sábado, 11 de abril de 2015

MURIÇOCAS DE VOLTA - (MURIÇOCOLOGIA)




artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo,jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado

A MURIÇOCOLOGIA

Definição: MURIÇOCOLOGIA é a ciência que estuda as muriçocas e suas interações com o elemento humano. Ou seja, ao invés  de estudar a origem, as características do espécimen em si, seu habitat etc. , objeto de outro ramo de ciência, o estudo da Muriçocologia se direciona, sobretudo,  à interpretação da realidade do ponto de vista da reação humana a elas e vice-versa.   
            A muriçoca é comumente chamada de praga ou mosquito, além de outras variações. Pode ser chamada também de:  peste!,  ou desgraça!,  no auge da dor consequente da picada.






A ciência escolheu nomeá-la Muriçoca, por considerar este termo, mais apropriado à sua natureza provocadora, irreverente, cruel, suicida, sádica, vingativa, tragicômica, torturadora  etc., como parece ser próprio de um inseto que até antes de atacar, canta.
            Eis um breve resumo de aspectos fundamentais do aprendizado:

            POSTULADO ZERO DA MURIÇOCOLOGIA

            “Atrás de uma muriçoca vem sempre outra”.
            Corolário 1: “E depois dessa outra, mais outra, enfim centenas de muriçocas surgem  do inferno,  apenas raia sanguínea e fresca a madrugada”.

            Obs. (O corolário acima é de autoria de Chico Mosquito, o primeiro estudioso da matéria, e seu enunciado foi uma adaptação consciente do poema As Pombas. É que ele estava lendo justamente o poema de Raimundo Correia, quando levou a primeira picada e não mais conseguiu  pensar em outra coisa,  enquanto durou o massacre. )




                                         

                                                





            LEIS DA MURIÇOCOLOGIA

            1.”A muriçoca tem predileção especial pelo seu tipo de sangue, seja ele qual for”.
            Isso significa que se você estiver em algum lugar ( num churrasco ao luar, por exemplo),  rodeado de vários colegas cujos tipos de sangue variam de a a z  o sangue que ela escolherá será precisamente o seu, por razões que a ciência até hoje  não conseguiu  explicar.

            2.”A muriçoca não se assusta com tamanho,  nem cara feia”.
            É isso aí. Apesar do seu tamanho minúsculo, uma muriçoca bebe com igual sofreguidão tanto o sangue de um pinto, como o de um elefante. O que faz dissipar em definitivo as dúvidas  quanto à coragem da espécie.

            3.”Toda muriçoca é camicase”.
            Por definição toda muriçoca é camicase, ou  seja, suicida-se com imenso prazer, desde que esteja sugando, no instante final, sangue humano. Com isso, a Muriçocologia conseguiu esclarecer o traço mais notável de sua personalidade: ‘A maior glória de uma muriçoca é morrer chupando o sangue de um’.

            4.”Uma muriçoca não se mede pelo tamanho”.
            Isso seria  impossível. Não dá para observá-la direito durante o ataque, já que a vítima estará mais preocupada com a picada.  Se conseguir, num golpe de sorte, atingi-la,  sua visão não será verdadeira: mais da metade do volume do corpo da muriçoca, agora, é constituída do sangue da vítima.

Quanto as armas usadas para enfrenta-la:

            1.O berro. Na pré-história os homens usavam esse recurso para tentar espantá-las, mas isso  só as deliciavam. Segundo Darwin elas o adaptaram tão bem que deu no seu canto agudo de guerra, hoje.

            2.Tapas para abatê-las. Sempre saiu mais caro aos homens que às muriçocas. Já houve muita gente cega de um olho ou com o dente quebrado por causa disso.




                                                





            3.Fogo e fumaça. Era usado pelos índios com relativo sucesso. Embriagados pela fumaça conseguiam dormir, mas  acordavam se coçando pelo resto do dia até outra jornada. Não deixava de ser uma espécie de transfusão de sangue aborígene.

            4. Inseticidas. Ainda de acordo com Darwin as muriçocas se saíram vitoriosas, como sempre, adaptando-se rapidamente ao cheiro. Hoje há muito mais humanos do que muriçocas mortos em consequência do uso  de inseticidas.

            Encerrando o resumo por falta por absoluta falta de espaço é imperioso lembrar desta preciosa revelação da MURIÇOCOLOGIA em relação ao futuro:




                                            






 “Ao final dos tempos, muito depois que  a raça humana se extinguir ainda sobreviverão os ratos, as baratas e as muriçocas”. Como as baratas são cascudas, coitados dos ratos!
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com
                                                           http://www.joseewertonneto.blogspot.com


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