sábado, 30 de novembro de 2013

"AD LIBITUM", SENHORES MENSALEIROS




Artigo publicado hoje, sábado, na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão



Nem faz tanto tempo assim as expressões latinas eram muito repetidas como fenômeno de erudição. Faz bem menos tanto tempo assim, chegou-se a aventar o reestudo do latim, como obrigatório na grade curricular de certas profissões para, justamente melhorar a pobreza vocabular que assola o nosso país a reboque da linguagem televisiva e da Internet. Será que daria certo? Tenho minhas dúvidas, mas não custa imaginar.
1.Podemos começar com “Ad libitum” que quer dizer á vontade. Poderia ser usado pelo namorado na entrada do motel para dar uma impressão, um tanto quanto fora de moda, de cavalheirismo. Correndo o risco de parecer um dinossauro ele poderia dizer
- Ad libitum, querida!
- O quê ?
- Quis dizer , fique à vontade...Meu amor, essa é uma frase latina.
- Como ? Quem late? Está me chamando de cachorra e ainda nem começou a bater e a me xingar para me dar prazer?
Não daria certo. Talvez ficasse mais apropriada em outro cenário. Que tal Joaquim Barbosa levando os mensaleiros  para a Papuda e caprichando na eloqüência  do seu latim: “Ad libitum, senhores políticos!”?

                                                 



Pelo menos ficaria mais atual.

2.”Fiat Lux” é uma expressão que o povo conhece muito mais como nome de caixa de fósforos. Significa faça-se a luz  e era usada ironicamente quando se desejava  que alguém esclarecesse melhor o que queria dizer, porque havia saído uma asneira. Que tal seu uso nas novelas das tevês para melhorar os diálogos?

                                                       



Qual, com a quantidade de idiotices que se fala por lá, seria um  tal de acender fósforos que a novela não acabaria nunca por excesso de luz.

3. Deo Gratias. Palavras comuns nas orações litúrgicas e que se repetiam familiarmente para dar a entender que alguém se alegra com o término de algo desagradável ou pesado.
Não deixa de ser uma boa idéia para substituir o ainda muito usado ‘graças a Deus’. Deo gratias porque se conseguiu chegar a casa depois de uma manifestação; Deo Gratias porque o show de Luan Santana acabou; Deo Gratias porque se está às portas da morte, mas nunca mais vai ser preciso votar em alguém; Deo Gratias porque a vida continua... E até, para os ateus de araque (como todos são) : “Não acredito em Deus, Deo Gratias!”


4.”Consumatum est”. Ultimas palavras de Cristo, crucificado. Usa-se a propósito de um grande desastre, de uma perda muito dolorosa, de um acontecimento irremediável.
Melhor esperar passar a Copa. Com o carniceiro Felipão no comando,  com o futebol medíocre praticado pelos times nos campeonatos brasileiros e com os altos e baixos de São Neymar, melhor não pensar , por enquanto, em consumatum est.
 Vira essa boca com esse latim pra lá!

5. Ecce homo”. Eis o homem, são as palavras de Poncio Pilatos quando apontou Jesus Cristo, ironicamente aos judeus, com um caniço por cetro,  e uma coroa de espinhos na cabeça. Familiarmente era usado quando se anunciava alguém ou a si mesmo.
Hodiernamente, é o que deveria fazer Ivete Sangalo ao anunciar Daniela Mercury ( depois de anunciar sua nova opção sexual) no próximo carnaval baiano: 

                                               


Ecce Homo!, com a galera quase vindo abaixo.  Teria tudo até para dar um axé, cujas letras só precisam de duas palavras. Quem se habilita?

6.Ex abrupto”. Esta quer dizer bruscamente. Como  quase tudo o que acontece neste Brasil é feito dessa forma, ou seja, ex abrupto, ou, sem eufemismos, ‘na marra’ cedo cairia em desuso. Uma utilização recente poderia ser  a propósito do absurdo que foi a morte de dois operários, esta semana, nas obras do Itaquerão, estádio do Coríntians, construção decidida ‘ex abrupto’, pelos que não se pejam em enfiar dinheiro do contribuinte para satisfazer oportunistas, que se locupletam às  custas de torcedores idiotas.

