domingo, 2 de novembro de 2025

LONGO E DESESPERADO GRITO



                                            AS RUÍNAS

          

                “ Um longo e desesperado grito de horror. ”

 

Um plano   simples é um romance policial que me agradou bastante ter lido. Depois soube que havia virado filme, mas não cheguei a assistir. Não gravei na ocasião, contudo, o nome do romancista.  

Mais recentemente, encontrei entre meus muitos livros ainda não lidos, o romance as Ruínas de um certo Scott Smith, com uma capa que evocava algo parecido com temas da natureza. Mofando nas muitas prateleiras de minhas estantes, destinava-o para venda em minha banca de revista quando chamou-me a atenção uma chamada de Stephen King para o romance: “ Um longo e desesperado grito de horror. ”

Quer atrativo para leitura maior do que uma frase tão acachapante e magnética e, ao mesmo tempo, tão apavorante ou repulsiva quanto essa? Especialmente se assinada por ninguém menos do que   Stephen King?

Malgrado meu atual cuidado preventivo em relação a tudo que possa me induzir a noites mal dormidas (a partir de apreensões, pesadelos e outros que tais) o fato é que   a frase acabou se impondo quase como uma intimação. Não   devido a sentença do autor famoso, mas pela coreografia macabra da dança das palavras num desconcertante apelo irresistível. A que poderia se    assemelhar   um longo e desesperado grito de horror? O que seria tão apavorante e contundente? Lembrei-me da famosa pintura O grito de Edward Munch e, claro, fui ao livro.

Passado algum tempo percebi que o longo e desesperado grito de horror tinha de fato semelhanças com o quadro do pintor —  menos pelo escabroso e mais pelo horror psicológico, cujos embates entre os personagens com suas estruturas mentais deteriorados pelo pavor forneciam um outro atrativo.

Isso evidencia que Scott é um mestre na captura do leitor à sua trama, porque o mantêm sequestrado, malgrado seus escudos, vacinas e válvulas de escape — tão fáceis de executar como simplesmente abandonar a leitura. Bons autores são assim: não permitem que você abandone o seu livro, mesmo que você intente fazer isso.

Ah, sim, depois finalizar o romance, à procura de mais informações sobre o autor descobri para minha surpresa, na própria orelha do livro, que era   o mesmo de O Plano Simples. Scott Smith.

Eu simplesmente esquecera de atentar para esse detalhe   na orelha do livro. 

 

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