quinta-feira, 31 de março de 2011

POEMA SOBRE A MORTE DE ELIZABETH TAYLOR

A MORTE DE ELIZABETH TAYLOR Somente a morte e alguns azuis têm esse poder: o de fazer voarem os homens acima dos espíritos. Hoje também foi assim, quando LIZ TAYLOR morreu. Nós, seus fãs do passado já quase indiferentes, de repente, lembramos pela imprensa que seus olhos eram azuis, muito azuis e , sem saber porque, logo fomos possuidos de uma imensa pena do azul, de todo azul talvez porque alguma coisa indefinida e muito maior que o céu começasse a tombar sobre todos nós azul, muito azul.

domingo, 20 de março de 2011

SOBRE A CORRUPTOLOGIA

artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O Estado do Maranhão, sábado

S

ASOBRE A CORRUPTOLOGIA

Jose Ewerton Neto

ewerton.neto@hotmail.com

A Corruptologia, conjunto de experiências brasileiras, que estuda a corrupção e suas variações, demorou a ser aceita como ciência. A primeira grande dificuldade, na época foi explicada pelo chamado Paradoxo de Eurico, um dos mais notáveis contestadores desses estudos: “Se nenhum ser humano é incorruptível, a Corruptologia não passa de um embuste, pois sempre repousa sob uma suspeita de corrupção”.

O enunciado do tal paradoxo, amplamente divulgado e debatido na comunidade científica, comprometeu sua implantação até que Eurico resolveu se calar em definitivo – segundo dizem, foi comprado por cinqüenta mil dólares. Orestes Trinta e Três (assim chamado porque, como Judas, cobrava trinta e três de comissão), paulista, pastor, ex-candidato a síndico de condomínio e a deputado, criador e divulgador dessa nova ciência anunciou, então, o famoso “Corolário do Teorema do Agulha”.

Diante da verdade bíblica que diz “É mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”, por ele tratada como um teorema, Orestes anunciou o seu corolário, complementando: “Menos no Brasil, porque por aqui até as agulhas são corrompidas.”

A infalibilidade dessa lei fez com que a nova Ciência superasse preconceitos, inclusive a de ser confundida com Politicologia. Orestes Trinta e Três mais uma vez teve de entrar em ação para concluir que a Politicologia nunca chegará a ser uma ciência , embora permaneça uma fonte inesgotável de estudos para a Corruptologia. E expôs, encerrando o assunto, a diferença fundamental entre as mesmas, baseando-se no postulado de Mal-uf, outro grande estudioso da matéria: “ Todo politicólogo é corrupto, mas nem todo corrupto é politicólogo”.

Seguem alguns princípios fundamentais:.

1. No Brasil todo corrupto fica rico.

Corolários:

1.1 Todo honesto morre pobre.

1.2 Pobreza e Honestidade, no Brasil, combinam com banco de escola. Riqueza e corrupção, com outro tipo de banco.

1.3 Quanto menos o corrupto vale, mais caro custa.

2. Corrupto no Brasil nunca fica atrás das grades

Corolários:

2.1 A não ser das grades de suas mansões.

2.2 A única cadeia com que corrupto convive, no Brasil, é cadeia de lojas.

2.3 Todo corrupto no Brasil está “acima” de qualquer suspeita. Para isso, primeiro compra um apartamento de cobertura, depois um avião.

3. Lavoisier aplicado à Corruptologia: “No Brasil nada se perde, nada se cria, tudo se transforma... em mensalão.

Corolários:

3.1 Newton aplicado à Corruptologia: “Grana atrai grana, na razão direta da impunidade dos canalhas e inversa do quadrado da honestidade dos seus ideais.

Como elogio ao trabalho árduo desenvolvido por Orestes deve-se, finalizando, acrescentar que ele, como todo grande estudioso, está constantemente atualizando-se. Eis que diante, da recente tragédia japonesa já anunciou, pela Internet, uma nova lei para a Corruptologia, por ele denominada Lei do Tsunami. www.corruptologiaorestes.com

“NENHUM PAÍS É MAIS DIGNO DE SUA TRAGÉDIA DO QUE AQUELE QUE CRIA SEU PRÓPRIO TSUNAMI. NO BRASIL SE CHAMA CORRUPÇÃO.”

quarta-feira, 9 de março de 2011

2 ou 3 vítimas do Trio Elétrico

artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, sábado

2 ou 3 VÍTIMAS DO TRIO ELÉTRICO

ewerton.neto@hotmail.com

Não, não estamos falando da moça que caiu, poucos dias atrás, no Rio de Janeiro de cima de um trio elétrico, nem das mais de vinte eletrocutadas, não faz uma semana, no interior do Rio Grande do Sul, em torno de um. Estamos falando de vítimas mais amenas, carnavalescas.

