Artigo publicado no jornal O estado do Maranhão
Filosóficas
(ou nem tanto):
1.ESQUERDA X
DIREITA.
Você já viu sua mão esquerda brigar
com a direita? Claro que não, ambas têm o mesmo fim que é o de agirem sob o comando
de seu cérebro.
Pois sobre a guerra esquerda x
direita, chega-se, cada dia mais, à conclusão, de que esta não passa de uma ficção
a serviço de uma ação preconcebida, em conformidade com a obsessão que todo
cérebro humano tem pelo poder. Lembram-se do Telecatch, uma pantomima a meio caminho entre briga e teatro, nos anos
70? Só por alguns segundos dá a impressão
de que estão brigando de verdade.
Ambas as ideologias dizem que
defendem os fracos e oprimidos. Uma, a esquerda, diz que isso se efetiva pela
melhor distribuição de renda, a outra diz que melhores resultados são obtidos
quando se alcança maior riqueza geral.
Dá no mesmo, mas os debates continuam porque o palavreado inútil excita a plateia,
enquanto os contendores fazem de conta
que se engalfinham no ringue .
E representam tão bem que acabam
acreditando na mentira que propagam, contaminando a plateia, que se empolga e
sai na tapa também. Depois que o juiz
proclama a vitória, temporária, de um dos oponentes, não há ideologia que permaneça,
toda boa intenção cessa. “É tudo farinha do mesmo saco”, como diz o
caboclo, ambos só querem mesmo é se fartarem das benesses do poder.
Quem perde a batalha? Nenhuma das partes,
pois sempre aparece uma fatia de consolação ao derrotado, só a corrupção muda
de endereço. Isso acontece até o próximo round, de 5 em 5 anos, nos países
democráticos. Quem perde? Ora, os
perdedores são os de sempre: o povo, com
sua multidão de miseráveis.
2.CIÊNCIA X RELIGIÃO.
Quando nos referimos a essa guerra,
estamos tratando dos fanáticos, aqueles que vociferam um contra o outro, tanto
religiosos empedernidos, como os cientistas obcecados. Ou seja, da parte
religiosa, os que se predispõem contra a razão, da parte da ciência os que se põem contra a
liberdade e o direito de cada um acreditar naquilo que deseja e crê. Não participam
dessa briga os religiosos e cientistas que
preferem conviver em paz, e que se unem para descobrir a origem e o significado da vida, e a melhor forma de usufruí-la.
E a luta começa. Uma (a Ciência) diz
que o mundo surgiu do acaso. Outra (a Religião) diz que o mundo surgiu por
interferência divina, enfim, a partir de uma força superior a que se nomeou
assim. Ora, se chamarmos o acaso/nada (que os cientistas consideram capaz de
originar o universo) do mesmo
agente/força superior (a quem os religiosos, conscientes disso ou não, chamam de Deus ) essa turma está brigando por que e para quê , se, no fundo, estão dizendo a mesma coisa?
A verdade é que, assim como existem
religiosos que se aproveitam da boa fé de gente ingênua para se apropriar de
seus bens, também existem cientistas que
vociferam contra o conteúdo religioso apenas para vender livros e ficarem
famosos, tornando-se assim especialistas em fanatismo mais do que aqueles a quem condenam (Richard Dawkins
e sua turma). Por que não agem como cientistas de respeito como Francis Collins
e Marcelo Gleiser, que convivem com a religião sem traumas e acusações?
Essa luta termina empatada, pela intolerância
das partes. Se existir o diabo, e ele
for o juiz, há de proclamar a ambos
vencedores.
José Ewerton Neto é autor de O ofício de matar suicidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário