segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O GRANDE CAPITÃO





artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão,
de Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas 

Foi de Pelé, maior atleta do século passado, de quem Romário disse que “calado era um poeta”, no entanto,  uma das mais expressivas homenagens prestadas ao lateral  da seleção campeã mundial de 1970, Carlos Alberto Torres, morto três semanas atrás. Nas palavras de Pelé: “Que o querido Deus cuide do nosso capitão.”
            Pois foi essa imagem de capitão e líder de time,  levantando a taça Jules Rimet,  a que permaneceu na memória de todos, naquela que foi a melhor apresentação de uma seleção de futebol em todas as Copas. 

            Porém, não foi essa imagem a que se estratificou na minha memória de fã do futebol bem jogado, preferencialmente a de apenas  torcedor.  Carlos Alberto, assim como Pelé, não realizou seus grandes feitos apenas na seleção, mas no  Santos F.C. o maior time brasileiro de todos os tempos, em relação a cujos feitos,  toda comparação soa ridícula e  tosca,  com a daqueles que pretendem ver   no São Paulo F.C  glórias equivalentes. Ora, o  Santos não foi o melhor time do mundo porque ganhava campeonatos , mas sim ganhava  campeonatos porque era o melhor, coisa completamente diferente.








            A memória leva a 1966, um dos maiores fracassos do Brasil nas Copas. Depois do bicampeonato e tendo Garrincha e Pelé, dois gênios do futebol, o Brasil partiu para Londres na condição de grande favorito. O oba-oba era tamanho que Carlos Alberto, então um jovem promissor de uma nova geração,  foi cortado da seleção para a entrada de Fidélis, apenas para que Rio de Janeiro e São Paulo tivessem o mesmo número de jogadores na seleção potencialmente campeã. O fracasso monumental veio na esteira de duas derrotas na fase classificatória para a Hungria e Portugal, em cuja seleção despontava um  outro jogador excepcional , o africano Euzébio, logo apontado como sucessor de Pelé - o reinado do futebol brasileiro sendo colocado em cheque.









            Pois coube justamente ao   Santos de Pelé e, agora, também de Carlos Alberto , recém-  contratado ao Fluminense,  restaurar a honra do futebol brasileiro. Realizou-se,  em Nova Iorque,  um grande torneio, o World Champion Cup, espécie de tira-teima,  com a presença do   Santos, Milan e Benfica( time de Euzébio) os melhores times do mundo. Os norte americanos,  que começavam a se deslumbrar com o futebol,  pagaram pra ver e encheram os estádios para comprovar  a derrocada do futebol bi campeão do mundo.
            E foi então que a imagem do mito se formou quando, sonho de vingança realizado,  o deslumbramento surgiu. Com atuação excepcional Carlos Alberto Torres anulou completamente o  ponta esquerda Simões considerado o melhor da Europa, especializando-se naquilo que é tão raro e é só possível a laterais de sua estirpe. Não só marcava bem, como atacava melhor, o que é muito raro.  Pelé, de novo exuberante,  e cia.  fizeram o resto. O  Santos esmagou o Benfica por 4 a 0 e goleou  o Milan por  4 a 1, iniciando  a recuperação do futebol brasileiro rumo ao tri em 70.
            Portanto, 4 anos antes do tri , Pelé  etc. e os meninos Carlos Alberto Torres e Edu começaram a ganhar a Grande Copa.
            “Que o querido Deus cuide do nosso capitão”  como disse Pelé.


                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com


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