A BELEZA
MORRE (parte 3)
José Ewerton
Neto
“A atriz ítalo-tunisiana
Cláudia Cardinale foi da época de ouro do cinema..”
A primeira vez que usei esse título
em uma crônica aconteceu quando faleceu em 2020 a eterna miss Brasil Marta
Rocha, que durante muitos anos foi sinônimo nacional de beleza. Esse texto está
no livro A verdadeira história de tudo e
tudo mais, entre outras homenagens-biográficas resumidas.
Depois, o mesmo título foi usado para
Alain Delon em 2024 e, agora, vai para Cláudia Cardinale, ambos ex-atores de
cinema.
A atriz ítalo-tunisiana Cláudia
Cardinale é da época de ouro do cinema, quando este representava bem mais que a
mera representação de um filme. Mais que isso, era um prolongamento das vidas dos
espectadores em direção à ilusão, o glamour e a sedução.
Quando soube de sua partida
definitiva, compartilhei com amigos e escritores o fato de que, das 5 estonteantes
divas da época a beleza já morrera em Marylin Monroe, Elizabeth Taylor e,
agora, em Cláudia Cardinale — permanecendo vivas, Brigite Bardot e Sofia Loren.
Esta (para mim) a melhor atriz, e também a mais bela entre todas.
Claudia Cardinale, que jamais chegou
a ser uma atriz do porte de Sofia Loren e, nem mesmo, de Elizabeth Taylor, teve
atuações marcantes em filmes inesquecíveis de grandes diretores como Era uma vez no Oeste e O leopardo, quando contracenou com Burt
Lancaster — fita tão grandiosa quanto o romance que a originou, baseado em título
do mesmo nome sobre a decadência de uma nobre família italiana.
Não há outro adjetivo que se cole
mais à sua performance que não seja a pecha de “deslumbrante” quando movia seus
traços fisionômicos a favor de sua desenvoltura teatral, em incursões arrasadoras.
Morreu nesta terça aos 88 anos, e
deixa mais uma vez a sensação melancólica e desoladora de morte da beleza —
esse atributo físico humano que Montagne afirmou ser apenas “...a promessa da
felicidade”
Torço para que tenha sido assim —
pelo menos enquanto durou, como disse o poeta Vinícius de Moraes — para alguém
que a carregou com tanta desenvoltura.
Infelizmente, as belezas também
morrem — não só as físicas — e, quando se
vão, morre também um pouco da ilusão e do
sonho de cada um dos que ficam.