                                             


“Ex abrupto” foi o jeito como tombou um guindaste por cima de duas vidas. “Ex abrupta”foi  a forma como se comportaram tanto o presidente do Coríntians como o da C.B.F. quando se referiram ao fato dizendo “ Acidentes acontecem” - como se a vida de dois operários nada representasse.  “Ex abrupto” deve ser  a reação do ladino Andrés Sanchez e do ex-presidente Lula,  seu grande amigo, os  mentores da bizarra idéia de desperdiçar milhões para construir um estádio numa cidade em que isso não falta: Vai Curíntiaaaaaaa!

                                               ewerton.neto@hotmail.com                                                                                                http://www.joseewertonneto.blogspot.com

sábado, 23 de novembro de 2013

A VIDA É UM ESQUEMA ( OU CORRUPÇÃO?)



artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Existe uma forte probabilidade de você ter sido originado de um esquema, caríssimo leitor. Duvida? Segundo uma revista científica até 7 % dos filhos, que os pais carregam orgulhosos nas mãos, não são do pai oficial. Além disso, ainda existem os adotados, os filhos de mãe solteira (às vezes,  ninguém sabe quem é o pai - nem a própria mãe), os nascidos antes do casamento (a imensa maioria) etc. Enfim, o que não falta é esquema para dar vida a alguém.
Ora, se antes mesmo de vir à luz você já sofria com os esquemas: esquema para evitar que você venha ( camisinhas, pílulas etc.); esquema para dizer que seu pai é outro; esquema para arrumarem  grana para lhe sustentar( chá de bebê etc.);  imagine só  o que não vem pela frente:

1.NA INFÂNCIA

O primeiro esquema do qual você é vítima  é a tal da palmada na bunda, justamente no exato instante de sua chegada. Nessa ocasião, lhe dão uma palmada de verdade, para que você chore de mentirinha, aparentemente  para que você possa respirar  sem que você jamais tenha pedido ou faça questão disso. Ou seja, nem bem você começa a viver e já se depara com um esquema meio vagabundo de enganação. Haja berro!
Tendo sido introduzido nos esquemas da vida com um berro nada mais natural que você continue a usá-lo, para que o esquema agora funcione a seu favor. Se a comida não vem, berro; se a mãe não quer lhe dar peito, berro. Se  ela some por alguns segundos, berro. Com menos de um ano você já é um especialista em esquema e ainda não sabe.

                                                       
                         


Um pouco mais grandinho, com a lei da evolução dos esquemas agindo a todo vapor, você já se aprimorou o suficiente para substituir o berro por outras enganações. O preferido passa a ser o beicinho. É beicinho para não ir à escola, beicinho para não tomar banho, beicinho para ganhar guloseimas e até beicinho para, simplesmente, chamar a atenção. Daí a rolar pelo chão e espernear, quando o beicinho não funciona, é um pulo, como também  a disposição de pular para outras etapas mais audaciosas.


2.NA JUVENTUDE
A estas alturas você já tem idade suficiente – e experiência idem -  para perceber que a vida não passa de  uma batalha de esquemas: gente aprontando para cima de você e você tendo que reagir contra -atacando com outros esquemas. Claro, você ainda não chama esses esquemas de corrupção e acredita piamente que nem sabe o que é isso, tanto assim que você adora participar de passeatas, justamente contra ela.
Esquemas useiros e vezeiros  nessa fase são: esquema para passar no vestibular sem estudar; esquema para pegar o carro do pai sem que ele saiba; esquema para dar uma fumadinha no banheiro,  etc , sendo que,  finda a juventude,  você já entendeu que o que existe de mais  prioritário  nesse momento é pensar urgentemente num esquema para ganhar dinheiro sem ter que trabalhar.

                                                 


É quando aparece a vocação de político.


3.NA MATURIDADE

A vocação de político não dando certo (o ‘burro’ de seu pai, péssimo em esquemas, sequer foi capaz de ter sido político para lhe facilitar a vocação), você continua se aprimorando em esquemas, agora para sobreviver. Na vida profissional: esquema para ser convidado a participar de algum esquema; esquema para  puxar o saco do chefe ou esquema  para puxar o saco do puxa-saco do chefe- a depender do seu posto na hierarquia. Na vida sentimental: esquema para que a parceira não venha a  saber de suas amantes(ele)  e esquema para fazer de conta que a gravidez é do marido ( ela).

