quarta-feira, 16 de outubro de 2019

NÃO PODE SER ESTAGIÁRIO






CIRO GOMES DIZ QUE CHEGA DE ESTAGIÁRIOS NA PRESIDÊNCIA
REFERINDO-SE A LUCIANO HULCK


COMENTÁRIO DE JUCA POLINCÓ



o filósofo politicamente incorreto da Periferia 


ESTAGIÁRIO CLARO QUE NÃO PODE. SE É PARA ROUBAR TEM QUE SER PROFISSIONAL. ( COMO ELE?)








domingo, 13 de outubro de 2019

CANHOTEIRO , UM PONTA ASSOMBROSO!




Artigo publicado no jornal O estado do Maranhão


Terminei por esses dias a leitura do livro Canhoteiro, o homem que driblou a glória, de Roberto Pompeu. Minha admiração por esse jogador de futebol começou ainda criança quando eu, fanático por esse esporte, colecionava a antiga Revista do Esporte.  
Essa admiração  começou mais precisamente quando li,  na seção bate-bola com o craque,  uma resposta do legendário Djalma Santos , lateral da seleção brasileira ganhadora da Copa do Mundo de 1958 ( Djalma, que jogava no Palmeiras, foi considerado o melhor lateral daquela Copa  mesmo tendo jogado uma única partida, a última, em que o Brasil derrotou a Suécia por 5 a 2). Ao ser perguntado sobre qual o atacante mais difícil de ser marcado, Djalma respondeu sem pestanejar.





- CANHOTEIRO. O maranhense é bom de bola mesmo!
Essa resposta me encheu de orgulho como maranhense por ter sido destacado um conterrâneo, que eu desconhecia completamente.   
A partir daí, sem nunca tê-lo visto jogar, tornei-me seu fã mesmo que ele não fosse conhecido  muito bem, sequer pelos maranhenses da época. Tal razão acontecia porque  o noticiário dominante em todo o Nordeste vinha da imprensa carioca , a ponto de todo torcedor nordestino ter seu time preferido no Rio, mas não necessariamente em São Paulo. Canhoteiro, que se chamava José Ribamar de Oliveira e nasceu em Coroatá,  pouco atuou nos times maranhenses. Em São Luís jogou pelo Paissandu ( não confundir com o do Pará) , depois transferiu-se para o América do Ceará  e daí para o São Paulo F.C
 O Mago (como era chamado pelo sortilégio de suas jogadas)  reinou em São Paulo enquanto durou sua curta trajetória. Infelizmente,  perdeu o bonde consagrador da gloriosa viagem da seleção brasileira campeã de 1958 por uma razão singela e peculiar: não tinha ‘saco’ para a seleção. 




Canhoteiro, na ponta esquerda da seleção, num ataque que contava ainda com Julinho, Pelé e Didi




Fugia,  como Garrincha ( com quem se parecia nos dribles fenomenais e em muitos pontos da personalidade inamoldável ) , da disciplina dos treinos e sumia da concentração. Assim, foi preterido na seleção de 58 no auge de sua forma técnica embora fosse sabidamente mais craque do que Pepe, o canhão da vila, e vinte vezes melhor que Zagallo, apenas um esforçado cumpridor de ordens táticas.
Uma frase do Jornal A Tarde de São Paulo, publicada no dia de sua morte precoce aos 42 anos sedimenta, para qualquer apreciador da epifania que ronda a arte futebolística,  a dimensão da categoria na qual se inscrevia:  “Na verdade era um desses raros jogadores acima de qualquer resultado, por ter sido mais importante que o próprio gol.”
Ora, que pode ser mais importante que o gol num esporte que tem essa finalidade? Nenhum epitáfio pode ser mais  consagrador que esse para um craque .  De Zizinho a Juca Kfoury,  de Chico Buarque a Gonzaga Belluzo, que o viram como o melhor ponta esquerda de todos os tempos, todos o admiravam porque era rotina dos moradores de São Paulo irem para o estádio não para ver seus times ganharem, mas para se deliciarem  com  o show do Latifundiário, outro de seus apelidos,  justamente porque , para ele, 10 cm de campo era todo um latifúndio para fazer a bola rolar.
A leitura deste livro consolida a ideia de que Canhoteiro foi o mais genial dos atletas maranhenses. Portanto é necessário falar do mesmo, homenageá-lo (como a outros notáveis maranhenses ) sem a parcimônia atual , para evitar que o trem do tempo passe em sua viagem sem regresso, solapando a memória de seus feitos e realizações.


José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis







                                                                       ewerton.neto@hotmail.com

sábado, 5 de outubro de 2019

AS LISTAS DE NOSSAS VIDAS





Fui presenteado recentemente pela amiga, poetisa e confreira Laura Amélia Damous  com uma dádiva especial: o livro Listas Extraordinárias, em tudo e por tudo um livro extraordinário.
A inspiração para esse presente surgiu-lhe de uma crônica que escrevi neste mesmo jornal em que o assunto foi justamente minha sedução por listas. A ponto de ter sido cognominado de ‘listador’ pelo também confrade Joaquim Haickel no prefácio que gentilmente escreveu para o meu próximo livro de contos, prestes a ser publicado,  cujo título inspirado em um dos contos se chama Pequeno Dicionário de Paixões Cruzadas, um conto policial narrado em formato de listas, eis que um dicionário, ao fim , não passa de uma lista de palavras.
Este, por sua vez difere em essência de O Livro das Listas de Irving Wallace citado na crônica anterior,  onde as listas são  provocadas ou  imaginadas a partir da opinião de especialistas sobre vários assuntos, sendo, portanto, em grande parte fictícias. No presente livro, não. Um cuidadoso trabalho de pesquisa disponibilizou listas reais (todas fotografadas) fazendo realçar aspectos da personalidade de seus autores e do ambiente em que viviam num valioso trabalho biográfico e histórico.  São sequências por vezes triviais, mas sempre curiosas e até mesmo espetaculares pela informação trazida. Desde a lista de exigências de Einstein para sua esposa até os motivos de internação  em um hospital da Virgínia Ocidental de 1864 a 89 há listas para qualquer gosto podendo ser:

Tragicômicas. A lista dos conselhos  do famoso ensaísta e clérigo Sidney Smith para sua grande amiga com depressão guarda ‘pérolas’ como estas: 1) Viva o melhor que puder... até 2)Por fim, acredite em mim, querida Georgiana.

Imperiosas. Os onze mandamentos de Henry Miller para ele mesmo evidenciam o esforço que ele demandava para se autodisciplinar, ao se ordenar: “Não comece a escrever outros livros, não acrescente mais nada a Primavera Negra”... até findar em: “ Escreva primeiro e sempre. Leitura, música e amigos, deixe tudo isso para depois “
Patéticas. As listas de esforços de Sylvia Plath e Marilyn Monroe guardam extraordinária semelhança (as duas se suicidaram) na tentativa de serem felizes. A de Sylvia começava dizendo: “Mantenha constantemente um ar de alegria”. 
Engraçadas. A lista de símiles de Raymond Chandler que as acumulava para sua narrativa policial irônica e noir é de morrer de rir: “ sexy como uma tartaruga, frio como um calção de uma freira, raro como um carteiro gordo, bonita como uma tina de lavar roupa...” etc. etc.