artigo publicado na seção Hoje é dia de..
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão
Solução para
os problemas de São Luis? Só na feira.
Não, não pense
que é piada e que a maliciosa pergunta induz à resposta “sexta-feira” , que é o
dia para onde tendem, nas mesas de trabalho dos tecnocratas e burocratas, todos os problemas sem solução da nossa capital. Mas, pense numa
feira, mesmo. Essa, que se intitulou XI Feira de soluções e teve como tema “
A matemática aplicada aos problemas de São Luis” . Coitada da matemática!
Um amigo meu,
repórter, foi lá para conferir. E, depois de enaltecer a
iniciativa dos jovens alunos, sempre sonhadores, transcrevo alguns tópicos, os mais populares, que lá foram discutidos, com suas soluções. Matemáticas?
1.O que será
feito com o V.L.T. ? Eis aí um problema para dar uma bruta dor de
cabeça a qualquer matemática que se preze.
Uma solução aparentemente lógica teria
de estar numa equação a várias
incógnitas – e bote incógnita nisso! Dito e feito. Uma grande batalha foi travada entre alunos, computadores
e programas de dar em doido no Excel, sem que nada de prático se concluísse. A resposta jamais seria encontrada se um estudioso não tivesse a feliz idéia de atentar que a
solução teria de vir da resolução complexa, não de uma equação, mas de uma
matriz. Não, não de uma matriz
matemática, mas na matriz das idéias que passam pelas cabeças de nossos
administradores.
Resumindo: “ a matemática faz sua parte, saber o que se
passa na matriz das idéias de nossos tecnocratas
, aí são outros quinhentos”.
2. Como
resolver o problema de nossas praias
poluídas? Depois de matarem a cabeça, mais uma vez, os estudantes chegaram à conclusão de que a solução teria de
estar numa permutação pura e simples, embora não necessariamente,
matemática. Deu para entender?
Essa possível solução foi sugerida por um estudioso,
que, por sinal, é morador de um luxuoso prédio na Ponta D`areia. Ele diz que há muito tempo convive com o
problema tanto é assim que toda vez que vai ao banheiro e dá a descarga costuma
se despedir do cocô, dizendo “até-logo” porque sabe que vai encontrá-lo horas depois nas águas da Ponta Areia, boiando nas
águas onde costuma banhar-se. Daí
porque, com sua vasta experiência, ter chegado à conclusão de que a solução não passa longe
de uma permutação - que já foi feita, aliás. Enfim, para bem de todos e felicidade geral da nação: basta
permutar o método de cálculo e o local
das medições, que os cocôs comportam-se
direitinho. Simples não é? Se a matemática não vai a Roma, Roma vai à
Matemática. Ou, para quem não gosta de adágios: se os cálculos dizem o que não
se quer, mudam-se os cálculos.
3. Como aumentar
seu patrimônio 3 a 4 vezes com o mesmo salário? A notícia, escancarada pelos jornais da
capital sobre o patrimônio de alguns vereadores e posta para resolução
matemática caminhava para um desfecho sem solução quando alguém propôs a idéia
de que os números dos salários, podem sofrer de um súbito “ Mal de Alzheimer matemático”. Ou seja, números racionais,
tornam-se irracionais de uma hora para outra, dando uma canseira nos computadores que tentam
controlá-los, em vão. Daí que podem descambar
para um crescimento em progressão
geométrica, tanto mais rápido quanto mais o sujeito não souber explicá-los. Nem precisa dizer que a solução matemática
sugerida foi exaustivamente aplaudida pelos políticos presentes.
4. Como aumentar de uma hora para outra a quantidade de municípios do Estado e,
principalmente, da ilhal? Alunos e
professores deram tratos à bola para responder a tão intrigante questão até
chegarem à conclusão de que esse interesse político pelo “bem estar da população”
pode ser expresso por uma equação traduzida pela seguinte relação:
1 quebra-molas + 1sujeito (querendo ser
prefeito) + amizades com deputados + um caminhão velho = Município.
Relação
matemática essa que passou a se chamar, imediatamente, Lei da Criação de Municípios no Brasil. De tão
genial, este arranjo matemático deverá
ser propagado para outros estados
brasileiros onde sempre haverá interesses de mesma natureza.
5. Como
aumentar a mobilidade do trânsito na capital? Eis uma tarefa hercúlea para
qualquer matemático de vez que em São Luis, por falta de bons planejadores, todas
as vias paralelas, em número de mais de quinhentas,
oriundas de mais mil subúrbios tendem para duas ou três avenidas principais
onde circulam mais carros do que gente, mais guardas de trânsito do que carros
e mais barreiras eletrônicas do que guardas . A solução matemática encontrada, se é que
podemos chamar assim - , foi questionar o postulado antigo da Matemática que diz que duas paralelas se encontram no
infinito. Em São Luis, garantem os matemáticos,
as
paralelas sempre se encontram, ao contrário de no infinito, num monstruoso engarrafamento.
Encontrada a “raiz” do problema, lamentou-se que esta nada
tivesse a ver com uma “raiz” quadrada. Desta,
pelo menos, poderia se esperar uma solução.