                                           

Embora já tenha certeza de que esquema é apenas um eufemismo para corrupção você não está nem aí para isso. “Que venha um esquemão salvador”, ainda sonha, a estas alturas do campeonato. Tem orgulho do próprio caráter e em se considerar cada vez mais um homem “esquemático”. Por sua vez, ela está se esquematizando com muito afinco para fingir que ainda é jovem -  e dá-lhe cabeleireiro e botox

4.NA VELHICE

De repente, não mais que de repente e sem que disso tenha se dado conta,  você se depara com uma fase em que precisa, urgentemente, de um esquema para enganar a morte. Haja cirurgias rejuvenescedoras!, Haja casar com gente mais nova (gigolôs e periguetes)!, Haja check-up mensal!, Haja propagar que seu médico lhe arrumou um esquema para enganar o Parkinson e o Alzheymer!, haja a todo custo tentar acreditar que se a vida é iludível a morte também é . Até que...

                                       

(Ah, se todos os corruptos soubessem disso. O nosso país seria, quem sabe,  muito melhor):

Você acaba descobrindo que a morte, justamente ela, é incorruptível. Inapelavelmente.  

    ewerton.neto@hotmail.com
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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O PISTOLEIRO



SESSÃO DA QUINTA E SEXTA ( POESIA)

(do livro Cidade Aritmética)

Uma rua suja
e cheia de buracos
multiplicava-se
( por quantas rugas)
nas faces daqueles homens
de corações mal-encarados


E havia um saloom
e um sol muito quente

De repente, ele surgiu:
                                                     


Vestido de preto
Marcado de ira
Festejado de músculos
Ensopado de maldade
Feliz de altura
Gasto de sorrisos
Espremido de vida
Ensandecido de cabelos
Remendado de coragem
Roubado de medo

Montado num corcel branco
e relinchando pelo cano de sua pistola
                                           de prata
Saboreando tantas vidas mortas
No fumo preto de seu charuto grosso

E, enquanto seu olhar de cobra
Feria o espaço e maltratava o infinito
O sol se escondia - covarde! -
Atrás de uma nuvenzinha qualquer

Seus olhos azuis
De azul nunca visto
No céu e na terra
Iam e vinham
( de onde? Pra onde?)
Recolhendo dos tons do entardecer
As parcelas
Para o ajuste de contas

                                                           Entrou no SALOOM
                                                       
                                                         

                                                         - Quero um copo de leite
                                                         - Leite? Ah, Ah, Ah...Vai ter de beber uísque
-Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque -
-Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque -


 O fio que separa
A vida da morte
Encurtou, encurtou
Até ser um ponto
Maior um instante ( ainda)
Que o ponto final


E a morte abriu sua imensa boca

                                                     



BANG !  BANG !   BANG   ! BANG  
ZING    ZING !       ZING ! ZING
Aaaaaiiiii! Socoooooorrroo! Ooooohhhh!
BANG   BANG   ZING  ZING

                                                      Saiu do Saloom

Desnecessário seria
perguntar-lhe pelas balas
Ou o porquê dessa tristeza
Depois delas

A verdade dos cadáveres
Valia-lhe um pouco mais
Quanto mais agora
Que o sol da tarde de ira
               se punha no seu sorriso

                                                     

 E o que mais for dito
 Foi por ele pressentido

 Mas não chorou, contudo
 Por seu destino tragicômico
 De pistoleiro cruel
 Morto por um

                                          THE END

                       

                     
                                  

sábado, 16 de novembro de 2013

A HISTÓRIA CURIOSA DO GARFO E FACA



artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Eis que se aproximam as festas de fim de ano, os comes e bebes e, com eles, o reinado do garfo e faca. Reinado? Eu disse reinado, mas desses reinados  ocultos à sombra de  outro: no caso, da comida e da fartura, já que todos estarão mais preocupados em enfiar  comida goela abaixo, pouco se lixando para o que lhes terá tornado tudo isso possível. Alguém já imaginou o que  seria de uma ceia de natal sem garfo e faca? E já se perguntou como tudo começou?                                          


1.O garfo só chegou ao Ocidente  pelos idos de 1004, no casamento que uniu o Império Bizantino com a República de Veneza. Na ocasião, a futura rainha levou uma caixa com os talheres. A estranheza deve ter sido tanta que muita gente pensou que o garfo era para enfiar no príncipe caso ele não cumprisse seu papel de esposo. (Lembremos de que nessa época tão distante nem tevê havia, com suas exibições de sexo explícito ao vivo, para estimular a fantasia sexual das mulheres).
Explicações iniciais à parte, mesmo assim os religiosos vieram a considerar esse negócio de talheres uma heresia e o utensílio foi banido por séculos.  Como se sabe, se nessa época ainda não havia lei seca,  o que não faltava era lei do cão: usar garfo, só era permitido ao demônio.

                                               


2.Por volta de 1500, a faca de caça e defesa pessoal ganha espaço à mesa das classes mais nobres. Elas eram de prata e tinham a lâmina afiada e pontuda. Além de cortarem serviam para espetar a comida e levá-las a boca, o que significa dizer que possivelmente, nessa época,  morria mais gente por falta de dentes do que de peste , pois como será que faziam para engolir os pedaços mais duros? Vai ver que  quem tinha dentes mastigava para o outro engolir, o que não deixava de ser outra espécie de morte.


                                            

3.No casamento real entre Catarina de Médicis, da Itália, e Henrique II da França, eis que o garfo faz nova tentativa de aparecer e se implantar pros lados de 1533. Era de ouro e prata, tinha apenas dois dentes e, como é fácil deduzir, tinha especial predileção por ambientes nobres, já que só aparecia em casamento de rico. Embora já  tivesse essa queda por casamentos, nessa época  ainda não pensava em se casar,  por sua vez, com a faca.                                                     

4.Isso só aconteceu em 1633, quando o rei britânico Charles I decretou: “ È decente sim, usar o garfo”, assim permitindo  o casamento em definitivo dos dois. Daí em diante seu uso se popularizou e o garfo passou a fazer par para o resto da vida  com a faca. Chegavam até a  dançar como bons namorados , veja só, não apenas nas carnes de algum  leitão como também na barriga de algum brigão impertinente, porque as contendas, como ritual inseparável da cerimônia dos jantares foram ficando muito comuns. 


                                                     


5.Não demorou muito e o cardeal Richelieu, o homem forte dos reinados franceses  à sua época, sugeriu a criação de facas arredondadas, para que os convidados não as usassem para palitar os dentes. O cardeal devia estar cansado de comer restos de comida misturados com pedaços de gengiva do rei e não devia estar nem um pouco satisfeito com isso. Como o rei fazia tudo o que ele mandava,   proibiu de vez as lâminas pontudas com o pressuposto de coibir os casos de violência entre os comensais. Essa modificação, definitivamente, foi de muita valia até hoje. Caso não tivesse sido inventada, podemos imaginar o que ainda estaria acontecendo nas filas de self-service dos nossos  natais:


                                        


- Quero aquele pedaço de leitão, ali.
- Qual?
- O que está perto da azeitona preta.
- Desculpe, mas vai ter que escolher outro. Eu também quero esse e estou à sua frente!
- Tem certeza? Saiba que a minha faca é mais pontuda que a sua.
-É mesmo?
-E agora, deu pra perceber?
-Meu Deus, ai minha bunda! Sangue! Chame a polícia.

6.Só no século dezoito o garfo ganhou o terceiro e o quarto dentes, tornando tudo muito mais fácil. Agora já era possível carregar a comida e não apenas espetá-la. A imaginação fez o resto e surgiram modelos específicos para ostras, peixes, saladas etc. Veio o aço inoxidável barateando a produção em larga escala em 1914 e em 1919 nascia a faca de pão. Ano passado surgiu o Hapifork, um garfo eletrônico que registra os hábitos alimentares do dono, a duração da refeição e o total de garfadas, passando a informação, via USB, para planilhas eletrônicas.
Só falta inventarem um que transfira os arrotos.
                                                                              ewerton.neto@hotmail.com
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                                                                                              A história curiosa do garfo e faca

