artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão,
de Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas
Foi de Pelé,
maior atleta do século passado, de quem Romário disse que “calado era um
poeta”, no entanto, uma das mais expressivas
homenagens prestadas ao lateral da
seleção campeã mundial de 1970, Carlos Alberto Torres, morto três semanas atrás.
Nas palavras de Pelé: “Que o querido Deus cuide do nosso capitão.”
Pois foi essa imagem de capitão e
líder de time, levantando a taça Jules
Rimet, a que permaneceu na memória de
todos, naquela que foi a melhor apresentação de uma seleção de futebol em todas
as Copas.
Porém, não foi essa imagem a que se
estratificou na minha memória de fã do futebol bem jogado, preferencialmente a
de apenas torcedor. Carlos Alberto, assim como Pelé, não realizou
seus grandes feitos apenas na seleção, mas no Santos F.C. o maior time brasileiro de todos
os tempos, em relação a cujos feitos, toda comparação soa ridícula e tosca, com a daqueles que pretendem ver no São Paulo F.C glórias equivalentes. Ora, o Santos não foi o melhor time do mundo porque
ganhava campeonatos , mas sim ganhava campeonatos porque era o melhor, coisa
completamente diferente.
A memória leva a 1966, um dos
maiores fracassos do Brasil nas Copas. Depois do bicampeonato e tendo Garrincha
e Pelé, dois gênios do futebol, o Brasil partiu para Londres na condição de
grande favorito. O oba-oba era tamanho que Carlos Alberto, então um jovem
promissor de uma nova geração, foi
cortado da seleção para a entrada de Fidélis, apenas para que Rio de Janeiro e São
Paulo tivessem o mesmo número de jogadores na seleção potencialmente campeã. O
fracasso monumental veio na esteira de duas derrotas na fase classificatória
para a Hungria e Portugal, em cuja seleção despontava um outro jogador excepcional , o africano Euzébio,
logo apontado como sucessor de Pelé - o reinado do futebol brasileiro sendo
colocado em cheque.
Pois coube justamente ao Santos
de Pelé e, agora, também de Carlos Alberto , recém- contratado ao Fluminense, restaurar a honra do futebol brasileiro. Realizou-se,
em Nova Iorque, um grande torneio, o World Champion Cup,
espécie de tira-teima, com a presença do
Santos,
Milan e Benfica( time de Euzébio) os melhores times do mundo. Os norte
americanos, que começavam a se
deslumbrar com o futebol, pagaram pra
ver e encheram os estádios para comprovar a derrocada do futebol bi campeão do mundo.
E foi então que a imagem do mito se
formou quando, sonho de vingança realizado, o deslumbramento surgiu. Com atuação
excepcional Carlos Alberto Torres anulou completamente o ponta esquerda Simões considerado o melhor da
Europa, especializando-se naquilo que é tão raro e é só possível a laterais de
sua estirpe. Não só marcava bem, como atacava melhor, o que é muito raro. Pelé, de novo exuberante, e cia. fizeram
o resto. O Santos esmagou o Benfica por
4 a 0 e goleou o Milan por 4 a 1, iniciando a recuperação do futebol brasileiro rumo ao tri
em 70.
Portanto, 4 anos antes do tri ,
Pelé etc. e os meninos Carlos Alberto Torres
e Edu começaram a ganhar a Grande Copa.
“Que o querido Deus cuide do nosso
capitão” como disse Pelé.
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