segunda-feira, 28 de outubro de 2024



ENCONTREI A FELICIDADE

            

            “ Para resolver essa parada...fui encontrar a FELICIDADE.”

 

Para resolver essa parada de extremismo político, liberdade de pensar ameaçada, custo de planos de saúde nas alturas, guerras pra todo lado, esperanças diminuindo e limão a vinte reais etc. etc. fui encontrar a FELICIDADE.

Ela própria, em pessoa, com expressão um tanto depressiva depois da Pandemia. Estava pronta para desabafar.

            - Não aguento mais.

            ( e eu que cheguei a pensa que era só eu...)   

- O quê, precisamente, Dona Felicidade?        

            - Tanta gente   atrás de mim. Tanta procura, tanta adulação, durante e, principalmente agora, depois da Pandemia.  Essa gente acha   que virei o único remédio para as mazelas do mundo. E o pior é que sequer se dão ao trabalho de querer saber quem sou. 

            - E quem você é?

            - Isso é o que eu gostaria de saber. Esperei por isso a vida inteira! Todos tentam me explicar em vão: filósofos, escritores, cientistas...  Se felicidade é isso que todo mundo pensa que eu sou, desconfio de que eu mesma nunca fui feliz e jamais vou ser.

            - Se a Sra. me permite, essa tristeza enfraquece rapidamente   pessoas sensíveis como a senhora.

            - Se fosse apenas isso... A questão é que, mesmo sem saber quem sou, de repente, me julgam capaz de resolver todos os problemas do mundo.   Até das mortes. Ora, eu não sou Deus! Definitivamente, estou pra ficar louca com tudo isso!

            -Poxa, dona Felicidade! Não sei o que dizer... Talvez...  Bem, só me resta sugerir...

            - O quê, pelo amor de Deus!

            - Que tal procurar um analista, Dona Felicidade?

            - Jamais! Conheço-os muito bem: eles me usam de forma imprópria, como se eu fosse vacina. Dizem: “procurem dona Felicidade, ela resolverá seus problemas”. Ora, tem lógica isso?

            - A Sra. tem razão. Só desejaria que, pelo menos, a Sra. continuasse feliz, para o bem da humanidade.  Senão...

            - E quem lhe disse que me incomoda ser infeliz? Acredite, com tanta gente falando asneira a meu respeito, até que gostaria de ser infeliz, só para que me deixassem em paz, compreende? Estou prestes até a adotar uma solução para mim, doa a quem doer : Infelicidade ou morte!


                        José Ewerton Neto é autor de A última viagem de Gonçalves Dias e outros contos, já nas livrarias 


 

domingo, 13 de outubro de 2024

OH, CAROL

 



Escutei essa canção pela primeira vez no alto-falante da cidade de Guimarães...”

 

Ao começar com a música Oh, Carol de Neil Sedaka, estaria iniciando a crônica –lista das músicas mais significativas para mim conforme fizera antes, em crônica publicada no jornal O estado do Maranhão, referindo-me na ocasião a livros.

Reparem que a minha lista é de músicas mais marcantes em minha vida, não necessariamente as melhores ou mais belas, até mesmo por não ser a pessoa mais indicada para isso pelo meu conhecimento musical ou erudito.

Escutei essa canção pela primeira vez no alto-falante da cidade de Guimarães, onde nasci e passei minha infância, na versão cantada por Carlos Gonzaga, morto recentemente.  Oh, como eu gostava de ouvi-la, entre boleros e sambas-canções (Como não tinha noção do inglês em que era pronunciada a letra original, a criança entendia-a como   OH, Quero!, ao invés de Oh, Carol.) 

Aconteceu   que quando vinha passar férias em São Luís (na cidade como se dizia) a convite de minha tia, Rosa Ewerton, seus acordes plangentes tocados em sua radiola ou no rádio me faziam lembrar de minha mãe, irmãos, e da cidade de Guimarães então meus olhos se enchiam de lágrimas de saudade. Ainda hoje, quando a ouço tocar ou quando a executo ao violão sua melodia remete a essas lembranças, que evocam emoções, que são tantas, como diria Roberto Carlos.