sábado, 9 de novembro de 2013

FELICIDADE É : IGUAL A P + 5E + 3H



artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Nunca se falou tanto em felicidade. O brasileiro, por exemplo, se considera feliz e, nesse campeonato, mundial, está em primeiro lugar. Em outro campeonato, porém, também de felicidade, ocupa apenas um modestíssimo 46º lugar. Pode?
Acontece que o primeiro é baseado em respostas pessoais, o entrevistado abre a boca e diz o que quer, já no segundo a felicidade é medida segundo critérios pelos quais não o indivíduo, mas as nações, são avaliadas e ranqueadas por 89 indicadores em oito categorias, como educação, governo e economia. Ou seja, tem gente que está se julgando feliz sob uma condição paupérrima e das duas uma: ou a felicidade é do tamanho da boa vontade que alguém tem para com ela ou tem gente que não sabe sequer o que é felicidade.
Mas, será que alguém sabe? Se isso fosse fácil os filósofos não teriam quebrado a cabeça a vida inteira para tentar defini-la sem chegarem a um resultado razoável. Até hoje, a melhor definição de felicidade que já vi, não foi de um filósofo, mas de uma atriz, a sueca Liv Ullmann, quando a definiu, eivada do pragmatismo sueco e, possivelmente, sob os resquícios da convivência com o seu mórbido, mas genial marido Ingmar Bergman: “Felicidade é saúde e péssima memória.” Quem dá mais?


                                              




Foi pensando nessa dificuldade de definição  que cerca de cinco anos atrás ousados psicólogos britânicos acusaram ter descoberto, afinal, a fórmula:

     FELICIDADE= P + (5E) +(3H).

Pronto! Aí estava a felicidade, finalmente accessível, separada de nossos anseios apenas por um sinal de igualdade, (sinal este, aliás,  facilmente  usurpável , principalmente em nosso país, do ‘jeitinho brasileiro’, onde até a matemática pode ser corrompida, não é mesmo?)  Quer melhor que isso? Bonitinha, mas ordinária, cômica se não fosse trágica se, além de tudo, não estivessem enfiados na sua vizinhança o P o E e o H para complicarem nossas aspirações ainda mais. Pois o tal do P se refere a pessoas (com seus n fatores intrínsecos à personalidade, entre os quais otimismo nas adversidades); o tal do E se refere à estabilidade; emprego, saúde e dinheiro ( ah, o tal dinheiro!);  e H ao senso de humor, a auto-estima e as ambições.
Complicou ainda mais, certo? Tivesse algum ser humano nascido com tudo isso e nem precisaria de felicidade. Não moraria nesta Terra, mas no Paraíso com direito a beijos de Elizabeth Taylor ao acordar e a dar pontapés em Pedro Álvares Cabral, em nossos heróis de araque e em Janio Quadros por tudo que nos fizeram. 

                                        


Como essa alternativa, infelizmente, não passa de mais uma relativização impossível, mesmo com toda boa vontade de Einstein, o mais racional seria pensarmos, a bem de nossa saúde, que, de fato, o problema da felicidade não é só que todo mundo quer ter uma a seu bel prazer, mas que ela, talvez, sequer exista. O que, pensando bem, seria melhor para todo mundo, porque só assim se deixaria de pensar na mesma  como se fosse um alvo de loteria, plenamente alcançável à custa de alguns realzinhos, um lance de sorte e muita paciência numa fila de otários. 
Se lembrarmos que uma semana atrás Nicólas Maduro, herdeiro de Hugo Chávez criou na Venezuela o Ministério da Suprema Felicidade; que Naldo Dinheiro, o “cantor” brasileiro disse que “Dinheiro traz tanta felicidade que iria colocá-lo no sobrenome”; e que onze entre cada dez peruas-celebridades brasileiras se perguntadas se são felizes, respondem afirmativamente e tentam exibi-la na face como se fosse um adorno (com um sorriso que só não vai mais longe porque o botox não deixa), dá até vontade de ser infeliz, não é mesmo?

                                               
   

Pois se existe felicidade em escutar música sertaneja (a preferida por mais da metade dos brasileiros); em cantar hino nacional em tudo quanto é jogo de futebol de segunda, e em sair gritando de alegria e chamando “Vai Curíntia” depois de ter sido roubado para o Governo poder enfiar 500 milhões na construção de um estádio de futebol para esse time, que raios de felicidade medíocre será essa?

