MULHERES
GEOMÉTRICAS
José Ewerton Neto
“ A mulher esférica é um coração que vibra em todas
as direções como um pião girando”
Como singela homenagem
às mulheres neste dia especial os três poemas abaixo
talvez digam mais que uma crônica habitual sobre o ser feminino: sua exuberância, sua simbologia e seus
símbolos... Extraídos do livro Cidade
Aritmética, deste autor, nessa eterna busca de interpretá-las na
transcendência sutil de suas representações.
A MULHER CÔNICA
MULHER cuja altura dela foge /Toda vez que em círculos de prazer se
deita/ a acariciar às escondidas o mais profundo poço de si mesma
Altura que dela foge e, de repente, às ribaltas, aos voos, às asas
/quase lhe leva junto num momento de ternura e rosas
Porém, ao bater com a cabeça no céu/ sua altura para num ponto, uma cruz
/ Mas não ela, que pacientemente faz do novelo desse sonho, seu capuz.
A MULHER ESFÉRICA
A mulher esférica é um coração que vibra /
em todas as direções como um pião girando
em torno do próprio espanto/ longe de seu lugar e hora.
Como um ponteiro que descompassado cai da abóboda do tempo
é logo capturada pela dança da ilusão e do sonho...
E roda ribanceira abaixo ou acima/ ao sabor dos impulsos de amor e dor.
A MULHER CILÍNDRICA
A mulher
cilíndrica é um gato/ que aos círculos sobe, foge/
Mas ao rodar não se lembra que é escrava do próprio
giro
E nem adianta arranhar/ as transparentes paredes
desse anel que se projeta num céu que não acaba
Muito menos recordar/ que esse anel tem fronteiras/
É crescer, crescer, até que, de repente, a vida
surja como tampa.
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