segunda-feira, 30 de maio de 2011

IPTU NELES!

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão, seção

Hoje é dia de...Caderno Alternativo, sábado


IPTU NELES!

ewerton.neto@hotmail.com




É difícil entender a lógica pela qual um cidadão honesto e bom pagador, de repente, não mais que de repente, se veja obrigado a pagar um imposto multiplicado por 3, 4, ou 50 , sem que nada tenha acontecido para justificar tal fato.
Como a obrigação de todo cronista é tentar entender o inexplicável. busquemos encontrar a tão indecifrável razão.

1. Deu a doida no IPTU.
Certo, números, à primeira vista, são incapazes de, por si, ficarem loucos, mas desvarios e erros humanos, costumam estar por trás de suas incongruências. Fórmulas mal empregadas, equações manipuladas, programas - de computadores - mal executados e lá se vai a boa e velha matemática ser estuprada mais uma vez. Vai ver que o que aconteceu foi isso: à mercê de algum louco, deu a louca no IPTU.

2. Culpa de ser “metido a nobre” (sem saber).
Imagine um cidadão que, por algum motivo, acabe morando em bairro tido em São Luis como nobre ( a nobreza ninguém sabe onde está , talvez nos buracos das avenidas, que têm brasão, história e descendência ). Ora, se esse cidadão até hoje não construiu uma mansão condizente com o metro quadrado que ocupa, pela lógica dos tecnocratas, deve ser penalizado por isso. Se não tem dinheiro, isso não interessa, vai ter que pagar pelo que deveria ter e não tem. Portanto, IPTU neles!

3. Uma imposição do crescimento.
A rigor, do ponto de vista da evolução dos itens de crescimento urbano em São Luis, não existe razão para que a taxa do IPTU não seja gigantesca, monumental, avassaladora, absurda e estratosférica!. Afinal de contas, se os buracos de rua são, os rombos orçamentários, idem, e as filas de trânsito também, por que não o IPTU? Se o caos é gigantesco não existe razão nenhuma para que o imposto não seja também. Portanto, IPTU neles!

4. São Luis quatrocentos anos.
Na véspera dos quatrocentos anos da cidade, e sempre com o intuito de preservar a memória dessa celebração, nada como premiar o pobre cidadão com um aumento de imposto do qual ele não vai esquecer nos próximos cem anos. IPTU neles!

5. Culpa pelo costume.
O sanluisense acostumou-se desde cedo (não há outro jeito) com semáforos eternamente apagados, ausência de guarda nas situações de emergência, e carros particulares fazendo lotação irregularmente. Se nunca abriu a boca para reclamar, não vai ser desta vez que o fará. Todos os seus direitos, portanto, prescreveram por inanição. IPTU neles!


6. Igualdade Social às avessas.
Toda administração brasileira pós-Lula, hoje imita sua mania – que virou obrigação - de fazer média com a classe mais pobre, com o fim de angariar votos. Ora, alguém tem que pagar por isso - desde que não sejam os cofres da administração pública...(nem os mensaleiros, nem os corruptos denunciados pelo Ministério Público, nem que os que aumentam seus ganhos vinte vezes em menos de dois meses, como o ministro Pallocci). Nada a ver com redistribuição de renda, mas, simplesmente: esmola com o dinheiro alheio. IPTU neles!.


7. Uma adaptação cultural.
Nada como adaptar os símbolos mais queridos de nossa tradição cultural aos tempos do novo século: tecnologia de comunicação, globalização, internet etc. Haja talento, então, para recriar o poema mais famoso do nosso ilustre e querido poeta, Gonçalves Dias, adaptando-o á realidade atual Ao invés de: “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”, que tal?
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
E IPTU nas alturas
( mais elevadas que as palmeiras)
Que ninguém pode pagar.

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