sábado, 9 de janeiro de 2010

O VIBRADOR ENTRA EM AÇÃO

artigo publicado em O Estado do Maranhão,
seção Hoje é dia de...

O VIBRADOR EM AÇÃO

José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com




E o 2010 acabou chegando com mais estranheza do que tem direito.
Primeiro, a escolha de Ronaldo, o fenômeno, como uma das dez pessoas mais confiáveis do país (como uma nação pode confiar num sujeito que não sabe a diferença de um travesti para uma mulher?). Depois, o que aconteceu esta semana, aqui mesmo, em São Luis: o assaltante Dentinho resolveu inovar e partiu para uma nova modalidade de instrumento de persuasão criminosa.
Dentinho assaltou uma mulher chamada Janice Minervina com um pênis de borracha (ou vibrador, como queiram) de 28cm x 18 cm. Dizem os autos da delegacia policial que Janice, quando passeava na Lagoa da Jansen, ao sentir o “cano” da arma em suas costas entregou de imediato a bolsa que trazia a tiracolo e chamou a polícia. Fica para a imaginação do leitor tentar chegar a uma conclusão satisfatória a respeito da hipótese levantada por alguns repórteres policiais: a de que se o vibrador tivesse sido endereçado para outro local do corpo da vítima a sua reação teria sido outra.
Como toda sanluizense já foi roubada pelo menos uma vez nesta cidade ( nem que seja de um inocente celular) nada como pesquisar o que elas acham dessa nova modalidade de assalto, de acordo com a profissão que exercem.

Hortênsia – Professora de matemática do ensino médio. Mora na Cohab:
“Prefiro esta. Pelo menos o diâmetro da arma é maior e, sendo mais grosso e viril, os ângulos de sua conformação são mais suaves e, dessa forma, sua imagem é menos aterradora ”.

Elenaura – Psicóloga, mora no São Francisco e tem um consultório num Shopping:
“Psicologicamente, esta deixa um trauma de menor impacto na mente
feminina. Algumas mulheres, de personalidade mais forte, terão chances até de fantasiar suas futuras emoções.”

Dra. Etiene - Clinica geral, mora no centro e atende no Maiobão:
“O efeito colateral é menos prejudicial. Pelo fato de ser de borracha,
não fere e pode até deixar uma sensação agradável no corpo. Tenho certeza pessoal e científica de que este que é mil vezes preferível a um objeto cortante, um punhal, por exemplo.”

Domingas - Comerciante, mora no Lira e trabalha nas feiras móveis, vendendo verduras. “ Tem mais chance de se fazer um bom negócio. As mulheres poderiam
sugerir a troca de suas bolsas pelo vibrador; ou então dos celulares.”

Hilda Franchesini - “Mineira, mora no Calhau.. Freqüentadora assídua da páginas sociais, é perua profissional e tem uma clínica de rejuvenescimento nas horas vagas:
“Nada contra, só acho que o vibrador tem de ter qualidade. As mulheres
só deveriam entregar os seus pertences se comprovada a etiqueta do bicho. Teria de ser comprovadamente chique, meu filho! ”

Nanasara - Estudante de filosofia, é também cantora de banda de bumba-pop da ilha, se apresenta na região do Turu e adjacências:
“Como dizia Platão, ou , possivelmente Aristóteles, como todo ato sexual
é uma forma de assalto daquilo que você ainda precisa completar em si mesmo, as vibrações do viver quando interrompidas por um gesto, precisam de simbolismo vivo para continuarem. No caso, um vibrador é muito mais eficiente para isso do que um revólver.”

Serena Campos – Estudante, desistiu do vestibular convencional há dez anos, quando decidiu seguir a profissão de candidata ao big-brother. Já publicou um livro de poesias chamado As razões do coração,
“Acho que, no caso desse tipo de assalto, as razões secretas do coração passam a vibrar mais intensamente...e de outras partes, também.”

Lucília Ernestina - Advogada criminalista, mora na Cidade Operária e faz
pos-graduação em salto-triplo – para fugir dos assaltantes.
“Esta nova modalidade de assalto precisa ser incluída urgentemente numa nova categoria dos códigos do direito criminalista, cuja hipótese vai contribuir para amenizar a pena do infrator. Ou seja, a de que o objeto do crime por parte do algoz pode ser confundido com o objeto de desejo da vítima.”

Cecília Regina, enfermeira, mora na Madre Deus.
“ Só acho que o assaltante, após ter apavorado a vítima com o vibrador, deveria ser condenado a acalmá-la depois com o mesmo objeto, para que as enfermarias dos hospitais não fiquem lotadas de mulheres à beira de um ataque de nervos.”

Soliege Brito, 35 anos – Formada em educação física, pratica vários
tipos de disputa, físicas ou não: judô, capoeira, basquete, lutas marciais, divórcios, etc. Praticamente mora na Lagoa da Jansen, onde faz cooper 23 horas por dia.
“ Bem , por razões sentimentais só posso dizer que vou direto para a delegacia, agora que já sei com quem está o vibrador de estimação que eu perdi.”


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