sábado, 16 de janeiro de 2010

A VIDA E A MORTE DO PONTO G

texto publicado na seção hoje é dia de...
Jornal O estado do maranhão, hoje, sábado, 15


A VIDA E A MORTE DO PONTO G


JOSE EWERTON NETO, membro da AML
ewerton.neto@hotmail.com


O Ponto G foi descoberto ( eu disse inventado, ou descoberto?) por um sujeito chamado Ernst Graffenberg nos idos dos anos 50. Naquela época os tabus sexuais ainda estavam por serem demolidos e a maioria das mulheres ainda pensava que era fundamental para chegar ao prazer que este fosse compartilhado exclusivamente com homens e não com mulheres, cães, gatos, vibradores, metrosexuais, enfim , as muitas variações de sexo que existem na Internet, no BBB e que proliferam no nosso mundo moderno.

( Até hoje não se sabe exatamente porque Graffenberg se preocupou tanto com isso. Passados tantos anos algumas hipóteses surgiram para explicar sua obsessão:

1. Conforme sugerido em 1976 por Shere Hite, intelectual do movimento feminista, a descoberta do ponto G não teria passado de um complô machista com a intenção de retardar a conscientização feminina de que o homem só serve para a procriação e olhe lá...[sabe-se que os bancos de sêmen que proliferam por aí prescindem da presença masculina no ato sexual]. Quanto ao prazer, o buraco é mais embaixo e Graffenberg não passaria de laranja de mais uma manipulação dos machos, com intenção de subjugar as mulheres, matando a cobra, mas não mostrando o pau, ou melhor moatrando o pau, mas não mostrando o ponto.
2. A segunda hipótese, menos mafiosa, sugere que Ernst , sendo pouco
atraente, queria aumentar suas chances com as mulheres. Na impossibilidade de atraí-las pelo método convencional, ofereceu-se como pesquisador e conseguiu, a aquiescência das mesmas, ganhando a chance de conhece-las de forma íntima e profunda ( na verdadeira acepção da palavra ).
O certo é que milhares de mulheres passaram pelo consultório de Graffenberg enquanto ele caçava o ponto G de cada uma. Um fato que corrobora para confirmar essa hipótese é o de que, ao contrário dos demais experimentos científicos cuja pesquisa usa animais como cobaias, no seu, Enrst resolveu partir logo para as mulheres. Ou seja , jamais passou pela sua cabeça a idéia de descobrir, preventivamente, onde estava o ponto G das ratazanas.
Qualquer que seja a hipótese correta, a verdade é que Enrst Graffenberg morreu feliz por ter imortalizado o seu nome. Antes de partir ele teria dito a célebre frase: “ Se Avogadro imortalizou-se por ter dado seu nome a um número amalucado, Fourier a uma série que pouca gente entende, e Alzheimer a uma doença, morro orgulhoso por ter dado o meu nome a um ponto que pertencerá eternamente à intimidade das mulheres. E, principalmente, por tê-lo colocado lá dentro.”)

É fácil imaginar o quanto às mulheres da época vibraram ( mesmo não dispondo ainda de bons vibradores ) com a notícia. Suas chances de prazer aumentavam em 70% e muitas esposas vislumbraram, de imediato, a possibilidade salvadora de não precisarem correr para o banheiro e recorrer aos clitóris, tão logo os maridos barrigudões saíssem de cima delas.

Alguém duvida que surgiu daí a revolução dos costumes que sacudiu a década seguinte? Como se sabe, logo elas inventaram a mini-saia, a tanga minúscula e o top-less. Claro, porque valia a pena, de novo, atraírem os homens, para ajudá-las a encontrar o dito cujo. Que começou a ser caçado, muito mais do que, décadas depois, Osama Bin Laden. O problema é que, assim como Osama, o desgraçado nunca deu jeito de aparecer.

Durante muito tempo elas continuaram fingindo, condicionadas pela pressão masculina, até que começaram a desistir da idéia por volta dos anos noventa. Desistiam, diga-se de passagem, não dele, mas dos maridos. E dos companheiros, e dos namorados, e dos homens. “Ora, se o ponto G existe mas ninguém descobre, então de quem é a culpa? Só pode ser desse cara que está comigo!” Donde provavelmente deve ter se originado o mais espetacular holocausto nas relações familiares que se tem notícia desde Sodoma e Gomorra, e que deu no que deu: mulheres para um lado, homens para outro e sexo para todo lado, inclusive das cabeças das criancinhas que não têm nada a ver com isso.

(Algo de muito curioso nessa história é que nenhum estudo sexológico ou social concedeu até agora ao ponto G sua posição como verdadeiro transformador dos costumes da vida pós-moderna. Temos de reconhecer a dificuldade: como colocar o ponto G no seu devido lugar se ninguém sabe qual é ?)

O certo é que, semana passada, tentaram dar um ponto final no ponto G. Andréa Burri ( que é burri, mas não tem nada de burra) comandou uma pesquisa no King`s College de Londres com mais de mil e oitocentas gêmeas, antes de anunciar sua inexistência, tendo o cuidado de acrescentar. “No entanto, nenhuma conclusão definitiva pode ser tirada e essa pesquisa precisa ser replicada com métodos mais refinados.”

No que concorda a interpretação sábia de uma de suas colegas que participou da pesquisa, menos como cientista e mais pela sua enorme experiência de vida. Segundo ela o ponto G, de fato, estaria morto, mas não enterrado; jamais desaparecerá do imaginário feminino e, nos últimos anos, mudou apenas de lugar. Se antes estava na vagina das mulheres agora está, com certeza, nas suas mãos , desde que elas carreguem um cartão de crédito. O orgasmo, finalmente alcançado, é só uma questão do que e do quanto este permitirá comprar.

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