Vá lá, FELICIDADE = P + (5E) +(3H) e estamos conversados. A matemática   que  nos salve de tanta  felicidade, se puder!
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sábado, 2 de novembro de 2013

DOIDOS VARRIDOS VARRENDO



artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Não faz muito tempo o ex-presidente Lula declarou, emocionado, que se todo brasileiro fosse um Faustão este seria um país muito melhor. O Faustão a que ele se referia é esse mesmo, das domingueiras da  Rede Globo, que ganha rios de dinheiro para falar e disseminar boçalidades. Em abril do ano passado a presidenta Dilma, com a mesma emoção, por sua vez, disse a respeito de Eike Batista que se sentia orgulhosa por ter nascido no mesmo país onde se desenvolveu tão diferenciado empreendedor. O Eike, a que ela se referiu , é aquele mesmo que cavava (e jorrava) - poços de petróleo com mais facilidade do que presidiários de Pedrinhas cavam túneis.
Ora, se os  heróis , escolhidos pelos nossos presidentes são desse naipe, dá para entender porque o jogador Diego Costa preferiu defender a Espanha do que o Brasil na Copa do mundo, à semelhança, aliás,  do jogador Fernando que já declarou sua preferência pela seleção de Portugal. Ao preferirem ficar por lá, devem temer, com razão, pelo futuro dos filhos e netos. Quanto a  nós, que não temos outra opção, só  resta sair para as ruas e encarar os black-blocs e outros doidos varrendo, para evitar que sejamos  varridos. Como segue:

                                            


                1.A presidente Dilma comemorou os dez anos da Bolsa-Família e disse que “ A bolsa-família “varreu” o clientelismo do Brasil.
                No passado houve no Brasil um presidente, Jânio Quadros, que se intitulava o homem da vassoura. Como sucedeu  a Juscelino Kubistchek, que muitos consideravam visionário, um humorista escreveu: “Coitados de todos nós!Entra um doido varrendo para substituir um doido varrido.” Ou seja, num país em que se comemora tudo, até aniversário de bolsa-família, a evocação da presidenta sobre bolsa e vassoura começa  a fazer  algum sentido: se já houve doido varrido e depois doido varrendo, hoje temos doido   varrido e varrendo, ao mesmo tempo.

                                                         


                2.As ações da empresa OGX, queimaram e viraram cinza de uma hora para outra, passando de 23 reais para trinta centavos em poucos dias.
                Fontes bem informadas garantem que, no sufoco, ocorreu a Eike Batista chamar um bombeiro para apagar o incêndio - quando teria procurado o amante de Luma de Oliveira, ex-esposa. O bombeiro teria respondido que o único fogo que apagou de graça foi o da ex-mulher do empresário  e que para outro tipo de incêndio cobraria muito mais. Eike, claro, não teve dinheiro para pagar.

                3.Diego Costa, craque do Atlético de Madrid, não foi atrás do patriotismo de araque reclamado pelo oportunista Felipão e preferiu defender a “Fúria” na próxima Copa, alegando que  deve aos espanhóis o reconhecimento ao seu futebol. O mesmo futebol  que passou despercebido pelos  incompetentes técnicos que se encastelam na  C.B.F. para enriquecer à custa dos craques.
                No que está coberto de razão Melhor ficar ao lado da “Fúria” que do “Furioso” (Felipão).


                                                      


                4.Da principal fonte inspiradora do PT, a vizinha Venezuela, eis que surge uma idéia que certamente será encampada pelos nossos mandatários, acostumados a endeusar tudo que aparece por lá. O presidente Nicólas Maduro acaba de criar o Ministério da Suprema Felicidade, com o qual pretende tornar cada venezuelano muito mais feliz.
                Ora, como falta tudo na Venezuela, até papel higiênico, já tem venezuelano dizendo que trocaria de bom grado a “Suprema “Felicidade de Maduro pela “felicidadezinha” de encontrar papel higiênico para limpar o...

                                             

                5. Depois de espionar Dilma Roussef e Ângela Merkel , eis que Obama agora foi pego espionando quem menos se esperava:  o papa Francisco.
                Buscando encontrar algo em comum nas espiadelas, pra lá de bizarras, de  Obama especialistas acabaram encontrando três indícios freqüentes nas preferências dele, o  que pode servir de pista para que o próximo alvo se previna:     

                                               
        
                O ‘objeto de desejo’ do presidente norte-americano sempre tem: “Mais de cinqüenta anos, é líder de uma grande população,  e veste saia ou algo que pareça.”
                Se cuidem,   Cristina Kirchner e Dalai Lama!
                                                                   ewerton.neto@hotmail.com
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