sábado, 17 de outubro de 2009

O NEGÓCIO É GREVAR

Artigo publicado na seção
Hoje é dia de...
O Estado do Maranhão, sábado,18


O NEGÓCIO É GREVAR

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




Pois é, fazer greve está na moda. Em menos de um mês já houve greve de correio, de médico, de bancário, de policial e... – nem tenho mais certeza - greve da Caema, o que levou um amigo meu a comentar: “E eu que pensei, olhando para as torneiras lá de casa, que a greve era da água!”
Tanta confusão se explica: são tantas as greves que nunca se sabe quando começa uma nem quando termina outra. Algumas, por não fazerem a menor diferença, outras porque como os funcionários passam mais tempo fazendo greve do que trabalhando, o normal é o estado de greve. Por exemplo: faz tanto tempo que o pessoal da Caixa está em greve que seus clientes já esqueceram de lidar com seres humanos. O dia em que ouvirem uma voz humana, por trás do dinheiro que estão recebendo, vão levar um susto e sair correndo. O que nos leva a recomendar calma, muita calma, porque está vindo mais por aí:

1. Greve de guardador de carro. Reivindicam equiparação salarial aos guardas de trânsito. Alegam que em matéria de arrumar confusão e perturbarem o trânsito, são muito melhores. Queixam-se do árduo trabalho de não fazerem nada o dia inteiro, o que, segundo eles, lhes têm causado dores nos olhos e transtorno bipolar. Pleiteiam correção monetária da atual Tabela de Xingamento, ou seja, querem poder xingar o cliente toda vez em que receberem menos de cinco reais – e, não menos de um real, como é hoje. Exigem a adoção de uma farda oficial que venha substituir suas flanelas velhas e sebosas por uma bandeirinha do Flamengo.
2. Greve de gigolô. Exigem aposentadoria especial por tempo de serviço. Alegam que são forçados a fazerem hora extra em condições insalubres: peles encarquilhadas, perfumes broxantes e botoxes pegajosos. Querem o devido reconhecimento da sociedade (através de carteira profissional de gigolô) para não terem que apelar aos costumeiros disfarces: personal trainings, modelos, ou guardas particulares. Advogam serviço de analista para dar conta dos casos mais desesperados como os de Suzana Vieira, por exemplo. Solicitam, por fim, acesso gratuito a remédios para ereção para que possam atender, sem constrangimento, à grande maioria das clientes.
3. Greve de Cordeiro de Trio Elétrico. Isso mesmo, os cordeiros (aqueles que seguram a corda nas axé-folias ) decidiram entrar em greve para exigir, de imediato, equipamentos de segurança. A saber: protetores de ouvido e óculos de segurança. Os primeiros, para não terem de escutar Bel, do Chiclete, berrando enquanto descem os Béis (pode confundir com decibés). Já, os óculos escuros, para que não sejam obrigados a assistir tanta mulher transando sem poder fazer nada.
1. Greve de vendedor de cedê pirata. Reivindicam, antes de tudo, o reconhecimento definitivo da profissão, a começar pelo nome. Nada de serem chamados de vendedores de cedê, pirateiros, ou outros semelhantes. Sugerem duas alternativas oficiais: Divulgadores de Som (o mais simples) ou Incentivadores da Cultura Popular a partir da Reprodução Sonora Desenfreada. (o preferido pelos sindicatos e pelos intelectuais do Ministério da Cultura). Caso não sejam atendidos ameaçam promover o colapso de 99,9999% de toda produção musical deste país: forró e funk. Já recolheram perto de quinhentas mil assinaturas de apoio, sendo mais da metade oriunda dos componentes das bandas de forró do Ceará.









Nenhum comentário:

Postar um comentário