Artigo publicado no jornal O Estado do Maranhão
Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas
A grande dificuldade de se medir o talento de um corno é saber até
onde essa é uma arte sua, natural e exclusiva, ou apenas uma consequência, por
sua vez, do talento natural para botar
chifres da parceira que escolheu. De forma que o talento do corno parece não se
revelar apenas no ato em si, mas nas decisões que toma a posteriori.
Talentoso
ou não, a ciência prova todo homem tem
um potencial nato para ser chifrudo o que significa dizer que todo macho é uma
cabeça à espera de um chifre, embora nem sempre tenha sido assim. Antigamente -
e bote milhares de anos nisso - quando ainda éramos macacos não sabíamos que
podíamos ser cornos. Mas já desconfiávamos. Segundo a teoria evolutiva todo
esse ciúme, que o macho sente pela fêmea que julga sua, nasceu da
impossibilidade de nossos tataravôs macacos saberem se o embrião que fazia a
barriga da companheira avolumar-se era, de fato, seu.
Podemos
imaginar o drama. Se hoje em dia, com exame de DNA e tudo, as dúvidas persistem
imagine nessa época.! (recente reportagem de uma científica atesta que,
atualmente, 8 % dos filhos reconhecidos por seus pais, como seus legítimos
descendentes, não o são, na realidade)
Não é de estranhar, portanto, que muito tempo depois, na idade média, os homens tenham tentado proteger a exclusividade de seus genes com a invenção do cinto de castidade. Coitados, não conheciam, ou faziam de conta que não conheciam a primeira Lei Universal dos Cornos que diz: “não há equipamento capaz de prevenir um homem de se tornar corno” ( que é apenas uma versão – piorada - da muito popular Lei Universal da Natureza Feminina que diz: “fogo de morro acima, água de morro abaixo e mulher quando quer dar, ninguém segura”).
E, ao que tudo indica, nunca acabará. Algum tempo atrás uma notícia de chifre ganhou mais assunto na imprensa internacional do que a queda nas ações da bolsa. Tratava-se do lateral Bridge, da seleção inglesa, que, traído pela namorada com um companheiro de time e de farra, decidiu abandonar o English Team. “Não posso usar a mesma camisa de um cara que pode ter usado as minhas camisinhas com minha própria mulher” teria dito ele.
O que teria acontecido, para que um acontecimento tão banal tenha adquirido tons de tragédia mundial? Parece que Bridge, ao dar uma de vítima, descuidou-se de uma das regras fundamentais do Manual Universal dos Cornos que diz: “todo chifre nasce do mesmo tamanho, mas aumenta desproporcionalmente, quanto mais se fala nele”.
Com
o intuito didático de evitar que mais cornos se tornem famosos como
Bridge lembraremos, a seguir, alguns itens desse manual Que este não se torne
uma Bridge ( ponte, em português ) que o conduza, ao invés, para o outro lado,
caríssimo leitor:
1. O sujeito que tem vergonha de ser corno deveria se lembrar que todo ser humano não passa de um corno, pois sua sina é ser traído e abandonado um dia por aquela que mais ama: a própria vida.
1. O sujeito que tem vergonha de ser corno deveria se lembrar que todo ser humano não passa de um corno, pois sua sina é ser traído e abandonado um dia por aquela que mais ama: a própria vida.
2. Todo homem que ama uma mulher acima de todas as coisas corre o sério risco de vê-la rapidamente abaixo das coisas do primeiro homem que aparece.
3. Numa relação homem-mulher nunca dá empate, sempre um dos dois está ganhando. Se o homem julga que sua relação está empatada é porque já está perdendo.
4. O bom corno não é mais corno não só porque o dia tenha só 24 horas, mas porque o alfabeto só tem vinte e três letras e o espelho só tem uma imagem.
5. Nunca existiu nem jamais vai existir equipamento de Proteção Individual para o corno. O melhor que já inventaram foi a camisinha, mas quem usa, quando interessa, é o outro.
6. Um corno pode ser perfeito, o não-corno jamais. Depois que inventaram a fantasia feminina não dá para escapar. Na melhor das hipóteses o sujeito toma chifre do Brad Pitt, na pior da Angelina Jolie. (ou de ambos ao mesmo tempo, como queiram).
7. O chifre foi a melhor invenção já engendrada por uma mulher para colocar os homens nos seus devidos lugares. Seu marido no seu (dele). Seu amante no seu (dela)
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