Artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje sábado
Uma das propostas já aceitas
pelo governo Dilma para diminuir o nível
de corrupção do país é a reforma política. “Balela!” irritou-se um amigo meu,
quando comentávamos em grupo sobre isso: “se cadeia não resolve, nada resolverá”.
Ato contínuo, citou a recente aprovação pela
presidente do aumento do fundo de contribuição para Partidos Políticos, de 300
para 900 milhões. NOVECENTOS MILHÕES? É estarrecedor, mas é isso mesmo: depois de Mensalão, Petrolão, Eletrolão,
etc. eles ainda estão achando pouco trezentos milhões. Dá pra acreditar?
É por isso
que, mais dia menos dia, é fácil chegar à conclusão de que se não há mesmo
solução para a roubalheira, o melhor é a volta da monarquia.
Como? Na monarquia
também não se rouba? Claro, mas a diferença é sutil: se é para a roubalheira
não ter fim, pelo menos que sejamos roubados por um rei. Se é para não haver governo, que seja um rei a
não governar; se é para nada olhar, que o cego seja um rei; se é para falar
besteira, que fale um rei. Enfim, Rei é rei, se teve a sorte de ter nascido rei,
deve ter também todos os direitos do
mundo, inclusive o de roubar. A conta será paga pelo povo do mesmo jeito mas, pelo menos,
não haverá o sentimento de culpa por se ter escolhido ladrões. O culpado por um
rei ser ruim, afinal de contas, são os genes
que herdou, não quem votou nele. Dá pra sentir a diferença?
E se ainda
faltarem razões, o brasileiro sempre demonstrou
ser um povo carente de reis, tanto é assim que chama todo mundo carinhosamente
de ‘meu rei’ da Bahia pra baixo. Ou, como
se demonstra a seguir:
1.Rei.O país
tem tanta carência deles que está cheio de reis inventados. Já temos Rei Momo, Rei do futebol (Pelé);
Rei
da música (Roberto Carlos), Rei da Soja;
Rei do Gado; Rainha dos baixinhos, (Xuxa); e Rainha das popozudas. Nossa
carência de monarcas fez aparecer até o Monarco, da Portela. Que tal um de
verdade?
2.Coroa. Se
o país está cheio de reis e de rainhas, por outro lado coroa é o que não falta. Basta
dar uma espiada nas colunas sociais dos jornais de domingo. É coroa pra todo
lado, embora, com um pequeno defeito: estão todas enferrujadas.
3.Atitudes.
Nossos governantes nunca foram reis de verdade, mas pensam e agem como tais.
Como todo mundo sabe, sempre se comportaram como se tivessem um rei na barriga.
4.Sangue
azul. Os poderosos do Brasil, se não têm o sangue azul, como desejado, estão
pelo menos a meio termo. Isso porque, com
certeza, vermelho, (como o de todo mundo),
não é. Se tivessem o sangue vermelho
viveriam corando de vergonha diante da enxurrada de roubos que fazem de conta
que não percebem. Ou seja, a
sem-vergonhice, no Brasil, está mais para cinquenta tons de cinza do que de
vermelho.
5.O bobo da corte. Como não poderia
faltar, até o bobo-da-corte já existe há
muito tempo e nem estamos falando do bobo-da-corte global, Pedro Bial.
Quem
duvida de que o povo continuaria
exercendo – e bem – esse papel?
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