como a Libertadores da América, porque, simplesmente, não quis. Abandonou a competição, e nisso foi seguido pelos demais times brasileiros, quando tentaram lhe impor jogos contra os desqualificados  Emelecs e Cobreloas da vida. (Na época, os ardilosos cartolas sul-americanos aumentaram o número de competidores da Taça, incluindo o vice-campeão, para que todos pudessem ver Pelé jogar de graça). Tanto não precisou disso que o Santos foi homenageado pela FIFA, em 2001 como o melhor time das Américas do século XX.
                        Livre para exibir a arte de Pelé e cia. onde houvesse espetáculo o Santos, dava-se ao luxo de suspender guerras, como aconteceu  entre duas nações africanas. Eis mais dois exemplos breves, para se ter uma idéia da magnitude de um time de soberana aceitação universal.
1.                 Após ter sido expulso durante um jogo, na Bolívia, Pelé foi intimado a voltar a campo pelo próprio juiz que lhe pedia alvoroçadas desculpas, já que se via na iminência de  fugir sob escolta policial, porque a torcida, revoltada, ameaçava invadir o estádio.   
2.           No interior paulista, depois de dar três lençóis seguidos em adversários distintos Pelé chutou a bola a gol e esta, caprichosamente, não entrou. O juiz validou o gol e quando os zagueiros correram para cima dele, este, candidamente  respondeu: “Pra mim foi gol e acabou.” Ninguém reclamou .





                        Lenda? Folclore? Parece que sim, mas a culpa não é da realidade, por não ter conseguido se impor, mas do sobrenatural por tê-la ultrapassado em existência. E da predestinação também, talvez.  Como explicar que a epopéia vitoriosa do time não tenha cessado de vez, após a “ressaca” da era Pelé, quando o time passou a comer o pão que o diabo amassou,  apanhando de todo mundo? Por um longo período esteve em vias de ser obscurecido pela sombra de antigo time pequeno, recrudescendo  com toda fúria.   
                                    Só mesmo essa predestinação explica porque o time praiano jamais adotou, mesmo nesses momentos mais sombrios, o futebol defensivo e de resultados, o futebol de brutamontes que,  egresso do Rio Grande do Sul, passou a fazer a cabeça de técnicos, comentaristas, jogadores e torcedores,  e se  espalhou feito praga por esse Brasil afora. E foi assim, devido a essa predestinação, que o time superou  o estio de vitórias e aos poucos renasceu: primeiro com  Pita e  Juari, depois Giovani, mais tarde Robinho e Diego e agora Neymar e Ganso. Que time brasileiro hoje pode se dar ao luxo de dispor em seu elenco de jogadores de talento tão excepcional, egressos da própria escolinha, que, no caso do Santos, parece guardar uma aliança entre o destino e o craque?
                        E o que mais for dito, a respeito dessa sina, pouco será acrescentado. Maior glória que ganhar campeonatos é não se render à apatia geral de talento que reina no futebol brasileiro, onde times submissos a técnicos cujo objetivo é ganhar a qualquer custo, encobrem a mediocridade de suas equipes sob o falso emblema de grupo de “garra”. Graças a Deus parece que isso jamais acontecerá com esse time. Está no DNA. 
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

sábado, 14 de abril de 2012

LENDAS MARANHENSES AO ARROZ DE CUXÁ E PITADINHAS DE HUMOR


artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo
jornal O estado do Maranhão, hoje, sábado



A bordo do quarto centenário e relembrando as lendas de São Luis,   ao arroz de cuxá e com uma pitadinha de humor.

