sábado, 16 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL AGORA É QUE VAI COMEÇAR



artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado




Isso mesmo, leitor, nem pense que houve erro de revisão. Hoje, terceiro dia depois da quarta-feira de cinzas, o carnaval agora é que está começando. Afinal de contas, esse é o país do carnaval. Senão, vejamos:
1. Blocos. Blocos não são exclusividades dos dias de Carnaval, muito pelo contrário. Na Assembléia Legislativa do nosso Estado, por exemplo, a julgar pelo que repete a imprensa,  o que não falta é bloco. Bloco disso, bloco daquilo e, como se isso não fosse suficiente, ainda tem Bloquinho e Blocão. Só falta criarem o Monobloco.  

                                                 

2. Entrudo. O entrudo, que pouca gente ainda chama assim, é aquela brincadeira carnavalesca de origem portuguesa em que se joga farinha, água e pó, nos outros.  Com o tempo evoluiu para Entratudo e, como todo mundo sabe,  isso é o que não falta o  resto do ano no do brasileiro onde tudo entra, ao gosto dos seus representantes: multas extorsivas, Leis ‘ressequidas’, mensalão, IPVA, custo de vida,  etc. etc.

3. Escola de Samba. As escolas de verdade não estão ao alcance da maioria do povo. Nestas se paga desde livro até papel higiênico. Qualquer  dia, na lista de material escolar  vão aparecer calcinhas e cuecas - para os donos das escolas. (Tem uma escola de inglês pros lados do Calhau que inventou até uma caríssima caneta que fala inglês – ou seja, o aluno nunca vai sair falando inglês, mas pode deixar que  a caneta vai falar por ele.). Enquanto isso, nas escolas que  o governo oferece  o aluno tem que ser muito valente para não “sambar” diante dos traficantes e pedófilos. Quer escola de samba melhor do que essas?

4. Assalto. O assalto é aquela antiga brincadeira carnavalesca em que um grupo de mascarados irrompia na casa de algum aniversariante para comer e beber do que houvesse. Ora, assalto faz tão parte do dia a dia do brasileiro que já nem se chama mais de assalto ao ato corriqueiro de ter a carteira surripiada por um ladrão – isso se tornou participação ‘conjunta’ pela sobrevivência.  Assalto de verdade são os cinco meses de trabalho de cada trabalhador  sugados pelo governo por conta do imposto de renda e repassados  para os corruptos dos mensalões, etc.  nos meses restantes.  

5. Máscara. Enquanto o povo costuma usar máscara apenas durante os cinco dias da folia, os poderosos usam-na o resto do ano para melhor desempenhar a profissão de aumentar os próprios salários; seja à custa das leis que eles mesmos inventam seja através de propinas recebidas. Na hora de apertar a mão do povo para pedir voto, alguns retiram a máscara, outros já nem se dão a esse trabalho.

                                                        

6. Trio Elétrico. Bons tempos aqueles, coisa de cinqüenta anos atrás, em que um trio elétrico era um trio formado por uma corrente elétrica - vá lá! - constituída por um baiano meio idiota pulando,  cinco mulatas rebolando em cima de um caminhão e trinta mil fardados de abadá em curto-circuito. E que só se eletrificava no carnaval. Hoje, como todos sabem,  o trio evoluiu tanto que   já existe até o xixi-elétrico, trio que se move às custas da energia proveniente  da urina depositada nos vasos públicos da prefeitura ( Bloco Afro-Reggae que desfilou no Rio). Pelo andar da carruagem teremos em breve o cocô- elétrico, para cuja garantia bastarão as músicas que cantam.

7. Serpentina. De fato, depois do Carnaval não se vê mais serpentina para tudo quanto é lado. Em compensação o que não falta é serpente pronta para dar o bote no bolso do trabalhador honesto: se você escapa das cobras criadas que são os guardadores de carro se defronta com as cascavéis do serviço público. 

8. Rei Momo. Rei Momo para o resto do ano é o que não falta. Segundo Ruth de Aquino, colunista da revista Època,  o Rei Momo do Brasil este ano vai ser o Rei-Nan Calheiros. Deve ter razão pelas características semelhantes: Rei-Nan é gordinho como todo Rei Momo tem que ser (segundo Mônica, amante do senador,  em seu livro, Renan é um “docinho, meigo e meio gordinho); gosta muito de Carnaval (ainda segundo ela “Rei-Nan queria pular o carnaval de rua em sua companhia, na Bahia). Por fim, como todo Rei Momo,  ninguém sabe que diabos faz o resto do ano. Ou sabe?
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

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