sábado, 14 de abril de 2012

LENDAS MARANHENSES AO ARROZ DE CUXÁ E PITADINHAS DE HUMOR


artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo
jornal O estado do Maranhão, hoje, sábado



A bordo do quarto centenário e relembrando as lendas de São Luis,   ao arroz de cuxá e com uma pitadinha de humor.

                        Lenda do Palácio das Lágrimas

                        O Palácio das Lágrimas fica entre as ruas do Sol e a Rua da Paz. Mais precisamente na rua  São João, esquina com a Rua da Paz. Aparentemente, num prédio situado entre a Paz e o Sol não haveria  motivo para lágrimas. Nem mesmo  por ter sido, durante algum tempo, Faculdade de  Odontologia,  já que os futuros dentistas, apenas estudavam,  não arrancavam os dentes das crianças nesse local.     
            A questão parece ter começado quando dois irmãos portugueses  para cá vieram “Fazer a “América”, como se dizia. Como era de se esperar de dois portugas , estes entenderam  que fazer a Ame-rica implicava um contrato em que cada um faria metade do nome América: um a  parte Ame, outro a parte Rica. Um enriqueceu bastante, já o outro ( com esse negócio de ame) empobreceu cada vez mais, até o dia em que  resolveu esquecer, de vez,  contrato e conselho de mãe e passou à prática tratando de matar o irmão.  
                        Ora, o rico era amasiado com uma escrava negra com quem tinha vários filhos, mas nenhum era legitimado por lei. Isso facilitou as coisas para o assassino que, tomando conta da fortuna, passou a tratar a ex-amásia e os sobrinhos como escravos.
                        Não deu certo. Tão logo cresceu e soube da história o sobrinho mais velho jogou o tio homicida de cima do sobrado. Foi condenado à forca e  diante da morte iminente saiu-se com esta: “ Palácio que viste tantas lágrimas derramadas , ficarás para sempre com o nome de Palácio das Lágrimas!”
                        A razão pela qual o vingador resolveu amaldiçoar uma construção de alvenaria que nada tinha a ver com a bestialidade dos que lá  residiram ninguém até hoje soube explicar. Aliás, ao que se saiba a única maldição que pegou até hoje em São Luis foi praga de sampaino contra o Moto Clube, que virou time de quinta categoria e hoje apanha até do Sabiá  - que nem sequer é o de Gonçalves Dias. .

                                                                      
                                                                            

                        Lenda de João de Una.

                        João era um capitão de navio que vivia com uma única mulher, o que era muito esquisito para um capitão, nessa época, tanto é assim que era chamado João de Una, ou  seja,  de uma só. Não bebia, não ia pra farra, não comia as piranhas de cada  porto, só queria saber de navegar.
                        Até que um dia não voltou mais. Ninguém entendeu, mas todos disseram para consolar a esposa que de uma coisa ela podia ficar certa: não era coisa de mulher. O mistério permanecia cada vez mais crucial (ninguém tinha mais dúvidas do naufrágio em alto mar) até que descobriram, um belo dia, o  navio de João da Una, ao longe, no meio do oceano. Assim, flutuando sobre as ondas, candidamente, sem rumo e sem disposição alguma de querer voltar. Teria João de Una se suicidado?.
                        Nem precisa  dizer que todos os pescadores e marinheiros de São Luis, saíram em seus navios, botes,  barcos, bóias, botos e tubarões, atrás de onde avistavam o navio, agora com estranhas luzes, que acendiam e apagavam. Os que conseguiram chegar mais perto vislumbravam João da Una, mas toda vez que se aproximavam de sua imagem, este dava um jeito de sumir, estranhamente. Tantas e tantas foram as investidas que todos chegaram à uma única conclusão: João havia sido seduzido por uma divindade marítima e cada vez que uma das luzes acendia era mais um filho  que sua adorada feiticeira dava à luz.
                        Mistério e lenda comprovados só  restava dar a notícia à sua ex-esposa que, afinal de contas, não tinha porque ficar se martirizando eternamente. Afinal de contas, ele não a abandonara por causa de outra,  mas fora enfeitiçado por uma divindade marítima
                        A conversa não colou. Divindade ou não havia uma fêmea no meio, o que a levou a bradar, prestes a morrer:
                        “Ora, se era para ser traída por uma zinha qualquer  não precisava pegar uma piranha de navio, bastava ir na Rua 28. Ele é um safado mesmo, e nunca foi João de Uma porra nenhuma, mas de várias. Vai gostar de piranha assim, no meio do oceano!”
                                                                                  joseewertonneto@blogspot.com


                         

                        

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