artigo publicado no jornal O estado do Maranhão, sábado, caderno
Alternativo, seção Hoje é dia de..
A ARTE DE SÓ SAIR À BALA
O que levaria um homem a dizer que só sai de um lugar à bala? E a depois complementar o que disse, berrando: “E a bala tem que ser pesada!”? E - mais ainda - como se a dose de bizarrice já não fosse suficiente -, tentar reparar o mal-feito, dois dias depois exclamando: “Me perdoe se fui agressivo, Dilma. Você sabe que te amo!”
Vamos às hipóteses:
Hipótese 1. O sujeito em questão é um terrorista – ou seqüestrador - confinado em determinado local. Lá fora, a polícia está de vigília para capturá-lo. (Mais ou menos como acontece no filme Um dia de cão, com o personagem de Al Pacino.). (...) Então, apelando para o sentimentalismo da chefa do batalhão de polícia, brada: “Me perdoe Dona Dilma, não sou terrorista, sou apenas alguém que te ama muito”.
Hipótese 2. O sujeito em questão brigou com sua amante. Ela se chama Dilma e ele Carlos. Um belo dia, para chamar a atenção dela, tal qual um casal de Romeu e Julieta modernos, escolhe a forma mais romântica que existe entre namorados no circuito ONG/POLÍTICA: cometer uma falcatrua, mais precisamente, roubar. (...)As balas chovem de tudo quanto é lado e ele, como um tardio poeta romântico, grita para quem quiser ouvir: “ Dilma, me perdoe. Sabe que eu te amo e fiz isso por você”. Alguém chora.
Hipótese 3. O sujeito é o Ministro do Trabalho de um grande país, respeitadíssimo.. A imprensa descobre falcatruas em sua administração, ele reage. (...)Então, como se também as palavras pudessem ser corrompidas, esquece o que tinha falado antes e apela para esta “ Me perdoe pela agressividade. Eu te amo, Dilma!”
Qual das hipóteses lhe parece mais absurda caro leitor?
Claro que a terceira, não é?(...)
Espante-se, caro leitor, mas nesse país chamado Brasil - que aliás, por coincidência é o nosso - o absurdo acontece com muito mais freqüência que em qualquer outro lugar do mundo, e a terceira hipótese, infelizmente é a real.
Portanto, tudo pode acontecer nessa realidade surrealista. Até mesmo que ninguém faça nada e ele por lá continue, entrincheirado, à prova de cadeia, balas e tudo o mais...
ewerton.neto@hotmail.com
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