Mas a música, no que independe disso, ainda se revelaria de fato, especial, porque traz para mim, tantos ingredientes mais puros do que, deva ser uma boa música em essência: alegria, tristeza, amor, paixão, coração, emoção, singeleza e ritmo (aquelas três batidas de acompanhamento inconfundíveis e sedutoras das baladas rock) que dão o tom das melhores canções pop. Como o cantor Carlos Gonzaga ainda sussurrava em meio aos acordes declamando seu dom de amor absoluto e nostálgico então era nocaute puro.

Depois soube que seu autor, Neil Sedaka compôs essa canção inspirado em Carole King, uma amiga sua, ela, também, uma admirada cantora e compositora, daqueles anos rebeldes dos anos 70. Uma amiga apenas veja só. Portanto sua criação não foi motivada pela paixão, mas por um amor platônico, digamos assim, o que torna a canção mais especial ainda. Amores de amizade sincera e radiante entre um homem e uma mulher, como dizem os autores e filósofos, não são tão comuns.

Mas, o espaço acabou e Carole King, um dia gravou uma versão de Gracias a la vida, de Violeta Parra uma das dez mais, que, certamente, ficará para o complemento da lista, na próxima semana. 


 





quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O LATIM NO TEMPO DAS CADEIRADAS



O LATIM NO TEMPO DAS CADEIRADAS

“ Anos mais de evolução para frente, as pedras foram substituídas pelas cadeiradas. ”

 

Nossos ancestrais pré-históricos digladiavam-se com pedras e pauladas. Mas houve a evolução...Nossa inteligência aumentou, chegamos aos idiomas, ao pensamento grego, romano, ao LATIM, às frases célebres. E às cadeiras.

Anos mais de evolução para frente, no Brasil as pedras foram substituídas pelas cadeiradas. EVOLUÇÃO?

A escolha é sua, leitor, mas pelo menos, temos o latim para nos ajudar a chegar a uma conclusão.   

1.DURA LEX, SED LEX. “A lei é dura, mas é Lei”. Nestes Tempos: A cadeira é dura, mas é lei. Obs. E mais ainda se for madeira de Lei.

2.ECCE HOMO. “Eis o homem” Pilatos apresentando Jesus Cristo à multidão. Nestes Tempos: “Eis o homem (Pablo Marçal) que levou cadeirada! ”. Outras adaptações da Lei: Nenhum homem será o mesmo após levar uma cadeirada. Nenhum homem continua o mesmo depois de um chá de cadeira. Nenhum político sabe o bem que faz ao povo uma cadeirada em um deles!

3.VENI, VIDI, VICI. “ Vim, vi e venci” Frase de Júlio César em 47ac. Nestes Tempos: Se  Datena ganhar as eleições: Fui, dei uma cadeirada, e venci!.Se for Marçal a ganhar as eleições: Fui, levei uma cadeirada, mas venci.

4.MENS SANA IN CORPORE SANO. “ Mente sã em corpo sadio. ”

Nestes Tempos: Cadeiradas + Corpo doentes + Mentes insanas = Datena e Marçal .

5.IN VINO VERITAS. “No vinho está a verdade. ” Nestes tempos: Nas cadeiradas está a verdade. Ou “Não há como uma briga de cadeiradas entre políticos para expor a  VERDADE brasileira atual. “


 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

A BELEZA MORRE

 



A BELEZA MORRE

José Ewerton Neto

 

Guardo a impressão de que, a par da exuberância e fartura da beleza humana postas à disposição do público atual para deleite e consumo, somente duas personas da metade do século passado para cá exerceram esse fascínio a ponto de terem se transformado em sinônimos de beleza: No Brasil, Marta Rocha para a beleza feminina e, para o mundo, Alain Delon, como protótipo da beleza masculina.