1. O Rei Momo.
De todas as bizarrias do carnaval o Rei Momo é a mais fácil de entender sob o ponto de vista da lógica carnavalesca, justamente porque não tem lógica. É uma extravagância, como o próprio carnaval, e pronto. Imagine um sujeito imenso, largura maior que a altura, vestido de rei feito um idiota, sorrindo feito um idiota, todo suado e abraçando uma mulata nos intervalos em que abraça outra mulata. Quer algo mais carnavalesco que isso? Um rei momo é tão carnavalesco que finge que está bêbado, e fica bêbado mesmo, meio que na base de um Fernando Pessoa, aplicado aos carnavais: “Finge tão completamente que chega a fingir...”
Outra é que ninguém o vê fora do carnaval. Onde mora? Alguém já o viu algum dia em sua rua, no futebol, ou na praia? Se sobrevivem, certamente não é trabalhando, porque ninguém neste mundo já foi colega de trabalho de um. O Rei Momo é tão integrado à sua sina carnavalesca que, por causa disso hiberna até Fevereiro. Só então resolve voltar à realidade, por 4 dias, como se quisesse lembrar: eu existo.
Portanto, se há alguém que representa o espírito carnavalesco esse alguém é o Rei Momo e, por isso, é difícil acreditar que um povo, que se diz gostar de carnaval, queira acabar com o mesmo. Mas é isso o que estão fazendo duas populações que adoram propagar que são o máximo em matéria de carnaval. Primeiro a de Salvador, agora a de Recife. No entendimento dos “especialistas” dessas plagas o Rei Momo tem que passar a ser magro, o que é o mesmo que imaginar que uma cachaça possa vir a ser light, ou uma escola de samba possa desfilar de terno e gravata.
Ora, e o que isso tem a ver com trio elétrico? - devem estar se perguntando os leitores. Respondendo a tão cruciante questão posso arriscar que, por coincidência ou não, tal impulso demolidor nasceu justamente nas cidades onde o trio elétrico nasceu e proliferou. Se a parafernália eletrônica conseguiu acabar com as marchinhas carnavalescas e obrigou o povo a brincar carnaval vestido de farda (abadá ) por que não acabaria também com o Rei Momo, tornando-o cada vez mais fino, até se extinguir completamente?
Alguém vai dizer que estou imaginando coisas, mas jamais vi um Rei Momo Gordo em cima de um trio elétrico, até mesmo porque isso seria inconcebível (o trio pode desabar, ou uma montanha de gordura pode cair em cima de alguém). Por outro lado, ninguém com um corpanzil desses pode sonhar em ter a mesma desenvoltura dos “saradões” que, em cima dos trios, balançam os quadris mais do que Ivete e Claudia Leite juntas, e rebolam como se tivessem levado um choque elétrico de alta tensão no rabo.
Para um Rei Momo Gordo isso seria impossível.

2. A Alegria.
Imagine o seu modesto radinho de pilha tocando no mais alto volume possível. Isso pode lhe irritar ou não, a depender do que você estiver fazendo. Mude para o som automotivo: desses que alguns estúpidos carregam nas avenidas e ligam num tom de espantar muriçoca quando estão calmos, e à carga total quando estão a fim de aparecer. Insuportável? Daí para cima e mais além. Ou você extermina o sujeito ou vai para casa, sendo mais conveniente, na maioria das vezes, ir para casa.
Agora imagine a potência desse som elevado trinta, quarenta, um milhão de vezes. Uma hecatombe? Uma tragédia? Também depende. Você pode ter ido até lá de livre e espontânea vontade, para brincar carnaval, por exemplo. Como fará, então, para suportar? Pulando, amigo, claro que pulando e gritando cada vez mais, até fazer de conta que está gostando. Ou seja, diante de um ataque desenfreado de decibéis a cem por hora você não tem outra alternativa a não ser dançar. Ou fingir que está dançando, tanto faz.
Alguns chamam isso de alegria. E pode até ser que seja, afinal de contas a cerveja cobra isso. Só não vão poder dizer é que essa seja a mesma alegria de quem escuta, com um som audível, uma marchinha de carnaval como Pierrot Apaixonado ou Anda Luzia, tocado por uma boa orquestra ou pelo coro embriagado de sua turma do Barril. Num ambiente onde é possível descobrir até sua ilusão de felicidade tornar-se palpável, sem correr o risco de vê-la , subitamente, ser pisoteada por um vândalo.
Certamente, o trio elétrico não vitimou a alegria, mas substituiu a vibração espontânea ( dos carnavais verdadeiros ) por uma outra, desenfreada e oportunista. Que pode até ser alegria, mas não é natural, e parece mais arrancada a fórceps. Como se extrai um dente.