quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SÓ SAIO DAQUI À BALA


artigo publicado no jornal O estado do Maranhão, sábado, caderno
Alternativo, seção Hoje é dia de..


A ARTE DE SÓ SAIR À BALA

                                                                                 


                        O que levaria um homem a dizer que só sai de um lugar à bala? E a depois complementar o que disse, berrando: “E a bala tem que ser pesada!”? E - mais ainda - como se a dose de bizarrice já não fosse suficiente -,  tentar reparar o mal-feito, dois dias  depois exclamando: “Me perdoe se fui agressivo, Dilma. Você sabe que te amo!”
                        Vamos às hipóteses:

                        Hipótese 1. O sujeito em questão é um terrorista – ou seqüestrador - confinado em determinado local. Lá fora, a polícia está de vigília para capturá-lo. (Mais ou menos como acontece no filme Um dia de cão, com o personagem de Al Pacino.). (...) Então, apelando para o sentimentalismo da chefa do batalhão de polícia, brada: “Me perdoe Dona Dilma, não sou terrorista, sou apenas alguém que te ama muito”.

                        Hipótese 2.   O sujeito em questão brigou com sua amante. Ela se chama Dilma e ele Carlos. Um belo dia, para chamar a atenção dela, tal qual um  casal de Romeu  e Julieta modernos, escolhe a forma mais romântica que existe entre namorados no circuito ONG/POLÍTICA: cometer uma falcatrua, mais precisamente, roubar. (...)As balas chovem de tudo quanto é lado e ele, como um tardio poeta romântico, grita para quem quiser ouvir: “ Dilma, me perdoe. Sabe que eu te amo e fiz isso por você”.  Alguém chora.

                        Hipótese 3. O sujeito é o Ministro do Trabalho de um grande país, respeitadíssimo.. A imprensa descobre falcatruas em sua administração, ele reage. (...)Então, como se também as palavras pudessem ser corrompidas, esquece o que tinha falado antes e apela para esta “ Me perdoe pela agressividade. Eu te amo, Dilma!”

                        Qual das hipóteses lhe parece mais absurda caro leitor?
                        Claro que  a terceira, não é?(...)
                        Espante-se, caro leitor, mas nesse país chamado Brasil  - que aliás, por coincidência  é o nosso -  o absurdo acontece com muito mais freqüência que em qualquer outro lugar do mundo, e a terceira hipótese, infelizmente é a real.               
                    Portanto, tudo pode acontecer nessa realidade surrealista.  Até mesmo que ninguém  faça nada e ele por lá continue, entrincheirado, à prova de cadeia, balas e tudo o mais... 
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com                                                                      
                                                                       

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