O curioso é que mesmo numa época machista e preconceituosa quando esse apogeu ocorreu (anos 60 a 70) os homens não se sentiam constrangidos em revelar essa admiração com receio de   provocarem suspeição maldosa. Era comum se elogiar um sujeito bem aparentado chamando-o de Alain Delon, o que enchia de orgulho o objeto referente. Algo semelhante acontecia com o público feminino tratando-se de alusões à Marta Rocha.

Profissionalmente, é natural que Alain Delon haja perseguido sobrepor o seu talento artístico ao seu dom natural de propalada beleza física. Isso aconteceu, por exemplo, com Sofia Loren e Marylin Monroe (expoentes, na mesma época, da beleza física feminina).  Enquanto a norte-americana não o conseguiu da forma que ansiava, a esplendorosa atriz italiana impôs seu talento teatral desde cedo aferindo um Oscar por sua atuação em Duas mulheres, baseado no pungente romance de Alberto Morávia A Ciociara .  

Não lembro se Alain Delon ganhou algum Oscar de melhor ator ou coadjuvante. Assisti a vários filmes dele, especialmente os policiais, mas destaco, entre estes, uma fita que se tornou marcante em minha memória juvenil intitulada A primeira Noite de Tranquilidade. É um filme pouco conhecido, mas, neste, Alain Delon se desvencilha da decantada beleza (viciante e pegajosa em qualquer grande ator), para interpretar um professor amargurado, poético, misterioso e infeliz em sua relação conjugal, caminhando para a tragédia final que é sua primeira noite de tranquilidade: a morte.

Após sua ida soube-se que o ator que encarnou um dia o belo universal, talvez seu principal papel ao longo da vida, atormentado pela decadência física manifestou desejar ardentemente a morte através da eutanásia, o que acabou não acontecendo.

“A beleza é apenas a promessa da felicidade”, dizia Montaigne. Alain Delon há de ter sido feliz com ela, ou apesar dela, com suas mulheres lindas (Romy Shneider foi uma delas), sua misoginia “sic”   e sua vaidade, que o fazia referir-se ao astro Alain Delon na terceira pessoa. Mas a beleza também morre e o grande ator, beleza e glória eclipsadas, teve alcançada como desejada, ao fim, a sua primeira noite de tranquilidade. Tal o personagem do filme, que interpretou magnificamente.

 

artigo publicado no site https://www.immirante.com


sexta-feira, 9 de agosto de 2024

MINHA VIDA DE CAMISA LISTRADA



MINHA VIDA DE  CAMISA LISTRADA

José Ewerton Neto

 

Listas e listras. Listras são sedutoras. Nas vestes, nos enfeites e nos animais  ( zebras). Quanto às listas,  sempre fui vidrado por elas. Tenho desde o Livro das listas a até Listas  Extraordinárias, presente de minha amiga confreira,  poeta Laura Amélia Damous.

Esses dias, relendo revistas antigas deparei com uma edição da  revista Bravo ( certamente está na lista das melhores revistas já publicadas neste país) com sua lista  das cem canções essenciais da MPB.

Uma rápida olhada na seleção me fez constatar que lá estavam desde as clássicas inevitáveis até as menos votadas, da nossa cota pessoal. Do primeiro grupo Construção, Garota de Ipanema, Carinhoso, Detalhes, de diferentes compositores de peso. Do segundo grupo aquelas das quais nos apropriamos sentimentalmente na base do “somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos”, não é mesmo, Exupéry? No meu caso, lá estavam Baby, de Caetano, Ouça, de Maysa, Feitiço da Vila, de Noel, Marina, de Caymmi. Dentro desse espírito, comecei a ficar incomodado na medida em que percorria os títulos e ela não aparecia. Cadê a Camisa Listrada?

