sábado, 4 de fevereiro de 2012

O A-B-C BEM-HUMORADO DE SÃO LUIS (3)



E, continuando a disposição de enfatizar as mais curiosas expressões típicas do Maranhão, de forma bem-humorada, como homenagem aos quatrocentos anos desta cidade eis sua versão terceira. Sempre na carona dos livros sobre esse assunto de José Neres e Lindalva Barros, J.R.Martins, Marcelo Torres, de Brasília, e dos leitores que me escrevem e sugerem.

                       
            Homalhada. Lésbica. O termo teria evoluído como uma corruptela da palavra humilhada, pois houve um tempo, nem tão distante assim, em que se reconheciam  apenas dois sexos e os demais eram humilhados, ao contrário de hoje.  

            Janambura. Dos tempos da... Referia-se a alguma coisa para lá de antiga, tipo bondes, honestidade e vendedor de quebra-queixo. Janambura é um tempo em que, por aqui,  motorista era chamado de chofer, e em que moto só  enchia o saco quando ganhava do Sampaio Correia.  

            Jereba, urubu de cabeça vermelha. Sendo urubu – o símbolo do Flamengo  e, mais ainda, tendo a cabeça vermelha, é possivelmente,  o mais flamenguista de todos os bichos, precisando, com urgência, tornar-se conhecido nacionalmente. Aliás, Jereba não se parece mesmo com o Wagner Love  vertendo copiosas lágrimas  por amor ao mengão, enquanto embolsa quinhentas mil pilhas por mês?




            Junteiro. Aquele(a)  que tem as pernas juntas. Garrincha o mais genial de todos os junteiros morreu pobre porque juntava as próprias pernas  -e separava a das mulheres -, dizem, muito melhor do que juntava dinheiro

            Ladrão. Aquele que executa alguma tarefa com habilidade fora do comum. Ou seja, o Maranhão é a única terra em que ser ladrão é uma virtude e ser taxado disso um elogio. Donde se conclui que os políticos ladrões, que por aqui se reelegem, são admirados primeiro porque roubam e, segundo, porque executam essa tarefa com invejável perfeição.

            Lamparina-de-forró. Pessoa freqüentadora de forró e outras festas. Refere-se a pessoas do sexo feminino, e a chama da lamparina faz alusão a um fogo que demora a  apagar. Nos tempos modernos o termo deveria ter evoluído de lamparina de forró para curto-circuito de forró já que o fogo das forrozeiras atuais, além de ser difícil de apagar pode ser ligado, a todo instante, na tomada. Com três pinos, de preferência.  

            Lascar. Sair-se bem em exames escolares ou em outras provas seletivas. Ou seja, para se entender melhor:  quem se lasca tira zero,  quem lasca tira dez. O que tem tudo a ver, já que as provas do ENEM são “de lascar” e o conhecimento dos alunos  da idade da pedra lascada. 

            Lapinguachada. Vergastada, chicotada. Os especialistas chegaram à conclusão de que não adianta pesquisar a origem porque nunca vai ser descoberto se o termo tem a ver  com as piadas sobre gaúchos que insinuam que muitos  deles  gostam  de levar uma lapingauchada

            Lazeira. Coisa muito ruim. Desgraça! Segundo pesquisadores foi uma simplificação da expressão “descendo ladeira abaixo” Uma coisa é certa: só muita ladeira abaixo ou “lazeira” para explicar como se chegou de Atenas Brasileira  a Jamaica Brasileira.

            Leprelé. Alguém sem valor, desprezível. Muita gente diz que  Pelé como jogador foi genial, mas como pessoa não passa de um Leprelé. Mais gente ainda diz que a Lei Pelé, que ele inventou, está mais para Leprelé do que para LeiPelé.

            Lombra. Ginga, malandragem, vigarice. Muitos homens ainda acreditam  que as mulheres ficam fascinadas com um cara cheio de lombras, mas a verdade é que entre um homem sem grana e outro com lombras,  ela fica com o que tem lombras porque, assim, tem mais chances de garantir os dois.   

            Madame. Donas de cabarés, pensões e prostíbulos. Na realidade, são peruas cuja elegância, charme e inteligência se assemelha  e rivaliza com as que aparecem nas colunas sociais dos jornais da cidade sob o suposto de “gente bonita”

            Lortégane. Ânus. Eis descoberta, no linguajar maranhense, a versão popular mais erudita possível para algo tão popular.

            Mãe-do-corpo – Útero. Ao contrário, porém,  do que se poderia pensar baseado na lei da Relatividade dos Pensamentos e das Coisas o do homem não se chama Pai-do-corpo. Sabe como é... Hoje ninguém sabe quem é o pai.

            Lustro. Surra. Dizem que as vítimas apanhavam tanto que as lágrimas os lustravam. Que crueldade! Hoje quando os humildes não brotam lágrimas, os governos providenciam chuva e lama. Que se não “lustram” a crueldade, a ilustram muito bem.  

            Mal-enjambrado. Mal-vestido, desleixado. Os ricos mal-enjambrados desta terra são tão perfeitos que agora deram para enfiar botox no rosto para melhor aparecerem nas fotos dos jornais. O esforço foi recompensado! Seus rostos ficaram mais mal-enjambrados do que suas vestes.

            Mamanhar. Pedinchar insistentemente com os olhos. Na realidade, nesta terra, a “mamanha” começou com os olhos, depois foi para a mão direita, a esquerda, as duas e, finalmente, todos os órgãos do corpo humano. Todos mamanham por aqui, de flanelinhas a políticos pedindo verbas e cargos. Ou seja, ninguém duvida que a expressão mais certa seria Maramãnhar. 

            Mão-de-Nenêm. Pessoa avarenta, mesquinha, mão-de-vaca.  Segundo os especialistas  a grande diferença do sujeito Mão-de-nenêm para o Mão-de-vaca é que o Mão-de-Nenêm  age assim para  guardar a grana para a mãe do neném, o outro para a  vaca. 

            Livro. Parte folhosa do estômago dos ruminantes. No caso do boi, usado no preparo de mocotó e dobradinha. Dizem que os universitários maranhenses ( que são os que menos lêem no Brasil) lêem bem mais esse tipo de livro do que os outros - de papel.

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

             








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