domingo, 16 de junho de 2019

AS GRANDES BATALHAS FILÓSOFICAS



Artigo publicado no jornal O estado do Maranhão




Filosóficas (ou nem tanto):

1.ESQUERDA X DIREITA.




Você já viu sua mão esquerda brigar com a direita? Claro que não, ambas têm o mesmo fim que é o de agirem sob o comando de seu cérebro.
Pois sobre a guerra esquerda x direita, chega-se, cada dia mais, à conclusão, de que esta não passa de uma ficção a serviço de uma ação preconcebida, em conformidade com a obsessão que todo cérebro humano tem pelo poder. Lembram-se do Telecatch, uma pantomima  a meio caminho entre briga e teatro, nos anos 70?  Só por alguns segundos dá a impressão de que estão brigando de verdade.  
Ambas as ideologias dizem que defendem os fracos e oprimidos. Uma, a esquerda, diz que isso se efetiva pela melhor distribuição de renda, a outra diz que melhores resultados são obtidos quando se alcança  maior riqueza geral. Dá no mesmo, mas os debates continuam porque o palavreado inútil excita a plateia, enquanto os  contendores fazem de conta que se engalfinham no ringue .
E representam tão bem que acabam acreditando na mentira que propagam, contaminando a plateia, que se empolga e sai na  tapa também. Depois que o juiz proclama a vitória, temporária, de um dos oponentes, não há ideologia que  permaneça,  toda boa intenção cessa. “É tudo farinha do mesmo saco”, como diz o caboclo, ambos só querem mesmo é se fartarem  das benesses do poder.
Quem perde a batalha? Nenhuma das partes, pois sempre aparece uma fatia de consolação ao derrotado, só a corrupção muda de endereço. Isso acontece até o próximo round, de 5 em 5 anos, nos países democráticos.  Quem perde? Ora, os perdedores são os de sempre: o povo,  com sua multidão de miseráveis.

2.CIÊNCIA X RELIGIÃO.



Quando nos referimos a essa guerra, estamos tratando dos fanáticos, aqueles que vociferam um contra o outro, tanto religiosos empedernidos, como os cientistas obcecados. Ou seja, da parte religiosa, os que se predispõem contra a razão,  da parte da ciência os que se põem contra a liberdade e o direito de cada um acreditar naquilo que deseja e crê. Não participam dessa briga os religiosos e cientistas que  preferem conviver em paz, e que se unem para descobrir  a origem e o significado da vida,  e a melhor forma de usufruí-la.
E a luta começa. Uma (a Ciência) diz que o mundo surgiu do acaso. Outra (a Religião) diz que o mundo surgiu por interferência divina, enfim, a partir de uma força superior a que se nomeou assim. Ora, se chamarmos o acaso/nada (que os cientistas consideram capaz de originar o universo)  do mesmo agente/força superior (a quem os religiosos, conscientes disso ou não,  chamam de Deus )  essa turma está brigando por que e para quê ,  se, no fundo, estão dizendo a mesma coisa?
A verdade é que, assim como existem religiosos que se aproveitam da boa fé de gente ingênua para se apropriar de seus bens, também existem  cientistas que vociferam contra o conteúdo religioso apenas para vender livros e ficarem famosos, tornando-se assim especialistas em fanatismo mais  do que aqueles a quem condenam (Richard Dawkins e sua turma). Por que não agem como cientistas de respeito como Francis Collins e Marcelo Gleiser, que convivem com a religião sem traumas e acusações?
Essa luta termina empatada, pela intolerância das partes. Se existir o  diabo, e ele for o juiz,  há de proclamar a ambos vencedores.

José Ewerton Neto é autor de O ofício de matar suicidas 



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