Escutei o samba Camisa Listrada pela primeira vez, quando, em criança iniciei o meu aprendizado de violão sob a batuta de meu pai, ele, um exímio instrumentista que tocava também clarinete e saxofone. Não sei o que me fascinou mais quando ouvi a canção, se a melodia repetitiva que, como no Bolero de Ravel vai num crescendo enquanto dramaticamente chega ao êxtase, ou se a letra que, com frases bizarras atordoa nossos ouvidos com precisão angelical e infantil. O início do samba “Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí”, é uma declaração de independência à brasileira, muito mais inspirada do que “Independência ou Morte”, por exemplo. Quando logo depois o samba descamba em um   “Mamãe eu quero mamar, mamãe eu quero mamar...”(expressão que mesmo quando soube que se tratava de uma gíria de época, jamais perdeu sua conotação pueril ) já o mistério e o êxtase, essenciais em toda obra de arte,  se completam.

Ora, listas! Se pretendem citar  os melhores hão de ser sempre incompletas e imperfeitas. No caso desta, quando busca as essenciais, isso me parece um artifício dos autores para se proteger dos inevitáveis esquecimentos que, no caso do genial compositor Assis Valente ( que suicidou-se na década de 50) foi apenas parcial pois incluiu sua canção E o mundo não se acabou.

Por algum motivo o samba foi considerado essencial e não Camisa Listrada ou Boas Festas, a mais plangente canção de Natal que já escutei, também de sua lavra. Vai ver que essas músicas são belas, mas não essenciais, assim como também, muitas outras , preferidas por gente de gosto, certamente,  mais refinado que o meu. Enfim, coisas de listas.

Mas a Camisa Listrada deveria estar lá. 


 

domingo, 7 de julho de 2024

O PISTOLEIRO, OU OS BRUTOS TAMBÉM AMAM


 

O PISTOLEIRO,  OU OS BRUTOS TAMBÉM AMAM

Jose Ewerton Neto

 

Um dos melhores filmes que vi,  não assisti em uma tela, mas li em uma revista de histórias em quadrinhos.  Na verdade, fotos em quadrinhos., reproduzidas dos filmes.

Em quadrinhos chamava-se O homem dos vales perdidos. No cinema se chamou ( na ótima versão brasileira do título original Shane,  Os brutos também amam ). Foi premiado com um Oscar teve  direção de George Stevens e protagonismo de Alan Ladd. 

Fiquei tão fascinado pelo que li repetidas vezes na minha adolescência em fotos P&B que jamais quis ver o filme na tela ou na tevê para não perder o encanto.

Dias atrás estava relendo a exegese do filme no mais-que-perfeito livro de Paulo Perdigão intitulado Western Clássico, quando constatei que muitas passagens de sua preciosa análise tinham correspondência na poesia intitulada O pistoleiro, publicada em meu  livro Cidade Aritmética, que ganhou um concurso de poesia na década de 90.

Teria sido minha inspiração para o poema,  anos após,  vindo do filme? Vejamos a extraordinária empatia estabelecida entre a análise feita por Paulo Perdigão e o poema,  exibida a seguir,  em estrofes da sequência do poema,  em paralelo com os recortes da referida análise.

 

1.PAULO PERDIGÃO:  (...) A solidão, a melancolia o princípio do heroísmo como atitude militar da alma, a masculinidade charmosa, o passado enigmático, esses os traços do aventureiro americano por excelência. Com eles se apresenta Shane ( o pistoleiro) , um personagem de tragédia, acabrunhado e cansado de mortes, vindo do horizonte , portador de uma aura de mistério que seduz...

O PISTOLEIRO (poema): De repente ele chegou:  Vestido de preto/ Feliz de altura/Gasto de sorrisos/Marcado de ira/ Remendado de coragem/Roubado de medo...Montado num corcel branco e relinchando pelo cano de sua pistola de prata/ Saboreando tantas vidas mortas no fumo preto do seu charuto grosso.

2.PAULO PERDIGÃO: Shane  é, antes de tudo, um trágico. Ele conduz a solidão, estatuto universal do herói. A solidão lhe dá grandeza e mistério Partindo sem destino para fugir à solidão, o aventureiro sempre a encontra em cada momento de sua jornada. Sozinho, ao chegar,  Shane continuará só,  entre amigos eventuais e adversários que o provocam.

