artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje sábado
Acredite, a FIFA, preocupada com o que está vendo – e,
principalmente com o que não está - divulgou pelo mundo um pequeno manual preventivo para os potenciais turistas que
virão ao Brasil. Tentemos julgar se o manual erra, ou não.
1.Um “sim” não
significa sempre um “sim”. É a entonação de voz que define se o “sim” é
realmente um “sim” ou um “talvez”.
Têm razão.
Tanto assim que no Brasil, os casamentos, cujos cônjuges dizem talvez, costumam durar muito mais do que aqueles cujos parceiros dizem sim. O “sim”, e consequentemente o “não”, para os brasileiros são apenas meras
conjecturas a serem ajustadas de acordo com a conveniência do momento. “Sim” de verdade no Brasil só aquele que responde
se determinado candidato, que você não conhece ainda, é corrupto ou não.
2. O tempo é
flexível para o brasileiro. Não espere pontualidade. Se duas pessoas marcam
para se encontrar às 12h30 é porque se encontrarão a partir das 12h45.
Verdade, mas o
Manual está sendo otimista. O tempo, por
aqui, é mais flexível do que uma corda.
Uma prova disso são os ‘enforcamentos’
entre os feriados, que transformam 24 horas em 48 ou mais. Se no Congresso, 5 dias.
3.Contato
corporal é coisa comum. Os brasileiros não estão acostumados com o jeito
educado dos europeus de manter alguma distância entre os corpos. Os brasileiros
falam usando as mãos e, a partir daí...
Certo. Usam
tanto as mãos, e tão bem, que o
desavisado terá sorte se , pelo menos, souber a hora em que foi tocado. Via
de regra, só toma conhecimento disso depois
que dá por falta da carteira ou do celular.
4. Impera a
lei de sobrevivência dos mais fortes. Nas ruas os pedestres são ignorados e,
mesmo na faixa reservada, raramente um motorista vai parar.
Em parte. Se o
motorista for homem e o pedestre, por acaso, for uma boazuda pode acreditar que o carro
para. E passa tanto tempo esperando a passagem da moça que nem se incomoda com
as buzinadas dos carros, e do
engarrafamento que se forma atrás de si.
5.Fazer
topless pode causar problemas. Corpo nu pode ser visto em Carnaval, mas não
todos os dias. Os biquínis no Brasil possuem poucos tecidos, mas não são usados o tempo todo. Em algumas
capitais não se espante se deparar com alguém urinando em público.
Meia verdade.
Os biquínis, realmente, possuem tão
pouco tecido que as celulites é que são usadas para proteger a nudez,
especialmente nos desfiles do Carnaval. Quanto a urinar em público, os homens
praticam à vontade, de preferência se tiver plateia por perto. E costumam pedir uma gorjeta pela exibição.
6. As coisas
são feitas no último minuto. De estádio de futebol, passando por prisão ou
cemitério.
Verdade.
Inclusive para morrer o brasileiro deixa
sempre pro último minuto. Mas... existe em algum lugar quem faça isso de forma
diferente?
7.Sem
espanhol: o idioma nacional, lembre-se é o Português. Se você falar que Buenos
Aires é a capital do Brasil você pode ser deportado.
Mais ou menos.
O brasileiro não tem tanto orgulho assim do seu idioma, tanto assim que fala o
que lhe dá na cabeça, ou melhor, o que dá na tevê, que não tem nada a ver com Português. Quanto a
não gostar de argentino isso aos poucos está mudando, depois do Barcelona de
Messi etc. Por exemplo, depois de tudo que a Dilma fez com a Petrobrás etc. já tem gente achando a Cristina Kirchner menos pior.
8.Não deixem
de experimentar um açaí. Dizem que tem os mesmo efeitos de uma bebida
energética.
Verdade
indiscutível. Mas será que alguém precisa de energia extra para encarar as popozudas
assanhadas que andam por aí? Pelo que se sabe, alguns dólares fazem muito mais
efeito.
9. Filas não
foram feitas para serem respeitadas. Esperar pacientemente não está no DNA dos
brasileiros que preferem cultivar o caos.
Certíssimo. A
única fila que o brasileiro respeita é fila de enterro. Desde que esteja dentro
do caixão.