                        Lenda do Palácio das Lágrimas

                        O Palácio das Lágrimas fica entre as ruas do Sol e a Rua da Paz. Mais precisamente na rua  São João, esquina com a Rua da Paz. Aparentemente, num prédio situado entre a Paz e o Sol não haveria  motivo para lágrimas. Nem mesmo  por ter sido, durante algum tempo, Faculdade de  Odontologia,  já que os futuros dentistas, apenas estudavam,  não arrancavam os dentes das crianças nesse local.     
            A questão parece ter começado quando dois irmãos portugueses  para cá vieram “Fazer a “América”, como se dizia. Como era de se esperar de dois portugas , estes entenderam  que fazer a Ame-rica implicava um contrato em que cada um faria metade do nome América: um a  parte Ame, outro a parte Rica. Um enriqueceu bastante, já o outro ( com esse negócio de ame) empobreceu cada vez mais, até o dia em que  resolveu esquecer, de vez,  contrato e conselho de mãe e passou à prática tratando de matar o irmão.  
                        Ora, o rico era amasiado com uma escrava negra com quem tinha vários filhos, mas nenhum era legitimado por lei. Isso facilitou as coisas para o assassino que, tomando conta da fortuna, passou a tratar a ex-amásia e os sobrinhos como escravos.
                        Não deu certo. Tão logo cresceu e soube da história o sobrinho mais velho jogou o tio homicida de cima do sobrado. Foi condenado à forca e  diante da morte iminente saiu-se com esta: “ Palácio que viste tantas lágrimas derramadas , ficarás para sempre com o nome de Palácio das Lágrimas!”
                        A razão pela qual o vingador resolveu amaldiçoar uma construção de alvenaria que nada tinha a ver com a bestialidade dos que lá  residiram ninguém até hoje soube explicar. Aliás, ao que se saiba a única maldição que pegou até hoje em São Luis foi praga de sampaino contra o Moto Clube, que virou time de quinta categoria e hoje apanha até do Sabiá  - que nem sequer é o de Gonçalves Dias. .

                                                                      
                                                                            

                        Lenda de João de Una.

                        João era um capitão de navio que vivia com uma única mulher, o que era muito esquisito para um capitão, nessa época, tanto é assim que era chamado João de Una, ou  seja,  de uma só. Não bebia, não ia pra farra, não comia as piranhas de cada  porto, só queria saber de navegar.
                        Até que um dia não voltou mais. Ninguém entendeu, mas todos disseram para consolar a esposa que de uma coisa ela podia ficar certa: não era coisa de mulher. O mistério permanecia cada vez mais crucial (ninguém tinha mais dúvidas do naufrágio em alto mar) até que descobriram, um belo dia, o  navio de João da Una, ao longe, no meio do oceano. Assim, flutuando sobre as ondas, candidamente, sem rumo e sem disposição alguma de querer voltar. Teria João de Una se suicidado?.
                        Nem precisa  dizer que todos os pescadores e marinheiros de São Luis, saíram em seus navios, botes,  barcos, bóias, botos e tubarões, atrás de onde avistavam o navio, agora com estranhas luzes, que acendiam e apagavam. Os que conseguiram chegar mais perto vislumbravam João da Una, mas toda vez que se aproximavam de sua imagem, este dava um jeito de sumir, estranhamente. Tantas e tantas foram as investidas que todos chegaram à uma única conclusão: João havia sido seduzido por uma divindade marítima e cada vez que uma das luzes acendia era mais um filho  que sua adorada feiticeira dava à luz.
                        Mistério e lenda comprovados só  restava dar a notícia à sua ex-esposa que, afinal de contas, não tinha porque ficar se martirizando eternamente. Afinal de contas, ele não a abandonara por causa de outra,  mas fora enfeitiçado por uma divindade marítima
                        A conversa não colou. Divindade ou não havia uma fêmea no meio, o que a levou a bradar, prestes a morrer:
                        “Ora, se era para ser traída por uma zinha qualquer  não precisava pegar uma piranha de navio, bastava ir na Rua 28. Ele é um safado mesmo, e nunca foi João de Uma porra nenhuma, mas de várias. Vai gostar de piranha assim, no meio do oceano!”
                                                                                  joseewertonneto@blogspot.com


                         

                        