O PISTOLEIRO (poema): (...) E , enquanto seu olhar de cobra/ feria o espaço e maltratava o infinito/O sol se escondia, covarde! / atrás de uma nuvenzinha qualquer. O fio que separa a vida da morte encurtou / até tornar-se um ponto/, maior, por um instante ainda/ que o ponto final / E a morte abriu  sua imensa boca

3.PAULO PERDIGÃO: Ao terminar o duelo, Shane percorre o saloom com os olhos. Uma expressão de tristeza pelo que acabou de fazer. Então, a mesma violência que produziu sua vida, paradoxalmente o conduzirá cedo ou tarde, à morte.

O PISTOLEIRO (poema): Saiu do Saloom/Desnecessário seria perguntar-lhe pelas balas/ ou o porquê de sua tristeza depois delas/ A verdade dos cadáveres valia-lhe um pouco mais/ Tanto mais agora que o sol da tarde de ira se punha no seu sorriso. /Mas não chorou, contudo,  por seu destino tragicômico/ De pistoleiro cruel morto por um THE END.

Que notável semelhança, na abordagem do mito do pistoleiro, intrínseco aos temas, não é mesmo, caro leitor?  Caso apreciem cinema, como eu,  sugiro que assistam o filme e leiam ao livro, uma edição da L&PM.E, se tiverem curiosidade vejam o poema no livro Cidade Aritmética que está na livraria AMEI, em seus últimos exemplares.  

quarta-feira, 12 de junho de 2024

QUANTO VALE UM NAMORADO?

 





QUANTO VALE UM NAMORADO

José Ewerton Neto

 

          Em  homenagem ao DIA DE HOJE uma oportuna  reflexão sobre o tema:

O Namorado, assim como outras moedas, depende muito do valor de  sua cotação no mercado. Em passado distante já foi moeda forte, embora Noivo valesse mais. Os tempos mudaram, a revolução dos costumes neste século foi tão veloz que uma namorada passou a ter maior valor que o equivalente masculino, principalmente entre as mulheres. Recente reportagem do Fantástico informou, no entanto, que os casamentos estão em alta de novo, especialmente os casamentos comunitários,  pelo baixo custo inicial aparente.

As mulheres voltaram a sonhar com um casamento de véu e grinalda, rumo ao altar ou a um Pix sempre acessível.  O certo é que, para facilitar os casamentos, hoje em dia qualquer pedaço de  praia serve como igreja, qualquer dono de bar serve como padre  e  qualquer  azulzinha serve de hóstia – com a vantagem de adiantar uma forcinha para o futuro marido, se ele for do sexo masculino.  As coisas, como todos sabem, não andam lá muito bem para o  lado da masculinidade.  

O certo é que a serventia principal de um namorado que sempre foi  a de elas se precaverem da Anuptafobia (medo de ficar solteira) parece ter voltado com alguma força.

Afora isso, até a sua segunda maior utilidade (como adorno pessoal para mostrar para as amigas) entrou em desuso com a possibilidade de elas usarem as soluções de relacionamento com a inteligência artificial oferecida pela net,  em quem elas descobriram uma enorme vantagem: não precisam fingir o orgasmo.

                   A verdade é que em comparação com outras moedas igualmente  populares  Namorado, ao contrário do dólar ou do euro, é uma moeda difícil de ser guardada. Não dá para guardar no bolso ou na mochila,  dentro do vestido ou em outro esconderijo. Não dá para retirá-los numa caixa eletrônica nem depositá-lo em bancos (não só porque os bancos comuns não aceitam,  como também os da praça nem  existem mais para namoro - o romantismo acabou).  Há ocasiões em que elas tentam guardá-lo dentro de si, mas, infelizmente, isso dura  pouco tempo.

                                      Ao indagar-se a qualquer uma delas a razão pela qual, no mundo de hoje em que são cada vez mais independentes,  ainda perdem tempo investindo em namorados ao invés de no bit-coin, por exemplo,  muitas  respondem que mais vale um namorado na mão que dois voando  embora saibam de antemão que sempre acabam pagando com juros. A sorte é que não são juros reais, mas disfarçados: “Juro que te amarei por toda vida!”