segunda-feira, 18 de abril de 2011




O MEDO DE PERDER O CELULAR José Ewerton Neto ewerton.neto@hotmail.com


Acredite se quiser. Tem gente que ao invés de ter medo dos políticos que lhes roubam – ou de acordar tendo uma fantasia sexual com a Suzana Vieira – tem medo de perder o celular. Isso tem nome, chama-se Namofobia e está ficando cada vez mais comum. Segundo a revista Psique, Namofobia é a angustia atribuída à ausência do celular, o que pode causar ansiedade e depressão. Pessoas que sofrem desse medo sentem-se rejeitadas quando ninguém lhes telefona e enfrentam síndromes de abstinência quando estão sem o aparelho. Portanto, já vai longe o tempo em que o medo fundamental do ser humano era o medo da morte que, segundo os especialistas, estaria por trás de todos os outros. Se, hoje em dia, esse medo continua de tocaia, ninguém parece ligar muito para isso, indicando que o ser humano sofisticou-se até em matéria de medo. O velho e tradicional medo da morte, ficou ultrapassado, caiu de moda, não dá mais Ibope. ( Já existe mulher queixando-se de depressão e se suicidando até por não conseguir abrir, sozinha , uma lata de sardinha). Para se ter uma idéia do que anda acontecendo, eis algumas fobias ainda não catalogadas:


MEDO DE SILÊNCIO. Pesquisas científicas recentes dão conta de que mais da metade da humanidade sente verdadeiro pavor a qualquer situação de silêncio. Mas não estamos falando do silêncio tradicional, beirando o absoluto, estamos falando de qualquer coisa abaixo de cento e trinta decibéis que é o barulho da turbina de um avião a jato ou o emitido por Galvão Bueno, histérico, gritando gol. Qualquer coisa abaixo disso hoje deixa o doente em polvorosa, desnorteado, apavorado, explicando-se assim a compulsão que esses psicopatas têm de transformarem seus carros em trios elétricos ambulantes. A vida só tem sentido para eles se houver barulho, gritaria, berro. Difícil descobrir com precisão quando e onde começa a fobia, mas, segundo um estudioso, é difícil acreditar que pessoas aparentemente normais, que permaneçam mais de meia hora assistindo a um show de forró, ouvindo as mesmas músicas repetitivas com um som estridente e de dar em doido, possam sair do ambiente com os ouvidos, os nervos – e a inteligência – completamente intactos. O mesmo estudioso sugeriu, para reabilitá-los, tentar reeducar seus ouvidos para o som de música clássica, mas, reconhece que o perigo de que aconteça algo pior é concreto: diante de qualquer som de boa qualidade o viciado pode ter a compulsão de se suicidar, ou sair matando o primeiro que aparecer.



MEDO DE LIVRO. Muito mais gente do que se pensa – e não só o nosso ex-presidente Lula – tem verdadeiro pavor de livro, esse objeto outrora tão útil e tão simpático, que hoje os ricos usam para enfeitar a estante e os pobres para calçar a geladeira. Esse tipo de pânico pode acontecer, de forma inesperada, em qualquer lugar: nas ruas, nas casas, nas filas de loteria, mas, principalmente, nas escolas e universidades. Lá, o livro é cada vez mais visto como um monstro apavorante e assustador. Os primeiros sintomas da doença se manifestam como uma pequena inquietação toda vez que alguém fala em leitura, quando se está despreocupado, por exemplo, assistindo ao programa do Faustão. Daí até chegar a ponto de ser possuído pela obsessão de queimar estantes e bibliotecas é um passo. ( Uma das alunas de uma faculdade maranhense, que foi entrevistada em estado lastimável, confessou que tudo começou com um ponto e vírgula. Algumas semanas mais tarde, sem saber porquê, já não podia ver um sinal de reticências na página de um livro ou num quadro-negro que tinha vontade de sair correndo). O fato é que já existe cientista justificando a atual violência nas escolas e o famoso bullyng” como sendo, nada mais nada menos, que o reflexo desse terror. O que fazer agora? – atormentam-se os pedagogos. Como eliminar de vez o livro do processo de aprendizagem? Uma das idéias ( originárias do Ministério da Cultura – o mesmo que aprovou a doação de mais de um milhão para Maria Betânia fazer um blog ) é a de se passar a ensinar as matérias curriculares, entremeadas com letras e de forró ou funk: os alunos dançando e rebolando, enquanto o professor-cantor berra palavras, números e fórmulas. O método pode soar surpreendente, mas do jeito que as coisas andam, quem sabe...

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