domingo, 8 de abril de 2012

CHICO ANYSIO NÃO MATOU MILLOR





Que sacada humorística seria criada por Millor Fernandes, após ter sido sua morte ofuscada, em termos de repercussão na mídia, pela de Chico Anísio, ocorrida alguns dias antes? Alguma coisa do tipo: “Pô, Chico, você podia ter esperado um pouco mais, essa tua última piada foi tão engraçada que ninguém riu da minha!” O que, guardadas as devidas proporções seria bem próprio dele que dizia coisas do tipo: “A Academia Brasileira de Letras é composta de 39 membros e um morto rotativo”, ou “Não quero participar desse rodízio de mortos”, quando perguntado por que jamais se candidatou à Academia Brasileira de Letras.
            Millor, cujo nome nasceu de um  piada, pois devia se chamar Milton, deve ter acatado essa imposição do destino como uma premonição de que ele iria se tornar  o melhor humorista brasileiro, fazendo literatura das boas, numa época em que isso não existia popularmente. “Enfim, um escritor sem estilo!”, ele dizia , fazendo troça dos escritores fanfarrões que existem por aí e de si mesmo. Em nome desse humor, intelectualizado e sutil, porém, sempre próximo do cidadão comum, jamais abdicou de sua função de humorista para escrever “o grande romance” como é comum se cobrar de escritores geniais como ele. Pensando bem, quem escreveu O Livro vermelho dos pensamentos de Millor, cujo título é uma paródia ao livro dos pensamentos de Mao Tse Tung, não precisaria mesmo de um grande romance.
            A primeira vez em que deparei com alguma interligação dos talentos humorísticos de Chico Anísio e Millor Fernandes foi quando, na adolescência, li uma seção na revista Realidade, em que talentos e celebridades, falavam um do outro. Na época, Chico Buarque, jovem já consagrado depois do avassalador  sucesso de A Banda referia-se a Millor: “Millor é sério, mas Vão Gogô é engraçado”. (Vão Gogô era um pseudônimo que Millor usava, na época). Chico Anísio, por sua vez, falava de Chico Buarque, e introduzia sua música Quem te viu quem te vê como uma das três melhores de toda a MPB, além de Feitiço da Vila, de  Noel, e outra da qual não me recordo.
            Alem de terem sido humoristas geniais  e da quase coincidência na hora da morte, Millor e Chico Anísio guardavam muitos pontos em comum, mas algumas sutis diferenças, uma das quais se pode extrair da própria frase de Chico Buarque sobre Millor. O humor que se consegue extrair de pessoas com essa personalidade, séria, jamais poderia ser como o de Anísio, espontâneo, por vezes extravagante, mas, sim aquele  que nos permite sorrir das fraquezas humanas, nas entrelinhas do que se lê,  a reboque de alguns trocadilhos inesperados. Numa época em que todos os estudantes brasileiros liam Millor e o Pasquim, uma de suas mais comentadas tiradas ocorreu quando ocorreu o primeiro transplante de coração feito pelo médico Christian Bernard que causou sensação no mundo inteiro. Millor saiu-se com esta: “Blaiberg não foi o primeiro. Já havia  o Ricardo Coração de Leão.”
            O humor de Chico Anysio, igualmente genial, tendia pela própria natureza da construção teatral a ser  obrigatoriamente popularesco e imediato, embora traduzisse igual sutileza na construção dos personagens. Coincidiram ambos, porém, no declínio da última década. O humor de Chico Anysio, baseado na criação de personagens, tornou-se rapidamente arcaico, quando não foi mais capaz de se traduzir na criação de protótipos das novas  gerações, pós-internet.
                                                                       
            Millor, por sua vez, apesar de perfeitamente integrado, desde sempre,  às  exigências dessa nova comunicação,  que exigem textos rápidos, velocidade de pensamento e ironia concentrada ( Millor sempre foi um inovador e antecipou-se a escritores como Zé Simão cujo texto ainda é mais acelerado que o dele) , já não tinha a mesma verve, conseqüência, talvez , do envelhecimento. Seu ultimo estágio na revista Veja foi pouco penetrante na receptividade dos leitores e seu blog estava longe de ser um dos mais disputados entre os internautas quando comparados a outros sites de humor que hoje proliferam na rede.
            A morte de Chico Anysio “matou” a de Millor Fernandes? Qual deles ficará para a eternidade? Neste ponto, ouso acreditar que levará vantagem Millor :seu tipo de humor é mais durável por não se basear nas características individuais de personagens estratificados numa época , mas na crítica ao gênero humano como um todo, seus aforismos atravessarão mais facilmente a memória, montados que estão nesse único veículo capaz, talvez, de tanger a eternidade que  é a literatura.
            Porém, o mais certo é que ambos estejam se rindo dessa tal eternidade, em alguma mesa de bar, pros lados do infinito. Chico fazendo o professor Raimundo para os garçons e Millor rabiscando, mais uma vez, num caderno de anotações: “ Certos escritores se pretendem eternos e o máximo que conseguem ser é intermináveis.”
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com